Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


arigatô, sakamoto

Já está no ar a nova coluna para o Semana 3. Desta feita, com o relato de uma excursão ao restaurante que serve o melhor sushi de São Paulo, quiçá do Brasil.

31 de julho de 2005, 20:05 | Comentários (3)

prazer gelado

Ninguém que se pretenda gourmet poderia passar pelo bufê de sorvetes da Cronk's sem pegar uma bola para provar o novo sabor: gergelim. Vai que funcione? E funciona! A base é um sorvete de leite com pouco açúcar, ao qual são misturados grãos de gergelim tostados. Fica muito parecido com halawi, mas sem aquela doçura quase insuportável.

A Cronk's fica na rua Felipe Camarão, 611, Bom Fim. Pertence a um judeu simpático e além dos sorvetes, oferece pratos típicos, como shwarma e falafel — e matzot em caixinhas com escritos em hebraico. Em termos de custo benefício, é a melhor sorveteria de Porto Alegre. O sabor chocolate forte dá de dez a zero nas Gelaterias Parmalat da vida, bem como o de doce de leite. Sempre há alguma criação diferente para provar.

31 de julho de 2005, 19:21 | Comentários (18)

o décimo planeta

Astrônomos descobriram ontem um objeto maior do que Plutão nos limites do sistema solar. Em 2003, já haviam descoberto um planetóide chamado Sedna, com dois terços do tamanho do planeta mais distante do sol.

No entanto, Sedna não chegou a ser considerado o décimo astro do sistema solar. Este novo, apelidado de Xena, tem mais ou menos o mesmo tamanho do regente do submundo. Logo, ou Plutão deixa de ser planeta, ou Xena também tem de ser considerado um planeta. Se isto acontecer, será curioso ver a revisão teórica a que os astrólogos serão obrigados.

30 de julho de 2005, 15:16 | Comentários (19)

é batata!

Estão muito bons os podcasts do carioca Fred Leal. Agora só falta o iPod baixar uns US$ 298 de preço.

30 de julho de 2005, 10:11 | Comentários (4)

ultradocumentação

119_1931.jpg

Walter fotografa os colegas de insanus.org durante o consumo de um excelente vatapá na casa do Gabriel. Veja outras fotos. E mais outras.

29 de julho de 2005, 16:45 | Comentários (1)

celacanto provoca maremoto

Tem gente achando que prospecções da Exxon-Mobil provocaram o tsunami na Ásia. Esta teoria ao menos é melhor do que a de um cardume de baleias nadando todas na mesma direção.

29 de julho de 2005, 10:35 | Comentários (0)

dan rather e os blogs

Em um editorial, o Missouri Valley Times sugere que os blogueiros ameaçam a liberdade de imprensa. Devido à quantidade de boatos veiculados como verdade pelos blogs e a aceitação destes como verdadeiros pelos leitores da geração internerd estaria contaminando o jornalismo "de verdade". Cita Dan Rather como um sintoma da doença. A profusão de calúnias e difamações poderia levar então o governo dos Estados Unidos a restringir as liberdades de imprensa.

A princípio, parece um argumento estúpido, mas merece atenção ao menos por ir na contracorrente. A notícia é discutida também no Blog Herald.

28 de julho de 2005, 18:05 | Comentários (2)

jovem é uma merda

Infelizmente perdi a entrevista do Cardoso no Estúdio 36. Não apenas por não ver a performance do ruivo, mas porque descubro por terceiros que o Túlio Milman é meu fã desde que escrevi este texto. Parece que se falou mais em Träsel que em Cardoso no programa. O motivo é ter chamado o apresentador de "especialmente medíocre". Milman disse ainda que fui convidado a comparecer ao programa e não aceitei. Não lembro de nenhum convite — mas também não lembro de um monte de coisas dessa época etílica da vida.

