EXTRA! Sorvete de pistache de verdade!

Sorvete de pistache

Amo pistache. Passei a vida pedindo sorvete de pistache quando ia pela primeira vez a uma sorveteria e passei a vida me decepcionando. Na praia de Garopaba, Santa Catarina, finalmente consegui superar essa frustração de provar "sorvetes de pistache" com sabor de perfume.

A sorveteria .BOM oferece um sabor chamado "pistache verde de Bronte" que tem o sabor exato da castanha. Chega a ser quase salgado. Custa uma pequena fortuna -- R$ 6,50 -- por um pote relativamente bem servido, mas vale a pena, acreditem. Bronte é uma região da Itália, na ilha da Sicília, cuja principal atividade econômica parece ser a produção de pistache. Não sei se a essência do sorvete é feita lá, ou se é apenas uma referência cultural.

A sorveteria .BOM tem bufê, com sabores mais ou menos tradicionais, e vende sabores especiais por bola, com valores entre R$ 4,50 e R$ 6,50. O sorvete é artesanal, feito com creme de leite no lugar de gordura vegetal hidrogenada. Outras opções excelentes são avelã, torta de limão, pêssego com Amaretto, tiramisú e goiaba.

SORVETERIA .BOM
Av. Prof. João Orestes de Araújo, 300 - Mapa
Garopaba - Santa Catarina

Marcelo Träsel | 9.01.2009, 20:38 | Comentários (11)

Restaurante Kos fechou

Recebo por correio eletrônico a notícia de que o restaurante Kos encerrou suas atividades. Conforme Caco Zanchi, "infelizmente Porto Alegre não compreendeu nossa proposta". O chef vai para o clássico Bar Líder. A mensagem avisa que "nada foi mudado no Líder". Faz sentido o alerta, até porque se o Kos fechou é porque as pessoas não gostavam muito da comida. Eu gostei na única vez em que fui lá, portanto lamento.

Marcelo Träsel | 22.12.2008, 17:46 | Comentários (4)

Acrópolis

Restaurante AcrópolisAmigos que moram em São Paulo viviam recomendando o restaurante grego Acrópolis. Estive na metrópole semana passada após um congresso, então aproveitei para preencher essa lacuna em meu currículo gastronômico. O lugar fica no Bom Retiro, antigo bairro judeu, depois coreano e hoje em dia boliviano, onde aos sábados milhares de sacoleiros se reúnem para comprar roupas baratas. Atende, portanto, a esse público e ao pessoal ligado de São Paulo. É apertado, caótico e informal. Nem mesmo há cardápio: o cliente vai até a cozinha da foto para escolher os pratos.

TzatzikiUm momento resume bem a experiência de comer no Acrópolis. Enquanto esperava um amigo chegar, pedi uma cerveja, pão e tzatziki -- pelo qual, aliás, não me cobraram, não sei se por esquecimento ou simpatia. O proprietário da casa, que fica circulando entre as mesas e fiscalizando o atendimento, viu meu aperitivo sobre a mesa, resmungou algo, pegou um vidro de azeite da mesa ao lado e sem dizer palavra começou a encharcar o tzatziki com o óleo. Quando ficou satisfeito, disse: "agora, sim, está bom para comer". Pode parecer invasivo ao leitor, mas me senti bastante mais confiante no Acrópolis ao perceber a preocupação do Sr. Thrassyvoulos Petrakis com o sabor mesmo de um aperitivo que nem consta no cardápio.

Prato mistoEscolhi como almoço o prato misto, com risoto de frutos do mar, polvo ao vinho e lula recheada (R$ 42). A comida é caseira, mas ao contrário do que costuma acontecer nesse tipo de gastronomia, os pratos tinham sabores bem diferentes e marcantes. O polvo traz um tempero com bastante canela, a lula recheada com arroz já é mais suave e o risoto lembra ervas mediterrâneas. O tzatziki, aliás, também é muito bom, percebe-se que é fresco, não algo guardado por dias na geladeira. Não tive condições de provar o mussaká nem o cordeiro à moda grega, porque as porções são muito grandes. Tampouco foi possível provar as sobremesas.

Enfim, os relatos eram verdadeiros. A comida é boa e o atendimento é simpático, ainda que objetivo. Por exemplo, ao chegar sentei em uma mesa para quatro pessoas, mas o garçom solicitou que mudasse para uma menor, porque a casa sempre enche. No entanto, fiquei lá petiscando e almoçando por duas horas e jamais senti qualquer pressão para comer logo e sair. Ao contrário, o cliente se sente bastante à vontade para degustar com calma a comida. Aliás, é uma boa chegar até as 12:30, porque a partir das 12:45 pode ser difícil encontrar mesa sem esperar na fila.

ACRÓPOLIS
Rua da Graça, 364 - Bom Retiro - Mapa
11 3223-4386

Marcelo Träsel | 23.11.2008, 16:30 | Comentários (4)

Punta del Diablo

Estou há quase um ano morando perto da pizzaria Punta del Diablo e prometendo a mim mesmo -- e à Tati -- ir lá almoçar num dia de sol. Aproveitando a folga na chuva que Porto Alegre teve ontem, fui conferir a avaliação do Saulo sobre o lugar. Sou obrigado a concordar com ele quanto à dignidade do cardápio. Não é a melhor pizza de Porto Alegre, mas é muito boa e não é preciso conviver com sabores bizarros e degradantes no mesmo ambiente.

Pedimos napolitana e anchovas. A primeira estava passável, mas um tanto sem graça; poderia ter um pouco mais de manjericão talvez. A segunda é melhor, com bastante anchova e bastante azeitona preta. Uma pizza tamanho grande dá oito fatias e foi suficiente para dois. Ainda mais que resolvemos pedir sobremesa e descobrimos o lugar que serve provavelmente os mais exagerados pedaços de torta da cidade. A tradicional chaja é excelente, bem úmida. A torta de alfajor também é boa, mas um tanto seca e, dado o tamanho, foi impossível de terminar, mesmo acompanhada de expressos do Café do Mercado.

O Punta del Diablo parece um bom lugar para tomar uma cerveja e petiscar uma pizza num final de tarde de verão, ainda mais que oferece um deck sob a sombra de árvores. O atendimento é simpático e o ambiente é bem cuidado. Também não é muito caro, o total da refeição para duas pessoas deu cerca de R$ 55. É um tanto difícil entender por que o lugar está sempre vazio. Talvez seja a concorrência direta com a churrascaria Barranco, que fica ao lado.

PUNTA DEL DIABLO
Av. Protásio Alves, 1472 - Mapa
51 3019-8881

Marcelo Träsel | 2.11.2008, 10:23 | Comentários (4)

Chez Philippe

Há quase dez anos, quando era repórter free-lance da revista Aplauso, fiz uma entrevista com Phillippe Remondeau, o proprietário do restaurante que leva seu prenome. Foi para uma reportagem sobre as relações entre arte e gastronomia. Lembro de ter gostado bastante das declarações do chef Remondeau e ainda mais da maneira como fui recebido no casarão tombado, cheio de vitrais e madeira esculpida, que hospeda o Chez Philippe. Por algum motivo sempre adiei o plano de voltar lá para um jantar, até o sábado passado, quando minha mulher e eu comemoramos um ano de união civil estável.

O restaurante oferece um menu sugestão do chef com entrada, prato principal e sobremesa por R$ 61, o que é um ótimo negócio. Como outras opções do cardápio chamaram mais a atenção, no entanto, acabamos pedindo apenas as entradas do menu do chef -- carpaccio de língua de cordeiro e mil folhas de berinjela com salmão, ambas acompanhadas de salada (R$ 19 cada) --, filé mignon recheado com queijo camembert ao molho de cogumelos secos, acompanhado de batatas gratinadas (R$ 36), e carré de cordeiro ao molho de pimenta verde com purê de mandioquinha e legumes (R$ 44). O carpaccio de língua de cordeiro é muito bom, com um molho provavelmente de mostarda e nabos à juliana. A combinação de sabores do filé é muito adequada e sóbria. O cordeiro foi o prato que mais me agradou, sobretudo porque o ponto da carne é levemente malpassado e a gordura é torrada em uma crosta bem crocante.

O couvert (R$ 6) era uma terrine de fígado de aves com molho de frutas vermelhas, além de azeitonas e fatias de baguete quentinhas com manteiga. O pão é trazido durante toda a refeição e fica difícil resistir à tentação de esfregá-lo no prato para consumir todo o molho. As sobremesas foram um tipo de torta de chocolate em formato de gota com molho de laranja e Cointreau para a Tati e tomate meio cristalizado com sorvete de manjericão para mim (ambas R$ 11). Concluí que preciso aprender a fazer sorvete de manjericão. Da gota de chocolate provei apenas um pedacinho, mas achei muito boa, o sabor cítrico da laranja e do licor equilibram o doce do chocolate. Como dos vinhos brasileiros mais baratos só havia cabernet sauvignon, que tenho achado entediante, fomos num malbec argentino Benegas pouco mais caro (R$ 56). O café ao final do jantar veio graciosamente acompanhado de docinhos variados e a casa oferece uma borrifada de uísque ou grappa (R$ 3,20).

O ambiente e o atendimento do Chez Philippe são excelentes. Fiz a reserva pelo formulário de contato no site do restaurante, mas, desconfiado das maravilhas da moderna tecnologia, resolvi confirmar por telefone. De fato, não tinham visto, mas ficaram felizes em designar uma boa mesa, mesmo a reserva sendo feita poucas horas antes, ao contrário do que nos aconteceu no Le Bateau Îvre. Os funcionários são todos muito atenciosos. A comida também nos agradou um pouco mais. O carré de cordeiro do Chez Philippe, por exemplo, estava muito mais macio. E quando se paga bastante dinheiro por um prato, o mínimo que se espera é ingredientes de alta qualidade. O restaurante do chef Remondeau passa a dividir minha preferência em Porto Alegre com o Koh Pee Pee.

CHEZ PHILIPPE
Av. Independência, 1005 - Mapa
51 3312-5333

Marcelo Träsel | 19.10.2008, 20:09 | Comentários (7)

Armazém Ventura

Domingo passado fazia um belo sol, minha mulher e eu resolvemos aproveitá-lo caminhando pelo bairro e acabamos sentando no Armazém Ventura para almoçar, lá pelas quatro da tarde. O local é ótimo em dias luminosos de temperatura agradável, para tomar um café e comer uma torta ou um chope. Também serve bufê no horário de almoço todos os dias e pratos interessantes.

Pedimos um filé com molho de damascos e purê de aipim e espaguete com molho de mostarda e iscas de filé. O purê estaria melhor se tivesse vindo gratinado como prometia o cardápio, mas na verdade chegou à mesa meio frio e com o queijo intacto. A carne poderia ter um pouco menos de nervos, mas em todo caso ficou muito boa com os damascos. A massa estava boa. Recomendo pedir a limonada suíça para beber. O almoço com bebidas deu R$ 53.

ARMAZÉM VENTURA
Av. Nilópolis, 5 - Mapa
51 3388-5956

Marcelo Träsel | 15.10.2008, 10:57 | Comentários (1)

Le Bateau Îvre

Para comemorar meu aniversário de 30 anos, resolvi mandar às favas a moderação e ir finalmente conhecer o restaurante francês Le Bateau Îvre, cuja reputação é ser um dos melhores da cidade. Foi um excelente jantar, mas em grande parte devido ao fator emocional envolvido. Vou fazer o possível para escrever uma análise objetiva do estabelecimento.

A primeira boa surpresa é descobrir que o restaurante não é tão caro quanto se esperaria para essa categoria de culinária. Pode-se comer lá por menos de R$ 100 por pessoa. Os pratos começam em cerca de R$ 40. Há opções de vinhos desde razoáveis (R$ 45 por um tempranillo espanhol) até hilariantes (acima dos R$ 500). O ambiente lembra uma casa na Serra, com lareira no meio e muita madeira. A cozinha é separada do salão por um vidro, então pode-se ver o chef Gerard Durand trabalhar. A chanson francesa toca constantemente, chegando até a ser um pouco inconveniente lá pelas tantas.

Pedimos como entrada uma porção de escargot (R$ 35) e foie-gras com molho de figos (R$ 52). Nunca havia provado caracóis, mais por falta de oportunidade. Descobri que eles não têm em si muito sabor, o que explica a necessidade do molho de manteiga com ervas que sempre os acompanha. Come-se mais pelo esporte, acredito: é divertido pegar os cascos com uma pinça e escavar atrás dos bichinhos -- cuja consistência é muito mais amigável ao paladar do que se supõe -- com um garfo especial. O gosto lembra um pouco cogumelos e mariscos. Foi-gras eu já conhecia, mas nunca o tinha comido quente. Recebemos um fígado inteiro levemente grelhado e banhado num excelente molho de figos em compota com um toque de vinagre balsâmico. A carne é tão entremeada de gordura que se derrete, então é mais apropriado comê-la com pão. Gostei muito, mas ainda prefiro o foie-gras fresco.

Os pratos principais foram magret de pato com molho de frutas vermelhas (R$ 48) e carré de cordeiro com molho agridoce de manga e morangos (R$ 47). O magret veio no ponto corretíssimo, levemente malpassado e muito macio. O molho de frutas vermelhas é bom, embora fique um tantinho enjoativo mais para o final, porque é bastante pesado. Acompanha o prato uma batata gratinada surpreendente. Pelo que entendi, eles fazem um purê com o qual preenchem a casca de uma batata inglesa assada e depois levam ao forno. Dá uma boa equilibrada no molho. Confesso que gostei mais do molho agridoce do cordeiro, à base de mel e bem carregado na pimenta. Coisa rara de se encontrar no Sul, dado que os restaurantes precisam agradar ao gosto meio bundão do povo. A carne, porém, estava excessivamente dura e cheia de nervos. Definitivamente não é o que se espera num restaurante desse nível.

As sobremesas foram crème brulêe e a reflexe des îles (todas custam R$ 14). O creme correspondeu à expectativa de um doce clássico. A outra era interessante: duas bolas de sorvete de coco Häagen-Dasz sobre licor de menta, com flocos de arroz e calda de chocolate. Recomendável. Assim que terminamos a sobremesa, faltou luz em toda a região, então não pudemos provar o café. Felizmente aceitam cheque.

Um detalhe que incomodou um pouco foi terem nos colocado na pior mesa de todo o estabelecimento, apesar de termos reservado com uma semana de antecedência. Só posso concluir que atribuem as piores mesas a quem reserva primeiro e não é cliente antigo, para deixar liberadas as boas mesas aos transeuntes. C'est sacanage, ça. Fiquei me sentindo penalizado por ter me dado o trabalho de reservar. Aliás, tentei fazê-lo pelo endereço de correio eletrônico fornecido nos guias e a mensagem nunca foi respondida.

LE BATEAU ÎVRE
Rua Tito Lívio Zambecari, 805 - Mapa
51 3330-7351

Marcelo Träsel | 7.09.2008, 15:22 | Comentários (4)

Restaurante São Rafael - Atualização

Alguns meses atrás, o Garfada comentou a reforma do Restaurante São Rafael, incluindo a contratação de uma chef e o abandono do perfil churrascaria do restaurante. Esta semana, descubro que a chef foi demitida e o restaurante voltou a ser uma churrascaria.

