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Quibebe

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quibebe.jpgHá quase quatro anos, tive um problema de saúde sério e fiquei internado três semanas em um hospital. Como meus rins e fígado pararam de funcionar, não podia comer nada que tivesse proteínas, gorduras ou determinados sais minerais. Isso restringiu minha alimentação a dois ingredientes por ao menos uma semana inteira: chuchu e abóbora cozidos. Todo refeição vinha a bandeja coberta e eu abria ansioso para ver se haviam mudado o cardápio. Todo refeição era frustrante. A maior variação era a abóbora vir em forma de sopa.

E vejam vocês, ainda assim eu continuei amando abóbora. É um dos meus vegetais prediletos. Purê de abóbora, ou quibebe, é minha apresentação predileta do legume e portanto um dos meus pratos prediletos. Pelo nome, deve ter origem africana. Até porque existe um lugar chamado Quibebe, em Angola. Provavelmente se refere a um modo de preparo, já que pratos com outros ingredientes levam o mesmo nome, como o quibebe de banana. Abaixo, a receita da família, que tem um ingrediente especial: farinha de milho, introduzida pela minha Oma [avó] Claudete Ruschel.

QUIBEBE DA OMA RUSCHEL

  • 1 abóbora cabotiá, ou moranga
  • 1 cebola picada
  • Farinha de milho média
  • Banha ou manteiga
  • Sal

    Descasque e pique a abóbora, depois leve à fervura em pouca água, com sal. Cozinhe normalmente, até amolecer. Esqueça essa panela e numa outra refogue a cebola na gordura. Quando a cebola estiver translúcida, baixe o fogo e vá derramando punhados da farinha de milho. Algo entre 100g e 200g, dependendo da consistência que você deseja. Vá fazendo uma farofa bem devagar, deixando a farinha de milho tostar aos poucos. Com uma concha, vá transferindo a abóbora cozida com um pouco de água para a farofa, mexendo e amassando para formar um purê. Siga com esse processo até terminar com a abóbora. Se ficar muito duro, use a água da fervura para amolecer. Não esqueça de corrigir o sal.

    Temperos bons para quibebe são a onipresente salsinha, pimenta do reino ou noz moscada. Um fio de bom azeite também colabora. Outra boa técnica é usar caldo de carne no cozimento da abóbora. No Nordeste, é em geral servido como acompanhamento da carne seca, ou charque. Na minha casa, acompanha qualquer coisa.

    Marcelo Träsel | 1.12.2006, 11:00 | Comentários (6)