Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


este blog se mudou

Há mais de um ano comprei o domínio www.trasel.com.br, mas só há uns poucos dias consegui criar o não-design do meu site pessoal -- mas, ei!, ao menos é tableless. Ainda não está pronto, mas provavelmente estará até o final do Verão. Meu blog, portanto, passa a ser hospedado no seguinte endereço:

http://trasel.com.br/blog/

Não se preocupem em atualizar o endereço do fluxo RSS, esse continua igual. Este blog continuará no ar para servir de arquivo. Não migrei todos os textos para o novo endereço, ao longo do tempo vou selecionar alguns e republicá-los lá.

24 de dezembro de 2008, 10:39

momento egosurf

O prêmio Spoiler Movies 2009 acabou me indicando diretamente ou por tabela em quase todas as categorias, seja por conta deste blog aqui, ou pelo Garfada ou pelo O de sempre nunca, do qual participo junto a outros amigos sob patrocínio da cerveja Bavária Premium. Este último, aliás, foi uma surpresa, porque existe há apenas três meses. Vai ser interessante descobrir em qual destes veículos os leitores gostam mais da minha atuação -- ou não gostam.

Recomendo a todos os interessados em webjornalismo participativo que assistam ao documentário abaixo, realizado pela Nanni Rios como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo na UFSC.

16 de dezembro de 2008, 21:30 | Comentários (1)

agenda para a feira do livro

Participarei de dois debates na 54ª Feira do Livro de Porto Alegre. O primeiro é o lançamento da editora de livros digitais Plus, da qual minha amiga Lívia Meimes é uma das sócias. O segundo faz parte da série de debates que a RBS e a Famecos sempre promovem durante a feira, no qual representarei a PUCRS. Apareçam e me façam perguntas embaraçosas.

The book was on the table - a cibertecnologia do livro: Livros sim, papel não
Juremir Machado da Silva, Marcelo Träsel e Francisco Menezes Martins
Dia 12 de novembro, quarta-feira, 16h30, Auditório Barbosa Lessa do Centro Cultural CEEE Erico Veríssimo (Rua dos Andradas, 1223)

Ciclo Jornalismo e Literatura RBS/PUCRS na Feira do Livro de Porto Alegre: O futuro do jornalismo

Como será o jornal do futuro? Como conviverão os meios impressos, audiovisuais e a internet? Que jornal buscamos? Com Matías Molina, Marcelo Rech, Marcelo Träsel e Luís Fernando Carvalho.
Dia 15 de novembro, sábado, 19h, Sala dos Jacarandás - Memorial do RS (Praça da Alfândega)

9 de novembro de 2008, 17:42 | Comentários (2)

nada como ganhar dinheiro para fazer o que se gosta

Alguns de vocês devem ter percebido o banner animado ali na coluna da direita. Trata-se de um projeto capitaneado pelo Cardoso para a agência Sinc: o blog O de sempre nunca, patrocinado pela Bavária Premium. Um convite que me animou bastante, porque volto a escrever junto com gente que admiro, como o Daniel Pellizzari, a Cecília Gianetti, o Parada e o próprio Cardoso, todos amigos. Não conheço pessoalmente o Arnaldo Branco, mas sempre admirei os quadrinhos dele.

Espero que gostem.

26 de outubro de 2008, 18:04 | Comentários (10)

área vip da abril ainda repercutindo

O caderno Link, do Estadão, traz essa semana uma matéria sobre o caso, para a qual fui entrevistado:

Marcelo Träsel, de 30 anos, do blog Martelada (www.insanus.org/martelada), não aceitou. “Teria de montar um blog novo. Seria muito trabalho. Se me pagassem, daí poderia considerar.”

Tenho a impressão de que essas aspas me fazem parecer preguiçoso (sou, mesmo) e mercenário (não sou).

A editora responde através de Aline Sordilli: "A Abril já produz muito conteúdo. O que queremos com os VIPs é povoar a nossa nova ferramenta de blogs.”

Deveras! Conforme inclusive sugere a matéria principal sobre o assunto, as empresas de mídia estão buscando não o conteúdo dos blogs, mas a infinidade de novas páginas diárias que são capazes de gerar todos os dias. Cada novo post é uma nova página que pode ser usada para veicular anúncios. E anúncios significam dinheiro para a Abril ou qualquer outro portal que esteja recrutando blogueiros, mas em geral não para os blogueiros.

A exigência de cessão de direitos autorais provavelmente era apenas uma proteção jurídica para a Abril, embora em tese permitisse à empresa usar textos de blogueiros em suas revistas sem remuneração, por exemplo.

O engraçado nisso tudo, no fim das contas, é que se a Abril simplesmente tivesse pedido para reproduzir trechos dos meus blogs em suas páginas, fornecendo o devido crédito na forma de um link, teria permitido na boa -- como, aliás, aconteceu com o Yahoo! Posts. Sou daqueles ingênuos dos primórdios da Internet que acreditaram no ideal de Tim Berners-Lee: um grande repositório de documentos perfeitamente intercambiáveis e relacionáveis. O que está na Web é para ser linkado. Ter de pedir autorização para citar um trecho e criar um link para determinada página é uma degradação causada por uso excessivo de advogados.

E como se ganha dinheiro com isso? -- perguntarão os probloggers. Ora, da mesma forma que os criadores da infraestrutura usada para publicar blogs, veicular anúncios contextuais e banners de programas de afiliados: convertendo reputação em oportunidades. Os inventores do modem, do correio eletrônico, do IRC, do HTML, todos o fizeram por amor à causa. Uma resposta que o repórter não usou na matéria:

Com os blogs eu angario muita reputação na Web. Esse capital social eu converto em capital financeiro através de oportunidades de emprego. Não tive um emprego sequer até hoje em cujo processo seletivo minha produção cultural na Internet não tenha contado muitos pontos.

Infelizmente, não há ideal que resista ao capital.

7 de outubro de 2008, 12:50 | Comentários (9)

centenário do cardosonline

Na noite de ontem, os felizardos que se registraram no www.inventamosainternet.com receberam a histórica edição de 100 anos do Cardosonline. Há exatamente dez anos, era publicada a primeira edição do fanzine por e-mail do qual participei junto com o André "Cardoso" Czarnobai, os Daniéis Galera e Pellizzari, o Hermano Freitas, os Guilhermes Pilla e Caon e a Clarah Averbuck. Como na Internet cada ano vale por dez, estamos comemorando o centenário.

Abaixo, a minha COLuna, para quem prefere ler aqui.

A VERDADEIRA MAIONESE

--Marcelo Träsel

Consultado a respeito de sua COLaboração nesta edição de centenário do Cardosonline, o COLunista Marcelo Träsel expressou a preferência por se manter em silêncio na varanda de casa, esperando as hordas que vêm destruir a cultura e a civilização com a espingarda calibre 12 herdada do avô e preparada para "proteger minha família, a tradição e a propriedade". O antigo co-fundador da publicação acrescentou que "teria mais prazer se vermes comessem as minhas bolas ainda em vida" do que tendo um texto seu publicado novamente junto aos "daqueles pederastas drogados filhinhos de papai". Assim, optamos por convidar o eminente crítico prof. dr. Buarque para realizar uma análise de um texto da obra de Marcelo Träsel no Cardosonline.

-- Os editores

AGORA ERA FATAL

Uma coisa é você andar por aí procurando nada e achar ouro. Antes de voltar, eu sei, precisamos provar para nós mesmos o sentido de tudo. E andar. O Cardosonline foi um veículo de suma importância no caldo de cultura primordial da Internet brasileira e, quiçá, mundial. O veículo de fato inaugurava em outubro de 1998 um novo formato, o e-zine, mailzine ou fanzine em suporte eletrônico. Era um caleidoscópio, um espelho quebrado de egotrips e opiniões motorizadas pela testosterona juvenil - sim, temos conhecimento da presença de uma colunista, ou como prefeririam os autores do dito periódico, COLunistas, a hoje escritora e mãe Clarah Averbuck, que naquelas priscas eras apresentava, outrossim, níveis muito mais altos de masculinidade do que seus COLegas - que, no entanto, ganha foco sob o prisma pós-moderno.

O COL engendrou imitadores na esteira de seus enfoques e desfoques, uma miríade de e-zines ou mailzines que colonizaram as mentes dos nerds pioneiros. Foi o blog avant la lettre. Foi o pai, a mãe e o filho do umbiguismo cultural rampante uma década depois. Destarte o interesse ora perseguido de analisar a escrita destes formadores de opinião pubescentes. Selecionamos o primeiro texto do COLunista Marcelo Träsel, tendo em conta a indiscutível importância histórica do mesmo.

>DR. ZAPATA - O Nosso Bolchevique

No título escolhido para sua coluna o autor já apresenta o leitmotif que balizará sua obra na maior parte dos três anos de duração do Cardosonline. A vida se encaminha muitas vezes diluída nas questões da modernidade. Os parâmetros se desfazem, é difícil encontrar um norte. Questões antigas - democracia, soberania, liberdade, a afirmação dos valores de um povo - ressurgem diante das nações como o fizeram em outros tempos. A globalização a tudo confunde e exige respostas a novos e a antigos desafios. Talvez nem tão novos. Talvez os mesmos de sempre. A diferença fundamental é que a luta pela liberdade já não ocorre de dorso nu e tanguinha. Nesse contexto excruciante, um jovem universitário volta seus olhos famintos de verdade e transcendência para o comunismo. Lênin. Trótski. Emiliano Zapata. Subcomandante Marcos. Apela aos bolcheviques e aos revolucionários mexicanos.

>Dis Uêi Uálcs de Iumeniti

Transformar-se ou transmutar-se? Mais que reles semântica, a indagação está no cerne da nossa experiência mesma. No caso, o autor cita o Angeli do magazine "Chiclete com Banana" para transmutar a língua inglesa em seus mínimos múltiplos comuns fonéticos, (re)significando e assim problematizando a questão do imperialismo ianque.

>Domingo passado, como todo bom brasileiro, você também foi exercer sua
>cidadania, utilizando-se do sagrado direito ao voto que a constituição lhe
>garante. Até porque, se não aproveitasse tal direito, seria simplesmente banido
>de qualquer concurso público e impossibilitado de candidatar-se a qualquer
>cargo. Ou então, foi selecionado para colaborar com o processo democrático,
>chegando na zona (eleitoral, pessoal, eleitoral) às 8hs da matina e saindo só
>às 5hs da tarde, depois de passar o dia suando em bicas e dando à sua bunda um
>certo formato cúbico, característico de traseiros que ficam muito tempo
>sentados em cadeiras duras. Ou então, teve que agüentar a reclamação da galera
>por causa daquele velho que levou 5 minutos para votar na urna eletrônica. E,
>pior, esqueceu que o estado não fornece rango para os mesários e o babaca do
>presidente de mesa, que certamente vota no PRONA, não te deixou sair nem para
>comprar um lanchinho Dizzioli. Mas, tudo bem, nada como ser um cidadão que
>colabora com a democracia.

No microcosmo das relações familiares ou no macrocosmo das intrigas políticas, o que se dá é o enfrentamento encarniçado da célula com o organismo. A premissa original (e se eu me tornasse um mesário?) é grávida de gêmeas múltiplas. E se o funcionário se tornasse patrão? O lúmpen se tornasse aristocracia? E se o Outro se tornasse o Igual? Não surpreende que Porto Alegre, palco de tantas revoluções fracassadas, seja cenário desta fábula em que um filho da Fabico manipula uma narrativa para atingir liberdade, igualdade e fraternidade. Sem embargo, a imagem da cena eleitoral é a história de todos que buscam. Logo, de todos que sonham. Logo, de todos nós.

>Mas, afinal, que tipo de direito é esse, que o cara é obrigado a exercer? Votar
>é direito ou dever? A julgar pelas penas impostas a quem não aproveita a chance
>de escolher seu candidato, certamente um dever. Em qualquer país decente,
>inclusive nos EUA, que nossos governantes tanto gostam de copiar, o voto é
>facultativo. Quem se interessa por política, sente-se um cidadão responsável,
>deposita seu voto na urna e ajuda a definir o futuro do país. Quem tá cagando e
>andando pra isso pode ficar em casa tomando cerveja ou aproveitar o feriado na
>praia, mas sabe que vai ser governado pelos que gostam de participar. Por quê
>no meu Brasil varonil, salve! salve! não é assim? Simples: se assim não fosse,
>as pessoas mais pobres, as mais ignorantes e as que moram longe das zonas
>eleitorais não iriam votar. Ou vocês acham que um agricultor que mora no sertão
>nordestino, não sabe ler nem escrever, ganha menos de 50 pilas por mês e passa
>fome ia se interessar por eleger presidente? Geralmente eles nem fazem idéia de
>quem está ocupando o trono no palácio do planalto, e certamente não gostariam
>de sair de seu santo sossego e viajar quilômetros em caçamba de caminhão por
>estradas esburacadas só pra votar num cara cujo nome vai esquecer assim que
>deixar a urna, não fossem as sanções legais que acometem os não-votantes.
>Acontece que os coronéis e a direita precisam desses votos para se
>(re)elegerem. Portanto, acharam por bem colocar na constituição escrita na
>abertura da era Figueiredo que o voto é um direito obrigatório, só para
>garantir a transição "democrática". Afinal, depois de 20 anos de ditadura,
>podia ser que o brasileiro tivesse perdido a vontade de votar.

Se é real o sonho, não me assanho. Se o agora é utopia, não topo. Lutar pelas causas políticas é dissolver-se novamente em sua sacralidade totalizante, uma transubstanciação tão sedutora que a própria sobrevivência, ainda que acidental, é que torna-se desonrosa. Enquanto a fragilidade do humano se revela na inconformidade com as mazelas sociais e na escritura de panfletos que nunca serão fundamentais, a tenacidade sobre-humana ganha contornos palpáveis no enfrentamento dos moinhos de vento da política brasileira.

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>Vocês viram? A RBS finalmente aprendeu. Naquela eleição para prefeito em que
>Olívio, que estava dezenas de pontos abaixo de Britto até o dia D, acabou
>tornando-se nosso alcaide e o barbudo dentuço ficou em terceiro, foi difícil
>para o Sirotski e o Ibope explicarem a mudança na cabeça do eleitor.

A mídia, ávida mídia, primeiro colocou Britto sobre um palco, depois no banco dos réus e agora no leprosário. Nas rodas intelectualóides, ao menos, a suposta intelligentsia galhofa do fenômeno político, considerado o mais recente capítulo da Grande História do Charlatanismo. Mas será mesmo?

>Provavelmente, a maioria dos portoalegrenses errou ao marcar o voto na cédula,
>ou todos ouviram uma voz lhes mandando mudar de candidato na hora em que
>entraram na urna.

E a comédia, onde há de estar? Na superfície da estética bovino-periodística. Mas por detrás das ironias, hipérboles e metáforas, sob a fartura material advinda do newsbusiness, corre o arroio seco e árido do rancor das feras feridas.

>Dessa vez, Sirotski foi mais esperto: uma semana antes da eleição, Britto
>estava 15 pontos na frente de Olívio, e tudo seria decidido no primeiro turno.
>Nos últimos 7 dias, a diferença foi diminuindo ponto a ponto, até parar em
>Britto na liderança por 5 pontos. Hoje, domingo, às 10:30hs da noite, Olívio
>conta 51% dos votos e Britto 41%. Como é que vão explicar dessa vez?

Para fazer frente a tanta espetacularização hiper-real, nosso autor, epítome de uma Porto Alegre pós-eleitoral polarizada e grenalizada, precisa resgatar primeiramente a sua própria ferocidade, num processo pungente de desconstrução do sujeito e de seus referenciais, em pleno Hades cloacal. A partir daí, e com o resgate de um sentimento de uma tribalidade até então sublimada, tão bem representada pelo uso da adaga e garrucha autóctones, é que se inicia a reação.