Uma visita ao local indica a retransformação não foi completa: a decoração ainda está toda lá e o bufê executivo ainda tem pato ao molho de framboesa e pratos assim. Acho que agora o restaurante é um híbrido do que era e do que tentou ser, e isso não é um bom sinal.

Cisco | 3.09.2008, 7:30 | Comentários (4)

You Yi de cara e cardápio novos

Hoje fui almoçar no restaurante You Yi, o único chinês digno de Porto Alegre. Chegando lá pude ver o resultado da reforma começada há meses, que eliminou o ar displicente da casa. Toda a decoração interna foi mudada, o espaço aumentou, a louça está mais chique. Alguns ítens saíram do cardápio, outros entraram. Ou talvez simplesmente nunca tivesse prestado atenção ao espaguete transparente com porco moído apimentado, um prato típico inencontrável nos deprimentes bufês que oferecem um arremedo ocidentalizado da culinária oriental. Em todo caso, o salmão defumado com molho hai she é certamente novo.

Os preços subiram um pouco, provavelmente devido mais à alta dos preços de alimentos nos últimos meses que para acompanhar a melhoria estética do estabelecimento. Ainda assim continua relativamente barato comer no You Yi: dois pratos principais, uma entrada, pão chinês, chá e bebidas custaram R$ 25 por pessoa. Apenas ficaria feliz se os proprietários incluíssem os cartões da rede Visa entre as possibilidades de pagamento -- no momento só aceitam Mastercard e rede Maestro.

Confesso que fiquei com um sentimento ambíguo quanto à reforma. Os donos certamente estão felizes, mas como cliente antigo fico com aquela sensação de que agora o lugar vai se encher de arrivés. Evidentemente, desejo que os negócios progridam muito, mas antes o You Yi era um restaurante pouco atraente, a que se chegava em geral no boca a boca. Era para os iniciados. É muito feio lamentar a perda dessa aura?

YOU YI
Rua Cândido Silveira, 242 - Mapa
Fone: 51 3342-3828

Marcelo Träsel | 31.08.2008, 18:28 | Comentários (8)

Koh Pee Pee

Khanom JeebOntem à noite fui como convidado da assessoria de imprensa ao restaurante tailandês Koh Pee Pee, para provar o menu degustação que eles incluíram recentemente em seu cardápio. Comi lá algumas vezes, mas a última foi antes de criar este blog, por isso nunca escrevi uma resenha. Essa nova visita confirmou que o restaurante de Eduardo Sehn é um dos três ou quatro que realmente valem a pena em Porto Alegre.

O menu degustação é servido de terça a quinta-feira para grupos de no mínimo quatro pessoas, porque exige preparação especial na cozinha. Assim, experimentei uma versão reduzida, pensada para duas pessoas. Aí está um fato que já mostra a preocupação de Sehn com a qualidade: para não prejudicar a apresentação e o frescor dos ingredientes, prefere deixar de lado alguns pratos. O chef circula o tempo todo entre as mesas do restaurante, conversando com os clientes e perguntando sobre a comida. Contou que há cerca de 20 anos estava morando em Aachen, na Alemanha, e resolveu tirar férias na Tailândia. Ficou tão impressionado com a culinária local que voltou de lá com a resolução de abrir o Koh Pee Pee, nome de uma praia ao sul do país. Visitou de restaurantes cinco estrelas a vendedores de rua, sempre que possível pedindo para ver como eram preparadas as receitas. Após os primeiros anos de operação na Praia do Rosa e depois em Florianópolis, mudou-se para Porto Alegre. Sehn conta que, no início, trazia os temperos e ingredientes mais difíceis de encontrar na mala, quando ia à Tailândia uma vez por ano. Hoje, o mercado aberto à importação e o trabalho com produtores locais dá conta do fornecimento.

Hoy Chen Neung ManawA segunda entrada foi o hoy chen neung manaw da foto ao lado, ou vieiras grelhadas ao molho picante de limão, o bocado mais saboroso da noite inteira e que em minha vida de restaurantes só perde para a primeira bocada de foie-gras em termos de surpresa. Ao primeiro toque na língua você sente o gosto do molho meio doce de limão siciliano, pimenta e, se não me falha o palato, açúcar de palmeira, com outras especiarias. À medida que vai mastigando, o sabor muda para um leve salgado marinho misturado ao azedo do limão. Ao passar pela mesa após as entradas, Sehn perguntou direto das vieiras, comentando "esse molho é tão bom que dá para comer às colheradas". Fui obrigado a contar a ele que, de fato, havia tomado algumas colheradas do molho.

A primeira entrada foi khanom jeeb, ou trouxinhas de porco moído em massa fina (na primeira foto). Tenho comido muitas dessas por aí, todas com uma massa mais parecida com as massas recheadas italianas, o que é um tanto grosseiro para a culinária tailandesa. A do Koh Pee Pee é fina como papel, crocante. Como prato principal, veio primeiro o kaeng ka-rhee gai, ou frango ao molho de curry amarelo com salada de pepino agridoce. Este ensopado é bastante picante, portanto come-se com a salada de pepinos com amendoim, cebola e coentro por cima. Isso compensa a força do curry, gerando sabores perfeitamente equilibrados. A seguir veio o pla sam rut, filé de pargo ao molho agridoce de pimenta, tamarindo e açúcar de palmeira, conhecido como "peixe de três sabores". O pargo tem um toque marinho um tanto mais acentuado que outros peixes, e os três sabores na verdade se mesclam em um só, meio indefinível. Os dois pratos principais são acompanhados de arroz jasmim, que foi devidamente usado para limpar todo o molho restante da porcelana.

A sobremesa foi khao neow mamoang, arroz motti -- virá do japonês mochi? -- cozido no vapor com leite de coco natural e fatias de manga. Ou seja, arroz doce. Nesse momento, gelei. A primeira vez que comi arroz doce foi num jantar oferecido por um amigo de minha mulher, apenas para não chateá-lo, porque tenho grande aversão a doces feitos com arroz ou feijão. Encarei corajosamente a sobremesa do Koh Pee Pee e, embora não pretenda pedi-la à la carte, posso dizer que tampouco achei ruim. Os grãos de arroz são envoltos por uma viscosidade perfeitamente homogênea e a manga e um pouco de gergelim dão uma quebrada no doce. O leite de coco em lugar do leite de vaca deixa o arroz doce muito melhor, também. Admiro a técnica empregada na confecção da sobremesa, mas ainda não posso dizer que gosto.

Detalhe interessante foi a sugestão de vinho rosé para acompanhar o menu. Sempre é difícil decidir o que tomar com comida oriental. Depois de muitas tentativas com espumante, vinho branco e quetais cheguei à conclusão de que cerveja era mesmo o mais adequado, mas o rosé funcionou muito bem. Não desaparece tanto quanto o vinho branco, nem esconde o sabor da comida como o tinto. Além disso, como já comentei outro dia, o rosé foi reabilitado recentemente, depois de anos conhecido como produto de má qualidade destinado a mulheres fãs de vinho branco doce que queriam "variar". Ontem provei o vinho argentino Carmela Benegas e o espumante Adolfo Lona. Além desses, posso recomendar o espumante rosé brut da Miolo. Se for beber, é uma boa consultar o serviço de chofer do restaurante. Por ser subsidiado pelas vinícolas, custa bem menos do que usar táxi. Segundo Sehn, para ir e voltar de Belém Novo o valor é R$ 20.

Os leitores mais freqüentes perceberão que essa é uma resenha de entusiasmo acima da média. Devo admitir que a refeição de ontem está entre as melhores da minha vida. Se você tem algum interesse em gastronomia, o Koh Pee Pee é uma experiência transcedental e imperdível. Sugiro com toda veemência o menu degustação, porque é a única maneira de comer as vieiras grelhadas e porque é a melhor forma de conhecer os diferentes sabores da cozinha tailandesa a um preço mais em conta. São oito pratos por R$ 140 por pessoa, pouco mais do que o preço de uma entrada, um prato principal e sobremesa, conforme o cardápio.

KOH PEE PEE
Rua Schiller, 83 - Mapa
51 3333-5150

Marcelo Träsel | 8.08.2008, 12:14 | Comentários (4)

Al Dente

Existem poucos lugares em Porto Alegre onde se pode comer massa sem lamentar. O Al Dente é um dos principais. Essa semana voltei ao restaurante de Eleonora Rizzo depois de muito tempo e com mais experiência em comer fora. Posso dizer que o Al Dente continua com a mesma qualidade, para o bem e para mal. É um daqueles lugares confiáveis, onde sempre se sabe que a comida será no mínimo boa, mas por isso mesmo dificilmente surpreende. É, enfim, constante.

Isso dito, fiquei bastante surpreso quando o fetuccine al dente (R$ 40) chegou embebido num molho de caviar negro, espinafre de cor azul. É, azul, um profundo turquesa, provavelmente por conta do caviar e do espinafre. Confesso que fiquei chocado, já que essa cor é um tabu para comida. Ainda não sei se é um grande pecado culinário ou uma ousadia bem-vinda, mas, passada a resistência original, é bastante bom. Tem um leve sabor de mar e o caviar dá uma crocância ao molho, explodindo na boca.

O outro prato da noite, fetuccine ai tartufi (R$ 50), com molho de uísque, nata e, supostamente, trufas, não agradou tanto. Em primeiro lugar, não há trufa alguma, apenas cogumelos. É gostoso, mas nada fora do comum. O filé mais macio que já entrou em minha boca acompanha essa massa. Também aceitamos o couvert, cujo patê de fígado feito no restaurante é excelente. Os legumes em conserva, porém, se mostraram ácidos demais.

O cardápio do Al Dente é bastante extenso. Além das massas, há diversas opções de risotos, carnes, saladas. O restaurante também oferece menus degustação e para duas pessoas. Há pratos com preços abaixo dos R$ 30 e pratos que passam dos R$ 50. Ou seja, dá para comer lá mesmo com pouco dinheiro, até porque as porções são grandes. Sugiro para um casal recusar o couvert, pedir uma salada, um prato de massa para dividir e sobremesas. Já o café, não recomendo. Embora quando perguntado o garçom tenha dito que as porções não davam para dois, essa foi sua única falha na noite e no geral o atendimento é ótimo.

AL DENTE
Rua Mata Bacelar, 210 - Mapa
51 3343-1841

Marcelo Träsel | 1.08.2008, 20:06 | Comentários (11)

D.O.C. Risoteria

Na última terça-feira fui jantar na D.O.C., a convite da proprietária, Fernanda Moreira -- isto é, foi por conta da casa, ao contrário das outras resenhas publicadas aqui. Moro relativamente perto do restaurante e já havia passado diversas vezes pela frente fazendo exercício, tinha curiosidade de conhecer. O problema é que risoto é um daqueles pratos complicados de se comer fora, porque nem todo restaurante tem cozinheiros capazes de atingir o ponto certo. É a mesma dificuldade com o al dente da massa, então essas são duas coisas que em geral como só em casa. É, pois é, sou um chato. Felizmente, posso dizer que o D.O.C. é um dos pouquíssimos lugares em Porto Alegre onde se pode comer um risoto no ponto correto.

Os leitores mais antigos devem saber que sou contra cardápios muito abrangentes e nesse sentido o D.O.C. também agrada: há seis opções de risoto, duas de salada, algumas entradas e petiscos e mais cinco ou seis sobremesas. Há sempre uma receita de risoto extra como sugestão do chef. O lugar funciona também como champanharia, por isso há várias opções de tira-gostos. O ambiente é pequeno e agradável, com mesas na rua e iluminação com velas. O maître conhece bem espumantes e foi muito atencioso com todas as mesas, não apenas comigo e minha mulher, que éramos convidados.

A entrada foi um creme de abóbora com cenoura e croutons de laranja -- raspas de casca de laranja secas no forno. Uma combinação bastante interessante, que Fernanda estava testando e pensando em acrescentar ao cardápio no inverno. Abóbora e cenoura são legumes meio doces, que combinam com sabor de fruta. Pedi o prato do dia, risoto de champignon com filé de cordeiro. Estava bom, os cogumelos não foram cozidos demais e o mantecare muito bem feito, parecendo que haviam usado leite em lugar de caldo no arroz. O cordeiro também estava no ponto -- o que também nem sempre se consegue, costumam servi-lo muito seco em Porto Alegre. Minha mulher pediu o risoto de peras com gorgonzola. Foi o primeiro prato que cozinhei para ela, então a expectativa era grande. É claro, ela não se atreveu a dizer que estava melhor do que o meu, mas posso dizer que as peras vieram consistentes e tudo salpicado por pimenta rosa. Gostei. A sobremesa foi sorvete com molho de morangos e espumante e parfeur, um tipo de torta com uma camada de chocolate, outra de doce de maracujá, uma última de creme e calda de morango por cima.

O preço dos risotos varia de R$ 25 a R$ 30 para a porção inteira e fica abaixo dos R$ 20 para a porção "soft". As sobremesas estão na faixa dos R$ 6 a R$ 12. Não chegamos a beber espumante, só água, mas há opções em várias faixas de preço.

D.O.C. Champanharia e Risoteria
Rua Jaime Telles, 325 - Mapa
51 3332-9094

Marcelo Träsel | 24.07.2008, 11:41 | Comentários (10)

Caffè del Barbiere

Conheci o trabalho do chef Marcelo Schambeck em um coquetel do projeto Pequenas Ações Terroristas. Chamou a atenção ver que ele montava as bandejas de salgadinhos e docinhos durante o evento, de modo que tudo estava sempre fresco. Depois chamou a minha atenção a originalidade dos petiscos, bem diferentes do arroz-de-festa dos coquetéis (croquetes, empadinhas e quetais). Havia até fatias de pão integral com coalhada e brotos de rabanete, para se ter uma idéia.

Lá peguei um cartão dele e há muito tempo estou para conferir um dos almoços especiais de seu restaurante, o Caffè del Barbiere. Toda quarta e sexta, é a promessa, serve-se um menu baseado no que há de bom no mercado. Entrada e prato principal custam R$ 15. É bom chegar antes do meio-dia ou após as 13h, sob pena de ter de esperar bastante uma das poucas mesas do lugar ser liberada. Ao menos o ambiente é interessante: o café divide o espaço com uma barbearia tradicional ainda em funcionamento e adota a mesma estética. Não se preocupe, há uma parede separando os cabelos cortados de sua comida.

Ao chegar no local e ver os pratos de nhoque e sopa de algum tipo de folha verde, fiquei um tanto decepcionado. Esperava um prato de apresentação luxuosa como os das fotos. Mas logo me dei conta de que era perfeito: se Schambeck conseguisse fazer um nhoque e uma sopa de espinafre que surpreendessem, ganharia muito mais o meu respeito. É fácil agradar com pratos diferentes e/ou estrambólicos, difícil é fazer bem o básico.

