Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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ei, ei, ei, chávez é nosso rei!

Hugo Chávez fez a conferência mais concorrida do Fórum Social Mundial de 2005. Pelo menos 12 mil pessoas lotaram o Gigantinho e inacreditáveis 13 mil ficaram na rua, sem conseguir entrar. Bem mais do que Lula. É um fenômeno.

Chávez é de fato singular. Ao assumir o poder na Venezuela, dava impressão de ser mais um caudilho populista clichê latino-americano. Populista ele é, para mais de metro. Caudilho, em certo grau. Em todo caso, os oligarcas da mídia que o combatem são bem piores neste sentido.

O presidente venezuelano demonstra enorme capacidade de se perpetuar no poder. Isto cheira a pouca afeição pela democracia — muito embora Fernando Henrique Cardoso tenha usado os mesmos expedientes no Brasil e nenhum defensor da democracia liberal reclame muito —, mas talvez seja a opção menos pior para a Venezuela. A alternativa seria largar o país aos tubarões do grupo Cisneros, que até golpe de estado já patrocinaram. De qualquer modo, observadores confirmaram a lisura do referendo e o povo de lá já deu mostras de que prefere mantê-lo no poder.

Acusam-no de populista devido a seu carisma e arroubos de misturança com o povo, mas sobretudo pelos investimentos pesados em saúde e educação nas periferias. Não admira que o povo o apóie, mas se investir em serviços ao cidadão virou populismo, deveríamos rezar para que Lula se inspire em seu colega.

Chávez ainda por cima tem ótimo senso de humor. Na conferência em Porto Alegre, cantou músicas, contou anedotas e fez montes de piadas com George W. Bush. Ele falou em tom irônico que o presidente Bush é um "superman lutando pela justiça", só para arrematar com "o que acontece é que nós temos criptonita vermelha e da boa". Disse não ter aprendido ainda o "portunhol" — e "english, muito menos". Semana passada, disse que Condoleezza Rice parecia ter alguma questão mal-resolvida com ele e, se fosse o caso, até se oferecia para casar com ela.

Tudo isso contribui para tornar Chávez um ícone da esquerda. Mas determinante é o fato de estar tendo algum sucesso em seu enfrentamento das elites e dos EUA. A economia e os indicadores sociais melhoraram e a Venezuela não foi excluída do circuito financeiro — assim como a Argetina e sua moratória, aliás. Sofreu um golpe e sobreviveu devido ao apoio popular, mostrando que é possível um rompimento radical com as elites. É pragmático — chegou a dizer que a idéia de guerrilha de Che Guevara na Bolívia era despropositada —, pero sin perder la ternura. Chávez se tornou uma luz no fim do túnel para a esquerda.

31 de janeiro de 2005, 2:34 | Comentários (11)



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mãos de cavalo,
por daniel galera

 

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