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Santa Teresa tem os melhores alemães do Rio

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A primeira colaboração não poderia ser sobre outro assunto. É uma descoberta recente, o poder de uma boa comida alemã acompanhada de uma correta mostarda. Mesmo com a imigração maciça de teutônicos, Porto Alegre perde para o Rio em matéria de comida alemã. Uma grande surpresa.

Talvez pela tradição de chope, talvez pela vinda de turistas que acabam montando negócio por aqui, a cidade da feijoada também é a cidade dos melhores petiscos alemães que já tive a oportunidade de provar. Focando apenas nos dois melhores, ficamos no bairro de Santa Teresa, onde funcionam a Adega do Pimenta e a Mike’s Haus.

As duas se diferenciam por dois pontos: a proposta da Adega é familiar e centrada no serviço de restaurante, enquanto que no Mike a coisa vai até mais tarde (um lugar para levar namorada e impressionar novas conquistas) e dá destaque ao cardápio de cervejas alemãs (inclusive com draft).

Na Adega do Pimenta há pratos de sugestão do maitre. Optei pelo chamado “matador”, com chucrute temperado a pimenta do reino, bacon, patês quentes (de fígado e morcela), batatas num ponto de cozimento exemplar e chopes. Duas pessoas comem bem e o preço é baixo para os padrões de um restaurante com a classe da Adega (em torno de R$ 30 o prato). Fiquei extasiado com a mostarda e resolvi pedir uma lingüiça Nürnberger. Pelos R$ 10 que custavam achei que viria uma única, mas vieram três longas e deliciosas lingüiças, que sofri para devorar com muita mostarda e incontáveis calderetas de chope Brahma. Foi a sobremesa. Algo a ser experimentado ainda é a Feijoada Alemã, que o lugar oferece aos sábados e domingos.

O Mike é uma casa bem mais boêmia. Foi inclusive escolhida tempos atrás como lugar romântico perfeito. Acho brabo. Um dos garçons, o Wolfgang (como o compositor), mais gordinho e fanfarrão, insiste em conversar com todo mundo, acabando com a intimidade. Pela minha aparência, simplesmente não concebe que eu não fale alemão, que eu realmente nem ao menos arranho. As poucas palavras que conheço tento usar, constrangido. E isto é entendido como um sinal verde para o diálogo no idioma bárbaro. Não, não. Chope GRA-NDE. Começando com um Erdinger. Já houve também Warsteiner, mas Wolfgang alega que “ficou muito ruim”. O preço de um Erdinger 500ml é R$ 10. Salgado, mas dependendo da tua resistência um é suficiente. Não deixe de provar o schnaps, verdadeiro petardo. Os petiscos e pratos têm mais ou menos o mesmo preço que na Adega do Pimenta - isto é, razoáveis - mas a grande pedida é o mix de salsichas por R$ 25 (acompanha salada de batata com creme de leite azedo ou salada verde).

O critério de desempate entre a Adega do Pimenta e o Mike’s Haus é a mostarda. Confesso que não consegui me decidir por uma nem por outra. Ambas maravilhosas, suaves, com carocinhos crocantes de semente. Um delírio.

Correndo por fora e merecendo menção honrosa está o tradicionalíssimo Bar Brasil, da Lapa. Pela antipatia dos garçons, condições de limpeza precárias e horário de fechamento precoce, é um tanto injusto que cobre preços semelhantes aos dos alemães de Santa Teresa. Vale pela localização prática, boa salada de batata, menção que ganhou nas obras de Rubem Fonseca (sempre como "bar da Mem de Sá com Lavradio") e também no cinema e por respeito a um dos chopes mais bem tirados e baratos da ex-capital federal.

Hermano | 6.10.2005, 20:49 | Comentários (9) | TrackBack (1)