E posso dizer que o chef conseguiu surpreender. A sopa e o molho de carne de panela do nhoque estavam excelentes. O maior mérito de Schambeck é não ter receio de temperar a comida. De fato, confia tanto em seu gosto que nem mesmo há queijo ralado extra, sal ou pimenta na mesa. Faz bem em confiar, porque tem bom gosto. Se dá para reclamar de alguma coisa, é que a sopa talvez pudesse ter um tiquinho menos de pimenta. Nada que prejudicasse. Para a sobremesa, pedi tiramisú (R$ 5), seguindo a mesma linha de raciocínio de testar o básico. Aí, outra surpresa: o doce italiano que sofre tanto vilipêndio no Brasil estava perfeito, numa porção individual em taça com mascarpone de verdade por cima e bastante Amaretto no fundo.

O Barbiere também oferece várias opções de sanduíches, calzones e quiches interessantes e um bom café espresso. O atendimento é simpático e o próprio Schambeck leva a comida à mesa em alguns momentos, aproveitando para perguntar a opinião dos clientes.

CAFFÈ DEL BARBIERE - Mapa
Rua Jerônimo Coelho, 188
51 3019-4202

Marcelo Träsel | 27.06.2008, 21:48

Restaurante São Rafael - Cisco

As informações sobre a localização do restaurante e o cardápio do jantar estão neste post. Abaixo, meus comentários:

Aí está. Comentaristas, especialmente os que também conhecem o Restaurante São Rafael, estão convidados a pitaquear.

Cisco | 28.05.2008, 2:39 | Comentários (2)

Visita ao Restaurante São Rafael

Essa noite, a equipe do Garfada (a saber, Träsel e Cisco) foi gentilmente convidado a participar de um jantar-menu degustação com harmonização no Restaurante São Rafael. Como cada um vai fazer um post sobre sua experiência, este post reúne alguns dados comuns a ambos os posts para facilitar sua leitura e redação.

Continue Lendo...

Cisco | 28.05.2008, 0:55 | Comentários (3)

Jantar adocicado no Kos

Depois de duas tentativas frustradas, finalmente consegui conhecer o restaurante Kos nesse sábado -- nas primeiras duas vezes, estava fechado, embora todos os guias digam que o horário é das 11h às 0h. O que mais chama a atenção é a fixação do chef em molhos doces, a maioria à base de mel.

Começamos com um ceviche de salmão com limão siciliano, que estava excelente. A textura era quase a de um filé tártaro de peixe, com cebolas bem picadas. Acompanha pãozinho torrado. Os pratos principais foram carré de cordeiro com molho de mel com ervas e cuscus de legumes e o mais famoso da casa, o filé de salmão com camarão em cama de batatas royal marriage. Esse último prato vem na forma de uma torre, talvez um tributo à formação em arquitetura de Caco Zanchi, dono do lugar. Ambos agradaram bastante, embora lá pelas tantas o mel tenha começado a enjoar. Provavelmente a culpa foi nossa, porque afogamos cada pedaço de carne no molho.

O filé de salmão e o camarão estavam no ponto certo, mas o cordeiro -- igualmente bem-apresentado -- poderia ser menos passado. Já o cuscus estava mais saboroso do que a cama de batatas do peixe. De sobremesa, encaramos um doce de aipim com sorvete. Bizarro, porém gostoso. Havia também um doce de berinjela com sorvete. Para beber, cerveja artesanal Slava Pils em garrafa de um litro. Juntando tudo, gastamos R$ 150 em duas pessoas.

O Kos, homônimo de uma ilha grega, tem já de saída um grande mérito, que é propor uma cozinha autoral em Porto Alegre. Há poucos restaurantes na cidade que se arriscam a criar novos pratos e o fazem com competência. A maioria ou se limita a seguir as receitas clássicas da região culinária com que trabalham, ou então tenta inventar e dá à luz aberrações gastronômicas. Nada contra o primeiro tipo, as melhores casas da cidade entram nessa categoria. Já no ramo da teratogenia alimentar temos a maioria das churrascarias, pizzarias e restaurantes japoneses, cujos bufês às vezes parecem um quadro de Bosch. O Kos, porém, consegue reunir a cozinha mediterrânea com a brasileira e ainda dar uns toques de Países Baixos sem parir monstros, embora não sejam pratos que agradem a todo mundo.

KOS
Rua Dinarte Ribeiro, 50 - Mapa
51 3013-5333

Marcelo Träsel | 18.05.2008, 23:44 | Comentários (5)

Bufê de sorvete

Um amigo está trazendo uma pessoa do exterior que trabalha no ramo culinário e quer mostrar alguns hábitos alimentícios desconhecidos do país do outro: galeteria, café colonial, polenta frita, rodízio de pizza, bufê de sorvete, etc. O problema é que é impossível decidir para qual bufê de sorvete levá-lo. A pergunta então é:

1) Qual bufê de sorvetes portoalegrense mostrar? Qual tem mais cara de "bufê de sorvetes no centro de Capão da Canoa?"

2) Qual o melhor bufê de sorvetes de Porto Alegre?

3) Que mais mostrar? Lembrem-se que o mundo está cheio de churrascarias, então essa é uma sugestão inútil (que eu já fiz).

Cisco | 11.05.2008, 0:32 | Comentários (22)

O Outback, esse desconhecido

O NYT mandou críticos gastronômicos para visitarem franquias de grandes cadeias de restaurantes nos EUA, incluindo Outback Steakhouse, Olive Garden e T.G.I. Friday’s. O resultado foi um festival de esnobismo. Ou assim comentam Ezra Klein, Matthew Yglesias e Megan McArdle; eu prefiro meu esnobismo gastronômico por parte dos leitores do Garfada.

Cisco | 5.05.2008, 17:13 | Comentários (2)

Menu confiança no Crème de la Crème

Hoje almocei no bistrô Crème de la Crème, dos chefs Lúcia Olmedo e Diogo Cunha. Durante a semana, o lugar serve almoço e lanches das 11h às 19h. Na sexta e ao meio-dia de sábado, oferece um menu confiança que varia conforme os ingredientes disponíveis no mercado. Gosto muito disso. Dá para conhecer melhor os cozinheiros e ainda desfrutar da melhor maneira possível de produtos sazonais.

O menu de hoje começou com um couvert de um dos melhores pães que já provei em Porto Alegre com pasta de azeitonas e ricota. A entrada foi berinjela recheada com molho tapenade e folhas de alface. O recheio da berinjela estava excelente, com uma crosta perfeitamente crocante. A salada veio temperada discretamente, pelo que agradeço, pois não gosto de verduras afogadas em azeite ou vinagre -- principalmente a praga do balsâmico. O prato principal foi risoto de frango na cerveja com bacon, passas e cebola. Conforme o chef Dio Cunha, a receita era de sua avó. Bastante original e bem cuidado na preparação e apresentação. A sobremesa anunciada era torta de limão, mas como pode acontecer no caso de menu confiança, haviam mudado para pudim de iogurte com calda de frutas vermelhas.

Difícil encontrar algo de que reclamar no Crème de la Crème. Talvez apenas uma geladeira que estava tronando no salão pudesse ter tido seu conteúdo transferido para um freezer e sido desligada, de modo a não atrapalhar a conversa dos clientes. Parece bobagem, mas é o tipo de detalhe que poderia causar má impressão em novos clientes. Não se come apenas com a boca, olhos e nariz. Todo o ambiente contribui para a experiência -- e eles têm um ambiente muito bom no Crème de la Crème.

O menu custa R$ 20, um preço mais do que justo para uma refeição esmerada e que satisfaz qualquer fome. Há vinhos diversos, cerveja nacional em long neck (R$ 3,50 a Bohemia) e uruguaia em litro (R$ 9). O atendimento é feito pelos próprios donos, muito simpáticos. Como o lugar não é grande, convém reservar uma mesa, embora hoje estivesse tranqüilo, talvez devido à chuva.

CRÈME DE LA CRÈME
Rua Vieira de Castro, 270 - Mapa
51 3392-0206

Marcelo Träsel | 26.04.2008, 18:41 | Comentários (5)

Chef do Circuito está no Jasmim

Agora não há mais a desculpa de se sentir constrangido com o público GLS para não provar a comida oriental do chef Jean Rodrigues. No início do ano ele saiu do bar Circuito e passou a trabalhar no restaurante Jasmim, no Moinhos de Vento. Parece que a mudança também aconteceu no cardápio, antes quase totalmente tailandês, agora com alguns elementos da cozinha portuguesa, brasileira, francesa e italiana. Ainda não fui, mas está na lista. Fui neste domingo jantar lá e encontrei boas opções e um ótimo ambiente e atendimento, porém alguns pequenos problemas na cozinha. Ia ao KOS, mas pela segunda vez consecutiva não estava aberto, apesar de divulgar que funciona das 11h às 0h diariamente.

Pedimos como entrada a opção de dim sum com carne de gado (R$ 19). Vem com dois rolinhos de papel de arroz vietnamita, duas trouxinhas de carne moída fritas, dois espetinhos de filé com shiitake e duas panquequinhas de pato, acompanhadas de geléia de pimenta. Muito bom. O prato principal foi o Mar do Norte (lombo de bacalhau ao molho de leite de coco com mil folhas de batata e alho-poró, R$ 55). A garçonete avisou que o bacalhau tinha chegado no dia anterior e estava dessalgando, então iria perguntar ao chef se podia servir. Foi servido, mas o bacalhau ainda estava salgado demais, o que esculhambou o paladar. Antes, porém, experimentei o arroz jasmim sem molho e percebi que um pouco deve ter queimado no fundo da panela, o que deixa todo o arroz com um sabor de fundo inconfundível. De sobremesa, Macau (tigela de chocolate com líchia e amêndoas laminadas, R$ 15) e Punta del Este (sorvete de manjericão com duas barras chocolate recheado de doce de leite, R$ 15), ambas excelentes, em especial o sorvete de manjericão, que eu comeria puro a qualquer hora.

O atendimento do Jasmim é ótimo e o chef veio à mesa perguntar como estava a comida. Informei sobre o problema do bacalhau, até para colaborar com o azeitamento da operação na cozinha. Não comentei, porém, que senti falta de um pouco mais de tempero nos pratos, mais pimenta -- aliás, o molho de pimenta oferecido na mesa poderia ser de uma marca melhor, pois o atual não condiz com o ambiente ou com os preços do cardápio. Um grande acerto, porém, é oferecer cerveja Heineken (R$ 4 a long neck). Outro acerto é ser um dos poucos bons restaurantes a abrir aos domingos à noite. O restaurante abriu há um mês apenas e certamente Jean Rodrigues vai atingir o nível de qualidade que oferecia no Circuito.

JASMIM
Rua Marquês do Pombal, 322 - Mapa
51 3062-5267

Marcelo Träsel | 20.04.2008, 18:27 | Comentários (4)

Atelier de Massas

Um restaurante relativamente menosprezado de Porto Alegre é o Atelier de Massas. Este blog mesmo andou desprezando o Atelier nesses dois anos de existência, embora seja um dos meus restaurantes preferidos. Sempre que preciso ciceronear algum turista, levo para jantar ou almoçar lá, porque o restaurante oferece opções de boa comida que agrada a todos os gostos a preços razoáveis.

A grande qualidade do Atelier é servir massa caseira de verdade, inclusive respeitando as denominações tradicionais italianas. O fettucine deles tem uns três dedos de largura, como manda o figurino. Há também diversos tipos de massas recheadas, cada uma casada com um molho adequado. E se você for corajoso, pode insistir um pouco para ver se o Gelson Radaelli, dono do lugar, prepara a massa jazz, com um molho improvisado na hora. Mas o cardápio é tão amplo e ao mesmo tempo tão bem pensado que você pode comer um prato diferente a cada visita -- e vai querer fazer isso, porque a maioria apetece. A primeira massa que provei foi fettucine al borgheto (R$ 19,90 para uma pessoa), com iscas de filé, cogumelos e bastante pimenta; só voltei a comê-la na sexta-feira passada.

Além da variedade de massas, o Atelier também oferece um bufê de antipasti (cerca de R$ 5 a cada 100g) que se renova periodicamente -- ou conforme a disponibilidade de ingredientes bons no mercado. Há queijos, embutidos, pães, pastas, e volta e meia até lagostins. Recomendo o alho assado, é incrivelmente suave. Muita gente come apenas as entradas e ignora as massas. Também é possível pedir filé com salada e o ótimo filé paillard, acompanhado com espaguete banhado no suco da carne e creme de leite. Para a sobremesa, recomendo a torta de chocolate.

Como se não fosse o suficiente tudo isso, o lugar é muito bonito, decorado com quadros pintados pelo próprio Radaelli e com obras presenteadas por clientes e amigos. Talvez o Atelier não tenha a fama que merece porque fica no centro da cidade, mas é absolutamente seguro freqüentá-lo, mesmo à noite.

ATELIER DE MASSAS
Rua Riachuelo, 1482
51 3225-1125

Marcelo Träsel | 14.04.2008, 12:36 | Comentários (21)

Mais do mesmo

Saiu a nova edição do Guia de Porto Alegre da revista Veja. O conteúdo ainda não está no site, mas a colunista Fernanda Zaffari postou o resultado em seu blog.

Não há absolutamente nenhuma novidade. Os mesmos restaurantes e chefes de sempre encabeçam a lista. Merecidamente, diga-se de passagem, com uma ou outra injustiça -- por exemplo, o Copacabana como melhor restaurante italiano, quando dá para citar ao menos o Casa Vecchia e o Al Dente bem à frente. O Na Brasa como melhor restaurante para se comer carne na cidade é algo ridículo e absurdo, quando existe a churrascaria Porto-Alegrense. A Na Brasa é, na melhor das hipóteses, o melhor lugar para se empaturrar de carne.

Talvez a editora Abril devesse rebatizar o guia de "O melhor de Porto Alegre segundo o gosto médio dos freqüentadores da Padre Chagas". Ou então variar um pouco os jurados a cada edição, para dar uma arejada nas listas do melhor da cidade. A repetição de certos estabelecimentos todos os anos evidencia, além da desertificação gastronômica da capital, uma certa ignorância e aversão ao novo dos eleitores.

Na verdade, a Vejinha prestaria um serviço muito melhor é se contratasse uma equipe de quatro ou cinco pessoas que realmente entendessem do assunto para visitar todos os restaurantes e bares (pagando pelas refeições) e deixasse que essa equipe escolhesse os melhores, com direito a críticas de verdade. Como diz meu colega David Coimbra, democracia demais atrapalha. A última coisa que uma pessoa devia querer quando procura um restaurante é compartilhar o gosto do rebanho.

Marcelo Träsel | 5.04.2008, 11:41 | Comentários (21)

Puppi Baggio

Um dos restaurantes italianos mais famosos de Porto Alegre, o Puppi Baggio tem um ambiente que lembra a rusticidade colonial: mesas de madeira, móveis e objetos antigos, fotos antigas etc. Fica em cima de uma adega e quem compra os vinhos para a refeição lá embaixo não precisa pagar a rolha paga rolha de 10 a 15% do valor do vinho, como em qualquer outro restaurante de Porto Alegre (obrigado pela correção, Solon).