=================

>Domingo, 9hs da noite. O brique acabou faz tempo, você já tomou aquela ceva na
>Oswaldo e acha que sua noite vai se resumir a assistir a finaleira do
>Fantástico e o Sai de Baixo. Esquece. Dirija-se até a Protásio Alves, 1333, e
>aproveite uma noitada de domingo no Subjazz, regada a cerveja barata (Skol,
>infelizmente, mas tb tem Budweiser), som eclético e sinuca, tudo isso na
>agradável companhia da galera da cena clubber alternativete de Porto Alegre. O
>lugar é um estúdio que abre para festas aos domingos à noite, quando geralmente
>há shows de bandas dos mais diferentes estilos. Há uma mesa de sinuca (fichas
>por R$0,50), pista e uma salinha ao fundo para aquele relax consagrado. A ceva
>de 600ml custa R$2,00 , e o público feminino é ligeiramente maior que o
>masculino.

O bar não existe. A sinuca não existe. Os clientes e a cerveja também. Não existem. De ilusão em ilusão a biografia se revela. O bar é o verdadeiro eu por trás da máscara do personagem. O buraco é o vazio de uma existência anônima e solitária numa metrópole moderna. A cerveja é aquilo que somos realmente.

>---Träsel

A obra de Träsel não é um depositário, é sim um espelho para nosso aufklärung. E ao mirar nossa alma, que reflexo vemos: a alegria ou a vergonha?

Deveras!

--- Buarque

6 de outubro de 2008, 13:48 | Comentários (7)

bailão centenário do cardosonline

Amanhã acontece em Porto Alegre o Bailão em comemoração aos dez anos do Cardosonline. Apareçam e revejam seus COLunistas favoritos, dancem ao som de sucessos dos anos 1990 e participem da fantástica competição de cabelos brancos -- quem tiver mais, ganha um frasco de Denorex.

O QUÊ: Bailão Centenário do Cardosonline
ONDE: Ooh La La - Oswaldo Aranha, 908
QUANDO: 19 de setembro, a partir das 23h
QUANTO: R$ 10

Foi publicada ontem também uma matéria no caderno de informática da Folha de São Paulo sobre os dez anos do Cardosonline -- para ver, clique no "leia mais" ao final deste texto. Como há pouco espaço no jornalismo impresso, achei interessante colocar todas as minhas respostas a seguir:

> * Como vocês "inventaram a internet"?

Com a ajuda inestimável dos professores da UFRGS, que fizeram a gentileza de entrar em greve mais ou menos ao mesmo tempo que a Internet comercial no Brasil engatinhava. Sendo jovens desocupados e vanguardistas, resolvemos dar vazão à nossa prepotência usando aquele incrível meio de comunicação que permitia enviar egotrips para o mundo inteiro sem a necessidade de tirar centenas de fotocópias, grampeá-las no formato de fanzine uma a uma e enviar pelo correio.

> * Como você enxerga o rótulo de "escritor de internet, surgido de blog"? Em
> quase todas as matérias que falam de escritores que usam a internet para
> escrever, o COL é citado como uma espécie de precursor...

Acho ridículo. Ainda bem que não sou escritor. Tenho pena da Clara, do Pellizzari, do Galera e do Cardoso.

> * Dez anos depois, como você vê a importância do COL para a internet?

Essencial, já que as duas coisas estão inextricavelmente ligadas.

> * Existiria espaço para algo semelhante ao COL hoje?

Praticamente toda a Internet hoje é algo semelhante ao COL, apenas em outro formato. Conforme o Technorati, cria-se um blog a cada segundo. Isso significa um COL a cada segundo. E não estou nem contabilizando o conteúdo produzido em redes sociais. Diria que o formato misturando egotrip e diletantismo desenfreado é hegemônico na Web, e não apenas a brasileira. O que é na verdade uma coisa triste. Muita gente boa achou que a Internet seria um grande avanço para o debate democrático, uma nova Atenas. Sinto-me responsável pelo fato de hoje a Internet parecer mais um cabaré parisiense do século XVIII.

> * O que você fazia no começo do COL e o que faz agora?

Tinha acabado de trocar o curso de Farmácia pelo de Jornalismo e estava dedicando grandes esforços a uma pesquisa empírica sobre a resistência do fígado humano ao etanol. Também estava dando os primeiros passos na carreira científica como bolsista em um núcleo de estudos em mídia na UFRGS. Hoje sou professor de Comunicação Digital na PUCRS, consultor em novas mídias e mantenho três blogs: o Martelada (www.insanus.org/martelada), pessoal, o Garfada (www.insanus.org/garfada), sobre gastronomia, e o Conversas Furtadas (www.insanus.org/conversas), que reúne fragmentos de diálogos entreouvidos nas ruas.

> * Vocês pensam em se reunir de novo, pra valer?

Não. Tenho a firme convicção de que a maior felicidade da vida é saber o momento exato de encerrar um ciclo e deixá-lo para sempre cristalizado como uma memória boa. Aí está um patrimônio inestimável na velhice -- ao menos até a esclerose atacar.

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18 de setembro de 2008, 15:13 | Comentários (5)

finalmente chego à idade que sempre tive

Como o pessoal lá do CERN resolveu adiar a ativação do Large Hadron Collider para o dia 10 de setembro, garantindo que eu chegasse aos 30 anos hoje, sinto-me obrigado a agradecer escrevendo algo a respeito.

Costumo brincar que já nasci com 30 anos, porque sempre fui uma criança e um adolescente um pouco mais maduro do que meus companheiros de faixa etária. Ou sempre fui chato. Como preferirem. No entanto, preciso reconhecer que a idade muda um pouco o espírito do homem. E para melhor -- ainda bem, já que o corpo só piora após os 25 anos.

Nunca fui tão tranqüilo e feliz. A experiência permite relativizar os acontecimentos, contrapô-los a eventos passados e ao que se passa ou passou com outras pessoas, e nesses casos você em geral percebe a inutilidade de se preocupar demais. Aos 30 anos já dá para perceber que você não vai mudar o mundo e na verdade não faz diferença alguma no plano geral das coisas, então fica mais fácil relaxar e aproveitar as alegrias da vida. São muitas. A maioria delas, simples, como ter um bom café para tomar pela manhã, dedicar-se a uma arte marcial ou ter um emprego intelectualmente estimulante.

Sinto-me uma pessoa melhor em vários sentidos. Sou hoje menos agressivo, tenho menos certeza das coisas, tenho mais empatia pelas pessoas -- como ter empatia quando se é jovem e nunca se sofreu de verdade? O grupo de amigos e conhecidos se reduziu, mas em compensação tenho mais apreço por cada um dos meus relacionamentos. Já fiz de tudo, então me satisfaço muito mais ficando em casa com minha mulher, "sem fazer nada", do que caindo na esbórnia como quando era mais jovem. Na verdade, poucas coisas me dão mais aversão hoje do que me enfiar num lugar quente, escuro, enfumaçado, com som alto e gente bêbada numa noite de fim de semana.

Aliás, estou vivendo com uma mulher a quem amo incondicionalmente, possibilidade que há cinco anos considerava uma piada melancólica, dada a perturbação espiritual que me acometia. Hoje tenho certeza do rumo que minha vida tomou, e vocês não imaginam a paz gerada simplesmente por saber aonde se quer chegar. E pelo certeza de onde se vai parar, no fim: a sete palmos de fundura, comendo capim pela raiz.

A idéia para esse texto surgiu quando percebi, fascinado, que não sentia mais a necessidade de ter opinião sobre as coisas. Os leitores que me acompanham há mais tempo devem se lembrar do quanto eu parecia gostar de me envolver em qualquer discussão, sobre qualquer tema, como se dela dependesse o futuro da humanidade. Hoje, não mais. Quem tem razão, Israel ou Palestina? Não sei, nem quero saber. Eles que se preocupem com isso. O MST tem ou não razão ao invadir terras? Sei lá. Não sou dono de terras, nem quero ser. Cigarros? Desde que não fumem perto de mim, os outros podem se matar à vontade. Enfim, estou aprendendo a só falar de coisas que conheço. Ao me dar conta disso, comecei a analisar essas outras mudanças pelas quais tenho passado.

Acreditem: envelhecer é trimassa.

No entanto, percebo que a sociedade em geral não compartilha desse sentimento. Cada vez mais tratam os velhos por "melhor idade", ou "jovens de espírito acima de 65 anos", como nos ônibus de Porto Alegre. Acho essa negação da morte nada menos do que deprimente. Tenho um grande pavor de chegar aos 60 anos em contexto onde tenha de me esforçar para parecer jovem e não possa gozar dos privilégios da idade, como ser tratado por "senhor", dizer "não" sem dar maiores explicações e agir como criança sem ser considerado um imbecil, mas apenas senil. Para combater essa imbecilidade geral, criei o projeto DignIDADE. Melhor idade é o caralho! Dignidade DJÁ!

Até porque parece que as chances de o LHC destruir o mundo são milhares e milhares de vezes menores do que as de uma pessoa evaporar de súbito enquanto se barbeia, então provavelmente passarei dos 30 anos.

6 de setembro de 2008, 16:27 | Comentários (23)

proposta indecente da abril blogs

Anteontem recebi da equipe da Abril Blogs um convite para me juntar à "área VIP" do serviço. Pedi mais detalhes e a resposta segue abaixo (grifos meus):

Oi, Marcelo. Tudo bem?

Basicamente, é o seguinte: estamos montando um ambiente onde os blogueiros e fotógrafos mais relevantes do país possam ter um espaço maior para expor as suas opiniões e visões de mundo. Como a Aline comentou, essa seleção será feita pelo próprio usuário – mas começa conosco, aqui no I-Group.

Como parte desse time da Abril Digital (batizado de Área VIP), os blogueiros terão acesso prático a informação em primeira mão (perdoe a rima), audiência (via destaques periódicos na home da Abril), workshops gratuitos com especialistas, promoções específicas apenas para esse time e assim por diante. Se quiser, tem mais informação no http://blogs.abril.com.br/areavip

Para fazer parte, você precisará transferir o seu blog para o ambiente da Abril Digital. E, para tanto, basta "criar" um blog no http://blogs.abril.com.br (algo como blogs.abril.com.br/seublog ) e começar a postar. Esse será o endereço que divulgaremos nos ambientes da Abril Digital e pelo qual você terá acesso aos benefícios.

Te peço também que você me envie um email tão logo crie o blog novo. Convidamos, inicialmente, um número extremamente seleto de blogueiros – e o controle que estamos fazendo aqui está bem rígido sobre quem recebe e quem não recebe o acesso à área VIP.

Alem disso, estamos estruturando um evento de apresentação dos blogueiros VIP (dentre os quais, esperamos, você) para a imprensa. Será um coquetel na noite do dia 1 de outubro, no prédio da Abril (aqui em SP).

Essas são apenas as primeiras das ações que faremos com os membros desse time. Se tem uma coisa que podemos garantir é que, caso você decida fazer parte desse grupo, certamente não se arrependerá. ;-)

Bom.... estou deixando os meus contatos abaixo, caso você queira esclarecer qualquer ponto. Podemos contar contigo?

Tenho uma proposta muito melhor: a Abril me paga honorários de consultor e eu ajudo esse projeto a não fracassar miseravelmente. Algumas dicas:

Solicitar a transferência de um blog demonstra total desconhecimento da blogosfera e da própria Web. O projeto visa trazer autores de qualidade e conhecidos para a Abril Blogs, que emprestarão sua credibilidade e darão um pontapé inicial na audiência. O problema é que esses blogueiros são os menos interessados em fazer qualquer parceria. Eles andam sobre as próprias pernas há meses ou anos. Provavelmente já ganham dinheiro com anúncios e programas de filiação. Por que se mudariam para uma hospedagem nos servidores da Abril, perdendo esse faturamento? Não faz sentido algum.

A Abril Blogs não sabe com quem está falando. Literalmente. O assunto da primeira mensagem de correio eletrônico era "sobre o seu blog". Completamente genérico. O texto era padrão, em momento algum citava o nome do blog ou os assuntos abordados. Isso provavelmente explica o fato de terem oferecido a um jornalista a possibilidade de escrever de graça para uma editora, sendo que para isso ainda teria o trabalho de mudar meu blog para o ambiente deles. Também saberiam que resido em Porto Alegre e, portanto, o evento em São Paulo não tem qualquer apelo -- e nem ofereceram uma passagem e estadia.

Os benefícios são vagos e não-contabilizáveis. A Abril quer que as pessoas fechem seus blogs atuais e abram novos apenas para assistir a workshops e ter "informação em primeira mão". Bem, se um blogueiro é considerado importante, provavelmente ele já sabe como conseguir informação em primeira mão, ou a recebe diretamente das fontes. E o que seria essa informação? Documentos aos quais apenas os repórteres da Veja tiveram acesso? Relatórios de escutas telefônicas? Ou poder ler antes da publicação alguma idiotice requentada da Boa Forma? Porque, francamente, até o blogueiro mais lamer sabe que pode ler tudo o que sai na imprensa nacional bem antes e em outras línguas, navegando na Web. Blogs são, afinal, veículos de filtragem da Web. E esses workshops, quem serão os ministrantes? Fernando Henrique Cardoso? Diogo Mainardi? Ou, com todo respeito, algum repórter semidesconhecido da editora? Tampouco se sabe quantos serão os workshops e a quanta informação o blogueiro terá direito. Enfim, é bem claro que o sujeito tem de fazer concessões importantes, mas nada claro o que receberá em troca.

Os templates são ruins. E a pessoa nem pode mudar e configurar da forma que quiser, ou instalar plugins e widgets.

Finalmente, mas não menos importante, participar desse projeto é trabalhar de graça para a Abril, como se pode verificar nos Termos de Serviço. Observe-se esses dois trechos:

9. Publicidade nos blogs

O Usuário concorda que a Abril pode publicar banners e/ou anúncios publicitários nos blogs que utilizam sua ferramenta de publicação.

Esses anúncios podem ser da Abril, dos produtos e serviços da Empresa, ou ainda de qualquer terceiro a quem a Abril tenha cedido espaço publicitário, a seu exclusivo critério.

10. Direitos autorais

[...]

A Abril é proprietária de todas as compilações, trabalhos coletivos ou derivados criados pela Empresa, e que podem, eventualmente, incorporar o conteúdo dos blogs criados pelos Usuários.

O Usuário concede licença de uso irrevogável, perpétua, global e livre de royalty para uso, exposição pública, publicação, exibição pública, reprodução, distribuição, transmissão, adaptação, alteração e promoção de seu conteúdo publicado nos blogs em qualquer mídia da Abril.

Ou seja, a editora pode se aproveitar do conteúdo criado pelo usuário para veicular publicidade e auferir lucro dessa atividade e, ainda, detém os direitos de uso de todo o material criado pelos blogueiros, sem pagar um centavo por eles. Para que contratar jornalistas e outros profissionais para produzir conteúdo, quando os indivíduos conectados em rede estão aí para serem explorad... -- perdão! -- crowdsourceados?

4 de setembro de 2008, 16:00 | Comentários (128)

all your base are belong to us

bailao_centenario_p3.jpg

3 de setembro de 2008, 17:33 | Comentários (2)

dois dias e contando

Parece que dessa vez o Large Hadron Collider realmente vai ser ligado. Há quem pense que ele pode criar um buraco negro e destruir a Terra, mas segundo estudos a chance de isso acontecer é inferior a 0,01% -- sendo reservado sempre aquele espacinho para uma falha nas teorias que garantem a segurança do projeto.

