Cerveja Anner

Estou há horas me devendo um texto sobre a cerveja Anner. O vídeo abaixo, uma brincadeira com a tendência de vídeos virais, dá um bom gancho:

O Guilherme e o Glauco Caon estão produzindo a cerveja em sua própria casa já vão mais de dois anos. Participam do círculo de cervejeiros artesanais que se consolidou em Porto Alegre e têm produzido pães líquidos divinos. Experimentei já a bock e a red ale, ambas com espuma cremosa e sabor marcante. Para ficar na metáfora do pão, a diferença entre cerveja artesanal e industrializada é a mesma do pão feito em casa e o pão de sanduíche feito para o supermercado: esta precisa por força da viabilidade econômica agradar a todos, enquanto aquela pode se dar ao luxo de agradar a poucos.

O interessante na cerveja artesanal é perceber todas as variações de sabor que ocorrem devido aos ingredientes usados em cada fermentação, descobrir um lúpulo diferente volta e meia -- enfim, ver que é um produto inserido num mundo de verdade, em constante mudança.

Infelizmente, a cerveja Anner não está à venda. Em todo caso, se você pedir com jeitinho, talvez consiga uma garrafa: cerveja.anner@gmail.com.

Marcelo Träsel | 17.09.2008, 10:25 | Comentários (4)

Devolvam a minha alma

Em alguns meses entre São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro, tornou-se flagrante a incompetência de estabelecimentos gaúchos em oferecer um mísero tipo de suco natural que seja em seus cardápios.

É uma situação simplesmente inaceitável. Tente pedir ums suco de laranja em qualquer café descolado de Porto Alegre, e provavelmente você vai ter como resposta alguma daquelas garrafinhas com pó de Tang mal batido. No último sábado, passando pelo Brique, questionei a atendente de um lugar desses sobre opções de sucos naturais, e ela respondeu: "temos várias polpas congeladas".

O que passa pela cabeça dessa gente? Talvez o que alguns amigos paulistas me confidenciaram, pensando que não existia fruta alguma no Rio Grande do Sul, por causa do "frio que faz o ano todo" (aham). Podemos não ter nada mais que razoável, mas em qualquer Zaffari ou Nacional da vida dá para descolar pelo menos um mamão tragável. Ou sei lá: vá até a Lancheria do Parque e eles têm um monte de coisas para jogar naquele liquidificador que faz o tradicional suco misto, tosco ao extremo, mas que é uma das únicas opções em toda a capital.

Gosto muito dos smoothies do Saúde no Copo, mas o preço bastante salgado e a proximidade excessiva com o conceito de Havaianas da Adidas me despertam temor. E saudosismo em relação ao suco de melancia encontrado em qualquer biboca a partir da região sudeste.

Por conta disso, espero obter apoio à campanha Vão à CEASA e depois comprem um liquidificador, seus malditos. Pela morte do Minute Maid, Del Valle, polpas congeladas de tangerina e os famigerados "laranja de garrafinha", feitos com gelatina derretida ou coisa que o valha.

Bruno Galera | 6.07.2008, 21:40 | Comentários (23)

Dica de vinho para o inverno

Não entendo nada de vinhos. A sofisticação de minha análise não passa do gosto/não gosto e de identificar muita acidez ou excesso de álcool no sabor da bebida. Ainda assim, de vez em quando um vinho me faz exclamar "Homessa! Aqui tens um material de qualidade para a libação a Dionísio!". É o caso dos produtos da vinícola uruguaia H. Stagnari. Recomendo fortemente a variedade tannat, pela qual a Banda Oriental é famosa. A garrafa custa uns onze dólares em Rivera. Encomende a seu contrabandista de confiança. No Mercado Público de Porto Alegre os vinhos da H. Stagnari também estão disponíveis, por entre R$ 20 e R$ 30.

Marcelo Träsel | 17.06.2008, 10:30 | Comentários (8)

Genérico de Coffee Coke

classic_impact_blog.jpgA New Age Bebidas lançou um refrigerante de cola com café no Brasil. Ao ver as garrafas no supermercado, fiquei imediatamente animado, como todo bom viciado na água negra da vida. Infelizmente, o refrigerante acabou ficando doce demais e o sabor tende mais para o caramelo do que para o café e deixa um travo ruim na boca. Desse jeito, não vai agradar nem aos amantes de café, nem aos amantes de Coca-Cola. Lamentável. Continuo querendo provar a Coca-Cola Blak.

Foto surrupiada do Mentes Ociosas.

Marcelo Träsel | 21.05.2008, 17:14 | Comentários (18)

Brawndo!

Explicação aqui. Via MR.

Cisco | 7.05.2008, 16:00 | Comentários (3)

Cerveja Dado Bier Ílex

dado_ilex.jpgProvei ontem a Ílex, nova cerveja da Dado Bier. É uma lager com alto teor de álcool (7%) e -- pasmem! -- erva-mate. Por incrível que pareça, é boa. O tom é amarelo-esverdeado, mas não verde o suficiente para estranhar a cerveja. O sabor da erva-mate, ou Ilex paraguaiensis, fica de fundo e é um pouco adocicado, lembrando até mais o mate torrado com que se faz chá do que a erva do chimarrão gaúcho.

Trata-se, é claro, de uma curiosidade para ser saboreada de vez em quando, aos poucos. Creio que encarar meia dúzia de Ílex numa festa com os amigos seria meio enjoativo. Por outro lado, pode ser um ótimo substituto para o chimarrão na beira da praia.

Marcelo Träsel | 13.01.2008, 16:41 | Comentários (10)

Amar a cerveja sobre todas as coisas

Marcos Becker Rostirolla tem profissão de personagem de Nelson Rodrigues. “Sou protético”, se apresenta. Ido Décio Schneider trabalha como analista de dados da IBM. Paula Mühlbach, a organizadora, é webdesigner do Tribunal de Contas do Estado. Diretor de arte de uma agência de publicidade, Maurício Chaulet dos Santos é um dos mais jovens do grupo. Tem 28 anos. A unir profissionais tão díspares, o gosto pela boa cerveja. Mas não apenas por beber cerveja. Também por fazê-la.