Pedi um prato leve de subiotto com molho spetacollo d'uva. O subiotto é um tipo de penne com as paredes mais espessas, deixando uma canaleta bem fininha no meio. Chegou à mesa num ponto excelente. De fato, talvez seja a massa mais al dente que já comi em Porto Alegre. O molho era à base de requeijão, com tomates secos, uvas itália e estragão. Razoável, apenas. Também pedimos um polpetone (ou "almondegão") com molho de tomate. É bem grande e serve umas quatro pessoas como acompanhamento. Também é bastante temperado e levemente picante.

Gostaria de voltar lá e experimentar o molho de carne de panela, que dizem ser excelente. As massas do Puppi Baggio são realmente boas, mas minha escolha de molho prejudicou. Difícil saber se a fama de melhor italiano da cidade se justifica.

PUPPI BAGGIO
Rua Dinarte Ribeiro, 36
51 3346-3630
Segunda a sábado, almoço e jantar

Marcelo Träsel | 20.03.2008, 14:22 | Comentários (12)

Pueblo, o mexicano de Porto Alegre

Se você quer comer bem a preços razoáveis, recomendo o restaurante Pueblo. Se quer encontrar gente jovem e bonita, também. Agora, se não suporta esperar em filas, se gosta de poder conversar sem elevar a voz até ficar rouco e detesta ficar com as roupas cheirando a comida, evite essa casa.

O cardápio do Pueblo é bem fiel à culinária mexicana dos Estados Unidos. Oferece os clássicos chili, tacos, burritos e fajitas. Além disso, tem pratos como chimichanga, menos conhecidos. Pedimos como entrada os nachos originais -- que eram de verdade, e não meros Doritos com queijo --, tacos de filé e chimichanga de carne de panela. Aliás, uma das melhores carnes de panela que já provei em restaurantes. Teríamos ficado satisfeitos com apenas dois desses pratos, mas quisemos diversificar. A chimichanga foi o melhor, os tacos também são bons, mas a guacamole poderia ser mais temperada. Com bebidas, a conta ficou em R$ 60 para duas pessoas.

O grande problema do Pueblo é que virou moda entre a juventude porto-alegrense. Isso significa mesas cheias de meninas loiras com chapinha gasguitando em altos volumes. Sorte que as modas passam. A gerência poderia dar uma olhada no sistema de ventilação, porque as roupas ficam cheirando a comida quando a pessoa senta no salão dos fundos. E é bom chegar cedo, antes das 21:00, porque senão vai ter de esperar no balcão até uma mesa ser liberada.

PUEBLO CASA MEXICANA
Av. Ijuí, 147 - Petrópolis
Fone 51 3332-5540
De terça a domingo, almoço e jantar

Marcelo Träsel | 14.03.2008, 13:24 | Comentários (13)

A Cantina

IMG_2981.jpgNo domingo passado, o Bruno Galera e eu nos reunimos a um grupo de amigos para almoçar no restaurante de carnes exóticas A Cantina. Um dos principais atrativos, além da degustação de jacaré, capivara, javali e avestruz, é o fato do estabelecimento ficar no bairro do Lami, região rural de Porto Alegre. É um bom passeio para dias de sol e eles têm mesas no quintal, onde você pode tomar o chope artesanal local em canecos originais de festas de interior (R$ 5), como esse na mão do Bruno.

Pode-se pedir a comida à la carte, ou então o rodízio, que sai por R$ 23. Nós começamos com uma porção de rã à doré (R$ 25), que dá para umas quatro ou cinco pessoas e vem com um molho tártaro. A primeira carne a vir no rodízio foi o jacaré, à milanesa. Trata-se de uma carne que fica entre o peixe e a galinha, e é bem gordurosa e consistente. Depois veio o avestruz, salteado na chapa. O problema é que uns pedaços vieram no ponto e outros quase crus. Mas avestruz é muito bom, uma carne bem vermelha e sem quase nada de gordura. Em seguida, foi a vez do javali, também salteado na chapa. É um porco com sabor um tanto mais marcante e que oferece mais resistência à mordida. Finalmente, veio a capivara, de longe a mais exótica de todas as carnes provadas. Algumas pessoas na mesa acharam forte demais, mas outras adoraram. Estava bem temperada com alho e também salteada.

O acompanhamento das carnes são massas caseiras à carbonara e ao pesto. O molho pesto deles é muito bom. Também servem salada de verduras e legumes plantados no local. É uma comida honesta e a proposta de servir carnes exóticas é excelente, porém, um tanto mal executada em minha opinião. O problema é que o modo de apresentação, à milanesa ou salteado na chapa com um monte de óleo, não valoriza muito os produtos. Seria melhor grelharem ou até assarem as carnes. Também não precisavam ter medo de temperá-las. Algumas pessoas na mesa pediram bananas flambadas com sorvete de sobremesa e disseram que estavam muito boas.

Na saída, os clientes ainda podem adquirir produtos coloniais, como cachaça artesanal e geléias. Comprei uma geléia de jaboticaba feita com frutas do pomar da família. Abre de quartas a domingos, das 10h às 22h.

A CANTINA
Estrada Edgar Pires de Castro, 10.853
Bairro Lami
51 3267-1529

Marcelo Träsel | 9.03.2008, 23:44 | Comentários (20)

Bifão no Outback

Ontem finalmente consegui experimentar a comida do Outback, uma franquia de steakhouses que se aproveita da aura de macheza, ruralidade e informalidade da Austrália. Outback é como os australianos chamam o sertão do país, que é coberto por uns 80% de terras áridas.

Pedimos blooming onion (R$ 20) e Rockhampton Rib-Eye (R$ 35). Como entrada, recebemos um pão integral que é cortesia da casa, com molhos de nata e de mostarda com mel. Tudo excelente. O pão é meio doce e incrivelmente macio para um pão integral. A cebola gigante empanada é bem sequinha e macia, acompanhada de um molho bem apimentado e temperado -- de fato merece a fama. O rib-eye talvez seja o melhor bife que já comi em restaurantes. A carne cede à faca mais facilmente do que manteiga fora do gelo e é cozida no ponto exato, crocante por fora, mal-passada por dentro.

Em resumo, o Outback é caro, mas vale o preço. Só o que estraga um pouco é o atendimento. Os garçons aparentemente são orientados a forçar uma informalidade que pode até fazer sentido nos Estados Unidos ou na Europa, lugares onde as pessoas mantém distância, mas é desnecessário no Brasil. Nossa atendente veio se apresentar com entusiasmo excessivo e tive de me segurar para não responder algo como "desculpe, senhorita, mas prefiro não socializar com os serviçais, limite-se a anotar meu pedido". Ao final, pensei em pedir a famosa sobremesa Cinnamon Oblivion, mas a garçonete não perguntou a todos se estavam satisfeitos e foi correndo buscar a conta.

No fim das contas, duas pessoas comeram bem por R$ 60, incluindo um chope grande e um pequeno. Um prato por casal, mais a cebola dividida por quatro pessoas foi o suficiente.

OUTBACK STEAKHOUSE
Shopping Center Iguatemi
Av. João Wallig , 1800 Loja 2252
Telefone: 51 3381-6609

Marcelo Träsel | 21.02.2008, 13:46 | Comentários (23)

Armazém do Mar é o melhor restaurante de Garopaba

armazemdomar.jpgFinalmente encontrei um restaurante com que vou sonhar quando estiver vencendo os 400 quilômetros de BR-101 até Garopaba, no litoral catarinense, para onde vou com certa freqüência ficar na casa da família. O Armazém do Mar serve a melhor moqueca que já comi na vida. O equilíbrio entre leite de coco e dendê no molho é perfeito e o toque de coentro é sutil. Escolhemos a versão homônima ao restaurante, com garoupa, polvo, lula, camarão e mariscos. A garoupa estava fora de série, uma consistência perfeita. O prato para dois, uma porção generosa, sai por R$ 70.

Além disso, pedimos um filé de peixe ao molho de mel com gergelim e risoto de manga (R$ 52 a porção dupla). O risoto é gostoso e veio num ponto razoável para um restaurante, onde sempre é problemático comer um risoto all'onda. A juliana de cenoura e abobrinha italiana estava também no ponto certo de cozimento. Um prato bem executado. Para acompanhar, tomamos um vinho argentino que chamado Signos, que mistura uva chardonnay e chenin, bastante bom (R$ 36). Todo o jantar custou R$ 145, para três pessoas.

ARMAZÉM DO MAR
Rua Ptolomeu Bitencourt, 44 (Perto do quartel da PM)
48 3254-4145

Marcelo Träsel | 15.02.2008, 12:02 | Comentários (5)

Búzios é caríssima, mas dá para achar boa comida

Gasta-se uma Babilônia em dinheiro comendo, dormindo e se bobear, até respirando, em Búzios, famoso conjunto de praias no litoral fluminense. Porém, em geral o investimento vale a pena. O principal meio de evitar dissabores é ficar longe dos estabelecimentos da Rua das Pedras, quase todos arapucas para turistas.

Os restaurantes da Orla Bardot -- tem esse nome porque Brigitte Bardot passou um verão por lá e até hoje a região vive dessa memória -- são tão caros quanto, mas a comida e o ambiente são melhores. Seguem impressões sobre alguns locais.

sawasdee.jpgSawasdee -- Sim, fui até Búzios só para comer comida tailandesa. Pior ainda, nem pedi peixe: ataquei num magret de pato com curry de laranja e purê de banana. A entrada foram bolinhos de carangueijo e de salmão com molho picante. O pato e o bolinho de carangueijo eram pratos sazonais, ou seja, são servidos apenas em certa época do ano. Equivalem a recomendações do chef. O curry de laranja e o purê de banana são incríveis, mas o magret estava um pouco passado demais. O bolinho de caranguejo se saiu melhor do que o de salmão, que é muito normal. Para acompanhar, tive a boa surpresa da cerveja local Mistura Clássica Premium. O jantar custou R$ 85 por pessoa. Se for investir em apenas uma refeição, que seja no Sawasdee. Se não estiver chovendo, pegue uma mesa na rua e contemple o movimento na Orla Bardot.

Cantina do David -- Essa casa de frutos do mar fica na rua Manoel Turíbio de Farias, 260, uma paralela à das Pedras. Serve pratos honestos de peixe, moluscos e crustáceos a preços de paraíso tropical. Comi, no entanto, uma boa caldeirada com polvo, camarão, lulas, mariscos e peixe, acompanhada de um pirão bem aceitável e um chope meio aguado. Se quiser esbanjar, há um aquário com lagostas vivas (R$ 150 o prato para dois). Os garçons estavam afobados porque já era bastante tarde, o que é péssimo. Se estavam com pressa de fechar, não deveriam nem ter nos deixado sentar. A caldeirada, acompanhada de alguns chopes, saiu por R$ 50. No cartão que me deram, há a promessa de uma caipirinha cortesia por pessoa, mas não nos serviram nenhuma.

Sorveteria Itália -- É difícil eu não gostar de sorvete, mas deixem a suspeita de lado e ouçam quando digo que vale a pena investir R$ 5 numa casquinha com um sabor nessa sorveteria. Comi de chocolate com amêndoas e quase chorei de emoção.

pizza_quadrada.jpgPizza Quadrada -- A R$ 3,50 o pedaço, é um dos melhores negócios gastronômicos de Búzios. Um italiano da região de Nápoles prepara pizzas que de napolitanas não tem nada, mas ainda assim merecem atenção. Provei a margherita e estava muito boa. Tenho a teoria de que, para conhecer um pizzaiolo, deve-se provar uma margherita. Se ele for competente nessa variedade, provavelmente será nas outras também. Aliás, quando perguntei qual sabor recomendava, o pizzaiolo respondeu: "eu sempre como a margherita". Podem confiar. Praticamente uma barraquinha, fica na confluência principal de Búzios, defronte à loja do Bob's.

Se Chegue -- Restaurante medíocre na Rua das Pedras, seguindo pelo corredor ao lado da Pizza Quadrada. No primeiro dia comi lá numa turma grande, uma janta de pizza com cerveja e música ruim numa TV de plasma e aquela coisa toda. Saiu R$ 25 por pessoa, com bebidas. No entanto, esse local tem uma vista muito boa da praia. O sujeito praticamente come sentado na areia.

ostras_tartaruga.jpgPara tomar uma cerveja honesta longe da playboizada, a pedida é o Bar Nascimento, onde tem roda de samba com nativos de verdade. A cerveja mais barata é numa birosca num beco atrás da loja do Bob's, onde se pode comprar uma long neck por R$ 2. Uma alternativa é apelar para os supermercados. Na praia da Tartaruga, o bar mais barato fica no final da orla, chama-se Raphael. Único lugar onde se encontra uma garrafa de cerveja de 600ml em Búzios, por R$ 4. Uma pechincha! Aproveite a grana que sobrou para comer uma ostra fresquinha, vendida na areia pelos nativos por R$ 2,50 a unidade ou R$ 25 a dúzia.

Agradeço aos leitores que deram dicas de restaurantes em Búzios e me advertiram para preparar adequadamente o orçamento. Aproveito para ensinar como consegui comer em todos esses lugares. A técnica consiste em tomar café da manhã no último horário possível no hotel e encher bem a pança.

Marcelo Träsel | 11.02.2008, 19:32 | Comentários (6)

Dicas de restaurante em Búzios

Vou nesta sexta-feira para Búzios, passar quatro dias. Se algum leitor tiver dicas de restaurantes ou qualquer atração alimentícia imperdível, por favor deixe nos comentários. Não sei nada sobre a cidade.

Marcelo Träsel | 23.01.2008, 15:52 | Comentários (15)

Hashi é um dos melhores de Porto Alegre

hashi.jpgOntem à noite fui conhecer o restaurante Hashi, que apesar do nome não é apenas mais uma casa de comida japonesa. O chef Carlos Kristensen serve comida internacional com uma forte ênfase no Japão, é verdade, mas o cardápio tem pratos como carpaccio de canguru, magret de pato com mel, ou carré de cordeiro com molho de vinho tinto e risoto de abobrinha. Porém, não se engane, o sushi servido lá é um dos melhores de Porto Alegre, perdendo apenas para o do imbatível Sakura.

A idéia inicial era jantar no Takê. Porém, chegamos lá e não havia lugar para estacionar. Um representante da casa na rua avisou que a espera era de pelo menos 40 minutos. Ainda assim, resolvemos deixar o nome da lista e depois decidir o que fazer. A subida pela escadaria até a mocinha responsável por isso foi chocante. Dezenas de jovens proprietários de caminhonetes Pajero e similares portando ninfetas bebiam coquetéis em poltronas sob um ruído ensurdecedor. Prometi a mim mesmo nunca pisar lá de novo, não importa quão boa seja a comida.

A chegada ao Hashi foi completamente diferente. Não se ouvia um só ruído. Na verdade, parecia estar vazio, até que a garçonete nos levou a um salão onde mais pessoas jantavam a uma distância saudável umas das outras. Perguntei-me em voz alta por que estava tão mais vazio que o Takê. "Quando vier a conta, tu vai ver", respondeu um amigo. De fato, os pratos no Hashi custam um monte de dinheiro. Mas a qualidade da comida oferecida mais do que compensa.