O mais legal na ciência é essa nonchalance em relação às conseqüências de seus atos. Cientistas são como crianças que destroem seus brinquedos para ver como funcionam. A primeira colisão de partículas no LHC pode destruir o mundo? Embora a possibilidade seja infinitesimal, pode. Enquanto qualquer cultura ficaria horrorizada ante a possibilidade de provocar os deuses, a tecnocultura ocidental faz o sinal da cruz para Einstein e dispara o feixe de prótons. Teller achava que o teste da primeira bomba atômica poderia causar a ignição da atmosfera e, conseqüentemente, uma morte bastante desagradável para todos os habitantes do planeta. Mas eles foram em frente!

Não me entendam mal: não sou contra o LHC, apenas não posso deixar de perceber a fé religiosa que alguns de nós têm na ciência, um traço bastante pitoresco da cultura greco-romana. Provavelmente os temores são bobagem, apesar de a coincidência de datas com o início das Olimpíadas dar um certo sabor de conspiração cósmica a tudo isso.

De fato, se o mundo acabasse, seria no mínimo algo interessante de se ver. Vamos todos morrer mesmo, por que não presenciar o segundo maior evento de todo o tempo-espaço? Você pode acompanhar aqui a contagem regressiva.

5 de agosto de 2008, 17:04 | Comentários (16)

nova corja tem estilo próprio

Engraçado. Parece que, quanto mais eu reclamo da RBS, mais eles me procuram para dar entrevista. Enfim, aí está o vídeo da entrevista da Nova Corja para o programa Estilo Próprio, da Fernanda Zaffari. Aliás, devo dizer que achei o programa bastante bom e tive uma ótima impressão da entrevistadora, que se preparou bem para falar conosco e demonstrou interesse genuíno no assunto. Também comentei com ela que tenho lido o blog Estilo Próprio e considero um dos poucos no ClicRBS que de fato pode ser chamado de blog.

23 de julho de 2008, 19:08 | Comentários (3)

virei popstar

Amanhã, às 8:00 da manhã, dou entrevista sobre a legislação eleitoral para a Internet na rádio Guaíba AM 720, no programa de ninguém menos que o homem, a lenda, Rogério Mendelski.

Das 9:30 às 10:30, participo de um debate na rádio Bandeirantes AM 640 sobre o mesmo assunto, inclusive com o juiz do TRE Ricardo Hermann.

22 de julho de 2008, 23:39 | Comentários (2)

restrições do TSE à internet prejudicam a democracia

A Zero Hora de hoje traz uma reportagem especial sobre as restrições impostas pelo TSE à campanha eleitoral na Internet. Contribuí com uma pequena entrevista sobre a campanha de Barack Obama, nos Estados Unidos. Há um resumo das restrições feito por Marciele Brum, uma entrevista com o juiz eleitoral Ricardo Hermann e uma coluna da Vanessa Nunes praticamente incitando a desobediência civil na Web.

A verdade é que o Tribunal Superior Eleitoral demonstra ignorância sobre o funcionamento da Internet e, principalmente, sobre suas implicações sociais. Lendo a íntegra das orientações para a campanha, percebe-se que as regras para a Internet são muito vagas, limitando-se a regular o uso dos domínios .can.br e a equiparar a rede mundial de computadores com as emissoras de rádio e televisão, para fins jurídicos. Os problemas são os seguintes:

  • Ao contrário de rádio e televisão, a Internet não é uma concessão pública. Ou seja, ninguém precisa de autorização do governo para criar um site, postar um comentário num blog, divulgar um vídeo no YouTube, gravar um podcast. As emissoras de rádio e TV, por usarem um recurso escasso, que é o espectro eletromagnético, devem prestar contas ao governo e se pautar pelo interesse público. O espaço nas redes de computadores pode ser tudo, menos escasso. Portanto, o apoio de qualquer pessoa a um candidato não estará competindo pelo mesmo espaço com o interesse público. A equiparção com meios que usam comunicação via ondas eletromagnéticas não faz o menor sentido.

  • Mesmo que o TSE tivesse equiparado a Internet com jornais, a comparação ainda seria equivocada. Considero a regulação da atividade jornalística impressa durante as campanhas eleitorais um desserviço, porque o veículo é obrigado a dar o mesmo espaço tanto aos candidatos importantes quanto aos que só entram no pleito para aparecer. Os nanicos raramente oferecem tanto assunto quanto aqueles dos partidos maiores. O resultado é que em geral é preciso cortar espaço dos candidatos que a população realmente quer ouvir, para manter o equilíbrio. Além disso, a argumentação da concessão pública também se aplica: ninguém precisa de autorização para abrir um jornal ou revista. De qualquer modo, pode-se afirmar que os jornais contam com uma credibilidade maior, são os veículos oficiais da democracia, portanto devem seguir certas regras por exigência ética. OK, mas o mesmo não se aplica à Internet, onde qualquer pessoa com meia dúzia de reais para comprar algumas horas em uma lan house ou acesso a um telecentro pode publicar sua opinião. Se é para haver regras na Web, elas devem se aplicar somente às empresas de comunicação, não às pessoas físicas.

  • A falta de regulação mais específica cria insegurança jurídica para os candidatos. O TSE se furtou a definir regras claras para o uso da Internet e prometeu analisar caso a caso. O problema é que as multas são bastante pesadas, podendo chegar até acima de R$ 50 mil. Isso significa que os candidatos de partidos com maior poder econômico poderão se arriscar numa campanha mais ousada nas redes, porque se levarem multa terão como pagá-la. Já os candidatos nanicos, por não terem ao menos algumas indicações do pensamento do TSE, fatalmente irão se manter dentro do limite mais estrito da lei, realizando campanhas menos eficientes. O resultado será exatamente o contrário do objetivo da Lei Eleitoral, que é evitar o abuso de poder econômico.

  • O argumento de que liberar geral causaria abuso de poder econômico é o mais ignorante de todo esse debate. O juiz Hermann diz na entrevista que "quem tem mais recursos financeiros não pode povoar a internet em detrimento dos demais candidatos". Porém, a Internet é o único meio em que existe a possibilidade de fazer uma campanha totalmente gratuita, ou quase. É o meio que melhor evidencia o real apoio popular a um candidato. Um pretendente a vereador que consiga mobilizar seus eleitores a criar comunidades no Orkut, publicar vídeos da campanha no YouTube, listas e fóruns de discussão do Google, artigos e comentários em blogs, não estará tirando um centavo sequer do próprio bolso e terá uma presença melhor na Web do que um candidato que pague uma centena de capiaus para fazer spam em redes sociais e na blogosfera. Aliás, as estratégias baseadas em spam costumam ser desmascaradas em poucos segundos pela própria comunidade de usuários da rede. O princípio de auto-organização das redes sociais daria conta das distorções naturalmente.

  • Além de restringir a ação dos candidatos, a decisão do TSE pode emudecer a manifestação da opinião política dos cidadãos. Um blogueiro deverá pensar duas vezes antes de apoiar um candidato, porque o apoio poderá se voltar contra o candidato, caso um concorrente resolva reclamar ao Tribunal Eleitoral. Do mesmo modo, um militante que vá a um evento e porventura grave um vídeo no celular estará arriscando prejudicar seu candidato se divulgá-lo via YouTube. De novo, quem sai prejudicado são os candidatos com maior apoio popular. É uma distorção da democracia. O juiz Hermann apela ao princípio de igualdade, mas esquece que, em paralelo à igual oportunidade de acesso aos direitos políticos, é da democracia que os pontos de vista com maior apoio sobressaiam na esfera pública. Tanto é verdade que a própria Lei Eleitoral dá mais espaço no horário político em rádio e TV aos candidatos de partidos com maior representação no Congresso.

    Esses são apenas alguns defeitos da Lei Eleitoral imposta pelo TSE para esse pleito. Um detalhe: a reportagem pergunta ao juiz se apenas um promotor eleitoral em todo o Estado tem condições de fiscalizar. É ele o responsável por fazer denúncias ao TRE, os tribunais não podem dar início a ações judiciais. Pois em um seminário da PUCRS em junho o promotor Daniel Rubin deixou bem clara sua posição favorável à liberalidade da campanha na Internet e sugeriu que pretende fazer vista grossa ao que for considerado uso justo da rede, ainda que contrário às regras do TSE. Restará aos eleitores e partidos fazerem denúncias ao TRE gaúcho.

    No fim das contas, as novas regras acabam favorecendo justamente quem tem mais dinheiro para investir em um site de campanha. Publicação de vídeo e áudio, gerenciamento de comunidades e fóruns, aplicativos de galerias de fotos e de agenda, são todos sistemas complexos e que custam uma fortuna para implementar. Os candidatos mais ricos poderão contar com todas essas facilidades. Aqueles que não conseguem levantar tantos recursos para a campanha, no entanto, não poderão contar com os serviços gratuitos do YouTube, Orkut, Flickr, Google. Aqui vai uma dica a tais candidatos: o Ning oferece todos esses serviços e, por míseros US$ 5 ao mês, permite criar uma comunidade de usuários com possibilidade de uso de foto, vídeo, áudio, agenda etc. com um domínio próprio. É a melhor opção dentro da restrição a um site por candidato, porque reúne os principais tipos de serviços. Há uma versão em português, inclusive.

    22 de julho de 2008, 15:03 | Comentários (8)

    entrevista na tvcom

    Túlio Milman é um sujeito boa-praça.

    A Tânia Carvalho arrasa em todos os sentidos. Admirei.

    23 de junho de 2008, 23:33 | Comentários (9)

    é nóis na fita!

    Nesta sexta-feira, às 15:00, participo junto com o Cardoso do programa Falando, da TVCom (canal 36 em Porto Alegre). O tema é novas mídias, blogs, essa coisarada toda que a gente inventou. A jornalista Cássia Zanon, do ClicRBS, também estará entre os entrevistados por Túlio Milman e Tânia Carvalho.

    Para quem não puder ver na hora, o programa é transmitido ao vivo na página da emissora e reapresentado pela manhã, às 10:30.

    19 de junho de 2008, 20:02 | Comentários (3)

    nova geração

    Alguns de meus alunos da Famecos criaram a comunidade de blogs Sopa de Letras. Nada agrada mais a um professor do que ver a gurizada levando adiante suas próprias idéias, participando de projetos que transcendem a sala de aula. Cumprir o currículo do curso é importante, mas tão importante quanto é aproveitar o tempo livre da vida de estudante para criar algo.

    3 de março de 2008, 10:55 | Comentários (9)

    é nóis na fita!

    Quase que literalmente.

    Se mora no Rio Grande do Sul e estará em casa hoje às 18:30, sintonize a TVE e assista à minha participação no programa Radar.

    20 de fevereiro de 2008, 15:54 | Comentários (8)

    entrevista para o comunique-se

    A repórter Izabela Vasconcelos me entrevistou sobre o Twitter para o Comunique-se. Confesso que não entendi o que eu quis dizer com "[o Twitter] divulga o blog convencional, já que dá espaço para isso". Talvez deva entrar em contato com a jornalista e perguntar.

    Segue a matéria.

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    Twitter: ferramenta útil também para os jornalistas

    Escola de Comunicação

    "O que você está fazendo?", A pergunta foi o ponto de partida para a criação, em 2006, do Twitter, servidor para microblogging que permite aos usuários o envio de atualizações de, no máximo, 140 caracteres.

    A ferramenta, criada pela a Obvious, não demonstrava grandes pretensões. Com atualizações via SMS, comunicador instantâneo, e-mail, site ou programa especializado, o Twitter começou somente com tarefas corriqueiras dos internautas. Aos poucos, novas utilidades foram criadas.

    Exemplo recente disso foi a repercussão do assassinato da ex-primeira ministra do Paquistão Benazir Bhutto. As primeiras informações começaram a chegar pelo Twitter e rendeu um grande debate entre os internautas.

    Dan York, do blog Disruptive Conversations, enumerou os 10 principais usos que ele faz do Twitter, como: fonte de notícias, rede de perguntas e respostas, ferramenta de interação, descontração e atualização, diário de viagens, diário de eventos, ferramenta para marketing/relações públicas, ferramentas de aprendizagem, diversão e, por último, nas próprias palavras dele, lição de humildade e brevidade, já que os 140 caracteres máximos, pedem objetividade e síntese.

    O Twitter já virou tema de listas de discussões em muitos grupos. Alguns acreditam que a ferramenta trouxe uma novidade e também praticidade, mas outros afirmam que o Twitter não trouxe nada diferente de um blog convencional, e que não representa mudanças no trabalho dos jornalistas.

    "Não vi nada demais na ferramenta, acho que está havendo um entusiasmo exagerado em relação ao Twitter", afirma o jornalista Alexandre Carvalho. Ele diz que a ferramenta pode ser melhorada com o tempo ou não, mas acredita que outras ferramentas podem fazer coisas muito parecidas com as que o Twitter faz.

    Nas mãos dos jornalistas

    O Twitter é usado por muitos na narração de eventos em tempo real. Marcelo Träsel, jornalista e professor da PUC-RS, usou o Twitter para fazer a cobertura de um evento da faculdade, com narrações em tempo real. "Os alunos gostaram muito. Ajudou, inclusive, as pessoas que estavam fazendo matérias sobre o evento", explica.

    "O Twitter traz um fluxo de informações contínuas e curtas. O melhor é a velocidade, as respostas chegam muito rápido", analisa a estudante de jornalismo Gabriela Zago, que escreveu um artigo sobre a ferramenta para o Observatório da Imprensa.

    Gabriela fez um mapeamento em seu blog com as utilizações do Twiiter pelo mundo, como o uso da ferramenta para acompanhar as prévias das votações de 2008 em Iowa, informações sobre a greve dos roteiristas dos EUA, cobertura dos incêndios na Califórnia em outubro de 2007, política no Quênia, entre outros.

    Para Träsel, o Twitter não trouxe grandes novidades, mas simplificou uma ferramenta e a tornou eficiente. Na sua opinião, o Twitter apresenta duas diferenças principais dos blogs convencionais: dá vazão a idéias e pensamentos curtos e ainda divulga o blog convencional, já que dá espaço para isso.

    No CES (Consumer Electronics Show), maior feira de tecnologia do mundo, muitos jornalistas fizeram a narração do evento pelo Twitter. Veículos como o New York Times, CNN, BBCBrasil e IG usam a ferramenta para divulgar suas atualizações.

    Outra novidade, fruto do Twitter, é o ReportTwitters, site que reúne jornalistas que usam a ferramenta para encontrar fontes e divulgar atualizações.

    14 de fevereiro de 2008, 23:21 | Comentários (3)

    este blog está em recesso

    O recesso é por tempo indeterminado, embora não seja necessariamente contínuo. Isto é, de repente até aparece algum post, mas não convém contar com isso pelo menos até março.

    30 de janeiro de 2008, 16:55 | Comentários (1)

    2007 foi um ano bom

    Várias semanas sem atualização por aqui. O mundo concreto andou exigindo maior atenção e nessas horas o mundo virtual sempre sai perdendo. De qualquer modo, a grande verdade é que cada vez menos tenho vontade de atualizar este blog.

    O principal motivo talvez seja o fato de que a maioria dos assuntos sobre os quais me agrada escrever arranjaram outros veículos. Falo de gastronomia no Garfada e de política no Nova Corja. Sobram para cá alguns comentários sobre tecnologia e Web, jornalismo ou sobre a vida acadêmica. Por isso, uma das metas para o ano que vem é reformular o MARTELADA, na carona de uma reengenharia do insanus.org como um todo.

