Havaianas da Adidas

A melhor explicação que eu tenho – até porque é a única, por enquanto – para essa expressão que sintetiza todo o cretinismo dos porto-alegrenses, é assaz simples. As Havaianas da Adidas escancaram com singeleza toda a necessidade que os habitantes desse buraco quente sentem de ter alguma relevância no desafio hipermoderno que é o COTIDIANO. Alguém vai chiar: "Aí, mas qual o problema das Havaianas da Adidas?". Fora a discrepância lógica dessa pergunta, cabe fazer outra: "Qual a necessidade disso?".

É a necessidade simbólica do porto-alegrense sentir que existe, que não há mais nada para a vida além do que ele veste, come, dirige e pensa. Sim sim, é nessa ordem mesmo. Para contextualizar melhor, imagine a capa do ZH Donna daqui a seis meses com o título: "Eles calçaram as Havaianas da Adidas", e dentro vai ter uma reportagem com seis personalidades de Porto Alegre falando como a vida delas mudou depois das Havaianas da Adidas. Um box com o que é In e o que é Out para usar com elas. O Verissimo vai escrever um texto que vai começar com: "Aqui em Paris todos comentam a moda das Havaianas da Adidas. Ontem mesmo, na Rive Gauche, uns jovens argelinos me abordaram para perguntar da nova moda porto-alegrense". A Martha Medeiros escreverá que "a vida dela nunca mais foi a mesma depois das Havaianas da Adidas". Ou será a Lya Luft?

É divertido. Brinque você também com as Havaianas da Adidas.

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