O couvert foi atum cozido no shoyu com cebolinha. Bastante surpreendente, parecia até carne de vaca. Como entrada, pedimos guiozá (R$ 19, seis unidades), o melhor que já comi. O recheio de porco bem temperado estava envolto em pasteizinhos al dente e boiavam num molho tarê que não se impunha sobre os outros sabores. O prato principal foi o bom e velho sushi. Minha mulher e eu pedimos uma porção para dois do tipo "criações exclusivas", isto é, releituras feitas pelo chef Kristensen (R$ 99). É a travessa da foto acima.

Entre os sushis especiais, havia de salmão com shissô, enguia, atum com foie-gras (senti-me tentado a comer o foie-gras separado do resto), ostras e camarão com palha de batata doce. Os leitores mais antigos sabem que não sou grande entusiasta de releituras em pratos de culinárias tradicionais (sim, refiro-me às pizzas de milho verde e sushi califórnia), mas nesse caso não tenho reclamações a fazer. O chef Kristensen demonstra ter muito respeito pelos ingredientes. Acredito que seja um dos melhores restaurantes de Porto Alegre, dada a qualidade da comida e do serviço.

O total para duas pessoas, sem sobremesa mas incluindo várias garrafas de Bohemia Weiss, foi de R$ 140. Não é um lugar para se comer toda semana, mas pretendo voltar ao Hashi para provar os pratos quentes. Um conhecedor recomenda fortemente o camarão ao curry.

HASHI
Rua Des. Augusto Loureiro Lima, 151
Bela Vista - Porto Alegre
Fone: 51 3328-0005

Marcelo Träsel | 11.01.2008, 17:38 | Comentários (11)

Comida brasileira é mais do que moda em São Paulo

Enquanto aqui no Rio Grande do Sul há poucos restaurantes que investem na culinária brasileira, em São Paulo ocorre o oposto: é tão difícil encontrar um cardápio sem caldinho de feijão e carne de sol que até enche o saco.

No domingo passado, fui ao Barão da Itararé, um "bar de jornalistas", segundo meu amigo Emiliano Urbim -- que incidentalmente é jornalista. Há chope honesto e opções de cervejas importadas e um cardápio completamente abrasileirado. Provei um carreteiro sobre cama de purê de abóbora que estava muito bom, embora falte um certo tempero ao quibebe.

Comi uma salada verbe com melancia e queijo meia-cura que se saiu muito melhor, no entanto. Exceto que o cardápio prometia sementes de abóbora e não vi nenhuma, mas vá lá. Pedi para acompanhar um bife, que veio no ponto, com bastante alho e salsinha. Isso custou cerca de R$ 20, um preço razoável para São Paulo. Ainda pudemos aproveitar o show de uma banda de jazz muito boa.

No sábado à noite, comi um acarajé do Rota do Acarajé, um restaurante de comida baiana que pertence a um casal bastante simpático e tem atendimento lento, para dar aquele toque de autenticidade. O recheio do acarajé tem camarões secos enormes, vatapá, quiabo e cebola. Só vem pouco apimentado, então apele para os molhos na mesa. Também provei o arrumadinho de carne-seca, que estava ótimo, com o purê de mandioca bem homogêneo e consistente.

O destaque mesmo vai para a cocada de forno, um tipo de torta de pudim de coco com geléia de goiaba por cima. Tentei extrair a receita da proprietária do restaurante, mas não foi possível. Ela apenas disse que tem uma cozinheira nativa e que essa cocada de forno não se encontra no comércio, é uma receita caseira baiana. O único defeito que posso colocar no restaurante é o fato de a cerveja ter acabado às 23:00 -- ou eles terem dito isso para fechar logo.

BARÃO DA ITARARÉ
Rua Peixoto Gomide, 155
Bela Vista - São Paulo

ROTA DO ACARAJÉ
Rua Martim Francisco, 529
Santa Cecília - São Paulo

Marcelo Träsel | 8.12.2007, 20:27 | Comentários (3)

Media Luna Boutique de Doces

media_luna_doces.jpgEste blog foi gentilmente convidado para comparecer ao café da manhã para imprensa da nova loja dos argentinos Abel e Clarita Blumenkrantz em Porto Alegre. Ambos, mãe e filho, já tocam um café de bastante sucesso com o mesmo nome na rua Dr. Timóteo, 890, que serve medias lunas bem recomendadas. Neste novo estabelecimento, a proposta é oferecer mais opções de doces e salgados aos clientes e, principalmente, doces porteños, diferentes dos tradicionais brasileiros.

Se for até lá, não deixe de provar em hipótese nenhuma a torta de amêndoas com doce de leite e a bomba de chocolate. Nem as medias lunas, é claro. Os croissants da Dona Clarita são idênticos aos servidos pelas cafeterias argentinas. Segundo ela, foram necessários dois anos para chegar à receita de uma massa que, embora folhada, não fosse gordurosa demais. Há também empanadas, que não cheguei a provar. E alfajores, claro, feitos com bolachas tipo cracker, doce de leite e cobertura de açúcar confeitado.

Dona Clarita foi começar a trabalhar no ramo da alimentação apenas quando se mudou para Porto Alegre junto com dois de seus filhos. "Mas ela sempre cozinhou para os filhos", lembra Abel. Abel e seu irmão mais velho decidiram vir para Porto Alegre após a crise econômica de 2001, que levou a Argentina à falência. Sem perspectiva de arrumar empregos em Buenos Aires, emigraram e se tornaram empresários. O irmão voltou para o lado de lá do rio da Prata, mas Dona Clarita ficou.

media_luna_fachada.jpgAmbos parecem muito sérios quanto à qualidade. Abel mostra com orgulho a cozinha, cujas praças foram organizadas conforme o sistema de trabalho kanban e é aberta para todos os clientes verem. "Queremos mostrar que somos honestos. Na outra loja, volta e meia os clientes perguntam se as medias lunas são do dia. Isso entristece." Faz questão de abrir as geladeiras, para provar que há apenas matéria-prima, nenhum doce pronto. Dona Clarita adianta que planejam fabricar e vender doce de leite próprio até meados do ano que vem, porque o produto nacional não é bom o suficiente.

O Media Luna Boutique de Doces funcionará de segunda a sábado das 9:30 às 21:00 durante o horário de verão. Os preços são razoáveis. Uma media luna custa entre R$ 3 e R$ 5, a depender do tamanho, mesma faixa de preço dos doces. Um espresso sai por R$ 2,15 -- aliás, o café merece destaque, é de excelente qualidade. Eles também aceitam encomendas de doces e salgados para festas.

MEDIA LUNA BOUTIQUE DE DOCES
Rua Fabrício Pillar, 681 (esquina com a Silva Jardim)
51 3407-3333

Marcelo Träsel | 20.11.2007, 21:41 | Comentários (11)

Geometria da pizza

Quando descobri que o ex-asilo ao lado do Barranco, que há meses estava em reforma, iria se tornar uma pizzaria uruguaia, fiquei automaticamente ansioso pra conhecer o lugar. Primeiro, claro, por se tratar de mais uma opção gastronômica na cidade, em um espaço interessante, com uma área aberta sob a copa de árvores de aspecto muito agradável. Segundo, porque eu queria entender o que significava uma pizza ser uruguaia.

Cheguei a cogitar que se tratava apenas uma desculpa para batizar o lugar de Punta Del Diablo (obedecendo à seguinte equação: “a legítima A” = “um novo conceito em A”, sendo A um ramo de negócio qualquer), mas eu estava enganado. E se você pensou que a resposta era o formato da pizza, retangular ao invés do clássico círculo, também se enganou.

De fato, a pizza, assada em forno à lenha, é retangular e vem servida em uma base de madeira. Todavia, é no cardápio que está o segredo da coisa. Não tem sabor filé com batata palha, não tem sabor cachorro-quente, não tem sabor coração de galinha. Tem sabor de pizza de verdade, aliche, pesto, quatro queijos (com brie no lugar daquele usual creme nojento de catupiry), todas ótimas.

Concluí: é pizzaria uruguaia porque tem dignidade, como o sofrido e falido povo da Conaprole demonstra todos os dias. Uruguaio é orgulhoso e não baixa a cabeça, não podia servir pizza de milho, mesmo.

Ah: além do belo ambiente sob as árvores, a Punta Del Diablo tem estacionamento grátis. A pizza grande sai por pouco mais de R$ 20,00. Serve bem duas pessoas.

Ah 2: deve ter cervejas uruguaias, mas não afirmo porque só bebo Coca.

Ah 3: o cardápio ainda estava um pouco improvisado nas duas vezes que eu fui, especialmente na parte das sobremesas.

PUNTA DEL DIABLO
Av. Protásio Alves, 1472
Petrópolis - Porto Alegre

Saulo | 12.11.2007, 9:39 | Comentários (19)

Damask mudou para a Cidade Baixa

A lancheria árabe que ficava na Riachuelo abriu em novo endereço, na Cidade Baixa, onde antigamente ficava o restaurante vegan São Jorge e o Dragão. Não apenas as instalações do Damask melhoraram muito, mas parece que a comida, preparada por um imigrante palestino, também foi inteiramente retocada e está ainda mais saborosa.

No último sábado pedimos sanduíche de shawerma, mais conhecido no Brasil como churrasco grego, sanduíche de falafel (bolinho de grão de bico) e homus (pasta de grão de bico), além de porções de falafel. Os sanduíches estavam excelentes, bastante temperados, e além disso são gigantescos. A carne, ao contrário dos churrascos gregos das biroscas paulistanas, é de primeira qualidade. O destaque, no entanto, vai para o falafel, com toda certeza o melhor de Porto Alegre. É frito na hora, não é servido seco como o deserto do Saara e vem acompanhado de um ótimo molho de iogurte. Dizem que o quibe cru ali também é muito bom. Na verdade, colocaria o Damask hoje em segundo lugar como melhor restaurante árabe de Porto Alegre, atrás apenas do Lubnan, mas bem à frente do Baalbek e do Al Nur.

Outro ponto a favor do Damask é oferecer Heineken 600ml aos clientes, que ainda podem se jogar na "tenda árabe" do segundo andar e fumar narguilé. Os preços não são baixos, mas também não são absurdos. O jantar saiu R$ 20 por pessoa, incluindo aí bastante cerveja. É pena que só abra à noite, das 18h às 0h, e nos domingos ao meio-dia e à tarde. Nas segundas-feiras está fechado.

DAMASK
Rua Sofia Veloso, 61
51 3026-0490

Marcelo Träsel | 12.11.2007, 8:29 | Comentários (9)

Alho assado

alho_assado.jpgA maioria das pessoas relaciona o alho imediatamente a mau hálito e suor azedo. Isso porque a maioria das pessoas nunca provou esse vegetal cozido ou assado por tempo suficiente para evaporar todas as substâncias químicas causadoras desses efeitos adversos. Estão perdendo também de descobrir que o alho pode ser muito bom consumido puro.

Na verdade só descobri isso quando vi uma travessa alhos assados no balcão de antepastos do restaurante Atelier das Massas. O proprietário, o artista plástico Gelson Radaelli, estava dando sopa ali em volta e aproveitei para desfazer meu estranhamento. Ele explicou usava a variedade branca, um pouco maior do que a roxa, porque é mais suave. Bastava assar no forno por meia hora e depois regar com azeite de oliva.

Há alguns dias finalmente me dispus a testar a receita. O resultado está aí na foto. Foi testado num jantar para quatro pessoas, sendo duas mulheres, e todos gostaram dessa entrada. Só errei ao cortar o topo do alho antes de levá-lo ao forno, o que fez evaporar demais o líquido. Coloque-os inteiros e corte a tampa depois de frios, com uma faca bem afiada.

Marcelo Träsel | 8.11.2007, 19:38 | Comentários (7)

Cenoura Pastéis

Todo mundo em Porto Alegre fala nos pastéis do Cenoura. Ontem finalmente comi em uma loja deles e é preciso admitir que não fiquei tão impressionado. Os pastéis são sequinhos e os recheios são muito bons, mas não gosto do tipo de massa caseira que usam, cuja espessura é muito grande. Prefiro as massas mais fininhas. Também desconfio de pastéis muito secos, porque isso em geral indica fritura em gordura vegetal hidrogenada, que é um lixo.

Pedi um pastel de carne e outro de camarão, porque são clássicos e assim teria base de comparação. O de carne veio lotado de recheio, o de camarão um pouco menos, mas ambos são muito bem temperados, coisa rara de se encontrar. Pedi ainda um "pastel da copa", criado em homenagem ao certame futebolístico do ano passado, que leva brócolis, alho, lingüiça e catupiry e provei o "pastel do cenoura", feito somente com vegetais e ricota. Confirmei que, assim como no caso da pizza, não sou chegado em invencionices nos recheios de pastéis. São bonzinhos, mas são... errados, sei lá.

Há também a experiência antropológica de comer no Cenoura. Vi pelo menos duas jovens senhoritas que pareciam estar voltando ou indo para uma recepção de gala. Em outra mesa um aniversário ou algo assim estava sendo comemorado, a julgar pelos arranjos de flores em cima. De repente, vejo o garçom levar duas garrafas do champanhe Cave Geisse, um dos melhores da Serra Gaúcha, para o grupo. Pensei seriamente em cometer uma chacina, mas me distrai tentando chamar a atenção de algum dos garçons autistas para pedir meus pastéis.

CENOURA PASTÉIS
Vicente da Fontoura, 1804 - Esquina com Ipiranga
Tele-entrega: 3333-2500

Marcelo Träsel | 21.09.2007, 10:17 | Comentários (22)

Rib's reencarnou no The Best Food

Um dos lugares que mais deixou saudades em Porto Alegre foi a lancheria Rib's. Os mais jovens devem conhecer mostarda e ketchup com essa marca. Ela existiu até o final dos anos 90, pelo menos, em dois endereços: a praça Júlio de Castilhos, no Moinhos de Vento, e a esquina da Rua da Ladeira com a Rua da Praia, no Centro. Houve um breve período em que se instalou no shopping Praia de Belas, mas nunca conto essa filial.

O Rib's de verdade era uma lancheria de outra Porto Alegre, uma cidade em que a rua 24 de Outubro ensaiava se tornar o eixo principal do comércio grã-fino e o Centro era ainda o centro da vida comercial. Uma época em que a cor local era valorizada, não o simulacro asséptico de primeiro mundo a que a insegurança das ruas nos prende hoje.

O Rib's de encarna aspectos de tudo isso em minha memória. O cardápio era uma releitura dos lanches do McDonald's, como não podia deixar de ser, mas dotado de indiscutível sabor próprio. Sabor conferido pela maionese com curry ou pelo molho rosé espalhados em todos os sanduíches. Eram bem diferentes dos xis que se encontrava em qualquer esquina. O milk shake virou motivo de lenda, algumas pessoas acreditam que só aquela máquina específica, a da praça Júlio de Castilhos, conseguia fazê-lo corretamente. Pois essa máquina hoje está no The Best Food do Assis Brasil Strip Center, segundo consta, resgatada por ex-funcionários da empresa original.