    Enfim, 2007 foi um ano fora do comum e por isso minha presença virtual andou prejudicada. Nas últimas semanas estive às voltas com a mudança de meu apartamento de um dormitório destinado a solteiros festeiros na Cidade Baixa para um apartamento de dois quartos com garagem para jovens casais no Petrópolis. Mudança dá um trabalho desgraçado.

    Sim, realizei o sonho da casa própria. E, sim, para todos os efeitos e ao contrário de minhas próprias expectativas, casei. Casei com uma senhorita que conheci há pouco mais de um ano. Pode-se dizer que tudo aconteceu dentro de 2007, já que começamos a namorar de fato só em fevereiro ou março. I saw her face, now I'm a believer e tudo o mais.

    Na mesma época, terminei minha dissertação de mestrado e fui contratado como professor pela PUCRS como professor de Comunicação Digital e também pela agência de marketing LiveAD. Ambos trabalhos que têm me dado enorme satisfação intelectual e monetária.

    Espero que 2008 seja um ano de estabilidade. Se tiver mais plot twists emocionantes como esses nos próximos 12 meses, por melhores que sejam, minha saúde não vai agüentar.

    Desejo a todos os leitores um excelente ano, tão bom quanto foi o meu 2007. Trabalho para quem precisa, amor para quem está sozinho e saúde para aproveitar bem as duas coisas.

    2 de janeiro de 2008, 15:12 | Comentários (14)

    in memoriam

    Na terça-feira passada, um ano depois, a família e amigos do Gabriel Pillar se reuniram para relembrar de uma forma muito mais ao estilo dele: lançando um livro com textos e fotos do Gabriel e sobre ele, editado colaborativamente pela Mariza e o Valério, seus pais, e pelo Firpo, Vane, Carol B., Walter e eu.

    A edição é limitada a 500 exemplares, por isso nem todas as pessoas que se interessariam poderão ter uma cópia impressa. No entanto, qualquer um pode baixar o arquivo em PDF (9,5mb) clicando aqui.

    6 de dezembro de 2007, 17:36 | Comentários (4)

    bazar do träsel

    Algum leitor residente em Porto Alegre e imediações se interessa em adquirir um condicionador de ar Midea split de 12.000 BTUs, quente e frio, 220v? O aparelho é novo, ainda na caixa e na garantia.

    Estou vendendo porque meu novo apartamento já tem buracos nas paredes para ar-condicionado. Minha idéia é comprar dois aparelhos normais e tapar os buracos com eles, evitando o custo duplo do pedreiro e da instalação do split.

    Se alguém se interessar, envie e-mail para traselblogs [arroba] gmail [ponto] com.

    15 de novembro de 2007, 10:43 | Comentários (6)

    não, não vou pôr "mi buenos aires querido" no título desse post

    Só agora consegui mais ou menos sentar para escrever sobre a viagem a Buenos Aires. Devo dizer que a boa impressão que o guia da prefeitura passou se manteve durante toda a estadia. Buenos Aires é, mesmo, uma cidade espetacular, e os argentinos são um povo a se admirar. Agradeço às dicas que os leitores deixaram nos comentários e aos amigos que enviaram mensagens por correio eletrônico. Seria impossível fazer uma viagem tão boa sem essa ajuda.

    palermo_peq.jpg
    Limusine à venda em frente a uma cafeteria recém reformada em Palermo

    Em primeiro lugar, esperava uma cidade mais decadente e suja, por causa da crise financeira do início do século. Graças a essa crise, os preços na Argentina baixaram a um patamar em que fica barato para os brasileiros fazer turismo por lá. Antes, contava-se que um simples espresso podia sair US$ 3. Agora, custa 4 pesos, e o peso valia aproximadamente R$ 0,70 quando estivemos na capital porteña. Apesar de certamente estar decaindo, Buenos Aires decai com elegância. As coisas são velhas e detonadas, mas são limpas. As pessoas olham feio se você joga lixo na calçada. E um passeio no bairro Palermo mostra sinais de retomada econômica, com muitas casas sendo reformadas para dar lugar a lojas de roupas finas e restaurantes.

    Uma das melhores impressões que tive foi dos taxistas. Nenhum tentou nos enrolar. Aliás, o primeiro nos deu dicas de como indicar melhor o caminho, porque dissemos uma forma errada de chegar ao endereço e ele teve de dar uma volta maior. As viagens também são baratas. À noite, custa apenas uns 12 pesos para ir de Palermo ao centro. Parece apenas que não é recomendável pegar táxi do aeroporto para o hotel, porque há muitos casos de assaltos em que os taxistas são coniventes. Prefira pegar o ônibus da Manuel Tienda Léon, que fica à esquerda quando se sai do setor de desembarque em Ezeiza. Uma passagem até a porta do hotel no centro custa 32 pesos, sendo que você vai de ônibus até a central deles e depois pega uma minivan. Já para voltar ao aeroporto é tranqüilo pegar táxi e custa algo entre 70 e 80 pesos a viagem, o que faz valer a pena para duas pessoas.

    Quanto ao hotel, ficamos no albergue El Firulete Downtown, pagando cerca de US$ 40 a noite por um quarto privado com banheiro, o que é metade da diária dos hotéis da região que pesquisamos ou nos indicaram. Fora o fato de o quarto ter duas camas de solteiro, em vez de uma de casal, como tínhamos reservado, o albergue ainda está sofrendo as últimas reformas e fomos acordados alguns dias pela manhã por operários operando serras e soldas. Em compensação, todos os quartos têm ar-condicionado e a água é quente. Também oferecem um bom café da manhã e acesso grátis à Internet, além da boa localização. Eles também têm uma casa em Palermo Viejo, que parece melhor negócio. Em todo caso, Buenos Aires está cheia de albergues que parecem bons e provavelmente são melhores que o Firulete.

    la_ideal_peq.jpg
    Interior da confeitaria La Ideal, na Suipacha, quase esquina com Corrientes


    Não chegamos a visitar muitos pontos turísticos. Não fomos à Boca, nem ao Puerto Madero, nem ao Malba. Ficamos mais nos entornos do centro da cidade e demos alguns passeios em San Telmo e Palermo. Dedicamo-nos mais à boa mesa e às caminhadas. No domingo, com um tempo ensolarado e quente, tivemos a sorte de passar pelo parque no entorno do Rosedal e aproveitamos um passeio por lá, junto aos porteños. A dica é descer na estação Plaza Itália, da linha D (verde) do metrô, com as famílias carregando cestos de pique-nique. Impressionante o cuidado com que os parques são mantidos. Mais impressionante ainda é as pessoas respeitarem os avisos de não pisar na grama e não jogar lixo. Apenas os donos de cachorros argentinos poderiam aprender a juntar o cocô que seus bichos fazem por todos os cantos da cidade.

    Outra grande atração de Buenos Aires são os idosos. Todos muito dignos. Todos extremamente bem arrumados e bem educados. É fascinante ver senhores de 70 anos com um terno impecável tomando o metrô para ir comer uma media luna com espresso em alguma confeitaria da cidade. Ou senhoras andando pelas calçadas da Recoleta envergando seus melhores chapéus e tailleurs.

    Aliás, vale a pena comprar roupas por lá. Os preços até podem não ser menores do que no Brasil, mas a qualidade é infinitamente superior. Se estiver procurando um bom casaco impermeável, sugiro a Perramus, na Sarmiento 701. Se quiser casacos de couro de segunda mão ou jaquetas da Adidas baratinhas, vá à galeria Sta Avenida, na avenida Santa Fe 1270. Comprei uma pasta de couro muito boa na Lamarca (Santa Fe 902), embora não tenha sido barata. Outros produtos recomendáveis são livros, na avenida Corrientes, subindo a partir do obelisco. Na verdade, comprei apenas um álbum dos quadrinista Liniers, na Club del Comic (Montevideo 335). Durante a busca por essa loja, encontramos a Ferretería Artística, onde se pode comprar todo tipo de maçaneta, pendurador de casacos e chapéus e trancas decorativas, atendido pelo bando de velhos mais mal humorados de todos os tempos. Para mais objetos de decoração, tente a Lago, em San Telmo.

    No final das contas, o que mais chamou a atenção em Buenos Aires foi o esmero com que mesmo as coisas mais simples são feitas. Qualquer boteco de esquina tem ao menos um pouco de fileteado nas janelas e se esforça em servir boa comida. O metrô é velho, mas funciona e é barato. O país pode estar saindo de uma crise, mas há policiais nas ruas e os serviços funcionam. Nos mercados, as frutas e verduras são arrumadas quase artisticamente. Os senhores andam com os sapatos perfeitamente engraxados, ainda que sejam pobres. Dignidade. É isso que os porteños têm e falta ao brasileiro.

    ATUALIZAÇÃO: Para ver a crítica dos restaurantes, vá ao Garfada.

    10 de setembro de 2007, 15:40 | Comentários (14)

    1337

    O Interney resolveu listar os 100 blogs brasileiros melhor classificados na ferramenta de buscas Technorati. Como era de se esperar, o portal capitaneado pelo Edney e pelo Inagaki está em primeiro. A surpresa é o insanus.org, onde estou orgulhosamente hospedado, ter ficado em 16º, logo à frente do Noblat, que amargou um 17º lugar. Interessante que os outros blogs de jornalistas famosos comeram poeira, mesmo tendo grandes grupos de mídia por trás.

    16 de agosto de 2007, 22:17 | Comentários (1)

    sindicalize-se

    Enquanto os duendes que fazem o Movable Type -- ferramenta por trás deste blog -- rodar direito corrigem o problema dos feeds RSS pela metade, fizemos a nossa parte e criamos uma conta no Feedburner. Para receber os posts em seu agregador de conteúdo preferido, basta copiar este link, ou então clicar no botão laranja ali na barra de endereços de seu navegador. Para os que já assinam, sugiro atualizar o endereço, até porque assim o contador na coluna da direita fica mais cheio.

    13 de julho de 2007, 15:24 | Comentários (5)

    portfólio

    É provável que poucos leitores saibam, mas desde fevereiro estou coordenando a Blog Hunters. Ontem, finalmente, meu primeiro grande projeto como gerente foi ao ar: BloggersCut. Os mais atentos logo vão perceber as referências ao Digg e outras iniciativas de filtragem na Web. Isso porque esse é um projeto colaborativo. A idéia é reunir posts sobre cinema publicados nos melhores blogs brasileiros, argentinos e mexicanos.

    Desenvolvi com minha valorosa equipe todo um sistema de filtragem de blogs, do qual sou particularmente orgulhoso, porque pude aplicar nele muitas das teorias que estudei durante esses anos de mestrado — e, pela qualidade do que rolou até agora, parece ter ficado bom. Um dos principais motivos para que decidisse tomar parte no BloggersCut, por sinal, foi a possibilidade de ver as teorias na prática. Todo esse papo sobre colaboração, comunidade e Web 2.0 é muito bonito, mas agora eu quero ver se funciona mesmo.

    Enfim, entrem lá, dêem uma olhada e sugiram críticas. E, se quiserem participar, entrem em contato.

    14 de junho de 2007, 17:12 | Comentários (12)

    made in taiwan

    tomada1.jpg

    A foto desse plug todo deformado aí em cima é o motivo pelo qual você não deve comprar uma estufa da marca De Longhi nesse inverno. Há algumas noites ele simplesmente derreteu. Na verdade, a estufa sempre emitiu um odor esquisito e o plug sempre ficou molenga. Bastou trocá-lo por um outro, comprado na esquina, e o cheiro parou, bem como o derretimento. Uma empresa fabricar um aparelho cuja entrada de energia não suporta a própria potência é o cúmulo da incompetência. Tornaram-se machina non grata na minha casa.

    28 de maio de 2007, 22:32 | Comentários (13)

    um brinde...

    154582735_9501dab5ae.jpg

    ...à memória do Gabriel, que faria 23 anos hoje.

    25 de maio de 2007, 13:03 | Comentários (12)

    assessoria de imprensa

    A Dani, do Ah! Tri Né!, fez essa reportagem em vídeo aí em cima no lançamento do Cão Sem Dono em Porto Alegre. Legal ver os amigos — no caso, Tainá e Galera — se dando bem. Mais legal ainda ver que o Galera não mudou muito e continua ficando constrangido em eventos de mídia.

    11 de maio de 2007, 16:01 | Comentários (8)

    do livro de ocorrências do condomínio

    "PROTESTO

    Venho através detes livro fazer um protesto contra a senhora zeladora, pela falta de respeito com que nos trata, após várias situações que ocorreram comigo, no domingo após o almoço, pedi para minha irmã pegar uma furadeira (de propriedade do prédio) para o Sr. Síndico, como ele não se encontrava ela pediu p/ a zeladora, que se negou, alegando estar em seu dia de folga, nos dirigimos a uma conselheira do prédio para ver se ela tinha a ferramenta ou a chave do depósito. Como ela não tinha ligou para o Síndico para ver se ele retornaria ao prédio. E assim que retornou gentilmente nos emprestou a ferramenta. Porém a sra. zeladora não satisfeita ligou para a Conselheira desaforando-a, dizendo que havia passado por cima de sua "autoridade"!?

    Esse foi só um exemplo de várias situações ocorridas, não posso obrigá-la a me cumprimentar, pois falta de respeito não é crime, e de educação também não.

    Quero também aproveitar para PROTESTAR CONTRA O PAGAMENTO DE HONORÁRIOS, que são pagos a uma Advogada contratada para defender a pessoa Dona Marlene, e não a zeladora funcionária, por um problema que depois da delegacia foi levado à justiça, entre ela e uma moradora do prédio. Mais ainda, o valor de R$ 30 por uma reunião extra feita para solucionar o mesmo problema, E TODOS NÓS PAGAMOS AS CONTAS???

    Ainda esclarecer porquê pagamos a conta particular de luz da zeladora.

    E quero dar três avisos aos fofoqueiros:
    - quem paga minhas contas sou eu;
    - não faço em meu apart. nada considerado como crime ou em horários indevidos, e
    - assim como a acústica do meu apartamento é ótima, a do de vocês também é, porém não me preocupo com a vida alheia, tenhos meus próprios problemas.

    Dia 24 de maio de 2003.

    Obs.: Tenho a cópia do documento da delegacia, ocorrência registrada contra a pessoa, e não contra a funcionária."

    Leitura mais divertida do mundo.

    25 de abril de 2007, 13:07 | Comentários (16)

    mestre träsel

    Informo aos caros leitores que a banca de dissertação foi muito bem. Tirei nota máxima, com direito a estrelinha. Em breve publicarei aqui um link para quem quiser baixar o trabalho. Agora vou ali descansar, com licença.

    P.S: Carmencita, pode parar de ameaçar as pessoas da banca. Todas me trataram bem.

    31 de março de 2007, 16:09 | Comentários (24)

    por tutatis!

    Após quase três anos morando sozinho, voltei para a casa de minha mãe.

    Graças às chuvas que não páram e a um condomínio dado a fazer gambiarras em vez de resolver problemas, sou o feliz proprietário de duas cascatas em plena zona urbana de Porto Alegre: uma em minha sala, outra em meu quarto. Desabrigado, tive de pedir asilo à progenitora por alguns dias. Doações de panelas para aparar goteiras e panos de chão podem ser combinadas pelo e-mail aí ao lado. Outra forma de ajudar é rezar, fazer danças xamânicas ou até macumbas para que o sol volte logo.

    20 de março de 2007, 11:44 | Comentários (33)

    ainda em recesso

    A dissertação de mestrado já foi entregue, então eu teoricamente deveria voltar a postar. No entanto, preciso retomar alguns assuntos que ficaram pendentes nos últimos meses. Além disso, a vida profissional tem dado tão certo que mal estou com tempo para dormir, quanto mais postar aqui.