Isto mostra duas coisas. Primeiro, que o sujeito deveria ser proibido de publicar qualquer coisa antes dos 25 anos. Nem lembrava de ter criticado o Milman. Na época, provavelmente nem sabia direito quem ele era, a não ser que trabalhava na RBS, o grande satã dos estudantes comunistas. Buscando o artigo em questão, tive de entrar em contato com diversos textos antigos, ainda mais constrangedores, e a idéia de suicídio começou a parecer interessante. Por outro lado, ao menos não continuei o mesmo idiota.

Segundo, isto mostra o lado ruim da democracia digital, em que qualquer um pode publicar qualquer coisa sobre qualquer assunto a custo zero e sem entender nada de programação. Os textos podem ser copiados e republicados em outros lugares, ganham vida própria e não podem mais ser eliminados pelo autor em caso de evolução intelectual. Não são como livros ou filmes, que o sujeito pode comprar e queimar, como fez a Xuxa com as cópias de Amor estranho amor.

A suprema ironia é que, quando escrevi o texto para o Não, o medíocre era eu.

27 de julho de 2005, 22:19 | Comentários (19)

e por falar em cerveja...

A edição corrente da Revista V traz matéria minha a respeito de cervejas artesanais do sul do país.

27 de julho de 2005, 19:34 | Comentários (2)

abadia

Vem aí mais um possível motivo de vício. É elogiável o esforço da Ambev em tentar produzir cervejas que prestem no Brasil — muito embora ela seja culpada por grande parte das que não prestam. A rigor, as únicas cervejas bebíveis da linha "popular" são a Serramalte e a Brahma Extra. Mesmo a Bohemia pilsen não é mais grande coisa. Da linha chique, a Bohemia escura é razoável, mas a Weiss não chega lá — ainda que seja melhor do que as bebidas populares e mais barata do que as cervejas artesanais. A royal ale era boa, mas saiu de linha.

27 de julho de 2005, 16:02 | Comentários (5)

ruim para os negócios

É incrível como o mundo do crime sempre parece mais organizado do que os Estados. Basta ver como os traficantes garantem a segurança da clientela nos morros bem melhor do que a polícia a mantém nos calçadões.

27 de julho de 2005, 13:54 | Comentários (10)

spam telefônico

Pense bem antes de pagar uma conta em um banco diferente do seu. Há alguns dias um gerente de minha agência telefonou para oferecer planos de investimento. O detalhe é que havia mudado a operadora do telefone fixo e ainda não havia informado o novo número.

Evidentemente eles descobriram através dos códigos de barra, que trazem diversas informações sobre os contratos. Até aí, nada de mais, tenho conta lá mesmo e é direito do banco saber ao menos meu telefone. No entanto, ao utilizar outros bancos, o sujeito se arrisca a deixar um monte de dados disponíveis para as empresas de telemarketing.

27 de julho de 2005, 13:47 | Comentários (3)

ser ou não ser?

Não há diferença de bem estar entre namorar e ficar sozinho. Ambos têm vantagens e chateações. Também não há diferença de satisfação; quando estamos casados, às vezes desejamos estar solteiros, quando solteiros, muitas vezes gostaríamos de ter alguém. A única grande diferença é que, solteiros, podemos decidir sozinhos o que fazer.

26 de julho de 2005, 10:27 | Comentários (18)

pinta lá, magrão

Hoje o Cardoso lança seu primeiro livro, Cavernas e concubinas.

HORÁRIO: 19h
ONDE: Palavraria
Vasco da Gama, 165, ao lado da Espaço Vídeo

Apareça e leve seus R$ 32,50 para adquirir um exemplar.

25 de julho de 2005, 15:06 | Comentários (3)

navegar é preciso

E mais um deixa o pago em direção à paulicéia desvairada. Porto Alegre fica progressivamente menos interessante. Ao menos, a despedida foi em alto estilo.

25 de julho de 2005, 10:09 | Comentários (3)

uma piada dita mil vezes perde a graça

Alguém pelo amor de Deus diga à imprensa brasileira que as reportagens sobre o crustáceo conhecido como corrupto perdem a graça já na segunda vez em que são veiculadas.