Há alguns dias almocei na filial da rua 24 de outubro, na esquina com a Lucas de Oliveira. Comi o Xis dos Deuses, com bacon e a maionese com curry. Continua igual aos da minha infância, quando almoçava nessa lancheria com meus pais. O milk shake também. Claro que o cardápio tem concessões aos tempos correntes, então não podia faltar o prato light, com salada e frango. Basta ignorá-lo. Infelizmente, não é possível ignorar a total ausência de charme do ambiente atual como se pode ignorar um peito de frango no cardápio. A comida do The Best Food pode ser igualzinha à do Rib's -- o que não é pouco, diga-se de passagem --, mas a Porto Alegre em que ela nasceu ficou no milênio passado.

THE BEST FOOD
Rua 24 de Outubro, 1320 - Auxiliadora
Tele-entrega: 3337-7761

Assis Brasil Strip Center - Cristo Redentor
Tele-entrega: 3340-4055

Marcelo Träsel | 14.09.2007, 10:53 | Comentários (20)

Buena onda em Buenos Aires

flan.jpgEntre os dias 1º e 4 de setembro estive em Buenos Aires para fazer, basicamente, turismo gastronômico. Antes de mais nada, informo que não comi nenhuma parrillada, não por falta de vontade, mas de oportunidade, mesmo. Privilegiei os restaurantes de cozinha internacional no meu roteiro e a La Cabrera acabou ficando de fora, assim como o El Preferido de Palermo. Também não consegui comer na sorveteria Un Altra Volta, nem tomar o chá da tarde do Alvear. Ficam para uma próxima ocasião, que já está sendo planejada.

Vou contar um caso que resume o quanto é boa a culinária em terras porteñas: no domingo, um belo sol, eu e minha companheira resolvemos almoçar no Olsen, que serve um brunch muito famoso em um jardim pós-modernista. Não tínhamos reserva e obviamente estava lotado. Acabamos saindo para tentar a cafeteria Oui Oui, com o mesmo fracasso. Todos os restaurantes estavam lotados ou serviam parrilla, refeição que não estávamos muito dispostos a comer.

empanadas.jpgEm desespero, decidimos entrar no primeiro boteco que aparecesse -- sou experiente em viagens e sei que chega um momento no qual é preciso sacrificar os escrúpulos estéticos. Entramos numa cafeteria qualquer perto da estação Palermo e pedimos empanadas e café. Nosso vizinho de mesa era um mendigo, que tomava vinho tinto em um cálice, acompanhado de água mineral. As empanadas demoravam. Pensei: "não pode ser que num lugar desses estejam assando na hora". Não deu outra. Foram assadas na hora e chegaram à mesa perfeitas, junto a um café bem correto. Isso numa birosca que serve mendigos.

Dito isso, analisemos os restaurantes sérios.

sudestada.jpgSudestada -- Fica em Palermo, é bem pequeno e serve comida do sudeste asiático. Para acompanhar, têm uma ótima cerveja artesanal a 8 pesos a tulipa -- vinhos são meio pesados demais para acompanhar esse tipo de culinária em minha opinião, mas fique à vontade para escolher um bom branco ou um espumante. Pedimos como entrada rolinhos vietnamitas de ostras com porco e vegetais, que você embrulha com bastante broto de feijão, coentro e alfavaca em uma folha de alface e mergulha em um tipo de vinagrete; e dumplings tailandeses, isto é, pasteizinhos cozidos com recheio de porco e um molho doce semelhante ao missô. Os pratos principais foram peixe ao molho de manga e pato ao estilo cambojano, com frutas. Este último foi uma das melhores coisas que já comi na vida. Bastante apimentado e com uma quantidade bem generosa de temperos frescos. O melhor eram as uvas, cujo açúcar acaba sendo um pouco caramelizado no processo de flambamento -- dá para ver as chamas subindo na cozinha. De chorar. Ainda mais quando a conta veio mais barata do que paguei por comida asiática medíocre no Wok, em Porto Alegre.

sanjuan.jpgCafé San Juan -- Este restaurante é o novo queridinho dos gourmets porteños. Merecidamente. É outro ambiente pequeno e nada pretensioso. Inclusive, fica numa parte bem feia de San Telmo. O chef Leandro Cristóbal é um skatista que recebe amigos skatistas junto à nata da sociedade argentina. Aparentemente, o restaurante era um negócio de família que deslanchou quando ele decidiu assumir as panelas. As sobremesas são feitas por sua mãe. Ao chegar, os garçons, muito atenciosos, levam um quadro negro com as opções do dia até sua mesa. Fomos de patê de coelho com geléia de cereja e patê de salmão com tomates concassé de entrada. Ambos ótimos, mas recomendo o de coelho. Como pratos principais, o ojo de bife, só com a parte mais macia do bife de chorizo, e coelho com champignons e cogumelos japoneses. Tudo acompanhado de batatas fritas. De sobremesa, crème brûlée e crumb de peras e maçãs com sorvete de creme. Que dizer? Outra refeição que excedeu as expectativas e valeu o preço, aliás não tão salgado assim: com vinho, gastamos cerca de 150 pesos, ou pouco mais de R$ 100. Se posso fazer alguma queixa, é que o sorvete da sobremesa poderia ser de melhor qualidade. E tive de me esforçar para encontrar um defeito.

resto.jpgRestó -- Fica na sede da Sociedade de Arquitetura da Argentina. Outro local pequeno a se dedicar à boa mesa. É mais direcionado aos executivos do entorno, tanto que abre apenas ao meio-dia na maior parte da semana. Comemos gravlax de salmão com lentilhas vermelhas e molho de limão como entrada. Muito divertida a diferença de textura entre o salmão elástico e as ervilhas al dente. Nem a alface está no prato apenas para fazer número, seu sabor de alguma forma completa o do restante dos ingredientes. Foi o segundo prato que mais me agradou em Buenos Aires. Os pratos principais foram carré de cordeiro malpassado com purê de moranga e filé com quiche de blue cheese e aipo. As melhores carnes de toda a estadia, sem sombra de dúvida. Vieram no ponto perfeito e derretiam feito manteiga na boca. Tudo isso foi acompanhado de um excelente pãozinho integral com ameixa seca. A brincadeira custou 95 pesos, com bebida.

tamal.jpgBodega Campo -- Serve a culinária tradicional pampeana, no centro da cidade. Éramos os únicos comensais num dia de semana, mas o garçom estava animado como se a casa estivesse lotada. Notei que ele valorizou nosso interesse por pratos típicos. Comemos empanadas de carne irretocáveis, muito bem temperadas, tamal (um tipo de pamonha recheada de carne moída) e pastel de calabaza, ou carne moída com purê de moranga por cima, formando um tipo de torta. Para acompanhar, cerveja em caneco de porcelana. Novamente, a comida é muito boa e o ambiente silencioso foi bem vindo para descansar do burburinho da avenida Corrientes. Esse é um pouco mais barato, se bem me lembro tudo custou uns 35 pesos.

La Ideal -- Entre, admire a arquitetura da belle époque e vá embora. A não ser que lhe agrade ficar sozinho em um salão com 100 mesas e ainda assim ser mal atendido. Os cappuccinos que tomamos eram até bastante bons, mas não compensam os pensamentos deprimentes que lhe assaltam ao ver um local tão bonito em tão franca decadência. Entre em qualquer outra cafeteria aleatória e peça um café com media luna, que você não vai se arrepender. Ou então peça um flan (foto lá em cima), uma das sobremesas mais típicas de Buenos Aires. É um pudim de leite, mas graças à maneira de fazer o molho de caramelho, o flan porteño rivaliza com o pudim da minha mãe, o que é um feito nada desprezível.

É difícil comer mal em Buenos Aires. Mesmo os lugares de baixa categoria se esforçam em servir alguma coisa que preste. Dá a impressão de que até os cozinheiros mais miseráveis põe todo seu orgulho em jogo em cada prato. Apenas evite a cafeteria que fica bem em frente ao obelisco, responsável pelas batatas fritas mais tristes que já conheci.

Marcelo Träsel | 11.09.2007, 15:42 | Comentários (12)

Wok, novo oriental em Porto Alegre

O Wok, que abriu há algumas semanas no bairro Auxiliadora, é mais uma casa que oferece comida do sudeste asiático na capital gaúcha. Como sou um grande fã da culinária dessa região, aproveitei a primeira desculpa para jantar fora e fui conhecer o restaurante, cujo chef é Rafael Jacobi. O cozinheiro morou alguns anos na Austrália e trabalhou com cardápios vietnamitas, tailandeses e indonésios, inclusive na própria Tailândia. As referências, portanto, são boas.

O Wok fica bem localizado e é fácil conseguir lugar para estacionar o carro. É um ambiente pequeno, mas as mesas não são muito juntas. O único problema é que há um rádio tocando música, mas ao menos é lounge, então não chega a atrapalhar o clima. Pensei em levar a câmera para fotografar o local e a comida, mas como era um jantar comemorativo, seria meio déclassé. Fotografar a comida definitivamente não combina com champanhe. Permiti-me levar somente uma caderneta para anotar os pratos. Toda a equipe que atende os clientes é muito atenciosa e gentil. Não percebi o menor sinal de impaciência nos garçons, mesmo tendo ficado uma boa meia hora como o cliente chato jogando papo fora, que não deixa o restaurante fechar.

Mas interessa mesmo é a comida. O couvert era caldinho de camarão com leite de coco, servido em martelinhos. Como entrada, pedimos ostras gratinadas (R$ 3,50 a unidade). Os pratos principais foram pad thai (R$ 37) e malacca rendang (R$ 29). De sobremesa, crème brûlée de gengibre e capim-santo (R$ 7) e panqueca com creme de baunilha e abacaxi e sorvete de creme (R$ 8). O pad thai -- aliás, uma bela porção -- veio com um enorme camarão empanado no topo e montes do crustáceo entre o macarrão de arroz e os legumes, que eram broto de feijão e pimentão amarelo, até onde consegui identificar. Volta e meia, aparecia uma folhinha de coentro. O vietnamita malacca rendang é feito de iscas de filé ou frango salteadas com legumes da estação -- vagem e cenoura, no caso -- cogumelos japoneses e ervilha torta, tudo isso em um molho de leite de coco e manjericão roxo. Acompanha arroz jasmim.

Toda a comida foi muito correta, com exceção do malacca rendang, que em minha opinião veio com um molho ralo e em excesso -- mas isso também não chega a prejudicar o sabor, apenas a apresentação, que no caso dos outros pratos foi impecável. Destaque para o crème brûlée, um prato tradicional da culinária francesa que combinou perfeitamente com os ingredientes orientais. Os pratos também podiam ser mais apimentados, mas dá para entender o chef, uno tiene que ganar su plata e estamos bem longe da Bahia. Só poderia haver algum tipo de molho de pimenta à disposição, ou quem sabe a alternativa de pedir algo mais forte.

Um jantar da entrada à sobremesa custou cerca de R$ 50 por pessoa, descontando a bebida -- aliás, não entendo de vinhos e harmonização, mas poderia haver uma oferta melhor de brancos, que combinam mais com comida oriental. Ou beba cerveja, que cai muito bem também. No mais, recomendável. Antes de ir, só confirme por telefone se o problema com os cartões Visa já foi solucionado, porque até segunda-feira não estavam aceitando.

WOK
Rua Carlos Von Koseritz, 1604
Auxiliadora
51 3023-7120

Marcelo Träsel | 8.08.2007, 10:51 | Comentários (14)

Comida japonesa no Mercado Público

Nada faz mais sentido do que comer peixe no local da cidade conhecido por ser um entreposto de pescados. Até demorou para algum imigrante japonês se dar conta disso e abrir um negócio no Mercado Público de Porto Alegre. Ontem fui com o Bruno Galera, outro colaborador deste blog, conhecer o restaurante Sayuri, que fica no segundo andar do prédio. É um ótimo lugar para quem tem um desejo incontrolável por sushi ou sashimi no horário de almoço.

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Marcelo Träsel | 7.07.2007, 18:36 | Comentários (11)

Greek Donner

Lá no PAlegre, a Mirella recomenda o restaurante grego Greek Donner.

Cisco | 6.06.2007, 14:22 | Comentários (4)

A nova casa de Alexis Zarate

Há alguns meses o chef Alexis Zarate deixou a cozinha do Ocidente, após dez anos, para abrir seu próprio restaurante, o Suprem. A comida do Ocidente não mudou nada, até porque o resto da equipe deve ter sido muito bem treinado nesses anos, mas no Suprem dá para notar que a antiga casa restringia o cozinheiro.

Embora alguns pratos ainda apareçam (como as esfihas e a ricota grelhada com molho vermelho), Alexis criou muita coisa nova. O sabor melhorou, também, mas é difícil explicar como. Só dá para dizer que o Ocidente parece medíocre perto do Suprem — inclusive porque o ambiente nesse último é bem melhor, mais claro, arejado e sem a nhaca de festa da noite anterior. Outra vantagem é que de quartas a sábados pode-se comer os pratos indiano-vegetarianos à noite também, com cardápio a la carte. Estou muito curioso para provar o risoto de algas, por exemplo. O almoço é prato feito, por valores de R$ 8 a R$ 10. Aos domingos tem banquete indiano, por R$ 15.

SUPREM
Rua Santo Antônio, 877 - Bom Fim
Fone: 51 3312-2731

Marcelo Träsel | 28.05.2007, 22:57 | Comentários (19)

Churrascaria Porto-alegrense

Na quinta-feira comi a melhor picanha da minha vida. Esqueçam qualquer outra: a Churrascaria Porto-Alegrense é a melhor da capital gaúcha. Nunca cravei os dentes num pedaço de picanha ao mesmo tempo macio, suculento e bem cozido. A expressão "ao ponto" fez sentido imediatamente. Além disso, a carne só tinha uma camada de gordura fina o suficiente para dar um toque especial a determinados pedaços. O tamanho da porção também impressionou, ainda mais em relação ao preço (R$ 18). Dá para dois e sobra.

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Marcelo Träsel | 16.04.2007, 10:01 | Comentários (6)

Parrillada no El Viejo Pancho

A parrillada é um churrasco feito em grelha (como o próprio nome já indica), típico da Argentina e Uruguai. Sua característica mais destacável é o privilégio dado aos cortes menos nobres, ao contrário do churrasco gaúcho. É claro que o vazio (fraldinha para o pessoal acima de Florianópolis), a picanha e a costela estão lá, mas dividem espaço em pé de igualdade com rins, timo, tripas e morcilhas salgadas e doces. O cordeiro também está muito mais presente do que no Brasil. Conforme um amigo baiano, no Nordeste também é costume assar em grelha os miúdos de gado, como fígado, coração e ubre.

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Marcelo Träsel | 20.03.2007, 10:20 | Comentários (19)

A quilo - Parte 2

Semana passada, pedi sugestões de restaurantes a quilo. A maioria dos leitores escolheu fazer suas sugestões nos comentários, mas aqui estão os resultados.