Está reunida pela segunda vez a confraria de cervejeiros artesanais, entidade ainda sem nome oficial que agrega representantes de um fenômeno brasileiro nos últimos anos: o apreciador que busca a própria versão caseira das caras marcas importadas à venda nos supermercados. O local da reunião é o Bierkeller, bar da Bela Vista, em Porto Alegre, onde 23 cervejeiros amadores se reuniram para discutir a fabricação de cerveja, trocar informações sobre cerveja e, naturalmente, beber cerveja.

O tempo de experiência dos presentes na fabricação de cerveja mostra como o fenômeno é recente. Embora Rafael Cornélio se destaque, já tendo produzido desde 1989 mil versões de sua Flachbier, que levou para a reunião numa garrafa pet de plástico de dois litros, a maioria começou depois de Léo Sassen, um dos donos da BSG Cervejeiros Artesanais, que fabrica a própria cerveja desde 2004. Formada por Sassen, diretor de TV, e dois sócios, um advogado e um médico, a BSG produz 450 litros de cerveja todos os meses. Poderia ser o dobro, mas os donos não se interessam em criar uma cervejaria comercial. A produção atual é dividida entre eles e os amigos. A BSG é um hobby caro, ocupando um galpão alugado apenas para os equipamentos. Equipamentos mesmo, caros e importados, não as improvisações que marcam a maioria das cervejarias caseiras.

São raros os cervejeiros que aceitam pagar pelos equipamentos originais (fermentadores, provetas, densímetros, caldeirão, moinho para cereais) vendidos em algumas lojas e sites, que podem exigir um investimento inicial de R$ 5 mil. Lamentam que no Brasil a home brew (nome de luxo da cerveja caseira) ainda não gerou o surgimento de lojas especializadas e de preços em conta como em Buenos Aires. E recorrem ao improviso. Não é preciso mais do que uma panela grande, uma torneira e um cano, além do serviços de um funileiro para uma cervejaria. Com apenas R$ 300 é possível começar a fabricar a própria cerveja. É quanto Marcus Becker Rostirolla, o protético, gastou em equipamentos para produzir, desde maio, seis versões da sua cerveja ainda sem nome, que levou em garrafas de Skol para a degustação. Vitório Levondovski, dono do bar onde se reunia a confraria, é convidado a experimentar um copo da mais nova safra, deveras amarga. Bebe um gole e brinca:

– É uma Skol.

Risadas gerais. Depois emenda, contemporizador:

– É sempre melhor do que uma pilsen.

Culpem a cerveja que domina o gosto nacional. Na década de 40, ocorreu no Brasil e nos Estados Unidos fenômeno parecido. Grandes cervejarias compraram fábricas menores que produziam cervejas de sabor mais forte. No Rio Grande do Sul, ocorreu com a lendária cervejaria Continental, comprada pela Brahma. A partir daí os sabores diferenciados, como ale e lager, desapareceram e a pilsen se massificou. Cerveja de baixa fermentação criada em 1842 na atual República Checa, corresponde atualmente a 98% do mercado nacional. Tolera melhor os conservantes sem alterar demais o sabor, o que facilita o processo de produção, transporte e venda. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja, o Brasil é o quinto maior consumidor de cerveja do mundo, com 8,5 bilhões de litros anuais. Chineses, americanos, alemães e russos, nesta ordem, bebem mais cerveja.

Os pequenos cervejeiros não querem saber de pilsen. Todos se inspiram na lei de pureza alemã, com a qual, em 1516, o duque Guilherme IV da Baviera estabeleceu as regras para uma boa cerveja: não deve levar mais do que água pura, cevada e lúpulo. As cervejas caseiras em geral têm mais malte do que as industrializadas, com grandes variações em relação ao dourado pálido da preferência nacional. Não levam conservantes ou estabilizantes e duram pouco mais de uma semana fora da geladeira, o que impede a produção em larga escala. Se fossem vendidas muito longe da fábrica, certamente estragariam durante o transporte.

O fenômeno das microcervejarias começou na década de 80 nos Estados Unidos. Fabricantes artesanais encontraram um nicho de mercado: os apreciadores de cervejas com gosto mais forte e encorpadas. No Brasil, a fabricação caseira teve impulso apenas nesta década. E, ao contrário do que ocorreu décadas antes, as cervejarias que começam a se destacar em geral resistem ao assédio das grandes. Por isso recentemente a Schincariol causou rebuliço ao comprar duas tradicionais marcas artesanais, Baden Baden e Devassa, do Rio de Janeiro. Não há modificações à vista no sabor das cervejas, mas os cervejeiros acompanham o caso com atenção.

Porto Alegre está na vanguarda da cerveja artesanal no Brasil, garante Sassen. Há confrarias mais antigas no Rio de Janeiro, porém a capital gaúcha, onde já há algum vêm se tornando comuns bares com uma oferta diferenciada de cervejas, começa a se destacar por suas marcas próprias. Três delas gozam de certa fama: Schmitt, Abadessa e Coruja. Todas possuem teor de álcool maior o que o das cervejas normais (enquanto uma pilsen tem entre 3 e 5%%, uma Barley Wine, da Schmitt, possui 8,5%) e já são vendidas em bares. Mas o crescimento da produção também faz os apreciadores desconfiarem que no futuro talvez não conseguirão manter a mesma qualidade.

Isso leva a falar da Eisenbahn. Eisenbahn é o modelo admirado entre os cervejeiros amadores: uma marca pequena que se expandiu sem perder a qualidade. Partindo de um formato artesanal, a indústria de Santa Catarina começou a ocupar há poucos anos as prateleiras dos supermercados com uma variedade de cervejas de sabor mais forte. Recentemente a marca artesanal White Head, outra marca do Rio Grande do Sul, anunciou que está seguindo o mesmo caminho e se transformando em cervejaria. A cerveja gaúcha Dado Bier, do bar e cervejaria de mesmo nome, já é vendida há alguns anos nos supermercados. O segredo é servir a um público que geralmente é jovem, tem bom poder aquisitivo e busca novos sabores. As cervejas especiais custam muito mais caro do que as normais. Dependendo da marca, uma garrafa pode chegar a R$ 200, preço da belga Deus, considerada a melhor cerveja do mundo. As grandes cervejarias já abriram os olhos para o filão e lançaram linhas de cervejas diferenciadas para concorrer com as importadas.

