Olha bem pra minha cara de acadêmico

Parecia uma palestra do Fórum Social Mundial. Felizmente, um terço do auditório do prédio 11 da PUC estava ocupado por acadêmicos. Dissociado da realidade, Mangabeira Unger prometeu salvar o Brasil desenvolvendo uma "contra-elite pequeno burguesa" nos bolsões de miséria do país. É impossível levar o vivente a sério.

O professor de Harvard se apresenta com um discurso idêntico ao de Lula em 2002, quando o então candidato apareceu com a tal Carta ao Povo Brasileiro. Naquelas eleições, Mangabeira era consultor do candidato do PPS, Ciro Gomes. Na reta final da campanha, veio a público dizer que todos os candidatos deveriam abdicar em favor da candidatura de Lula para que o petista garantisse a bucha contra José Serra (PSDB) no primeiro turno. Foi uma jogada brilhante. Ciro estava quase empatado com Serra nas pesquisas e caiu vertiginosamente. Mangabeira foi limado. Agora, se invoca como o salvador da pátria contra as atuais forças políticas do país, o único capaz de fazer as reformas necessárias. Pena que não mostrou nenhuma solução prática durante toda a palestra. Parece que acredita mesmo no que diz. Hunter Thompson escrevia exatamente a mesma coisa a respeito de Richard Nixon, a sorry little hack.

O mais triste foi observar os acadêmicos. Aprovavam com louvor teses populistas que são entoadas como um mantra pelos pilantras eleitos desde 1989. A coisa ficou meio encagaçante mesmo quando desandou a falar sobre como o povo brasileiro precisa ter ESPERANÇA. O PSDB ainda não tem candidato para 2006, mas seja quem for, o marqueteiro dessa campanha vai perder um belo ensejo se não colocar a Regina Duarte no primeiro segundo do programa eleitoral na TV.

Mangabeira Unger deveria viajar pelo país fazendo debates com Marilena Chauí. Seria a melhor experiência autista da nossa geração.

Creative Commons License