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Cisco | 15.03.2007, 23:53 | Comentários (14)

Circuito é subestimado como restaurante

Nada como ir pela primeira vez a um restaurante e ter uma grata surpresa. Foi o que aconteceu ontem no Circuito. Bem, na verdade não foi a primeira vez que pisei lá: trata-se de uma casa noturna que há algum tempo passou a servir comida tailandesa. A idéia de comer numa casa noturna jamais me passou pela cabeça, mas as circunstâncias me levaram a tanto. Pedi uma porção de katrong tong, cestinhas de frango com milho e temperos fritas como pastéis, acompanhadas de um molho semelhante à geléia de pimenta (R$ 8,50). O molho de pimenta é muito, muito competente. Provei também o soba pedido por outras pessoas na mesa, um macarrão de trigo sarraceno com molho de carne e shiitake, igualmente delicioso (R$ 20).

A fome talvez tenha influído, mas estavam excelentes. De fato, há muito tempo não ficava tão animado com a comida de um lugar. O chef Jean Rodrigues está de parabéns. Os pratos, para uma pessoa, não são baratos, embora tampouco sejam caros, já que os ingredientes usados são raros e de alta qualidade. A questão é que, para chegar aos pratos, o cliente precisa antes entrar no bar, pagando ingresso, o que ontem acrescentou R$ 10 ao valor da conta. Além disso, comer em uma casa noturna envolve música alta e fumaça de cigarros, o que prejudica um pouco a experiência. São fatores que podem explicar o fato de ninguém comentar a comida do Circuito. Outro fator também pode ser importante: é um bar gay, o que afasta a maioria dos potenciais consumidores. Minha sugestão a Jean Rodrigues é que abra um restaurante independente do Circuito. Poderá contar com minha freqüência.

CIRCUITO
Rua Lopo Gonçalves, 66
Cidade Baixa - Porto Alegre
Fone: 3221-6222

Marcelo Träsel | 10.03.2007, 19:04 | Comentários (9)

A quilo

Leitores e autores do Garfada, qual seu buffet a quilo favorito? Mandem suas respostas para CISCOCOSTA arroba UOL ponto COM ponto BR e eu postarei as melhores sugestões dia 15/03. Por favor, não se restrinjam a Porto Alegre.

(Já adianto os meus: o recentemente reaberto Casarão do Bom Fim, na Oswaldo Aranha, perto da Lancheria do Parque. Costumava almoçar lá todos os dias na época da faculdade de comunicação, mas com a formatura raramente tinha a oportunidade. Visitei ontem depois de anos e descobri que só melhorou: ambiente agradável, espaçoso, bem-iluminado, muitas mesas, bom serviço e boa comida por oito reais no buffet livre. Isso inclui vários grelhados, sushi, massa caseira, muita salada, comidas quentes e pelo menos cinco tipos de sobremesa. A competição mais próxima é o restaurante Ponto Campus, no Campus do Vale, abaixo do Banco do Brasil, onde os grelhados são melhores mas o resto do serviço e dos pratos não alcança os colegas do Bom Fim.)

Cisco | 8.03.2007, 14:17 | Comentários (12)

Finalmente uma tele-entrega digna

Raramente peço comida por tele-entrega. Em primeiro lugar, porque é mais caro do que cozinhar qualquer coisa e até há pouco eu tinha tempo de sobra. Além disso, a comida em geral é ruim e/ou chega à sua casa num estado lamentável. Se é para gastar meu rico dinheirinho, prefiro ir até um restaurante e comer algo recém-preparado (ao menos em tese). Finalmente, a comida disponível para entrega domiciliar em geral é pouco saudável.

Assim, fiquei muito animado quando o Firpo comentou sobre o Curry Express há uns meses. Apesar do slogan ridículo, a comida é muito boa. O Firpo achou as porções pequenas, mas os acompanhamentos são bem baratos. Um tipo de curry e um ou dois acompanhamentos não pesam no bolso e alimentam bem duas pessoas. Comi o pasanda de cordeiro (curry com passas e castanhas) com bhaji de cebola (cebolas empanadas) e aloo gobi (batatas e couve-flor refogadas com curry). O pasanda é um prato difícil de encontrar em restaurantes indianos, enquanto as cebolas empanadas ficam excelentes com molho de iogurte. Provei também o dal tarka (lentilhas com pimenta vermelha), que para quem gosta de comida picante é muito recomendável. Estou por provar o vindaloo de porco, o prato com mais alta cotação de picância no cardápio.

Embora não tenha reclamações sobre a comida, é preciso dizer que o pessoal do Curry Express é meio desorganizado. Na primeira vez em que pedi, faltou um acompanhamento. Liguei reclamando e enviaram o que faltava prontamente. Uma amiga teve o mesmo problema, mas como só faltou um molho, não se deu o trabalho de pedir que enviassem. E uma dica: a taxa de entrega é R$ 4,50, então só fica economicamente interessante se você pedir bastante coisa.

Marcelo Träsel | 18.02.2007, 10:34 | Comentários (10)

Piores Slogans

Aqui em Porto Alegre, o restaurante Curry Express usa o seguinte slogan: "Comida Indiana. Por isso Gandhi tinha sempre aquele sorrisinho". Na minha opinião, só poderia ser pior se fosse "os paquistaneses não sabem o que estão perdendo".

Leitores, estou errado? Há slogans culinários piores por aí?

Cisco | 31.01.2007, 12:30 | Comentários (11)

Pizzaria Fornellone

Não sou um grande fã de pizzarias. O problema é que já fui a Nápoli. A pizza napolitana, com sua massa que consegue a proeza incomparável de aliar pouca espessura, consistência e flexibilidade, estragou a experiência de comer uma redonda em qualquer outro lugar pelo resto da vida. Por isso, se a idéia é pizza, em geral prefiro fazer uma em casa com massa pronta do supermercado, para poupar dinheiro, ou pedir em alguma tele-entrega que coloque a quantidade em frente da qualidade e tenha sabores como crocante (cobertura de batata palha) ou gemada — e, sim, esses dois sabores existem. Hoje posso dizer que a pizza da Fornellone, em Porto Alegre, é uma alternativa razoável.

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Marcelo Träsel | 26.01.2007, 18:28 | Comentários (19)

Garfada visita primeira Starbucks brazuca

Nunca pensei que a primeira Starbucks brasileira chegaria acoplada a uma Saraiva Megastore, mas faz sentido. É raro que a cafeteria seja um estabelecimento independente em seu país original — normalmente também é um anexo de supermercado ou qualquer outra coisa do tipo.

Não consegui conter certa nostalgia. Nem sou muito fã da rede, mas ela era minha salvação nos States porque, para quem não sabe, o café vendido naquele país — em copos de papel que vão dos 300 aos 700 ml — é intragável. Muito fraco, causa azia que pode demorar, mas é certa. Nos Starbucks eu podia ficar dois dólares mais pobre para tomar uma dose dupla (double shot) de espresso e ficar esperto. Lembremos que em 2004 US$ 2 valiam R$ 6.

A Starbucks do shopping Morumbi acertou ao trazer um produto diferente. Eu realmente achei que se renderia ao gosto local pelo espresso, mas não caíram nessa: só existe dose de espresso para os drinques (exatamente como na gringa, em que a função do shot é de tornar a bebida mais poderosa). Continuando com a fidelidade, há um café do dia (special of the day) que é servido em copo tall (R$ 3,80), grande (R$ 4,50) e VANTI (R$ 5,50). Não perguntei o que isso quer dizer. Os muffins, cookies e outros docinhos terminavam a encenação de mundo de fantasia de prazeres negros.

Uma falha de minha apuração: não bebi nada. O cheiro foi o bastante para me inebriar bastante. Morasse perto, era bem prováveis vício e ruína. Por enquanto, isso só no BK.

Hermano | 18.01.2007, 23:57 | Comentários (3)

Viagem gastronômica a Garopaba

Passei a virada do ano e a semana subseqüente em Garopaba, praia de Santa Catarina onde minha família tem casa há uns 20 anos. Pela primeira vez, freqüentei os restaurantes locais -- em geral, comia sempre em casa. Constatei que, como em qualquer cidade turística, há várias armadilhas para se evitar. Por outro lado, houve boas surpresas. A seguir, alguns comentários mais específicos.

Enseada de Barcos -- Abriu neste Natal e é provavelmente o melhor restaurante da cidade. Devo avisar aos leitores que um amigo gerencia a cozinha, mas garanto que a amizade não influiu na avaliação. Na verdade, quando entrei na casa fui informado erroneamente que ele não trabalhava lá, mas decidi ficar mesmo assim. Foi uma sorte. Primeiro, porque a comida é muito boa. Segundo, porque era mesmo o restaurante de meu amigo. Serve frutos do mar em porções ou em pratos como risotos e moquecas. Há também anchovas e tainhas assadas em forno a lenha. Pedimos um combinado, que vem com duas ostras, quatro mariscos, dois filés de salmão ou linguado, camarão ao bafo ou alho e óleo e lula à dorê. Além disso, acompanham uma salada verde, arroz e batatas sautée. Tudo muito bom, exceto pelo linguado um pouco sem sal. Os camarões eram enormes e, ao contrário de outros estabelecimentos, não era apenas o sabor do alho que se podia sentir. Conforme o Alexandre, que gerencia a cozinha, a diferença é que eles organizaram um esquema para buscar os peixes e frutos do mar o mais rápido possível, de modo que não seja preciso congelar. O ambiente é bom e a presença de Tabasco e azeite extravirgem no galheteiro denotam cuidado com os ingredientes. Com bebidas, saiu R$ 77 para duas pessoas, mas as porções são grandes e serviriam três pessoas sem muita fome.

Embarcação -- Um dos mais antigos restaurantes ainda em operação na cidade, e por bons motivos. Serve peixes e frutos do mar honestos a preços acessíveis, bem na beira da praia. Uma porção para duas pessoas da maioria dos pratos varia de R$ 20 a R$ 30. A porção de lula à milanesa sai por R$ 11. Já a porção de camarão à milanesa não vale muito a pena, porque é mínima e custa R$ 20. A "seqüência de camarão" tampouco, porque cobram R$ 80, contra R$ 64 do combinado no Enseada de Barcos. Todos os pratos são no mínimo razoáveis. Os clássicos, como o peixe ao molho de camarão, são bastante indicados. No dia que fomos, não havia garoupa na casa, mas esse é um peixe bem raro de se encontrar em restaurantes e peixarias ultimamente. A cerveja é R$ 3,50, perfeito para ficar nas mesas da varanda bebendo e olhando as argentinas tostarem ao sol.

Panquecas do Alemão -- A comida não é ruim, mas não vale a pena legitimar esse local com uma visita. Parece que os garçons e cozinheiros são estagiários do curso de gastronomia da Unisinos, então o atendimento não chega a ser tão impecável quanto você gostaria, mesmo dando-se os descontos habituais para a lerdeza litorânea. Fora isso, os aparelhos de som passam o tempo todo tronando com aqueles malditos hits de verão. É horrivelmente caro: uma panqueca com iscas de filé, queijo e ervas custa R$ 18. Mata bem a fome de uma pessoa, mas você fica pensando que por pouco dinheiro a mais, comeria um belo prato de peixe. Além disso, o alho-poró que prometiam no cardápio não fez aparição alguma no recheio. Dividimos essa panqueca em dois e depois pedimos mais uma de sobremesa, com recheio de chocolate e sorvete (R$ 19). Desafio qualquer pessoa a comer uma panqueca de chocolate inteira. Mesmo a metade parece demais, devem colocar umas duas ou três barras lá dentro. Outro grave problema é não servirem nenhuma cerveja extra, apenas Skol e Kaiser. Finalmente, eles parecem estar confusos sobre o conceito de panqueca. Aquilo lá me parece mais um crepe, pois é composto por uma massa redonda fina enrolada em torno do recheio. Panquecas, conforme a Larousse Gastronomique, são um pouco mais espessas e em geral servidas abertas. OK, tudo bem, reclamar disso já é rabugice minha.

Algarve -- Não vá a este restaurante. Fica no calçadão à beira da praia, mas evite-o a todo custo. Pedimos peixe ao molho de camarão (R$ 20) e anchova grelhada (R$ 25), ambos para duas pessoas. O peixe estava no máximo decente, enquanto a anchova foi completamente carbonizada. As batatas fritas têm gosto de gordura velha. Se você pega uma mesa na rua, gatos vadios ficam rondando e pedindo comida. E você é ignorado pelos garçons desatentos.

Todos os restaurantes recomendados ficam na rua principal de Garopaba, a Pref. João Orestes de Araújo. Se não encontrar, pergunte. Faltou ainda provar a comida do Bistrô do Cais, localizado na praça da Igreja Matriz, no centro antigo. O cardápio, oferecendo risoto de polvo com raspas de limão siciliano, prometia. Uma amiga diz que levou duas horas para ser atendida num dia cheio, mas que a comida é muito boa.

Marcelo Träsel | 11.01.2007, 11:34 | Comentários (13)

A salvação está em Meca

Como morador novato do Centro de Porto Alegre, admito que tenho a aprender. São muitas opções de restaurantes enfiadas em cada beco e muquifo dessa região da cidade. Esse panorama só potencializa as descobertas fantásticas de locais que parecem intocados por qualquer outra pessoa.

Minha namorada alertou-me sobre "um boteco na Riachuelo que parece vender comida árabe". Alguns dias de curiosidade se passaram até tomarmos uma atitude atrás de falafel e mais algum sortimento advindo do Oriente Médio.

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Bruno Galera | 4.12.2006, 0:01 | Comentários (5)

Montando o pedido

Hoje, no Don Francesco, meu Bauru de Frango (sem maionese, sem alface e com ovo) também veio sem frango. Fiquei impressionado. Não é a primeira vez que erram um pedido meu, lá ou em qualquer outro restaurante, mas é certamente o erro mais absurdo até o momento.

Então eu pergunto, leitor do Garfada, qual o pior erro que já fizeram com um pedido seu?

Cisco | 27.11.2006, 18:26 | Comentários (11)

Paella com castanholas

Como restaurante, o Tablado Andaluz é uma ótima casa de espetáculos. Faz sentido, já que o local começou como uma escola de dança e depois abriu um espaço para servir pratos da culinária espanhola entre uma apresentação de flamenco e outra. Embora tenha ficado bastante impressionado com a perícia dos dançarinos e com as pernas das gitanas, tenho o dever de informar que a paella não impressionou.

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Marcelo Träsel | 21.11.2006, 1:24 | Comentários (3)

As melhores refeições da minha vida - 2

Outra ocasião que ficou marcada em minha memória gastronômica foi um jantar no restaurante Jun Sakamoto. Não apenas é insuperável em termos de sushi, como talvez tenha sido a comida mais bem feita que já provei em qualquer categoria. Claro que a companhia de uma pessoa querida ajudou bastante para tornar tudo ainda mais gostoso. Abaixo, reproduzo uma coluna publicada no finado Semana 3 sobre a experiência.

Como já devem ter percebido, a série "melhores refeições" não segue uma ordem decrescente de importância. Aliás, não segue ordem alguma. Leia o primeiro texto.