    Esse blog volta a ser atualizado no ritmo de sempre em breve. Espero.

    8 de março de 2007, 14:11 | Comentários (7)

    por que você não bloga?

    Porque estou terminando minha dissertação de mestrado, a respeito do webjornalismo participativo no Kuro5hin e no Wikinews.

    Agora, com um incentivo a mais: dar aulas de jornalismo digital e online I na Famecos a partir de março.

    26 de janeiro de 2007, 18:13 | Comentários (22)

    qual é teu signo?

    Como pretendente a cientista, provavelmente não deveria estar publicando isso, mas dane-se: há algum tempo fiz um cadastro no Astro.com, para agradar a uma mocinha. De lá para cá, entro volta a meia no horóscopo diário por curiosidade. O nível de acerto começou a chamar a atenção, mas sempre atribuí isso a uma simples projeção, isto é, minha mente adequava as experiências às previsões e vice-versa.

    Pois ontem entro e vejo isso:

    Válido durante várias semanas : Este trânsito pode ser financeiramente bom ou ruim, a depender de sua forma de lidar com ele. Talvez surjam boas oportunidades financeiras, mas há uma tendência a extravagâncias que podem trazer-lhe dificuldades. Seus desejos podem ser mais pródigos que seu orçamento.

    Detalhe interessante é que tinha acabado de voltar do supermercado, onde gastei uma quantia absurda de dinheiro em produtos de primeira necessidade como uma garrafa de espumante Marson feito pelo método champenoise, um iogurte de frutas meio fresco da Batavo e uma long neck da nova cerveja Eisenbahn Golden Ale. Só minha sensatez ultradesenvolvida me impediu de torrar mais dinheiro em bobagem.

    Depois, uma amiga apontou o horóscopo de viagens, que mostra as melhores cidades para você. Tentei a região de Florianópolis, Essen, Berlin, Amsterdam e Barcelona, todos lugares com que sinto uma forte ligação. Em todos, a ligação faz sentido astrologicamente.

    Agora, acho que tem gente me vigiando e estou meio paranóico. Melhor terminar logo esse mestrado.

    15 de janeiro de 2007, 10:25 | Comentários (18)

    enchendo o calção de areia

    Embarco amanhã à noite para Garopaba, onde fico até o dia 7 de janeiro. Se algum leitor que esteja por lá quiser combinar de tomar uma cerveja, entre em contato pelo meu e-mail, que está aí do lado.

    27 de dezembro de 2006, 16:29 | Comentários (9)

    ...

    Eu me perguntei muitas vezes se deveria escrever algo mais sobre a morte do Gabriel. O texto que saiu no calor do momento é um tanto seco, mas na verdade essa aridez reflete minha sensação de total perplexidade. Usei a palavra "inacreditável" naquela hora. Creio ser a palavra que melhor descreve tudo isso. Mas escrevi este novo texto. Queria tê-lo publicado na quarta-feira, mas uma pane em meu computador impediu.

    Nos últimos meses andava muito com o Gabriel. Um dos motivos era ele ser o único da turma ainda sem a namorada por perto e com paciência para a boemia. Não tinha proposta de farra que ele não aceitasse. Isso me deu uma chance de conhecê-lo bem melhor e me tornar ainda mais amigo dele, algo para além da afinidade de projetos que tínhamos no início. Trabalho em casa e por isso vejo pouca gente no meu cotidiano. Gabriel talvez fosse a pessoa que vi com mais freqüência nos últimos tempos.

    As pessoas entram e saem das nossas vidas enquanto elas se desenrolam. Meus amigos de hoje não são os amigos da época do colégio. Quando alguém novo entra em sua vida, você passa a freqüentar novos lugares, novas pessoas, novas idéias. Cria novos hábitos. Vira outra pessoa. Essa presença tão forte do Gabriel ultimamente fez com que eu desenvolvesse um modo diferente de ser no mundo. Amizade é isso, acho: assimilar aspectos de uma outra personalidade e se tornar um pouco aquela pessoa. De certa forma, é como se esse ponto de intersecção entre sua personalidade e as de seus amigos fosse um filho seu com cada um deles. Não é à toa que muita gente diz que sua família de verdade são os amigos.

    E talvez seja justo essa forma de ser no mundo que criei em por causa dele o motivo de não conseguir acreditar. O mundo é em parte construído por nossos pensamentos e emoções, que influenciam a forma como vemos e interpretamos tudo. Porque ainda tenho o hábito do Gabriel, o mundo ainda não mudou para mim. Mesmo tendo comparecido aos atos fúnebres, parece que a qualquer momento ele vai aparecer no messenger para falar bobagem, mandar e-mails com alguma idéia para um novo projeto, ou ligar convidando para alguma festa. Aí eu penso que o pior está por vir, quando eu perceber que ele não vai mais entrar no messenger, nem mandar e-mails, nem ligar. Que não vou mais planejar uma parte da minha vida em torno dele. Pensar "pô, isso parece legal, vou chamar o gabriel". Bem aí, quando o dia estiver bom para tomar uma cerveja na calçada, quando tiver uma dúvida sobre os templates do blog, quando tiver uma idéia para revolucionar a Internet, aí é que o hábito vai se manifestar e eu vou pensar em chamar o Gabriel. Aí, então, eu vou me dar conta de que ele não está mais aqui. Que o mundo mudou.

    É esse o momento que eu temo. Já tive perdas na família, mas nenhuma das pessoas ocupava uma parte tão grande do meu mundo quanto ele. Agora essa parte está vazia. Com o tempo, vou encontrar outras pessoas e coisas para ocupá-la. A vida vai seguir, o mundo vai se remanejar outra vez. E outra. E outra. Mas se uma coisa serve de consolo quando penso nessa dinâmica de mudança, é que esses mundos nunca somem completamente. Os mundos que se foram permanecem como uma influência em todos os mundos que se seguem. Disso eu tenho certeza: o que criei em conjunto com o Gabriel vai moldar a minha vida até chegar minha vez de deixar partes vazias no mundo das pessoas que se relacionam comigo.

    E é por isso que, como o Parada, eu não vou sentir saudades do Gabriel. Porque sei que, embora eu não possa mais chamá-lo quando o dia estiver bom para tomar uma cerveja na calçada, quando tiver uma dúvida sobre os templates do blog, quando tiver uma idéia para revolucionar a Internet, há uma parte dele que ficou aqui comigo. E essa não pode ser extraída do mundo de uma forma abrupta e estúpida.

    8 de dezembro de 2006, 11:30 | Comentários (22)

    luto fechado

    O nosso amigo Gabriel Pillar faleceu na madrugada desta segunda-feira. Ao descer a rua Mostardeiro, ele aparentemente perdeu o controle do carro e bateu em um poste na esquina da Comendador Caminha. Morreu no local.

    Fui acordado com a informação há pouco mais de uma hora. É difícil dizer qualquer coisa quando ainda não se consegue nem acreditar na notícia. Talvez seja isso, mesmo: é inacreditável que um grande amigo, com quem tenho compartilhado projetos, com quem fui a uma festa no sábado mesmo, de cuja banca de monografia eu iria participar amanhã, perdeu a vida. E assim, de repente.

    Fiquemos com as boas lembranças.

    4 de dezembro de 2006, 7:48 | Comentários (78)

    aceitamos cheque pré-datado


    My blog is worth $43,469.58.
    How much is your blog worth?

    Valho mais que o Reinaldo Azevedo.

    Gentileza do Láudano.

    26 de novembro de 2006, 16:43 | Comentários (6)

    almoço de amanhã: boi ralado

    Leitores de Florianópolis: amanhã e domingo estarei na ilha, participando do Barcamp. Quem quiser tomar uma cerveja nas horas de folga, envie uma mensagem para o meu endereço de correio eletrônico, aí na coluna ao lado. Ou simplesmente apareça no Café Matisse, lá no CIC.

    15 de setembro de 2006, 23:04 | Comentários (4)

    momento sensível

    flor2.jpg

    A flor acima é uma de minhas favoritas, junto com bromélias e aquele jasmim que dá em árvores. Nasce em um abusto esquisito, sem tronco, apenas com galhos longos que se projetam para cima. Minha avó chama de macieira de jardim, mas não se encontra nada no Google com esse nome. Alguém sabe como é mais conhecida?

    15 de setembro de 2006, 11:31 | Comentários (8)

    fazendo a américa

    Consegui passar pelo crivo da comunidade e publicar um artigo na página principal do Kuro5hin. Foi escrito às pressas e apenas como exercício para analisar o funcionamento do webjornal, que estou pesquisando no mestrado. Ou seja, por favor relevem a falta de argumentação mais sólida e o estilo pobre. Seja como for, ganhou os 70 votos necessários dos colaboradores do K5, que agora se dedicam a discutir a política externa dos Estados Unidos nos comentários.

    Brazil is a largely pacifist country in South America. Our last war was fought against Paraguay in the 19th century, when we pretty much leveled the then enemy country, once the most developed in the region, today a haven for contrabandists and counterfeiters. There were also some internal conflicts througout brazilian history, a bloody conservative dictatorship in the 20th century - though not as bloody as in Argentina or Chile - and today we witness a daily struggle between police forces and drugs and arms dealers, robbers and the like in big cities. That said, most brazilians wouldn't ever imagine our country going to war nowadays. It's just... Not brazilian!

    The september 11 attacks on World Trade Center and the Pentagon were a shock for all of us, as it was for most people in the world. Everything stopped as we held our breath in front of our TV sets. Friends called each other asking "Did you see it? I can't believe!". Most people felt compassion for the dead, their families and all americans. On the other hand, many people did not.

    Foi uma experiência interessante. O pessoal ajudou muito a corrigir erros de inglês durante o período de avaliação. Os inevitáveis trolls apareceram, mas a maior parte dos comentários se preocupou em ajudar, ou em questionar de forma argumentativa minhas posições. Os comentários editoriais são escondidos dos leitores não-cadastrados, mas de forma geral, posso dizer que o artigo foi aceito mais para movimentar a capa do K5 do que por seus próprios méritos. Os comentários mais entusiasmados saudaram o fato de ser uma visão diferente, não os fatos narrados em si.

    14 de setembro de 2006, 15:28 | Comentários (23)

    post de aniversário

    Este ano, após muito tempo, resolvi fazer uma festa de aniversário. Entrando na onda dos revivals, eu e a Carol Bensimon decidimos fazer uma reunião dançante. Estive cético o tempo inteiro quanto à possibilidade de algum marmanjo mais perto dos 30 que dos 13 realmente se dignar a dançar juntinho ao som de Bangles e bandas do gênero. Não é que dançaram mesmo? Uma das melhores partes de se ficar mais velho é perder o senso de ridículo.

    Por muitos anos eu fui contra as datas instituídas para comemorações. Sempre achei que não passavam de golpes de marketing do comércio varejista — embora aceitasse os presentes de bom grado. Hoje vejo que pessoas que são contra o Natal, Dia das Mães ou aniversários estão tão dominadas pela arbitrariedade temporal quanto as pessoas entusiasmadas com essas datas obrigatórias. São de certa forma até piores, porque tentam acabar com a alegria dos outros. Com essa compreensão, passei a gostar dessas situações, mas sem dar grande importância.

    Ficar mais velho é ampliar essa mesma compreensão para cada vez mais áreas da vida. Começa-se com coisas pouco importantes como datas e imagino que ao final se esteja encarando a própria existência desse jeito. Ainda estou no meio do caminho.

    6 de setembro de 2006, 11:37 | Comentários (12)

    meus amigos são os melhores

    pavao_ruivo.jpg

    Cardoso em momento Clóvis Bornay. Foto de Carla Pilla

    28 de agosto de 2006, 17:45 | Comentários (9)

    conversa furtada

    carol bensimon says:
    hein hein
    tu não tem um roller?

    träsel says:
    ah, claro
    eu também tenho um vestido de strass e uma peruca loura de meio metro pra combinar

    carol bensimon says:
    hahahahaahaha

    8 de agosto de 2006, 10:24

    a volta dos mortos-vivos

    Acabou-se o exílio nas regiões abaixo dos 56 kbps. Posso lhes dizer que é uma zona selvagem e tediosa da existência, em que não se pode nem assistir a um vídeo de 10 segundos no Você Entuba. Muito menos fazer as pesquisas necessárias para a conclusão de um projeto de qualificação de mestrado. Por outro lado, há tempos o dia não rendia tanto em termos de leitura e escritura.

    Resta ainda um prazer imenso: telefonar à GVT e mandar cancelarem o serviço, gargalhando frente ao desespero dos operadores do atendimento ao cliente. Ah, os milagres da telefonia móvel e do VoIP!

    27 de julho de 2006, 18:25 | Comentários (4)

    ausência

    broca.jpg

    Observe bem a foto aí em cima. Tem a ver com as férias forçadas deste blog nos últimos dias.

    Acontece é que decidi pendurar algumas coisas nas paredes de casa. Bem ao lado do computador. Como se faz nestes casos, peguei uma furadeira emprestada com minha mãe. Marquei os pontos na parede, engatei a broca do diâmetro mais adequado e me preparei para fazer o que os homens prendados fazem. Só que a extensão da furadeira não chegava a nenhuma das tomadas do recinto. Olhei para baixo e vi o filtro de linha do computador. Na hora, chegou a soar um alarme na cabeça, mas homens de verdade ignoram essas frescuras.

    Até teria dado certo, não fosse o evento que levou à foto acima. No final do primeiro furo, a broca travou em alguma coisa na parede. Isso causou uma sobrecarga na furadeira, que tentava continuar girando. A demanda extra de energia fez o fusível de 3 ampéres do filtro de linha sacrificar sua vida em nome de meu computador. Infelizmente, não sem antes torrar o modem ADSL, que suportava apenas 1.9 ampéres. Quando liguei o filtro de linha, esqueci que o modem e o monitor ligariam junto, um convite à tragédia.

    No entanto, só fui descobrir mais tarde sobre a morte do modem. Naquele momento, fiquei mais preocupado com o fato de não conseguir arrancar a broca da parede de jeito nenhum. Puxar com um alicate não adiantou. Dar pancadinhas para os lados, de forma a alargar um pouco o espaço, tampouco. Sem outra opção, fiz os furos necessários com outra broca e agora tenho um parafuso no mínimo interessante prendendo um mural à parede.

    22 de julho de 2006, 16:08 | Comentários (28)

    panteão particular

    churchill-winston.jpg

    Se pudesse escolher qualquer pessoa para ser na história, gostaria de ser Sir Winston Churchill. Não apenas porque ele foi um dos maiores responsáveis pela derrota nazista na II Guerra, nem por só sua indiscutível inteligência, mas principalmente por conta de seu invejável wit britânico, que gerou as melhores frases já pronunciadas por um estadista. Agora, preferiria vir com uns quilos a menos.

    9 de julho de 2006, 12:37 | Comentários (6)

    anedotário da família ruschel

    Recém-casados e com filho pequeno, a madrinha e seu marido não tinham grana para nada. Mas tinham um fusca, e foram com ele até a granja do Comandante Ruschel, ex-piloto da Varig criado no melhor ambiente prussiano que o Vale do Taquari pode oferecer. Assim que desceram do carro, o Comandante se abaixou e analisou longamente um pneu. Fez o mesmo com o segundo, o terceiro e o quarto pneus.

    — Tá vendo aquele reboque ali? Troca os teus pneus com aqueles, mais novos. O meu neto não vai andar com pneus nesse estado.

    O tio já ia agradecer, quando o Comandante completou:

    — Em Porto Alegre, tu devolve os meus pneus.