24 de julho de 2005, 22:01 | Comentários (2)

troca um deleuze por um walter benjamin?

cadsteoricos.jpg

Nerd que é nerd coleciona figurinhas de pensadores.

24 de julho de 2005, 21:20 | Comentários (9)

lamentável engano

O The Guardian de hoje traz na capa as desculpas de Jack Straw pela morte de um brasileiro durante uma perseguição policial. Os agentes suspeitaram que ele fosse um terrorista, por motivos ainda não muito bem explicados. Acertaram cinco tiros na cabeça antes que o sujeito conseguisse entrar em um vagão.

A imprensa brasileira, felizmente, está tratando o caso de maneira sóbria. Afinal, pelo que se sabe até agora foi mesmo um engano. A polícia diz que o brasileiro tinha uma atitude suspeita, usava roupas suspeitas e, provavelmente, tinha cor suspeita — um europeu confunde facilmente a tez morena de um brasileiro com a dos árabes. O sujeito saiu correndo e pulou a cancela da estação de metrô. A família insiste que ele tinha visto de residência, então o mais provável é que estivesse viajando sem pagar e tenha pensado que os policiais eram agentes do metrô querendo multá-lo. A polícia talvez tenha errado por preconceito, mas a maior parte da culpa é do brasileiro mesmo.

No fim das contas, o caso mostra que as ações terroristas em geral atingem o objetivo de restringir as liberdades civis. Muita gente inocente vai presa ou ao menos passa por diversos constrangimentos, o direito de ir e vir é cerceado pelo reforço do controle nas fronteiras, e, no caso dos EUA, gente é mantida presa sem acusações e a imprensa sofre pressões.

A polícia britânica, é claro, não tem muitas opções senão atirar em suspeitos antes que eles acionem suas possíveis bombas e matem muito mais gente. Nestes momentos é preciso deixar o individualismo de lado e privilegiar o bem da espécie. E cuidar de combater as causas. Como a The Economist mostrou em uma reportagem recente, abundância econômica não impede ninguém de virar terrorista, mas a pobreza leva gente normal ao terror.

ATUALIZAÇÃO: De acordo com o governo britânico, o visto estava vencido. Assim, Jean Charles já tinha motivo para correr da polícia e gerar toda a confusão.

24 de julho de 2005, 13:58 | Comentários (17)

a filosofia na alcova

Schopenhauer aparentemente lidava mal com as mulheres:

Quando [o instituto da poligamia] não existe, os homens são, durante metade de suas vidas, fornicadores e, durante a outra metade, maridos traídos; e as mulheres se dividem, de acordo com isso, em traídas e traidoras. Quem se casa jovem arrasta-se depois com uma mulher velha. Quem se casa tarde tem primeiro as doenças venéreas, depois cornos.

Outro trecho:

A pergunta sobre se seria melhor casar ou não casar encontra resposta, em muitos casos, questionando-se se as preocupações com o amor são melhores do que as preocupações com o sustento.

Casamento = disputa e escassez!
Situação do solteiro = paz e abundância.

23 de julho de 2005, 15:13 | Comentários (3)

sem vergonha!

O Globo traz hoje matéria que implica José Dirceu na máfia do INSS. Pelos diálogos, os líderes da quadrilha de fraudadores teriam contato com Delúbio, Jefferson e talvez Dirceu. O ex-ministro, atualmente no ostracismo, respondeu por meio da assessoria ao Jornal Hoje que "nunca fez nada de que se envergonhasse" enquanto estava no governo. Se ele, durante a ditadura, casou-se com uma menina no interior do Paraná, teve filho e, com a anistia, simplesmente mandou ela lamber sabão e foi embora, sem jamais se envergonhar disso, vá saber o que não fez no ministério.