Todos os presentes ao encontro fazem parte de uma lista de discussão na Internet que reúne 30 apreciadores de cerveja caseira. É a segunda reunião ao vivo entre eles. Oportunidade para que Maurício Chaulet conte que seu hobby já lhe causou problemas conjugais. O sogro, ao saber que o genro passara a fabricar a própria bebida, chamou a filha para uma conversa. Ânimos serenados, Maurício produz a Chaulet desde 2005 na cozinha do apartamento.

– Em casa eu sou tratado como alcoólatra – diz em tom de brincadeira.

A iniciação se deu pela mãe de um amigo, que também fabricava cerveja. Ele e o amigo começaram a produzir juntos, mas a primeira tentativa deu errado. O amigo desistiu. Maurício, após pesquisar o assunto na Internet durante um mês, decidiu seguir sozinho. Tentou novamente. Deu certo. Dois anos depois, de 30 em 30 dias, faz 20 litros de cerveja da qual é o único consumidor.

Rafael Cornélio, 35 anos, é o mais experiente cervejeiro do grupo. Também é pesquisador da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Dezoito anos atrás, começou a produzir cerveja com o avô, que dois anos antes terminara o curso de mestre-cervejeiro. Rafael é autodidata. Essa é uma característica marcante do grupo. Nenhum deles passou por um curso. Em vez isso, buscam na internet e nos contatos pessoais novas fórmulas e misturas. Reunidos, discutem equipamentos e dicas para a produção artesanal. Têm um vocabulário próprio. Frutada, por exemplo, é a cerveja que na maturação adquire um sabor ou odor de frutas. Cerveja do tipo weiss, feita de trigo, mais leve e densa, afirma Chaulet, tem gosto de banana.

Há um ritual para a degustação. Ido Décio Schneider, 50, anuncia a cerveja densa e vermelha que produz em um barril na garagem do prédio.

– Red Ale.

Serve vários copos e anuncia:

– Essa tem seis tipos de malte.

Ido e alguns outros também freqüentam a Confraria da Cerveja, no Clube Sogipa. A reunião presente não é uma dissidência ou algo parecido. Tanto que vários participantes se interessam quando aparece um cartaz anunciando um torneio de cerveja no grupo concorrente. Marcam de se encontrar na outra confraria para desfrutar da anunciada degustação de todas as participantes.

Na canjibrina, criação de Paula Mühlbach, do físico Heitor Marques e da publicitária Desirée Marantes, cada safra recebe um rótulo diferente. O trio produz cerveja desde setembro de 2006 e estava com a 16ª experiência fermentando na cervejaria instalada no quarto de empregada do apartamento dele. Servem garrafas da 11ª, 12ª e 13ª safra aos presentes. Muda o rótulo, mas o slogan é sempre o mesmo: “Amar a cerveja sobre todas as coisas”.

As últimas garrafas estão sendo servidas e a reunião está quase no fim quando os participantes começam a debater a periodicidade dos próximos encontros. Um grupo quer que as reuniões sejam mensais, outro acha melhor que sejam bimestrais para dar tempo de preparar e levar uma nova cerveja. Argumentos de parte a parte, decidem todos pelo meio-termo. As reuniões serão mensais, mas se alguém quiser aparecer só de dois em dois meses não haverá problema.

E, sim, fazendo jus à célebre correlação entre cerveja e a má forma física, todos ostentam nem que seja uma barriguinha.

alexandre rodrigues | 4.11.2007, 13:31 | Comentários (24)

Espumante Angheben na Champanharia

Aproveito a primeira visita à Champanharia Ovelha Negra para falar da vinícola Angheben, a mais interessante do Rio Grande do Sul -- ao menos para quem não entende nada de vinhos, como eu.

Neste inverno tomei pela primeira vez um de seus vinhos, cujos vinhedos ficam em Encruzilhada do Sul, no pé da serra, um pouco fora do eixo vinícola tradicional. A uva era touriga nacional, uma casta insólita no Brasil, que tem um sabor lembrando um pouco frutas mofadas (não, não tomei uma bebida estragada, posso garantir). Bastante diferente de qualquer outro vinho que já tenha experimentado. Virei fã e comprei uma garrafa de barbera, ainda não consumida.

Pois então, hoje cheguei à Champanharia e descobri que a Angheben também tem um espumante brut produzido pelo método champenoise. Estava em promoção por R$ 50 a garrafa, um preço nada absurdo, cerca de R$ 10 a mais do que nas lojas. E o Angheben Brut é excelente, compre se conseguir encontrar. É muito bom ver viticultores investindo em castas diferentes e bebidas de qualidade, para levar adiante a fama que os vinhos e, principalmente, os espumantes gaúchos amealharam nas últimas décadas.

Quanto à Champanharia Ovelha Negra, o comentário mais importante é a justeza dos preços. Sempre tive um certo preconceito com o lugar, porque começou a aparecer no guia da Veja e é freqüentado por clientes oriundos da Padre Chagas, o que em geral significa preços altos por serviço duvidoso. Gosto de beber, e espumante não costuma ser a escolha mais econômica para isso. Portanto, fiquei surpreso ao ver que os preços na Champanharia não são nada abusivos, pelo contrário. Por outro lado, eles bem que poderiam não cobrar 10%, ou ao menos avisar no cardápio que o fazem.

No mais, a música é boa e não atrapalha a conversa. A comida parece bem feita, embora não tenha chegado a provar nada, e o garçom sabe servir direito uma taça de espumante, que chega à mesa na temperatura perfeita. Pode-se ver que os proprietários levam bastante a sério o objetivo da casa, que é oferecer bebidas diferentes e de qualidade. Só chegue cedo, porque a partir das 23:00 ninguém mais entra.