    5 de julho de 2006, 10:16 | Comentários (4)

    te mete!
    INTJ - "Mastermind". Introverted intellectual with a preference for finding certainty. A builder of systems and the applier of theoretical models. 2.1% of total population.
    Teste de personalidade de Jung gratuito

    16 de junho de 2006, 10:10 | Comentários (7)

    plano b

    São Paulo é fascinante. Não é, porém, uma cidade da qual se gosta imediatamente. Nas primeiras vezes, aquela vastidão oceânica de concreto e os cardumes de transeuntes deixam o visitante apavorado. Legítimo caos urbano. À medida que se vai conhecendo melhor os diferentes bairros, as pérolas arquitetônicas em meio à massa de prédios funcionais, a simpatia acolhedora das pessoas, a eficiência paulistana e sobretudo as opções de entretenimento e fruição cultural, passa-se a gostar de lá. São Paulo é como cerveja. É preciso tomá-la algumas vezes, até entender o que os adultos vêem na bebida.

    Esta foi a sexta vez que visitei São Paulo. Reafirmei que lá a média das pessoas é mais solidária e educada do que os gaúchos, que lá se come melhor pelo mesmo preço, que há muito, mas muito mesmo o que fazer. Descobri coisas novas, também. Ficando no Jaguaré por alguns dias, quase em Osasco, percebi que não é tão difícil quanto parece se locomover na cidade. Em 40 minutos de metrô e ônibus se está na Paulista. às 23h de um domingo, pude voltar tranqüilamente para casa. Descobri também que existe vista em São Paulo. Seja para colinas onde ainda se enxerga algum verde, seja para os arranha-céus e antenas espraiando-se até o horizonte. A cidade também me pareceu mais segura que Porto Alegre, nem que seja porque sempre há alguém na rua a qualquer hora.

    Assim, está decidido: se meus planos de doutorado na Europa ou na Bahia falharem, São Paulo é o destino.

    12 de junho de 2006, 12:58 | Comentários (11)

    paulicéia desvairada

    Embarco nesta sexta-feira, às 12h56, para São Paulo — isto é, se a Varig não falir até amanhã. Fico até terça, quando vou a Bauru participar do encontro da Compós. Volto a São Paulo na quinta-feira e fico até domingo. Estou aceitando convites para uma cervejinha com leitores, tanto os paulistanos quanto os bauruenses.

    1 de junho de 2006, 16:52 | Comentários (6)

    cada dia mais cabelos brancos

    A palavra "velhice" tem aparecido constantemente em meus diálogos. Sempre em tom de brincadeira, mas o doutor de Viena já dizia que brincando se diz a verdade. É fato que há dois anos têm aparecido cabelos brancos na cabeça, no peito e na barba. Tudo dentro dos conformes biológicos: a adolescência, fisiologicamente falando, vai até os 24 anos. Depois disso, diminuem os níveis de hormônio e é só descida.

    Os cabelos brancos foram acompanhados de irresistível vontade de evitar casas noturnas enfumaçadas e pela impossibilidade de ficar acordado após as 3h da madrugada. As ressacas pioraram muito, mas em compensação ficou mais fácil se manter dentro dos limites da embriaguez saudável. Apareceram dores em regiões do corpo antes completamente desconhecidas. Os estiramentos e mau-jeitos já não se curam sozinhos, muito menos após uma só noite de sono. Os jovens parecem a cada dia mais imbecis e pretensiosos.

    Infelizmente, sei o quanto pode ficar pior. Graças a uma internação de 20 dias, em que a musculatura foi severamente atrofiada e os pulmões se encheram de líquido, pude ter um gostinho do que é ser muito velho. Quem nunca passou por uma situação dessas não pode ter a noção exata do que é seu corpo simplesmente não responder aos comandos. É mais ou menos como trocar um carro de motor 3.0 com turbo por um carro 1000 e ligar o ar-condicionado. Não anda, por mais que você pise no acelerador. Logo surge uma sensação insuportável de estar preso dentro de uma carcaça enferrujada. A primeira tentativa de caminhar pelos corredores do hospital foi deprimente. Depois, em casa, o problema era as pessoas não entenderem que simplesmente não dava para fazer certas coisas sem ajuda. Maior tolerância com idosos foi decorrência natural.

    Isso durou cerca de um mês, até os pulmões se recuperarem e poder voltar a fazer algum exercício. Essa experiência, aliás, é o maior incentivo para se manter sempre em forma. É a única maneira de amenizar a decadência física.

    29 de maio de 2006, 12:04 | Comentários (17)

    insanus.org na mídia

    O jornal Correio do Povo publicou neste sábado uma matéria sobre o Insanus.org, da repórter Lívia Meimes, com um bom destaque para este blog. Como o conteúdo será fechado até o mês que vem, o texto é reproduzido abaixo.

    Continue Lendo...

    28 de maio de 2006, 23:31 | Comentários (7)

    blog é auto-elogio

    martelada_yahoo.jpg

    No mesmo dia da publicação do post estilo Martha Medeiros, Martelada atingiu a terceira colocação entre os blogs mais populares do Yahoo!. Coincidência?

    23 de maio de 2006, 19:08 | Comentários (4)

    blog é umbigo

    Estava comentando o sucesso do post de ontem via Messenger, registrei a surpresa em perceber que quanto mais pessoais e menos objetivos são meus textos, mais agradam. A interlocutora garantiu que em geral esses textos ficam melhores. Então sou obrigado a admitir que, embora tenha passado estes quatro anos tentando ser o Elio Gaspari — inclusive me proibindo até há pouco de usar a primeira pessoa — estou muito mais para Martha Medeiros.

    Ao menos a responsável pela observação me arranjou algo para consolar: "A Martha Medeiros estraga o banal. Tu melhora."

    22 de maio de 2006, 11:45 | Comentários (12)

    pinga ni mim

    Duas goteiras no teto do meu apartamento. Maldita chuva. Maldito condomínio.

    20 de maio de 2006, 16:15 | Comentários (12)

    outono

    caquizeiro_medium.jpg

    Caquizeiro em São Francisco de Paula. Clichê, mas alguns clichês valem a pena.

    15 de maio de 2006, 0:39 | Comentários (6)

    você chorou quando enterraram o carequinha?

    Ser criança é duro. Você acredita em qualquer bobagem que lhe contem. Aí, cresce e descobre que todo mundo estava mentindo o tempo inteiro. É informado, por exemplo, de que tudo aquilo decorado a duras penas nas aulas de história era mentira. Cabral não necessariamente descobriu o Brasil e Tiradentes não era bem o que se pensa. Como se não bastasse essa desilusão, agora Xuxa é investigada por crimes fiscais.

    7 de maio de 2006, 20:09 | Comentários (5)

    coisas

    Notícias de que uma boa amiga vai se mudar para Nova York dentro de um mês, que outro bom amigo vai para Paris em novembro e ainda outro anda pensando em se mudar para Los Angeles andam causando uma certa depressão. Daqui a pouco não vou mais ter nem com quem tomar uma cerveja. Agora, vou TER de sair de Porto Alegre, nem que seja para não ficar atrás dos meus coleguinhas.

    ***

    No mais, talvez alguns leitores tenham notado que aos poucos o Martelada vai ficando mais confessional. Em parte, isso se deve ao fato de hoje ter outros canais para despejar colunismo político, diletantismo gastronômico, projetos vanguardistas e teoria social. Aí tenho de preencher o espaço aqui com alguma coisa.

    ***

    All work and no play makes Jack a dull boy.

    1 de maio de 2006, 16:56 | Comentários (23)

    tuning: eu não entendo
    Just as music needs a backdrop of silence to signify, we need music-free stretches to make music meaningful. Suddenly, though, they seem endangered.

    [...]

    I'm not sure where we go from here. Perhaps new technology will save us from what technology hath wrought. [I personally dream of song-canceling technology; technology that can cancel whole singers, like Jack Johnson, or whole genres, like emo rock.] Perhaps there'll be a general anorexic-bulimic revulsion against music, and musical diet fads will sweep the world. Maybe we can save music by reducing and rationing it, making it special again.

    O inferno não são os outros, é a música dos outros. Impossível discordar. Um dos maiores incentivos para deixar a casa de minha querida mãezinha e gastar metade dos meus rendimentos em aluguel, luz, água, IPTU e o escambau era o fato de meu irmão ouvir bate-estaca a todo volume do momento em que pisava em casa até a hora de dormir. Ameaças físicas ou psicológicas não funcionaram, tive de sair.

    Nunca entendi as pessoas que PRECISAM ouvir música o tempo inteiro. Sempre tive a sensação de que na verdade estão querendo preencher o vácuo em suas cabeças com barulheira.

    Dica da Barbara.

    11 de abril de 2006, 22:24 | Comentários (15)

    o que é a idade, não?

    Há dez anos eu achava que futebol era o ópio do povo. Hoje, gosto cada vez mais de assistir a jogos. Grito e xingo bastante. Será que estou ficando gagá?

    Enfim: nenhum gremista acreditava no título. Alguns poucos não esperavam uma lavada. O time é ruim mesmo. Tanto que chegou 20 vezes à área colorada e nunca havia ninguém para chutar em gol. O campeão moral do Brasileirão 2005 decepcionou mais uma vez.

    10 de abril de 2006, 18:25 | Comentários (36)

    fui!

    A reforma da língua portuguesa ainda em votação é outro bom motivo para emigrar: o trema vai cair. Como apontou o Láudano, depois disso ninguém mais nesse país vai escrever meu nome direito. E pensar que pronunciarem o nome errado me incomodava...

    6 de abril de 2006, 20:48 | Comentários (19)

    o último a sair apague a luz

    Pela primeira vez na vida estou pensando em sair de Porto Alegre.

    Minha opinião sempre foi que é tudo a mesma merda em todo lugar. O sujeito vai se sentir insatisfeito com a própria existência em Porto Alegre, Londres, Nova York ou Tóquio. As novidades são recursos perecíveis em qualquer cidade, mas as chatices são permamentes. Mais cedo ou mais tarde se cai em alguma rotina. Continuo achando tudo isso, mas agora algo me impele para longe.

    Desde que voltei da Alemanha comecei a achar Porto Alegre chata. Sempre gostei da cidade. Há relativamente bastante o que se fazer aqui. A diferença agora é que gostei de passar dois meses convivendo com gente nova e conhecendo lugares novos. Sentimento que não tive ao voltar da minha viagem de seis meses com mochila nas costas. Talvez porque daquela vez a péssima sensação de estar sem casa tenha neutralizado o fascínio com uma possível vida diferente. Acho também que estou precisando de uma experiência em outra cidade ou país.

    Além disso, pretendo fazer doutorado fora no ano que vem. A primeira opção é Berlim. A segunda, Londres. Caso não arranje vaga ou orientador em nenhum desses lugares, pretendo tentar no Rio de Janeiro ou Salvador.

    Mas no fundo, no fundo, o grande motivo dessa vontade de morar em alguma cidade européia é poder andar na rua sem preocupações. Pegar metrô ou ônibus à noite, já que detesto dirigir. Não precisar olhar sobre o ombro o tempo inteiro para ver se alguma pessoa suspeita está por perto. Só quem já teve o peso da preocupação com a criminalidade retirado das costas percebe o quanto ele atrapalha.

    6 de abril de 2006, 14:18 | Comentários (40)

    conheço 26 países

    worldmap.gif

    Crie seu próprio mapa de países visitados.

    Valeu, Sabrina.

    28 de março de 2006, 10:34 | Comentários (6)

    anyone can play guitar

    Único show no mundo que me faria ir até São Paulo.

    22 de março de 2006, 15:09 | Comentários (8)

    mais uma boa revista termina

    O Semana 3, infelizmente, chegou ao fim, informa o Parada. Lá tive uma ótima experiência como jornalista: a obrigatoriedade de preencher um espaço fixo com prazo determinado. Incentivou meu interesse pela gastronomia, que levou inclusive à criação do Garfada.

    Os motivos que nos levaram a interromper a publicação são vários, mas o fator principal que nos impede de continuar tocando é, claro, o financeiro. Não há publicação de qualidade que resista sem um monte de dinheiro por trás, isto é, bons e fiéis anunciantes. Ponto.

    É dose. Tivemos o mesmo problema com a falecida Type. Como no caso da revista campinense, não faltavam repórteres e colunistas com bom texto e pautas interessantes. Faltaram foi leitores, problema de qualquer revista no Brasil, e anunciantes capazes de apostar em uma publicação nova.

    20 de março de 2006, 12:22 | Comentários (4)

    é nóis na fita

    O debate sobre o voto nulo está rendendo mesmo: agora se espalhou para o blog do Pedro Doria.

    Um certo leitor chamado Guilherme inclusive lembra de algo que queria comentar aqui: por que não existe campanha pelo voto nulo na televisão? Se mesmo os partidos mais inexpressivos têm direito a um tempinho para expor suas idéias, o voto nulo deveria ter também, assim como o branco. Do ponto de vista legal, são opções tão válidas quanto qualquer outro candidato.

    Será possível levantar fundos para patrocinar comerciais em favor do voto nulo? Algo como os anúncios do Adbusters contra a publicidade e o consumismo.

    17 de março de 2006, 14:53 | Comentários (10)

    coisas do cotidiano

    Nada mais triste do que depositar a primeira louça suja na pia, depois que a faxineira fez a limpeza semanal em sua casa.

    10 de março de 2006, 11:42 | Comentários (20)

    würzburg menos 3 graus

    Da janela do aviao vi o que pareciam ser pocas causados por alguma inundacao. Em uma altitude mais baixa, no entanto, logo percebi que era neve. Tudo neve. Nas arvores, no chao, nas estradas. Assim que a porta da aeronave se abriu em Frankfurt, tomei o choque do frio de menos um grau Celsius. Nevava. Infelizmente, ninguem sabia que teria de pegar um onibus ate o terminal, entao todos estavam somente de camiseta ou camisa. Sorte que ao menos o casaco levei no bagageiro. Ainda assim foi preciso correr do frio.

    Apos uma viagem de trem de uma hora cheguei a Würzburg, o primeiro destino da viagem. Nevava bastante. Pela manha, os telhados estavam todos cobertos de branco. Foi um excelente primeiro dia para um morador dos tropicos: os flocos de neve estavam enormes. E dificil descrever o efeito de milhoes de pedacinhos de gelo caindo juntos, movendo-se conforme o vento. Ao final destes dois meses provavelmente estarei de saco cheio disso, mas por enquanto a neve ainda me fascina. Interessante que nas calcadas e ruas onde ha um tipo de asfalto ela nao se acumula, apenas nos chaos de pedra.

    Minha primeira atitude foi comer Weißwürste com mostarda vermelha e Brezel. Acompanhado de uma cerveja de trigo, o mesmo tipo da Bohemia Weiss. O frio nao e tao desesperador como eu imaginava. So depois de andar muit o sujeito comeca a sentir frio nos pes — esta certo que estou usando duas meias. Comprei luvas, o que ajuda bastante. E uso um gorro de la que a graca tricotou para mim. Ajudam bastante.

    Mas me senti mesmo na Alemanha foi quando apareceram as primeiras placas de verboten isso, verboten aquilo. "Proibido tomar vinho na beira do rio", "proibido soltar fogos nas ruas principais durante o ano-novo", etc. etc. etc. Sao um povo muito civilizado. E meu alemao esta dando bem para o gasto.

