O ilusório vão entre Lula e o PT

Em sua coluna de hoje no jornal O Globo, Merval Pereira comenta o distanciamento entre Lula e o PT. Uma análise já feita aqui no blog pelo Rodrigo Alvares, com base nos dados da pesquisa Sensus, no post Lula foge do PT. Segue Merval:

“Apenas 2% dos pesquisados apontaram o PT como razão principal para votar a favor da reeleição de Lula, o que significa dizer que o partido que serviu de sustentáculo a todas as campanhas eleitorais de Lula hoje já não representa nem mesmo um símbolo mobilizador. Quer dizer também que o presidente está livre para montar seus palanques como bem entender e, caso reeleito, governará com uma coalizão de forças políticas que não terá o PT como centro.”

Resta saber quem irá mesmo se aliar ao PT, quando o próprio Lula busca se afastar. Caso o PMDB faça uma aliança no segundo turno com Lula, “teremos que conviver, no entanto, com um governo populista, que terá se elegido à base do assistencialismo, e com a máquina estatal inchada pelo empreguismo. E provavelmente formado com o apoio dos mesmos partidos que estiveram envolvidos nos escândalos de corrupção.”

Merval aposta que a artimanha de Lula ao dizer que nada sabia de todos os escândalos em seu governo poderá ser uma peça-chave para sua derrota na próxima eleição. Não creio tanto nisso. Seu eleitorado pouco se abateu com todos os escândalos – e agora alcançou uma espécie de redenção com a tal lista de Furnas. Se Lula rouba, o PSDB rouba muito mais. Isso até os mais radicais dissidentes petistas têm certeza. É a volta do malufismo.

Para o PSDB conquistar os eleitores, terá que se mostrar mais capaz de melhorar as metas nas quais o governo Lula já vem obtendo sucesso, como a diminuição da desigualdade social e o aumento de empregos. Entre outros relativos avanços que o governo não pára de propagandear, como o Bolsa Família, o novo salário-mínimo, o pagamento da dívida ao FMI, a auto-suficiênce em petróleo, etc. São esses os pontos nos quais o PSDB terá que bater de frente e mostrar ser capaz de fazer melhor. Não a questão de quem é mais ético.

Não será nem um pouco fácil.

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