CHAMPANHARIA OVELHA NEGRA
Av. Duque de Caxias, 690
Centro
Telefone: 51 3061-7021

Marcelo Träsel | 29.10.2007, 23:07 | Comentários (13)

Ambev contra o mundo

O cervejeiro Guilherme Caon relata uma história acontecida recentemente em um bar de Porto Alegre:

A dona desse bar mantém alguns freezers de cerveja das marcas dessa empresa, e um deles não tinha terminado de vender. Segundo nossa amiga, o supervisor do vendedor resolveu dar uma passada lá no bar por causa desse freezer e, ao invés de sugerir um preço promocional ou outra coisa legal, saiu tocando os cachorros. Falou coisas do tipo "vocês tem rótulos demais no bar, por isso que não vende as nossas. Tinha que diminuir as outras marcas." Ou então "e essa cerveja aqui, quanto custa? Tudo isso? E tem gente que compra, ainda?"

O supervisor da Ambev mostra completo desconhecimento sobre o próprio mercado nessa história. As cervejas especiais não são competidoras diretas das cervejas massificadas. Elas atendem a um público muito específico e endinheirado, que estava sem ter o que beber até há pouco tempo. Claro que as grandes cervejarias devem perder uma pequena porcentagem nas vendas, mas isso só causa estranheza porque estiveram acostumadas a um mercado completamente aberrante no Brasil, em que o lado da oferta estava defasado.

O mercado de cerveja brasileiro até há pouco tempo era como o mercado de automóveis antes de o presidente Collor permitir as importações. Só havia carroça para comprar. A criação de microcervejarias está corrigindo uma reserva de mercado que durou por algumas décadas, mas não se vê em qualquer país civilizado e até mesmo em alguns nem tão civilizados assim. Não é tentando empurrar cerveja ruim goela abaixo do consumidor que a Ambev vai manter seu monopólio, porque a diversificação é inevitável e a resistência, fútil.

Em vez de irritar o consumidor, as fábricas de bebidas fariam melhor em tentar melhorar a qualidade de seus produtos. E podem manter a calma, porque a rapaziada vai continuar comprando cerveja barata aos engradados para o churrasco de domingo.

Marcelo Träsel | 24.09.2007, 14:14 | Comentários (6)

Eisenbahn terá controle dividido

A cervejaria Eisenbahn, de Blumenau, sempre recomendada nesse blog, arranjou um sócio grande. Em princípio é um movimento esperto para evitar o dumping promovido pelas grandes marcas e ao mesmo tempo atender à demanda crescente. Muita cerveja boa já foi estragada ao ser comprada por grandes do setor, como a Xingu e a Polar. Só esperamos que os novos sócios tenham a mesma mentalidade da família Mendes, que até o momento preferiu manter a qualidade, em vez de aumentar exponencialmente o faturamento.

Marcelo Träsel | 19.06.2007, 18:23 | Comentários (11)

Infarto engarrafado

Adega-da-Velha%282%29.jpg

Percebam todos os elementos malignos desta imagem. A manteiga dourada, mantida derretida em alta temperatura dentro da garrafa. A cachaça, nem completamente branca nem muito amarela, no ponto entre o envelhecimento e o frescor. A pimenta vermelhinha, saborosa e ardente na medida. A carne seca bem desfiada, com pouca gordura, frita na cebola e acompanhada de aipim. Tudo isso na Adega da Velha, escondida em alguma travessa da Voluntários da Pátria, em Botafogo. O prato econômico, que também pode ser servido com carne de sol e uma infinidade de outros produtos nordestinos autênticos, sai por justos R$ 10. Aprende, Saulo (rs).

Hermano | 17.06.2007, 17:38 | Comentários (10)

Bohemia escura agora em long neck

A Ambev lançou neste inverno uma versão menor de sua Bohemia especial escura. Agora, ela vem em six-packs que neste fim de semana custavam R$ 10,50 no supermercado. Mais ou menos o mesmo preço das garrafas de 550ml e ainda são mais práticas para quem mora sozinho e não bebe mais do que uma long neck por vez em casa.

Só que, e pode até ser o efeito psicológico da garrafinha menor, parece que a cerveja não é a mesma. Está bem menos cremosa do que a da garrafa grande e também parece mais grosseira. Não é de se duvidar que tenham resolvido sacrificar a qualidade em nome do lucro. Essa não seria a primeira cerveja a ser estragada pela vulgarização. Ainda assim, é uma das melhores bebidas que se pode comprar por um preço pagável toda semana. Quando quiser uma cerveja realmente boa, continuo recomendando a Eisenbahn.

Marcelo Träsel | 4.06.2007, 23:26 | Comentários (10)

Água mineral, part deux!

Ah, e não podemos esquecer esse clássico episódio de Penn & Teller: Bullshit! sobre água de garrafa (vídeo divido em três na segunda parte do post).

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Cisco | 27.04.2007, 13:17 | Comentários (4)

Vinho com menos ressaca

Da BBC:

Cientistas espanhóis desenvolveram uma nova técnica de preservação de uvas usadas em vinhos que pode reduzir os efeitos da ressaca. Atualmente, a maioria dos vinhos produzidos em larga-escala usa dióxido de enxofre como preservativo, uma substância que pode causar reações alérgicas, como dores de cabeça e asma.

Os pesquisadores da Universidade Técnica de Cartagena descobriram que o ozônio tem 90% da eficácia do dióxido de enxofre na preservação de uvas frescas para a produção de vinhos, sem apresentar efeitos colaterais.

Além disso, as uvas conservadas em ozônio têm até quatro vezes mais antioxidantes, de acordo com o estudo, publicado na revista especializada Chemistry and Industry.

Para Francisco Artes-Hernandez, coordenador da pesquisa, as descobertas trazem "grande esperança". "Essa é uma nova técnica que poderia ser usada para preservar uvas e ajudar a prevenir alergias e ao mesmo tempo aumentar os componentes saudáveis do vinho", disse.

Agora não sei se devia ter postado isso aqui ou mandado para o Mondo Estudo.

Cisco | 12.02.2007, 12:02 | Comentários (3)

Zero diferença?