22 de julho de 2005, 13:56 | Comentários (6)

pt enfia o pé na jaca

Luiz Alberto Weber, de Carta Capital, faz uma boa tentativa de explicar como a corrupção tomou conta do PT. Mostra que Delúbio, Sílvio Pereira, Dirceu e Genoino aparelharam a cúpula do partido e depois tentaram fazer o mesmo com o Estado. No final das contas, acaba-se caindo na questão dos cargos de confiança, o maior absurdo da União:

De onde vem a força desse processo político com enorme poder gravitacional a ponto de atrair todos os partidos para o caixa 2 e para relações nebulosas com empresas? Autora do livro clássico Empresário, Estado e Capitalismo no Brasil, Eli Diniz, professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ], enxerga na herança patrimonialista brasileira [o hábito de misturar o público com o privado] o epicentro da crise.

Para ela, os quase 20 mil cargos de livre nomeação da burocracia federal são campo fértil para as trocas e arranjos políticos de circunstâncias, que acabam por franquear o Estado aos corruptores. Eli Diniz prescreve uma ampla reforma do Estado [sem privatização e com mais profissionalismo] como receita.

De fato, mais do que travar batalhas contra o caixa 2 e o nepotismo, o fogo deveria se concentrar nos CCs. Preencher a maioria destes cargos por concurso público eliminaria a maior parte da capacidade de barganha de traficantes de influência como Delúbio e Valério. Bem como o próprio nepotismo e as indicações com objetivo de contatar empresários e formar caixa 2, como descrito por Roberto Jefferson.

22 de julho de 2005, 13:31 | Comentários (8)

terapia conjugal

Com raiva da namorada? Tente isto.

21 de julho de 2005, 18:30 | Comentários (5)

maravilhas da vida moderna

Grampos em telefones celulares são tão ou mais fáceis do que nos telefones convencionais. Basta um receptor adequado, ou mesmo subornar alguém na companhia telefônica — método há muito usado. Já tem até gente vendendo grampos pela Internet.

21 de julho de 2005, 18:12 | Comentários (0)

as pessoas são estranhas

Quem diria que David Lynch curte curte meditação?

21 de julho de 2005, 18:02 | Comentários (4)

quando se acha que o mundo não pode mais surpreender...

Após o cavalo sodomita, pareceu que ia demorar até surgir outra notícia bizarra a ponto de merecer alguma menção. Pois as aparências enganam.

20 de julho de 2005, 17:05 | Comentários (9)

solução prática

Posts como este e este geraram certa discussão sobre as questões morais envolvendo a sonegação. Por um lado, o volume de impostos no Brasil é abusivo e ridículo. Por outro, sonegar é roubo, nada mais. Como evitar novas prisões de gente bonita e elegante como Eliana Tranchesi? Já que muitas empresas "contribuem" nas campanhas de deputados e eles andam se vendendo baratinho, é hora de a Fiesp, por exemplo, coordenar um esforço conjunto, com a exigência de que todos eles votem por um corte nos impostos.

20 de julho de 2005, 11:14 | Comentários (4)

novos tempos

Há alguns meses, aumentar o espaço do PMDB e ainda convidar um integrante do PP para o ministério das Cidades, diminuindo o número de petistas no ministério, soaria como mais um prego no caixão da ética. Hoje periga ser até medida moralizadora.

19 de julho de 2005, 15:58 | Comentários (7)

ok, parem tudo, eu quero descer

Homem morre ao ser sodomizado por cavalo nos EUA.

Sim, foi isso mesmo que vocês leram: HOMEM MORRE AO SER SODOMIZADO POR CAVALO.

Para que ficção, se há o noticiário? É ridículo e absurdo que alguém se sinta entediado em um mundo como este.

Cortesia do Bruno.

19 de julho de 2005, 11:29 | Comentários (10)

a coisa está mais preta do que urubu comendo papel carbono

Para não dizerem que só se fala mal da elite por aqui, é preciso concordar com o Walter, quando ele diz que:

O discurso combinado do PT está dizendo que "todos os partidos fazem isso". O objetivo é querer inocentar o partido, dizendo que ninguém é santo. Isso é argumento de BANDIDO. Crime é crime e ponto final.