    28 de dezembro de 2005, 15:57 | Comentários (12)

    socialização

    Duas formaturas neste final de ano deram chance de pensar na interessante relação que algumas pessoas estabelecem com essas obrigações sociais. A maioria fica fascinada e leva muito a sério este tipo de evento. Comemorá-los e cuidar que tudo corra perfeitamente é necessário. Qualquer contratempo ou imprevisto tem chance de se tornar uma tragédia. Aí, quando algum sujeito começa a pensar um pouquinho, logo enxerga a falta de sentido disso tudo. O problema é que aí fica revoltado com a "falsidade" das relações sociais. Alguns deixam de comparecer a formaturas, casamentos e quetais. Outros dão um jeito de avacalhar a festa, ou fazer protestos mais pacíficos, como usar uma camiseta do Iron Maiden por baixo da camisa social. Se conseguir pensar um pouco além, no entanto, acontece um fenômeno engraçado: o cara percebe que se revoltar contra a mise en scène tampouco faz sentido. Volta a se fascinar e até a se emocionar ao desempenhar suas obrigações. Passa a enxergar a beleza das coisas que o homem cria para se manter em sociedade, ou simplesmente se divertir, ter o que fazer. No fundo, começa até a invejar o primeiro grupo, que consegue se entregar totalmente nestas ocasiões.

    23 de dezembro de 2005, 19:10 | Comentários (11)

    support your local bloggers

    Como os caros leitores devem saber, hospedagem de sites não é gratuita. A comunidade insanus.org até que vai bem das pernas, mas claro que todos prefeririam não ter de tirar dinheiro de seu bolso para pagar o serviço. Assim, propõe-se aqui uma parceria em que ninguém sai perdendo: quando for comprar online seus presentes de Natal, livro ou DVD, use este link da Livraria Cultura, ou então clique na sugestão do mês ali na coluna da direita. Cada venda rende uma comissão de 4% para a manutenção do serviço de hospedagem sem ônus algum para o comprador. Pense nisso: é um dinheiro que você iria gastar de qualquer forma.

    18 de dezembro de 2005, 15:50 | Comentários (4)

    plano de dominação mundial avança

    O Garfada é um dos casos citado em uma reportagem da Zero Hora de hoje sobre pessoas que produzem conteúdo na WWW. É preciso se cadastrar gratuitamente para ler.

    Está bastante boa a matéria, dá um apanhado amplo dos recursos que a rede mundial de computadores oferece a quem tem algo a dizer. Duro é ver um guri de 12 anos dar uma declaração melhor sobre os motivos para publicar um blog do que um mestrando na área: "Quando a gente vai pesquisar algum assunto na Internet, é bom que tenha site com o conteúdo que procuramos. Fazendo o nosso próprio site, é uma forma de contribuir com isso." Meu orientador ficará decepcionado.

    14 de dezembro de 2005, 10:29 | Comentários (3)

    dois meses na neve

    Alguém aí já passou o inverno em um país da Europa onde tenha neve regularmente? Que tipo de roupas se deve levar? Melhor comprar lá? Principalmente, que tipo de sapatos se usa naquele clima? Tênis com meias de lã servem?

    13 de dezembro de 2005, 19:43 | Comentários (25)

    sejamos sérios como as crianças ao brincar

    Daniel Galera, sempre dizendo antes o que outros gostariam de ter dito. Imagina-se que esta seja a principal qualidade de um escritor. Por isso as pessoas acham escritores interessantes, ou não: por sua capacidade em aglutinar sentimentos e idéias comuns a muita gente, mas que ainda se encontravam soltas pelo éter.

    Quando criança, também era fascinado por enciclopédias. Mais especificamente, pela Conhecer, cheia de ilustrações também, mas em português. Passei tardes e mais tardes matando o tédio na biblioteca de meu avô em Lajeado. Embora compreendesse a língua, compartilho com o Galera o fascínio pelo conhecimento: ler o que está escrito não significa compreender os fatos. Afinal, por que Napoleão quis conquistar a Europa inteira? O que significava o fato de o núcleo de um átomo ter o tamanho de uma chave comum, se o átomo inteiro fosse do tamanho de um arranha-céu? Por que aqueles dinossauros tinham formas tão esquisitas? Como viviam as pessoas naquela curva específica do rio Nilo? Deixava a mente vaguear por cenas de batalhas, entre amostras de cerâmica indígena e diagramas de Itaipu.

    A graça toda estava em preencher as lacunas e construir seu próprio mundo. Melhor brincandeira de todos os tempos.

    Ao contrário do Galera, por outro lado, mantive boa parte deste fascínio pelo conhecimento. Mesmo o que parece mais banal aos olhos dos outros me permite lançar a mente em passeios por associações de idéias infinitas. Quem me conhece certamente já viu o fenômeno: volta e meia fico catatônico e retorno com uma declaração completamente fora do assunto. Sou distraído porque uma parte da minha cabeça está sempre em outro plano. Interessante: assim como o Galera, fui uma criança ingênua. E ingênuo sou até hoje, para certas coisas. Quem me conhece pode atestar isso também.

    12 de dezembro de 2005, 14:42 | Comentários (5)

    esqueci de avisar

    Estou em Florianópolis para o congresso da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Jornalismo, na UFSC. Leitores que queiram tomar uma cerveja, enviem um email e lhes passo o telefone. Quem quiser assistir à minha apresentação, será na terça-feira, às 14h, na sala Aroeira.

    27 de novembro de 2005, 16:47 | Comentários (4)

    o brilho eterno da mente TOC

    Não adianta: gente ansiosa, obsessiva e control freak não deve trabalhar em jornalismo. Antes de mais nada, porque a notícia é um produto coletivo. Isto significa que não depende somente do seu próprio esforço botar um jornal em circulação todos os dias. Especialmente no caso do jornalismo político ou econômico, é preciso contar com a boa vontade das fontes para doarem aspas às matérias. Isso para não falar em fotógrafos, editores, revisores, motoristas. Não há nada mais chato do que produzir uma pauta, entrar em contato com todo mundo, combinar horários e ficar se enervando com a possibilidade de tudo dar errado. Ou de perder o prazo da matéria. Ou sabe-se lá mais o quê, gente ansiosa é muito criativa no que toca a imaginar obstáculos.

    Obviamente isso não parece ser problema para a maioria dos jornalistas. Na verdade, uma certa arrogância é necessária à profissão, apesar de todas as críticas aos métodos invasivos dos repórteres. Só tendo plena certeza de que a fonte lhe DEVE explicações o repórter consegue telefonar 15 vezes em uma hora para arrancar uma declaração. Se você não se sente bem fazendo isso, o melhor é arranjar um cargo longe da apuração ou desistir da carreira. Deixar para ser jornalista somente por prazer, produzindo matérias free-lance para as quais possa definir seus próprios prazos.

    25 de novembro de 2005, 10:08 | Comentários (3)

    falta do que fazer

    Criei um perfil no Gaia — o Orkut do Terra.

    18 de novembro de 2005, 9:45 | Comentários (1)

    mó auê aí

    Aemm, brôu: tô caindo pra Garopaba no feriadão. Mó swell. Quem quiser, pinta lá na avenida das Amendoeiras, 252, Morrinhos, pra uma tigela irada de açaí.

    Enquanto isso, fiquem com o meu novo blog favorito. Esse tal de Sesti, seja lá quem for, é genial.

    10 de novembro de 2005, 11:28 | Comentários (8)

    melhor idade

    träsel says:
    tu sabe que fica velho quando começa a dispensar fodas

    Cardoso says:
    hahahahah

    träsel says:
    porque vai dar muita incomodação

    Cardoso says:
    pode crer

    Cardoso says:
    bem nessas

    träsel says:
    sinal de maturidade

    1 de novembro de 2005, 20:50 | Comentários (13)

    e no entanto, move-se

    Lembram daquele scanner que virou piscina? Por incrível que pareça, está funcionando. Bastou deixar secar por seis meses.

    27 de outubro de 2005, 19:56 | Comentários (2)

    estou quase acreditando em paulo coelho
    Prezado/a Bolsista,

    temos o prazer em comunicar-lhe, que você foi contemplado com uma bolsa de estudo do programa Deutschlandkundlicher Winterkurs do DAAD em Essen, para o ano letivo de 2006, conforme deliberação da comissão de seleção de 2005.

    A bolsa tem a duração de dois meses, a vigorar a partir de 4 de janeiro de 2006 a 17 de fevereiro de 2006.

    Você receberá até novembro próximo, diretamente de Bonn, uma declaração oficial da concessão da bolsa.

    Com os nossos parabéns pela obtenção da bolsa, desejamo-lhe boa sorte para os preparativos de sua viagem.

    Atenciosamente,
    Ursula Nagel
    Coordenadora do Winterkurs

    14 de outubro de 2005, 14:09 | Comentários (17)

    mais um projeto coletivo

    O insanus.org agora tem um blog sobre gastronomia: Garfada. Alguns integrantes do coletivo e, no futuro, gente de fora serão colaboradores. Design tosco em CSS e sem tabelas por Soviete Supremo Produções — ou seja, eu.

    19 de setembro de 2005, 16:45 | Comentários (4)

    aquela marca arbitrária no tempo que faz pensar na vida

    Não consigo compreender as pessoas que ficam melancólicas no aniversário, acometidas de nostalgia pela infância. Acho trimassa envelhecer. A cada ano que passa fico mais esperto, mais sábio e, por incrível que pareça, meu físico só tem melhorado — em grande parte, porque só angariei paciência e disciplina suficientes para fazer exercícios regulares há um ano ou dois. Com isso, a cada 12 meses passo a aproveitar melhor os poucos prazeres que a vida oferece, sem falar nas novas brincadeiras divertidas que vão aparecendo. Ninguém mais manda em mim e tenho um rumo. Em poucas palavras: a cada ano fico mais livre, no sentido existencial.

    Com exceção de um par de anos na adolescência e de 2003, quando, como alguns leitores mais antigos podem lembrar, quase fui comer capim pela raiz, todos os anos da maturidade têm sido melhores do que os da infância. No fundo, no fundo, tenho a impressão de finalmente estar chegando à idade que sempre tive. Talvez isso explique a tremenda aporrinhação que a infância me pareceu.

    Tem gente que procura a alma gêmea. Outros procuram riqueza, fama ou poder. Ainda outros, o conhecimento. Sem falar na cannaile que não procura nada, além de sobreviver. Seguindo Aristóteles, Diógenes, Erich Fromm, Camus, Sartre e algumas outras poucas ótimas companhias, procuro apenas ter a capacidade de reflexão necessária para dar à minha vida o rumo que me parece mais adequado. Que, no caso, é adquirir o máximo de sabedoria possível e dividi-la com a sociedade em um futuro próximo. A carreira universitária pode me dar alguma fama, mas poder e riqueza, é certo que não. Já alma gêmea é uma imagem para vender livros e palestras. No fim das contas, acabamos todos na cova, mesmo. Melhor gastar o tempo com o que se está a fim.

    6 de setembro de 2005, 19:49 | Comentários (14)

    pinta lá, magrão

    Falar em aniversário, aí está o convite do convescote que rola nesta sexta-feira, nas dependências da casa noturna Garagem Hermética, a partir das 23h. R$ 8 até meia-noite, R$ 10 depois, sempre valendo uma cerveja.

    convite.jpg

    1 de setembro de 2005, 16:32 | Comentários (3)

    consumismo

    Mais um ano se passou e o aniversário deste blogueiro está chegando — é dia 6 de setembro. Aqui vai uma lista de sugestões, caso algum leitor goste tanto dos textos aqui publicados que queira presentear o signatário. Não precisa nem gostar dos textos. Na verdade, pode até querer que um meteorito caia em cima do computador em que isso está sendo escrito. Presente é presente.

  • La part maudite, de Georges Bataille.

  • A canja do imperador, de J. A. Dias Lopes.

  • Porco, ora bolas!

  • Top Secret, melhor comédia besteirol de todos os tempos.

  • Monty Python Megaset. Porque tentar não custa nada.

  • Fantoches de dedo dos grandes filósofos. É, sim, além de infantil é nerd.

  • Foie-gras.

    1 de setembro de 2005, 10:03 | Comentários (5)

    insanus.orgy

    Veja aqui algumas fotos da festa do insanus.org no Dissonante.

    19 de agosto de 2005, 15:55 | Comentários (10)

    vergonha alheia

    Está no ar o segundo podcast do insanus.org. Tem entrevista exclusiva com o Cardoso sobre seu primeiro livro e uma história exclusiva deste blogueiro.

    17 de agosto de 2005, 20:36 | Comentários (1)

    pinta lá, magrão

    convite_festa.gif

    17 de agosto de 2005, 10:51 | Comentários (1)

    google ads é melhor que todos do insanus.org juntos

  • Evelyn Vinocur grupo
    Psicoterapia Gratuita em grupo RJ Depressão, timidez, fobia, solidão.

    www.terapiadosgansos.com.br

    Notem a URL. Não é brincadeira. Imaginem as piadinhas misturando gansos, terapia reichiana e expressões populares.

  • Fim do Stress e Depressão
    CD-ROM p/ computador e DVD com aula clínica. R$ 50,30 (frete incluso).

    www.potencialmkt.com.br

    Quem não quer a chave do sucesso e da prosperidade por míseros R$ 40? Mais barato do que o dízimo da Igreja Universal.

  • Está precisando de renda?
    Pense, veja, analise e resolva. Você merece um futuro melhor.

    www.solucoesfinanceiras.com.br/dora

    A pessoa adere a esta oportunidade que INEVITAVELMENTE trará segurança e independência financeira depois de comprar o CD acima.

  • Check-up MED
    Faça um check-up virtual grátis Veja como anda sua saúde!

    www.checkup.med.br

    Desafio os leitores a encontrarem o check-up virtual grátis. Clássico caso de webdesigner que não se comunicou com o pessoal do marketing. Ainda por cima, só funciona em Internet Explorer.

  • BriteSmile®
    Sorrisos lindos em uma sessão. A grife do sorriso da Califórnia.

    britesmile.com.br/company_br.html

    Que tal ir até a Califórnia só para branquear os dentes?

  • Construção de Jazigos
    Projeto e Construção de Jazigos em Todos os Cemitérios de São Paulo

    www.bacchetti.com.br

    Planejar com antecedência nunca é demais. Sai um jazigo com uma estátua de porco no rolete e o epitáfio: "ceva, agora!".

    16 de agosto de 2005, 22:43 | Comentários (1)

    modelo a seguir

    Passinho adiante
    O Brasil mudou! Taí o nível de organização do assalto ao Banco Central de Fortaleza que não me deixa mentir. Coisa de primeiro mundo, né não?

    Nada dá mais orgulho do que o Tutty Vasques fazer a mesma piada que você, dois dias depois.

    11 de agosto de 2005, 10:18 | Comentários (2)

    iogurte

    O insanus.org agora tem uma comunidade no Orkut. Vai lá e xinga!

    11 de agosto de 2005, 1:50 | Comentários (1)

    a vida devia ter claque

    träsel says:
    seria legal ter um chaveiro que fizesse esse barulho.

    Amélie Lapin says:
    ?????
    Amélie Lapin says:
    que barulho?

    träsel says:
    aí toda vez que tu fizesse uma piada, poderia tocar o chaveiro, pras pessoas se darem conta
    träsel says:
    turumtum-txiii

    Amélie Lapin says:
    ah sim

    träsel says:
    hsh

    Amélie Lapin says:
    hehehehe

    9 de agosto de 2005, 20:09 | Comentários (7)

    o povo quer saber

    Família e amigos não param de perguntar se deixei de ser petista. Pois eu não deixei de ser petista, não. Foi o Partido dos Trabalhadores que deixou de sê-lo.

    7 de agosto de 2005, 21:31 | Comentários (17)

    geek pride

    Quatro anos depois de formado o sujeito vai descobrir que ficou em primeiro colocado entre os 24 alunos da turma, com média 9,622. Está certo que foi na Faculdade de Comunicação, mas ainda assim dá um certo orgulho só ter A e B no boletim. Espera-se que estes alemães sintam o mesmo e garantam minhas férias pagas na Europa em 2006.