Experimentei a Coca-Cola Zero neste fim de semana — é, em termos de público-alvo, sou alvo parado. A princípio, pareceu ser muito mais semelhante à Coca-Cola standard do que à Coca Light. Mas fui testar essa impressão provando as duas ao mesmo tempo e achei praticamente iguais. Provavelmente, porque a alcalinidade da bebida anestesiou as papilas gustativas. Então, fico com a primeira impressão, até porque supostamente o projeto da empresa era mesmo criar um refrigerante sem açúcar, mas com o mesmo sabor do original.

Pesquisando, descobri que na Austrália a campanha de marketing da Coca Zero usando spam e um blog fake acabou gerando o movimento Zero Coca-Cola.

Marcelo Träsel | 22.01.2007, 11:08 | Comentários (18)

Não deve nada às belgas

O Solon deu a dica e resolvi experimentar a strong golden ale, nova cerveja da Eisenbahn. Trata-se de uma cerveja de tipo belga de alto teor alcoólico, cerca de 8%, com sabor de lúpulo e temperos bem acentuado. Lembra muito as cervejas blond, como a Delirium Tremens — que era ótima e vinha servida num cálice com pequenos elefantes cor-de-rosa desenhados; eu roubei um do bar, mas quebrou em um acidente estúpido e... enfim, esqueçam. Junto com a Weihnachts ale e a pale ale, essa nova cerveja de Blumenau forma o pódio do pão líquido no Brasil. Seu único defeito é custar mais de R$ 6 a garrafinha.

Marcelo Träsel | 20.01.2007, 17:13 | Comentários (17)

Espumantes brasileiros e champanhe

Com família visitando e grandes passeios por uma São Paulo quase deserta atrasei essa mini-resenha sobre alguns espumantes que tinha pensado em publicar ainda antes do Reveillon e o Träsel publicou a dele antes. Aqui vai:

Sempre há muitas dúvidas sobre o assunto e muito pouca informação que faça algum sentido, então a idéia aqui é concatenar alguns dados importantes sobre como escolher o espumante que se sorverá na madrugada do primeiro do ano. Ah, sim, bebedores de cerveja pulem para o post três ou quatro posições abaixo.


Seco, meio-seco ou doce?

Sim, você já sabe a resposta: seco (brut), claro, mas não custa insistir. Espumante doce ou meio-doce é tão apropriado quanto salgar o churrasco de domingo com açúcar de confeiteiro. Depois dos 12 anos de idade beber espumante doce ou meio-doce não tem desculpa.

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Rico Ferrari | 28.12.2006, 0:06 | Comentários (26)

Dica para o Réveillon

Esqueça os Freixenets da vida. Depois da França, o Rio Grande do Sul produz os melhores espumantes do mundo. Alguns, inclusive, têm vencido degustações cegas na própria França. Então, procure uma loja especializada em vinhos e compre uma boa garrafa de Cave Geisse. É produzido pela vinícola Amadeu, que tem também o melhor cabernet sauvignon da Serra. Ou então vá ao supermercado e dê uma peruada nas prateleiras. Don Giovani, Georges Aubert, Peterlongo, Aurora, Salton, Chandon, Marson, Valduga, Miolo: todos têm notas razoáveis no guia de vinhos da Larousse. E saem mais barato que os importados.

Marcelo Träsel | 27.12.2006, 10:40 | Comentários (2)

Vinhos para leigos e nem tanto

guia_vinhos.jpgA editora Larousse teve a gentileza de me enviar um exemplar do seu Guia de Vinhos. Ao abrir o pacote, pensei: "Coitados, não entendo nada de vinhos. Se conseguir resenhar, vai ficar ruim." Estava enganado, o livro é perfeitamente resenhável por um ignorante no assunto. Foi escrito por Manoel Beato, sommelier do restaurante Fasano, um dos melhores do país — tanto o restaurante, quanto o sommelier. Beato escreve de forma clara e simples, evitando toda frescura que domina o mundo da enologia. Tanto que na parte de harmonização com a comida, encontra-se pastel e coxinha. Sério! A lista privilegia também os vinhos até R$ 50, porque não é destinada a uns poucos milionários. A única afetação em que o autor indulge é ter criado uma escala própria de notação, que leva sua inicial. Ela vai de 0 a 20 manoéis. O guia traz apenas os vinhos acima de 10M, ou seja, de bons a excelentes.

Como em todos os guias e enciclopédias da editora, há uma parte introdutória com os conceitos e jargão bem mastigadinhos. Fala-se um pouco sobre os diferentes tipos de vinha, as muitas formas de vinificação e como essas coisas influem no produto final. Também dá dicas de degustação fáceis de seguir e sem firulas. Beato deve mesmo entender de vinhos para ter a segurança de simplificar ao máximo a vida do leitor. Como diz na página 26: "Para o sommelier, o cliente não precisa entender de vinho. Basta Gostar." Após as preliminares, passa-se à listagem das bebidas. Dei uma olhada rápida e fiquei feliz em achar alguns vinhos de que gosto, como o Etchart Privado e alguns gaúchos. Por outro lado, um espumante excelente como o Cave Geisse ficou de fora — bem, talvez esteja abaixo de 10M e eu tenha mau gosto.

Enfim, o livro é um bom presente de Natal para homens e mulheres interessados, mesmo que levemente, no assunto. Compre por este link e doe 4% do valor a este blog. Ou veja nossas outras dicas de livros para o Natal. Ainda tem a vantagem de não precisar sair de casa.

Marcelo Träsel | 18.12.2006, 10:58 | Comentários (1)

Cerveja brasileira

Entendo muito pouco de cerveja e não deveria estar falando sobre o assunto, mas, instado por uma conversa com o Träsel, vou meter minha colher. Meu método pessoal de seleção da bebida envolve basicamente os seguintes passos:

Dê um gole. É alcoólico? Se sim, passe para a próxima etapa. -> Tem cheiro de cereais ou vegetais menos nobres decompostos? Se não, próxima etapa. -> Deixa retrogosto de cloro ou água podre? Se não, passe para a próxima etapa. -> Beba o resto.