Enquanto isso, o Roda Viva de hoje começa com uma inovação cenográfica e outra no formato do programa. Três parlamentares do PT e mais três da oposição debatem as denúncias, tendo ao centro do estúdio, no lugar da habitual cadeira giratória, um tanque cheio de lama.

Todos foram burocráticos, exceto Denise Frossard [PPS], que já saiu dizendo ter levado um soco no estômago ao ver ontem a entrevista de Lula ao Fantástico. Para ela, a entrevista demonstrou que o presidente está agindo de maneira coordenada com Delúbio e Valério. Ou seja, Lula provavelmente sabia, sim, de todas as falcatruas. O desconsolo de Frossard pareceu bastante sincero. Para quem não lembra, a ex-juíza ficou famosa ao mandar prender um bando de bicheiros cariocas há uns 15 anos.

O segundo bloco do programa já mostrou Denise Frossard durante o depoimento de Karina Somaggio à CPI dos Correios, reclamando do tratamento de réu dado à testemunha pelos parlamentares. Coerente, para uma ex-juíza, já que nenhum depoente de CPI está sendo processado por nada. As tentativas de desqualificação por parte dos deputados e senadores são pura falta de elegância.

A senadora Ideli Salvatti [PT-SC] tenta engambelar o povo, sugerindo que o crescimento na quantidade de dinheiro circulante nos Correios seja o motivo pelo qual "os interesses" fizeram as denúncias aflorarem. Diz ela que há motivos econômicos escusos por trás de tudo. Só não diz em que isso livra a cara do PT.

Um parlamentar careca da oposição faz enorme catilinária sem sentido algum, apenas para dizer que a CPI tem de investigar e punir. Alguém discorda? Maurício Rands [PT-PE] responde dizendo que a CPI não pode se tornar palco de disputa política. Certo. Critica também Rodrigo Maia, líder do PFL na Câmara, por ter divulgado uma lista cheia de erros e informações duvidosas sobre assessores de petistas que foram ao Banco Rural. Maia é um imbecil, porque até assessores dele mesmo foram ao tal banco em dias de saque de Marcos Valério.

Denise Frossard não pára de interromper todo mundo. Desta vez, foi o petista José Cardozo. Ela queria dizer que não adianta chamar Deus e meio mundo para testemunhar, como os parlamentares adoram fazer. Quando Cardozo voltou a falar, foi o apresentador Paulo Markun que interrompeu.

César Borges acusa o PT de procrastinar a CPI ao não apoiar os requerimentos. Os petistas se revoltam. Rands diz que Borges está torcendo os fatos de maneira política. Diz ele que o PT apóia os requerimentos de quebra de sigilo de acordo com uma "lógica investigativa".

O nome do careca é Gustavo Fruet [PSDB-PR]. O parlamentar diz que não quebrou o sigilo de Dirceu e Delúbio imediatamente, quando eles ofereceram mostrar as contas, porque é preciso ter o aval da Justiça. Os petistas, evidentemente, sabiam que a CPI não poderia abrir os sigilos. Foi manobra diversiva.

Frossard traz dados: enquanto no Brasil há quase 20 mil cargos preenchidos por indicação na União, no Reino Unido há 120. Ela denuncia a tentativa de seqüestrar o Estado usando estes cargos. "Fui enganada, vocês provavelmente também foram", diz. Impossível discordar. Fomos enganados por TODOS os partidos, desde sempre.

Salvatti é uma imbecil e não pára de falar em "interesses econômicos" escusos por trás de tudo o que acontece no país. Não que eles não precisem ser investigados, mas se os integrantes do PT fossem honestos, nenhum interesse econômico escuso teria alguma influência sobre os rumos do governo.