    5 de agosto de 2005, 18:21 | Comentários (4)

    ultradocumentação

    119_1931.jpg

    Walter fotografa os colegas de insanus.org durante o consumo de um excelente vatapá na casa do Gabriel. Veja outras fotos. E mais outras.

    29 de julho de 2005, 16:45 | Comentários (1)

    jovem é uma merda

    Infelizmente perdi a entrevista do Cardoso no Estúdio 36. Não apenas por não ver a performance do ruivo, mas porque descubro por terceiros que o Túlio Milman é meu fã desde que escrevi este texto. Parece que se falou mais em Träsel que em Cardoso no programa. O motivo é ter chamado o apresentador de "especialmente medíocre". Milman disse ainda que fui convidado a comparecer ao programa e não aceitei. Não lembro de nenhum convite — mas também não lembro de um monte de coisas dessa época etílica da vida.

    Isto mostra duas coisas. Primeiro, que o sujeito deveria ser proibido de publicar qualquer coisa antes dos 25 anos. Nem lembrava de ter criticado o Milman. Na época, provavelmente nem sabia direito quem ele era, a não ser que trabalhava na RBS, o grande satã dos estudantes comunistas. Buscando o artigo em questão, tive de entrar em contato com diversos textos antigos, ainda mais constrangedores, e a idéia de suicídio começou a parecer interessante. Por outro lado, ao menos não continuei o mesmo idiota.

    Segundo, isto mostra o lado ruim da democracia digital, em que qualquer um pode publicar qualquer coisa sobre qualquer assunto a custo zero e sem entender nada de programação. Os textos podem ser copiados e republicados em outros lugares, ganham vida própria e não podem mais ser eliminados pelo autor em caso de evolução intelectual. Não são como livros ou filmes, que o sujeito pode comprar e queimar, como fez a Xuxa com as cópias de Amor estranho amor.

    A suprema ironia é que, quando escrevi o texto para o Não, o medíocre era eu.

    27 de julho de 2005, 22:19 | Comentários (19)

    ser ou não ser?

    Não há diferença de bem estar entre namorar e ficar sozinho. Ambos têm vantagens e chateações. Também não há diferença de satisfação; quando estamos casados, às vezes desejamos estar solteiros, quando solteiros, muitas vezes gostaríamos de ter alguém. A única grande diferença é que, solteiros, podemos decidir sozinhos o que fazer.

    26 de julho de 2005, 10:27 | Comentários (18)

    navegar é preciso

    E mais um deixa o pago em direção à paulicéia desvairada. Porto Alegre fica progressivamente menos interessante. Ao menos, a despedida foi em alto estilo.

    25 de julho de 2005, 10:09 | Comentários (3)

    para gostar de ler

    Qualquer pessoa que tenha em casa uma biblioteca gostaria que todo o resto de seus concidadãos superasse o nível de analfabetismo funcional. Por mais que os professores de literatura e campanhas do governo se esforcem, entretanto, não vai acontecer.

    Não vai acontecer porque, aparentemente, ou a pessoa nasce para isso, ou não. É duro admitir, mas talvez o gosto pela leitura — e conseqüentemente, pelo raciocínio — tenha pouco a ver com o ambiente.

    Para usar um exemplo próximo, posso citar meu irmão. Temos somente um ano de diferença, fomos criados da mesma maneira, freqüentamos o mesmo colégio e passamos as mesmas tardes entediantes na casa de meu avô em Lajeado. Lá havia uma biblioteca com diversas enciclopédias e uma coleção dos Irmãos Grimm. Li todos estes livros, mais de uma vez. Meu irmão, pelo que me lembro, jamais tocou num deles. Hoje, até lê alguma coisa, especialmente se tiver relação com medicina, a profissão que escolheu. Mas não gosta de verdade.

    Há muita gente com acesso fácil a livros que não lê nada. Por outro lado, sujeitos como o coveiro entrevistado pelo Parada em São Joaquim da Barra, mesmo com todos os obstáculos, provavelmente leu muito mais do que eu, que sempre ganhei dinheiro para livros de meus pais, quando pedi.

    Existem milhares de casos iguais a estes dois. Chega a ser desesperador tentar achar um só caso de sucesso em incentivo à leitura. Uma luz no fim do túnel. Há alguns anos isso me incomodava muito. Perceber-me rodeado de ignorantes que se esforçavam em permanecer assim era frustrante. Mas pensar que talvez não tenham nascido para habitar o ar rarefeito do conhecimento, por incrível que pareça, faz com que seja bem mais fácil conviver com eles.

    Mas se alguém tiver provas em contrário, pelo amor de Deus, envie!

    26 de junho de 2005, 18:15 | Comentários (18)

    diáspora

    E agora é Eduardo Nasi quem deixa Porto Alegre para se estabelecer em São Paulo.

    17 de junho de 2005, 10:00 | Comentários (3)

    chief executive officer

    motivashop.jpg

    Após uma semana em São Paulo fazendo um curso motivacional intensivo, este blog retoma sua programação normal com muito mais energia. Mais fotos aqui.

    29 de maio de 2005, 18:12 | Comentários (11)

    composição filosófica do signatário

    You scored as Postmodernist. Postmodernism is the belief in complete open interpretation. You see the universe as a collection of information with varying ways of putting it together. There is no absolute truth for you; even the most hardened facts are open to interpretation. Meaning relies on context and even the language you use to describe things should be subject to analysis.

    Postmodernist

    94%

    Existentialist

    75%

    Cultural Creative

    75%

    Materialist

    56%

    Modernist

    38%

    Fundamentalist

    31%

    Romanticist

    25%

    Idealist

    25%

    What is Your World View? (corrected...again)
    created with QuizFarm.com

    23 de maio de 2005, 23:20 | Comentários (13)

    reservoir blogs

    osinsanus.jpg

    Da esquerda para a direita: Menezes Keitel, Carol A. Madsen, Saulo Penn, Träsel Roth, Gabriel Buscemi, Bituca Bunker, Karine Brooks, Cisco Baltz. Ao fundo, Elvis Tarantino e Antenor Tierney.

    Foto por Sabrina Fonseca.

    15 de maio de 2005, 12:31 | Comentários (19)

    vai rolar orgia

    Como o proprietário desta bagaça já anunciou, no sábado, dia 21 de maio, os caros leitores poderão comparecer à festa do insanus.org e colaborar na manutenção deste site no ar — ou na WWW deveríamos dizer éter?

    12 de maio de 2005, 19:00 | Comentários (8)

    dá uma bala, tio!

    Ontem resolvi aproveitar um dia de sol e temperatura amena, uma das melhores coisas do outono, para ler alguns artigos em um parque, em vez de ficar trancado em casa. Feriado, a Redenção estava cheia. Sentei-me em um banco e comecei a ler sobre televisão interativa.

    Pouco tempo depois um casal de idosos pede licença para sentar. Concedo-a.

    — Está estudando?

    Continue Lendo...

    22 de abril de 2005, 12:55 | Comentários (13)

    soll ich dir antworten?

    A Carol B. se pergunta como os alemães de hoje vêem a Segunda Guerra. Tendo passado alguns meses lá, sinto-me apto a responder. De uma maneira geral, mesmo nas novas gerações, que nada têm a ver com o nazismo, sentem-se bastante culpados. Justamente por saberem que sabiam de tudo. Todas as instituições públicas — escolas, judiciário, etc. — fazem questão de lembrar incessantemente o Holocausto.

    Apesar de Hitler, os alemães são um dos povos mais tolerantes da Europa. Um dos poucos lugares do mundo onde se é atendido por um sujeito de dreadlocks azuis e piercing no nariz ao entrar em um banco. Têm birra de turcos, iraquianos e outros imigrantes do Oriente Médio, mas jamais se ouve algum deles falar mal de judeus — até porque é tabu. Os franceses e italianos, por exemplo, têm um ódio muito mais profundo aos súditos de Davi. De fato, os franceses entregaram todos os judeus que puderam a Hitler, depois de se renderem. Cabe lembrar ainda que os alemães não tinham um ódio especial aos judeus. Odiavam os ciganos, homossexuais e comunistas em igual medida.

    Agora, apesar da mudança no espírito do povo, continua não havendo muita coisa para se ver na Alemanha, fora salsichas.

    19 de abril de 2005, 20:07 | Comentários (31)

    chega de adolescência

    O Galera certa vez comentou sua insatisfação com a ironia constante em nosso círculo social. Ironia que bloqueia a maior parte das tentativas de seriedade e, suspeita-se, mascara certo medo de qualquer comprometimento mais profundo com o próximo, ou algum tipo de cinismo em relação à possibilidade mesma de uma comunicação efetiva entre duas pessoas. Outra a comentar o assunto mais recentemente foi a Carol B. — mas não foi possível encontrar o post em questão.

    O comentário veio à cabeça após a chocante experiência de usar uma camiseta da Cove, com um desenho do cartaz do filme Os Idiotas e a frase "seja um idiota, pergunte-me como". Depois que a terceira pessoa perguntou "como?", sem fazer a menor idéia da ironia, o ataque gratuito ao princípio de cooperação lingüística começou a causar certo constrangimento.

    Ironias percebidas somente por um grupo pequeno de amigos perderam a graça. Causar espanto na pobre canaille inconsciente, idem. Cinismo e sarcasmo contra gente que está apenas levando sua vida da melhor maneira possível perdeu a graça. Pode ser efeito da mercantilização da resistência — tudo que é alternativo vira moda, hoje em dia. Ou conseqüência de se tornar um integrante produtivo da sociedade, com contas a pagar, o que gera certo sentimento de solidariedade.

    No fim das contas, ninguém está interessado em ter as convicções abaladas por uma camiseta. Ou, em outras palavras, alternativo mesmo hoje em dia é ser burguês.

    7 de abril de 2005, 0:41 | Comentários (47)

    repórter ameaçado

    O computador da redação de MARTELADA sofreu três atentados na última semana. Primeiro, o gravador de CDs se negou a queimar um disco. Em uma tentativa de solucionar parcialmente o problema, foi preciso instalar um driver antigo para um gravador externo. Péssima idéia. O Windows XP simplesmente não rodava mais, não entrava nem em modo de segurança. Foi fácil resolver, bastou desconectar o gravador da COM1.

    O aleatório horror da existência, todavia, não se daria por vencido. Ao voltar para casa no meio de um temporal, descobri que chovia sobre o computador. O scanner era uma piscina olímpica. Até onde foi possível investigar, o forte vento escancarou a persiana. Enquanto o computador parece bem — vantagem de deixá-lo de lado para a janela —, ainda espero o scanner secar.

    1 de abril de 2005, 0:47 | Comentários (10)

    wishlist

    Saeco Incanto Sirius. Um dia hei de tê-la.

    26 de março de 2005, 15:05 | Comentários (4)

    happy happy joy joy

    Após um início deprimente, com temperaturas acima dos 30°C, o outono finalmente mostra a que veio em Porto Alegre. As temperaturas mínimas previstas para esta semana chegam aos 16°C.

    Nesta terça-feira mesmo já se podia usar calças sem transpirar no centro da cidade. Ou seja, finalmente fica humanamente possível tirar os casacos do armário e vestir-se como gente de verdade.

    23 de março de 2005, 0:47 | Comentários (12)

    serviço de utilidade pública

    Você tem em casa um exemplar de A Sociedade do Espetáculo, escrito por Guy Debord, mas não tem nem idéia de onde ele veio? Bem, pode ter vindo da minha estante. Favor entrar em contato.

    22 de março de 2005, 2:15 | Comentários (11)

    reginaldo, você é tão bom para mim!

    As fãs - ou os fãs, afinal, a cavalo dado... - de MARTELADA que porventura quiserem agradar ao signatário nesta Páscoa podem muito bem dar de presente o DVD duplo da TV Pirata.

    18 de março de 2005, 2:02 | Comentários (11)

    por que eu tenho um blog?

    Sabe Deus. Uma viagem à Europa foi a desculpa para criar o MARTELADA. O objetivo era manter os familiares e amigos informados sobre meu paradeiro sem ter de enviar mensagens a cada um deles. Aí, sei lá, acostumei; até porque, com a morte do COL, a compulsão de escrever andava sem ter por onde escoar.

    Mas evidentemente todo mundo sabe que a real motivação é um enorme ego.

    11 de março de 2005, 0:59 | Comentários (9)

    quatro-olhos

    Mal podia esperar para buscar meus óculos em uma ótica na rua dos Andradas. Ao colocá-los, o mundo subitamente adquiriu cores mais brilhantes e podia ler as placas a uma distância inimaginável. O problema começou ao descer a rua no meio de todo aquele povo. Algo me puxava para a direita. Os passos davam a impressão de ser sempre em falso. Após cerca de cem metros, uma náusea passou a se insinuar em meu estômago. Havia algo de errado com as lentes. Retirei os óculos e dei alguns passos. Tudo normal. Coloquei-os de novo. O chão inclinou-se para a direita. Hmmm. Mas as letras e detalhes ao longe ficaram mais fáceis de identificar. Meu astigmatismo mais acentuado é no olho esquerdo. Logo, um caimento para a direita... Ahá. Quer dizer, então, que esta é a posição correta do chão?

    Fico espantado que tenha conseguido viver sem óculos por todo este tempo.

    13 de fevereiro de 2005, 18:20 | Comentários (23)

    cervejada

    Se algum leitor estiver em Itajaí no próximo final de semana, estamos aceitando convites para tomar cerveja. Envie-nos pelo marcelo ponto trasel arroba gmail ponto com.

    9 de fevereiro de 2005, 17:03 | Comentários (7)

    pára-brisas

    Resolvi fotografar meus testes para armações de óculos. Os distintos leitores estão convidados a votar.

    2 de fevereiro de 2005, 2:08 | Comentários (44)

    jerônimoooooooo

    Agora é oficial. Em duas semanas deixo o mundo corporativo, para me dedicar ao mestrado e a frilas em jornalismo e traduções. Saio por vontade própria, o que exige uma certa coragem, quando se tem uma casa para sustentar. Ou seja, possíveis empregadores que achem MARTELADA interessante estão livres para se manifestar pelo marcelo [ponto] trasel [arroba] gmail [ponto] com.

    21 de janeiro de 2005, 1:53 | Comentários (17)

    aos amigos, tudo

    É bom ver gente competente e honesta se dando bem para variar. Por isso é preciso comemorar a escolha de Daniel Galera para a Coordenação do Livro e da Literatura da Secretaria de Cultura de Porto Alegre. Estava esperando o anúncio oficial para comentar, mas o Cardoso já está espalhando. Com isso e com a manutenção do Fumproarte, até que esse início de governo Fogaça não parece tão mal. A conferir.

    18 de janeiro de 2005, 1:57 | Comentários (11)

    casa nova, cara nova

    A mudança para o Insanus pedia um novo desenho para o MARTELADA. Na verdade, há tempos o site estava precisando de uma boa recauchutada. A nova cara é uma homenagem ao design soviético. Nunca a arte para cartazes atingiu um ponto tão alto quanto nos países do antigo bloco comunista. Quem duvida pode ver exemplos russos aqui e poloneses aqui.

    O código, devidamente avacalhado pelo signatário cambaleante em HTML, é cortesia do Nova Corja, com pitacos do Gabriel. O sujeito com o martelo foi cortado de um pôster russo daquele link ali em cima. A fonte foi roubada desses designers, apresentados pela Sabrina.

    9 de janeiro de 2005, 18:52 | Comentários (12)


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