Para o meu paladar, seguindo à risca esses preceitos, no Brasil inteiro só passam a Itaipava, Boêmia, Original e Cerpa. De todas elas a que mais gosto é a Itaipava, pois sucede que, além de passar nos testes acima, costuma ser a mais barata do grupo.

Há alguns dias estava falando com o especialista no assunto e ele disse que todo mundo de São Paulo que ele conhece fala mal da Itaipava, ao que eu respondi: Isso deve ser opinião de mulher, a maioria dos bebedores profissionais de cerveja que conheço aqui trocam quase qualquer outra pela Itaipava. Mulher não gosta porque é barata e as paulistanas têm isso de não gostarem de coisas baratas - são sinônimo, para elas, de coisa ruim. Enfim. E ele respondeu: "bingo".

Esse é o mesmo tipo de mulher que bebe Freixenet ou Prosecco feito em alambiques fétidos na Sicília e acha muito melhor que espumante brasileiro (aqueles mesmos que ganham a maioria dos concursos de degustação às escuras na França). Os importadores brasileiros são sujeitos muito sortudos, pois a combinação de um público que não faça idéia do que está bebendo e que tenha os bolsos forrados e pródigos deve ocorrer muito raramente em outras paragens.

Passei uns cinco anos tomando cervejas uruguaias quando morei na fronteira e trabalhava no Uruguai: Nenhuma das cervejas uruguaias dos anos 90 - não sei como estão hoje - tinha o gosto nítido e marcante de água de piscina que quase todas as cervejas brasileiras têm. As exceções são as que estão na lista acima.

Rico Ferrari | 15.12.2006, 12:18 | Comentários (51)

Devassa não excita o suficiente

Nada de especial essa cerveja Devassa. Tem uns rótulos com explicações engraçadinhas de duplo sentido e mulher pelada, mas só. Provei a loira e a ruiva. A primeira é uma lager não muito superior à Serramalte. Já a segunda é uma pale ale inferior à Eisenbahn e talvez à Dado Bier Red Ale. De qualquer modo, é melhor do que tomar qualquer uma das marcas destinadas ao consumo de massa.

Marcelo Träsel | 9.12.2006, 1:46 | Comentários (14)

Café brasileiro está melhorando

Há pouco mais de um mês, derretia-me pelo café colombiano. Neste meio tempo, pude compará-lo com dois cafés brasileiros de primeira linha: o Melitta especial e o do sul de Minas Gerais vendido pelo Café do Mercado.

O café colombiano é melhor do que o produto especial da Melitta. Este, aliás, corre cabeça a cabeça com os grãos mais baratos do Café do Mercado. Na verdade, corria. Ao entrar em contato com a assessoria de imprensa da Melitta, para descobrir se os grãos usados são robusta ou arabica, fui informado que a linha especial será "descontinuada". Provavelmente não venderam tanto quanto esperavam, até porque o brasileiro tem péssimo gosto para café e não paga mais por um produto cujo gosto vai sumir sob um caminhão de açúcar ou adoçante, de qualquer jeito. É lamentável, porque se tratava de uma opção barata de café decente, em especial para quem não mora perto de um bom fornecedor.

Por outro lado, o café do sul de Minas se saiu muito bem na comparação com o colombiano. A balança pende um pouquinho para os hermanos, por conta do odor mais acentuado e menor acidez, mas talvez isso se deva à diferença na moagem do grão — o mineiro foi moído muito mais fino pelo atendente do Café do Mercado, de modo que as substâncias químicas presentes no pó se soltam melhor, para o bem e para o mal. É bom ver que o Brasil está aprimorando a qualidade de seu café e ainda consegue oferecer seu melhor produto por um preço razoável, a R$ 25 o quilo.

Marcelo Träsel | 27.11.2006, 11:22 | Comentários (15)

Dado Bier tem novo projeto em andamento

Semana passada publiquei uma resenha da nova linha Dado Bier. No dia seguinte, o mestre cervejeiro Alcir Palandi, consultor da fábrica, telefonou. Quando o homem se identificou, pensei "ih, vou levar uma descascada por dizer que a weiss é sem graça". Para meu alívio e felicidade, era um telefonema de agradecimento. Palandi disse que eu tinha razão e ainda me convidou para conhecer a fábrica.

Nesta terça-feira, então, fui até perto do shopping DC, onde está a operação da Dado Bier hoje.

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Marcelo Träsel | 2.11.2006, 18:11 | Comentários (7)

Dado Bier lança nova linha de cervejas

dado_bier.jpgA cervejaria Dado Bier construiu uma nova fábrica em Porto Alegre e lançou uma linha de cervejas extra. A assessoria de imprensa gentilmente enviou um kit com os quatro novos sabores. De uma maneira geral, são muito boas.

São também uma prova de que Eduardo Bier resolveu mudar o rumo do negócio e voltar a ter uma marca de "luxo". Em 2001, a Dado Bier, até então vendida apenas na própria cervejaria, lançou uma versão em long neck produzida pela Ambev. Começou bem, mas depois que passou a ser vendida em latas em 2003 ficou simplesmente dantesca. Felizmente, será tirada do mercado.

Abaixo, os resultados da degustação.

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Marcelo Träsel | 24.10.2006, 11:20 | Comentários (5)

A nova Kaiser

Veja você, leitor, o poder da propaganda: com jeito, consegue-se até fazer o sujeito beber urina. No caso, a cerveja Kaiser.

Parece que ninguém está acreditando no tal Desafio Kaiser, cujo resultado indicou a detestada cerveja como a melhor em sua categoria. Tanto que anda rolando um comercial em que o Ibope garante a idoneidade do teste — embora não tenha se dado o trabalho de publicar a pesquisa no próprio site, nem mesmo uma nota à imprensa. Porém, os intrépidos jornalistas deste blog não se deixam abater pela desconfiança. Para evitar que o público se exponha desnecessariamente a ressacas físicas e morais, provamos a nova Kaiser.