O debate está chatíssimo. Os petistas estão sem vontade de entrar de sola na oposição para defender um partido moribundo. A oposição, exceto por Frossard, é pouco incisiva. São uns moleirões. Enquanto isso, o espectador pode se distrair imaginando se o odor do lodo que enche o cenário incomoda os debatedores.

O clima esquenta subitamente, quando Cardozo acusa Borges de evitar levar a questão do caixa 2 para um nível global, preferindo falar apenas no PT. Sendo do PFL, Borges faz bem em evitá-lo. Rands se exalta e diz que o PT quebrou espontaneamente o próprio sigilo. Exige que Borges pare com a hipocrisia de aparentar que "oh, estou descobrindo agora que existe caixa 2".

Rands diz que o PT foi o partido que mais trabalhou no projeto de reforma política, mas que tudo naufragou na hora da votação, com muita ajuda do PFL. Frossard Concorda. Borges revida com golpe de mestre: "O PT poderia ter aprovado a reforma, já que conseguiu maioria no Congresso pagando o mensalão."

"O PFL deixou de ser poder agora e, no entanto, estranhamente, parece que para ele a corrupção nasceu agora", intima Cardozo. Borges acusa o golpe, começa a balbuciar e todo mundo fala ao mesmo tempo. A palavra "Collor" voa para lá e para cá. Fruet diz que não é bom comparar a situação atual com a de Collor. Também pede que se pare de generalizar, como faz Roberto Jefferson, ao jogar suspeita sobre todos os políticos. Para Fruet, há muita gente honesta no Congresso. O coelhinho da Páscoa salta de um buraco dentro do mar de lama e dança o can-can.

Para finalizar, Markun pergunta se os debatedores acham que o presidente sabia a respeito de toda a bandalheira.

Fruet: Não diz se Lula sabia ou não, mas acha péssimo se ele não souber nada, porque "um presidente tem de fazer mais do que se indignar e chorar".

Cardozo: Acha que o presidente não sabia de nada. Para livrar a cara de Lula da incompetência por ignorar o assunto, diz que FHC também não ficava sabendo.

Frossard: Tem certeza de que Lula sabia. Para ela, ele deu a entrevista de ontem para justificar as declarações de Valério e Delúbio. Está desiludida e pede a investigação do presidente.

Salvatti: Diz que a corrupção está "encardida" na máquina política brasileira. Fala um monte de merda tentando defender o governo.

Borges: As más companhias foram a perdição do PT. Declara que o presidente é o maior responsável, soubesse ou não o que estava acontecendo.

Rands: Atocha que o governo manda apurar todas as denúncias. Alfineta Borges, dizendo que na Bahia o PFL não deixa investigar nada. "O povo brasileiro sabe que o presidente Lula não tinha conhecimento." Ã-hã. Bem certinho.

Vencedor do debate: Denise Frossard.

18 de julho de 2005, 22:55 | Comentários (7)

villa daslu deveria estar na ilha fiscal

Dêem um copo de sangue aos canibais. Eles estão com sede. No caso Kroll, prenderam-se cinco funcionários acusados de grampo. Feita a perícia, tratava-se de antigrampo. No caso Schincariol, fez-se aquele carnaval antes mesmo que a empresa fosse autuada pela Receita. Não querem arrecadar. Querem punir para tirar o peso das suspeitas e das acusações dos próprios ombros. Reitero: se Eliana for culpada, que pague. Mas nada disso era necessário. A Polícia Federal não está defendendo o Estado de direito. Está ocupada em fazer videoclipe.

[...]

PS: A Justiça acaba de determinar o fim do regime de isolamento, ou que nome tenha, para Fernandinho Beira Mar. É isso mesmo. Um bom país é aquele em que Eliana Tranchesi fique presa, e Beira Mar, mais solto. Estamos escolhendo o nosso futuro.

Desta vez, é o colunista Reinaldo Azevedo que defende a empresária Eliana Tranchesi, na Bravo!. Trata-se de uma interessante amostra do que pensam as elites nacionais sobre o Estado de direito.