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Marcelo Träsel | 13.10.2006, 10:21 | Comentários (5)

As melhores refeições da minha vida

Estava havia quatro meses viajando de mochila pela Europa, pelo menos trinta dias pelo Leste. Chegara a Cracóvia vindo da Eslováquia, onde ninguém falava inglês. Ao descer do trem, fui abordado por dezenas de representantes de albergues, todos estudantes. Negociei um pouco e fui levado para um albergue grande e relativamente confortável, onde encontrei um brasileiro. Rafael era de São José dos Campos e tinha feito um estágio em engenharia em Montenegro, em uma empresa onde só se falava o que quer que eles falem por lá.

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Marcelo Träsel | 6.10.2006, 13:00 | Comentários (8)

Padaria Suíça

padaria_suica.jpgFui a Lajeado no feriado de 7 de setembro, visitar a família, e conheci a Padaria Suíça. O proprietário diz que o segredo do sucesso é o bom atendimento, o que é muita modéstia. Os produtos são excelentes. Além de pães diversos — destaque para o de milho, típico da região — ainda oferece biscoitos, bolos e tortas, todos impecáveis. A barra de cereais caseira, com mel, é imperdível. A padaria Suíça oferece um café para quem quiser comer por lá mesmo.

Triste é ver que em Porto Alegre não há nada parecido. Há a Barbarella, que de fato faz um dos melhores pães da cidade e o único comparável aos pães franceses, mas não ofecere tanta variedade e é caríssima. É raro uma padaria ter algumas mesas em um ambiente decente por aqui, ao contrário do que acontece em São Paulo. De fato, uma das características mais queridas na capital paulista, para mim, são as onipresentes padarias. E o pão porto-alegrense, fora algumas exceções honrosas, é na melhor das hipóteses medíocre. Difícil conseguir um croissant que preste.

Marcelo Träsel | 25.09.2006, 22:39 | Comentários (12)

Curry Express

O maior problema de Porto Alegre, ou de qualquer outra cidade abaixo do nível de metrópole no Brasil, é a falta de diversidade de cozinhas para o dia-a-dia. Até há pouco tempo comia-se italiana, alemã, gaúcha e brasileira, principalmente. As culinárias japonesa, portuguesa, francesa e espanhola tinham, quando muito, apenas um ou dois restaurantes de alto nível dedicado a elas. Isso tem mudado aos poucos. Hoje temos vários japoneses baratos e cozinha indiana acessível no Ocidente, bem como alguns árabes. Uma dica do Firpo me levou ao site do Curry Express, indiano que funciona apenas por tele-entrega. Dei uma navegada pelo cardápio e parece bem sério. Provarei.

Marcelo Träsel | 13.09.2006, 13:25 | Comentários (9)

La Sereníssima

Conheci esta semana o restaurante de cozinha mediterrânea La Sereníssima. Um primeiro fato interessante a seu respeito é que fica na zona sul de Porto Alegre, avenida Otto Niemeyer. Creio que a maioria dos leitores compartilha a idéia de que a zona sul é um deserto gastronômico, excetuando-se a churrascaria Fogo de Chão. Bem, parece que a construção de incontáveis condomínios fechados anda incentivando a abertura de restaurantes de mais alto nível. O nome do La Sereníssima é uma referência à República de Veneza, assim chamada por não se envolver em guerras. O ambiente do restaurante segue um estilo serrano, com lareira e tudo o mais. Bom para uma semana fria como a que passou. O carro-chefe devem ser as pizzas, porque há um enorme letreiro em neon na entrada, anunciando-as. Essas ficam para outra ocasião.

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Marcelo Träsel | 8.09.2006, 11:48 | Comentários (3)

Comida chinesa de verdade

O You Yi segue o melhor restaurante chinês de Porto Alegre. O melhor sinal disso é ser o único em que se vê algum chinês que não seja o proprietário comendo. Na noite de ontem, aliás, ao menos metade da casa era ocupada por orientais. A comida não é servida nadando em uma piscina de gordura com molho de soja, como nos bufês. Se for lá, não deixe de pedir as meia-luas, ou guiozá, como entrada. Vêm acompanhadas com um molhos de gengibre e pimenta excelentes. Outro destaque é o pato laqueado, servido à maneira tradicional, com discos de massa, molho agridoce e cebolinha verde para o cliente montar as panquequinhas. Dá para comer bem por cerca de R$ 25 por pessoa.

YOU YI
Rua Cândido Silveira, 242 — Auxiliadora
Fone: 3342-3828

Marcelo Träsel | 7.07.2006, 20:08 | Comentários (9)

Churrasco civilizado

A churrascaria São Rafael, uma das mais famosas de Porto Alegre, continua batendo um bolão. Ao contrário da maioria, os cortes são oferecidos à la carte, não em rodízio. Isso tem suas vantagens e desavantagens. Por um lado, não se é interrompido a cada 30 segundos por um garçom oferecendo qualquer coisa. Também evita que o sujeito se empanturre demais. Por outro lado, se o objetivo é justamente se empanturrar de carne, fica muito caro. Pessoalmente, acho que dá para ficar satisfeito por um preço razoável. Pode-se pedir os espetos separados dos acompanhamentos, mas os "combinados" têm melhor relação custo/benefício. Por exemplo, um espeto de vazio para duas pessoas custa R$ 21, mas se vier acompanhado de arroz e salada verde, sai por R$ 31. A costela sai por R$ 19 sozinha e R$ 29 com salada mista, farofa, polenta e dois salsichões. As porções dão para dois homens adultos e ainda sobra. Se é para criticar alguma coisa, diria apenas que a polenta poderia não vir nadando em óleo.

CHURRASCARIA SÃO RAFAEL
Avenida Protásio Alves, 3284 - Petrópolis
Tel: 3334-9133/ 3334-7155

Marcelo Träsel | 26.06.2006, 18:09 | Comentários (13)

Comendo em São Paulo

rancho_nordestino.jpgNa terra da garoa come-se muito bem. Mesmo nos botecos de esquina e restaurantes populares, nota-se um esforço para fazer o melhor possível com os recursos à disposição. Percebe-se sempre um cuidado na apresentação do prato, mesmo que seja um xis-calabresa com bacon. Enquanto em Porto Alegre os lanches chegam ao cliente destrambelhados muito mais vezes do que seria razoável, isso raramente acontece em São Paulo. Nos pratos mais elaborados, a diferença é ainda mais gritante.

Tenho uma teoria a respeito. Na maior cidade da América do Sul, milhões de pessoas lutam diariamente por seus empregos e milhares de restaurantes batalham o tempo todo pelos clientes. Se um chapista de padaria é ruim, haverá centenas querendo o lugar dele. Se um garçom é antipático, pode ser logo substituído. Se um restaurante oferece comida menos do que boa, há dezenas ao lado para o cliente escolher. As possibilidades de comparação também se ampliam. Fica difícil aferir a qualidade de um restaurante italiano, quando temos em Porto Alegre apenas dois ou três que prestam. Quando há dezenas, como em São Paulo, o nível de exigência tende a subir.

A seguir, algumas dicas de onde comer.

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Marcelo Träsel | 12.06.2006, 12:18 | Comentários (19)

Massas honestas em São Chico

pasta_nostra1.jpgExistem dois tipos de restaurantes: os caseiros, que pretendem apenas servir uma comida boa e nutritiva aos clientes, e os gastronômicos, cujo objetivo principal é — ou deveria ser — inovar a culinária a que se propõe e oferecer a perfeição no preparo dos pratos. Ao se julgar a qualidade de um restaurante, é injustiça aplicar os critérios de um tipo ao outro, sob pena de considerar toda comida caseira ruim, ou toda haute cuisine obscenamente cara.

Foi com este espírito que tomei meu lugar na tratoria Pasta Nostra, em São Francisco de Paula, na Serra Gaúcha. Meu veredito: é honesto.

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Marcelo Träsel | 14.05.2006, 16:00 | Comentários (3)

Aproveite, que a Argentina está barata

alvear_buenos_aires.jpgA jornalista Fernanda Aldabe andou em Buenos Aires e gentilmente enviou algumas dicas de turismo gastronômico para os leitores deste blog. Confira abaixo.

· O Hotel Alvear tem um dos melhores chás da tarde da cidade. São torradas, geléias, salgadinhos, docinhos, tortas e uma carta de mais de 20 tipos de chás. O Chá Alvear custa 46 pesos e é o mais completo. Tudo é servido fresco, desde o salmão cru dos salgadinhos até o açúcar de confeiteiro que é posto na hora em cima da torta de maçã. Eu recomendo o chá sabor baunilha. O chá é servido das 17 até ás 19 horas, todos os dias. O Hotel fica no bairro Recoleta, na Av Alvear, 1891.

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Marcelo Träsel | 22.03.2006, 15:21 | Comentários (24)

O melhor prato que comi na Alemanha

berlin_patotailandes.jpg

A boa comida na Alemanha não tem nada a ver com comida alemã. A culinária germânica é, sendo bem direto, coisa de gente bárbara. Isso não é culpa de falta de gosto ou habilidade: trata-se apenas do resultado de séculos e séculos de escassez e guerras. Os camponeses alemães tinham repolhos, alguns porcos, cevada, um ou outro vegetal mais e eram obrigados a viver com isso. Não viraram especialistas em picles, chucrutes e lingüiças porque gostavam, mas sim porque era a única maneira de conservar os alimentos. Deste ponto de vista, até que conseguiram operar maravilhas.

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Marcelo Träsel | 6.03.2006, 23:36 | Comentários (5)

Barranqueada

Os proprietários da churrascaria Barranco só podem estar de sacanagem com o cliente. Após degustarmos meu primeiro churrasco em dois meses longe de qualquer refeição com mais de 100g de carne, alguém na mesa pediu uma torta de sorvete como sobremesa. Logo que ela chegou, notamos algo errado: a calda de chocolate estava muito clara e com uma consistência estranha. Ainda por cima, estava completamente azeda. Suspeitei que não fosse a calda certa, mas um mero pudim de caixinha. Perguntamos ao garçom se aquela era a calda da Torta de Sorvete mesmo. Ele respondeu que "é, sim, mas é feita aqui". Ou seja, era pudim em pó mesmo. Ainda por cima, azedo. E isso por R$ 9.

O cordeiro mamão desossado, no entanto, estava como sempre excelente.

Marcelo Träsel | 28.02.2006, 11:38 | Comentários (8)

Infarto no Vale do Taquari

Deixei Lajeado com certo dissabor por um motivo: abria mão da melhor maionese caseira do mundo. Não é exagero: os lugares mais tradicionais literalmente se digladiam por ter a melhor maionese. E a escolha é difícil porque, bem, maionese boa é maionese sem gosto muito ressaltado. Gordurame da morte, puro e simples.

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Hermano | 14.12.2005, 20:38 | Comentários (6)

Gokan

Há dez ou quinze anos, Porto Alegre tinha apenas um restaurante japonês, o Sakae's, na Rua Castro Alves, 690. É bem típico, mais voltado para os pratos quentes do que para o sushi, inclusive. Serve até natô. Certa vez pedi um prato, para ver como era, e o garçom fez a cara mais incrédula que já vi na vida. "Mesmo? Em geral, só japoneses pedem natô." Quando chegou o troço, entendi o porquê. Trata-se de soja fermentada — isto é, semipodre. Tem aspecto de cocô e cheiro de cocô. Não satisfeitos, os japoneses quebram um ovo em cima e misturam, para ficar ainda mais gosmento. Obviamente, tem gosto de cocô também. Consegui dar duas garfadas.

Mas tergiverso.

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Marcelo Träsel | 10.12.2005, 10:28 | Comentários (5)

Tropa

O desconto de 50% para mulheres durante os dias de semana parece estar criando um fenômeno interessante no Riverside's do Iguatemi: grupos de amigas de classe média-alta, entre 15 e 25 anos, geralmente loiras, invadem o restaurante aos poucos. Não são muitas e não fazem escândalo -- ou não fizeram na única vez que observei o evento -- mas aparecem. Algo me diz que os garçons não estão reclamando.

Cisco | 9.11.2005, 15:41 | Comentários (7)

Sanduíches do Cervantes

A fama atravessa milhares de quilômetros, as filiais vão do Leme à Zona Oeste, mas o verdadeiro é ali onde nasce a Barata Ribeiro, no número 7, ao lado da zona de mais baixo meretrício da Zona Sul, inspiração e moradia para Fausto Fawcett, lar e passarela para Clóvis Bornay. O princípio Havaiana da Adidas está alegremente presente, como qualquer lugar freqüentável do Rio. Os sanduíches não têm NADA de mais. Mas a garantia de que estarão lá, sempre do mesmo jeito, até altas horas da madrugada, confere a credibilidade e a boa freqüência.

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Hermano | 2.11.2005, 15:40 | Comentários (10)

Joe and Leo's

joeandleos.jpgDurante o almoço, meus pais fizeram uma rápida resenha do restaurante Joe and Leo'. Foi mais ou menos assim:

Muito, muito ruim. Gastamos cinqüenta reais para só nós dois. Eles disseram que ia demorar quinze minutos e levou meia hora, tivemos que comer correndo para não perder a sessão. O hambúrguer era pequeno, frio, sem gosto, sem tempero.

A praça de alimentação segue como ponto fraco do Bourbon Country.

Cisco | 30.10.2005, 15:00 | Comentários (8)

Chinês sem mal-estar

O Rio Grande do Sul tem as melhores carnes. Isso todo mundo sabe. Mas, pela mania de ser do contra, há pessoas que fazem a desfeita de serem vegetarianas. Nenhum problema nisso: o Bom Fim se encarrega da alimentação destas com a maior concentração de restaurantes veggies da capital. Arrisco dizer que em poucos lugares se encontra tantos vegetarianos quanto lá. Coolméia, Prato Verde, Govinda, Ocidente e, já tem um tempinho, algo bastante inusitado: um restaurante chinês de comida vegetariana.

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Hermano | 23.10.2005, 22:12 | Comentários (7)

Santa Teresa tem os melhores alemães do Rio

A primeira colaboração não poderia ser sobre outro assunto. É uma descoberta recente, o poder de uma boa comida alemã acompanhada de uma correta mostarda. Mesmo com a imigração maciça de teutônicos, Porto Alegre perde para o Rio em matéria de comida alemã. Uma grande surpresa.

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Hermano | 6.10.2005, 20:49 | Comentários (9)

Don Francesco

Três meses atrás eu escrevi que um pastel pode ter três defeitos, a saber:

  1. Massa ruim. Fina, farinhenta, gordurosa demais: há muitos modos de errar a massa de um pastel.
  2. Pouco recheio. Certos pastéis de queijo têm bem mais vento do que mussarela.
  3. Preço alto para pastéis pequenos. Três reais é um preço razoável para um pastel bem grande e bem-recheado. Quatro se for em um shopping. Mais que isso é crime, pecado e imoralidade.

Então recomendo outro restaurante que também evita estes três pecados: a Don Francesco, restaurante e pastelaria na esquina da São Pedro com a Benjamin Constant.

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Cisco | 28.09.2005, 23:20 | Comentários (15)