Sabe-se lá como a Femsa conseguiu, mas a cerveja perdeu aquele característico sabor de urina, que dava todo o seu charme. De fato, está bem melhor do que a Polar, por exemplo, a cerveja mais superestimada do Brasil. Fica no mesmo nível de uma Skol ou Brahma — o que é um nível baixo, admita-se. Prefira a Kaiser Gold, talvez a melhor cerveja brasileira da categoria extra vendida em long necks.

Interessante é descobrir que a Femsa pertence à Coca-Cola. Aparentemente, a Kaiser está tentando vender a idéia de que mudou de dono, para convencer o público de que mudou o sabor. Pode-se assistir ao comercial aqui.

Marcelo Träsel | 17.10.2006, 10:57 | Comentários (10)

A melhor droga colombiana

Estou em órbita. Acabo de ingerir a primeira dose do carregamento de pó que meu pai trouxe da Colômbia. Só posso dizer que é produto da maior qualidade. Muito menos grosseira do que a versão tupiniquim. A acidez inexiste, desce como seda. Muito, muito sutil mesmo. É o bagulho 100% puro.

Estou falando do Cóndor.

Já havia lido por aí que a Colômbia decidiu há alguns anos investir na qualidade de seu café, em vez de simplesmente aumentar a produção em quantidade. O resultado é que se tornou um dos maiores exportadores de grãos de alta qualidade. Só para começo de conversa, toda sua produção é da variedade arabica, enquanto a brasileira é predominantemente robusta. Claro que a Colômbia também conta com uma geografia e clima favoráveis.

Por sorte meu pai tem contatos na indústria alimentícia, assim conseguiu um pacote do tipo que a associação de produtores usa para enviar como amostra aos clientes. É realmente muito suave, como já haviam me dito. Apesar disso — ou talvez por isso — percebe-se muito melhor o sabor característico do café. Presta-se, portanto, mais ao coador do que à máquina de expresso doméstica.

Marcelo Träsel | 15.10.2006, 15:31 | Comentários (1)

Enochatice robotizada

A empresa japonesa NEC criou um robô sommelier. Ele usa infravermelho para analisar a composição química dos vinhos e definir seu tipo conforme as pré-definições de sua memória. Também faz perguntas ao usuário, que permitem indicar o melhor tipo de vinho. Duvido que funcione bem, pelo simples fato de que o sabor não acontece na língua, mas na cabeça. Ou seja, não depende tanto da composição química, quanto da interpretação dada a ela pelo cérebro. Um vinho "fora de padrão" em termos de composição pode ser excelente em termos de sabor. Por outro lado, o robô pode ser útil para uma triagem inicial de vinhos. Um tipo de rodinha de bicicleta para quem está se iniciando na enologia.

Marcelo Träsel | 4.09.2006, 18:03

Café de norte a sul

O que é Schlagober? Descubra aqui. E pode parecer inacreditável, mas os italianos têm um tipo de processo para deixar o café ainda mais forte que o espresso. O restretto é feito com a mesma quantidade de pó, mas metade da água. Deve ser de cair a língua.

Dica do Alexandre.

Marcelo Träsel | 29.08.2006, 10:18

Um brinde à cerveja

Here's to beer é uma excelente fonte de informação sobre cerveja e tudo o que ela envolve. Especialmente úteis são as tabelas de tipos de cerveja e os tutoriais de degustação. Dica da Carol Andreis.

Marcelo Träsel | 4.08.2006, 19:04 | Comentários (1)

Chocolate quente com café

chocolate_quente1.jpgEste inverno consegue ser ainda mais quente do que o inverno passado em Porto Alegre. Se em 2005 o relativo calor já prejudicou a idéia de pesquisar receitas de chocolate quente, em 2006 só o pedido de uma leitora reavivou a memória. Há um ano a receita que se saiu melhor levou pedaços de chocolate derretido em leite com um pouco de água. Este ano, o primeiro teste junta o meu vício favorito à concocção: café. No caso, a calda de café que ensinei a fazer em março. Além disso, leva apenas leite integral e cacau em pó. Pode-se usar chocolate em pó — mas não achocolatado! —, embora a calda de café sirva também para adoçar. É muito simples: aqueça uma xícara de leite. Antes de levantar fervura, adicione duas colheres de sopa de cacau em pó. Deixe ferver e então misture com um daqueles hand mixers pequeninos por cinco minutos, ou no liquidificador, menos tempo. A alternativa é vaporizar o leite em uma máquina de espresso. Derrame o leite com chocolate em uma xícara e então acrescente duas colheres de sopa da calda de café. Se tiver uma xícara transparente, como a da foto, e quiser que a calda fique no fundo, derrame-a primeiro e despeje o leite pelas bordas, para que não se misturem. Salpique com cacau em pó ou canela.

Marcelo Träsel | 6.07.2006, 16:48 | Comentários (2)

Inverno é tempo de vinho

Não entendo nada de vinhos. Para mim, existem apenas dois tipos: aqueles de que gosto e aqueles de que não gosto. Em geral, gosto de tintos encorpados. Bebo muito cabernet sauvignon, mais pela disponibilidade e preço do que por qualquer outro motivo. Ontem tomei um tempranillo, o Marques de Riscal. Excelente. Um amigo conhecedor de vinhos já havia sugerido esse tipo de uva, esta é a segunda ou terceira vez que experimento, e realmente, virei fã. Sobretudo deste vinho. Conforme uma busca no Google, custa em torno de R$ 50 a garrafa. Realmente, só tomando por conta de alguma outra pessoa.

Marcelo Träsel | 18.06.2006, 10:43 | Comentários (19)

Café massificado

A Starbucks vem aí. Nos Estados Unidos, critica-se a rede por tirar do negócio os cafés de bairro, independentes e supostamente mais charmosos, por não terem um caráter pasteurizado típico das grandes redes de alimentação. Aqui no Brasil essa preocupação é inútil, já que nunca houve tradição de cafés. As lojas da rede talvez sejam até uma solução para aquelas redondezas onde não se consegue um espresso decente. Isso porque, assim como o McDonald's, a Starbucks pode não ter charme algum, mas prepara um café muito bom.

Marcelo Träsel | 25.05.2006, 20:02 | Comentários (15)

Heineken matando a pau

Impressionante como a Heineken está botando qualquer outra cerveja nacional no chinelo, mesmo as Extras. De uns tempos pra cá, creio que do ano passado, vem oferecendo um sabor incomparavelmente melhor que a concorrência, principalmente se comparada à água com gás da Skol -- pior que água com gás, em diversos aspectos, e ainda com a pior e mais estereotipadamente paulistana propaganda da publicidade brasileira.

O preço da Heineken é que é foda. Com muita sorte, encontra-se a R$ 1,39 em oferta nalguns pegue-pagues.

O ranking das nacionais, para mim, agora está assim (entre as vendidas em SP):

1° Heineken
2° (empatadas) Brahma Extra, Bohemia e Serramalte
3° Bavária Premium
4° Brahma Bier
5° Kaiser
último lugar entre qualquer lager: Skol, a cerveja dos ananáses.

Hermano | 24.05.2006, 0:46 | Comentários (23)

Café em tempos de úlcera

Café que não irrita o estômago é lançado nos Estados Unidos:

Quando os grãos atingem uma certa coloração, o processo de torra é interrompido. Isso provocaria uma redução na quantidade de produtos irritantes ao estômago.

Cerca de 35 milhões de norte-americanos reduziram ou eliminaram o consumo de café de suas dietas por provocarem irritação no estômago.

Só resta saber se a interrupção da torra não prejudica o sabor da bebida. O ceticismo aqui na redação de Garfada é grande, muito embora um café mais ameno ao trato digestivo fosse um grande benefício para quem toma cerca de meio litro disso por dia.

Marcelo Träsel | 16.05.2006, 11:16 | Comentários (7)

Open source beer

Dinamarqueses resolveram aplicar a filosofia do software livre à fabricação de cerveja, criando a Vores Øl, que significa "nossa cerveja". Qualquer um pode fabricar, fazer modificações no preparo e até usar as instruções comercialmente, desde que publique o "código-fonte", ou seja, a receita. Detalhe interessante é que vai guaraná na mistura. Infelizmente, parece dar uma trabalheira danada.

Link do Pedro Doria.

Marcelo Träsel | 11.05.2006, 16:05 | Comentários (1)

Torra-torra

Dave Shea, um dos mais influentes webdesigners da atualidade, compartilha com seus leitores seu processo caseiro de torração de grãos de café: dos grãos crus à bebida na caneca.

Bruno Galera | 11.04.2006, 19:01 | Comentários (6)

Estrela belga

stella_artois.jpgA Stella Artois em versão long neck finalmente chegou às prateleiras dos supermercados de Porto Alegre. A garrafinha de 275 ml custa cerca de R$ 2. Mais ou menos o mesmo preço por litro das versões classe A da Bohemia. A expectativa era grande para que os benefícios da fusão da Ambev com uma cervejaria belga atingissem o consumidor brasileiro na forma de loiras melhores. Só que a Stella é meio decepcionante. Tem o mérito de combinar gosto de lúpulo acentuado com leveza, mas lembra bastante a Original. É uma cerveja decente, isso é tudo. Por este preço, no entanto, parece mais vantajoso comprar qualquer Eisenbahn. Ainda por cima, o rótulo diz que entre os ingredientes há "cereais não maltados", o que em geral indica uma cerveja no máximo mediana.

Marcelo Träsel | 17.03.2006, 23:59 | Comentários (9)

Falando em cerveja...

A Cerpa, produzida no Pará, pareceu muito boa quando a provei há alguns anos. Infelizmente, não existe mais aqui no sul do Brasil. Outra cerveja ótima era uma chamada Tauber, que vinha em garrafas de meio litro. Lembro que no fundo havia um círculo dentado, com o qual se podia abirr a tampa rosca de uma garrafa na outra. Também sumiu. Alguém sabe quem era o produtor?

ATUALIZAÇÃO: Graças à dica do leitor Rafa, descobri que a Belco é a fabricante da Tauber. Isso é incrível, porque a Belco é simplesmente a pior cerveja já feita no país em grande escala. Talvez eu tenha me enganado com a Tauber. Preciso provar de novo.

Marcelo Träsel | 28.02.2006, 14:31 | Comentários (5)

Sobre a cerveja alemã

fass.jpg
Não dá nem para começar a comparar a cerveja alemã com a nacional. Ao voltar ontem ao Brasil, resolvi passar no supermercado e comprar uma Bohemia Weiss, para evitar um choque muito grande. Não adiantou. Ainda que seja uma das melhores cervejas produzidas por aqui, deixa muito a desejar. Vou dizer apenas o seguinte: ao final da garrafa, já estava com azia, o que jamais me aconteceu em dois meses bebendo cerveja todo dia na Alemanha. Está a quilômetros de distância de uma Erdinger ou Paulaner.

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Marcelo Träsel | 26.02.2006, 15:24 | Comentários (13)

Glühwein

A primeiríssima coisa que provei na Alemanha foi Glühwein, um tipo de quentao. É muito melhor do que o nosso quentao, inclusive, porque é feito com vinho que presta, em vez de Sangue de Boi, e leva bem menos acucar. Esquenta bastante em dias de neve.

A segundíssima coisa foi uma cerveja. Quanta diferenca! É servida à temperatura ambiente e mesmo assim é bem mais gostosa que as brasileiras. Sente-se bastante o gosto de lúpulo. Aliás, a cerveja aqui tem sabor, ponto. Nao é aguada. Nem lembro a marca, já que cada Kneipe serve uma diferente, em geral produzida na regiao.

A terceiríssima foi Weißwurst — lingüica branca — com mostarda vermelha adocicada e Brezel — ou Prätzel. Typische Bayerisch! É o prato regional mais conhecido da Bavária, regiao onde fica Würzburg. Detalhe interessante é que as lingüicas vem em uma caneca, boiando na água quente. Sao bem temperadas. Já a mostarda, acredito que seja vermelha por conta do Krem, a raiz-forte. Mais pesquisa se faz necessaria.

Marcelo Träsel | 28.12.2005, 16:14 | Comentários (9)