Comparando-se os dois trechos, salta aos olhos que o Estado de direito só pode servir aos ricos. Empresários não podem sofrer ações policiais, nem ser presos em frente às câmeras, muito menos permanecer detidos antes do julgamento. Não interessa o quanto tenham roubado — é, "roubado" mesmo, porque sonegação é só um nome bonito para roubo.

Criminosos pobres, por outro lado, têm mais é de ser enquadrados com rigor e de preferência levar uns cascudos na delegacia, mesmo que seja apenas um sujeito de pele mais escura que estava no lugar errado na hora errada. Enfim, sendo pobre, alguma coisa ele deve ter feito. É como aquele marido que bate na mulher e diz: "eu não sei por que estou batendo, mas ela sabe por que está apanhando."

Um bom país é aquele em que a Justiça sabe colocar os pobres em seu lugar. Meliantes de quinta categoria não podem jamais ser beneficiados pelo sistema legal com relaxamento de prisão, habeas corpus ou vantagens por bom comportamento. São reservados aos ricos. Beira Mar, por exemplo, tem de ficar isolado, para não poder comandar seus traficantes de dentro do presídio.

Só os ricos podem responder a processos em liberdade devido a habeas corpus, ficar em cela especial numa cadeia bem tranqüila, para que possam continuar comandando seus negócios fraudulentos sem maiores obstáculos. Caso o rigor da lei seja aplicado a eles, é porque o juiz é comunista e tem inveja dos ricos. Não sabe que a lei só serve para ser aplicada aos pobres.

A elite continua em seu eterno baile da ilha fiscal, enquanto a cannaile se arma até os dentes na periferia. Há três dias atrás um feriado nacional francês poderia ter lembrado aos hedonistas como podem terminar essas coisas.

Para ler a coluna inteira, clique aí embaixo.

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17 de julho de 2005, 22:12 | Comentários (11)

paralelos

Não conhecia essa tal de revista Paralelos, até receber um convite do Delfin para escrever uma resenha sobre Anthony Bourdain. É interessante.

17 de julho de 2005, 16:24 | Comentários (0)

tim potter

O sexto livro da série Harry Potter acaba de ser lançado no mundo anglófono. As histórias de J. K. Rowling são legais, mas um dia algum veículo um pouco maior terá de denunciar o plágio descarado que ela fez de Neil Gaiman e seu Timothy Hunter. Gaiman desconversa quanto ao assunto, mas considerando que os direitos sobre Tim Hunter pertencem à DC Comics, que pertence à Time-Warner, que por sua vez detém os direitos de Harry Potter, não se poderia esperar outra coisa.

16 de julho de 2005, 18:36 | Comentários (16)

memória coletiva

carasoutien.jpg

Acima, o motivo pelo qual você deve sempre deixar sua pasta de fotos bem longe das pastas compartilhadas pelos programas de troca de arquivos P2P. Alguém pode ter a idéia de baixá-las e publicá-las.

Via Cocadaboa, apud Ana Laura.

15 de julho de 2005, 13:34 | Comentários (9)

operação kitsch nunca mais

Após a ação na Daslu, o povo brasileiro aguarda ansiosamente que a Polícia Federal enquadre os responsáveis por outros empreendimentos totalmente kitsch, como o projeto de Brasília, a árvore de natal da lagoa Rodrigo de Freitas, as festas de 15 anos e a DaslUSP.

15 de julho de 2005, 10:07 | Comentários (2)

histeria anticapitalista

Se as críticas à Daslu forem estudadas mais a fundo, revelam uma mentalidade antiempresarial que permeia o país, pune o empreendedorismo e atrapalha o desenvolvimento. Até mesmo um dos maiores empresários brasileiros, Irineu Evangelista de Souza, o barão de Mauá, foi atacado ao acumular um patrimônio maior que o Orçamento do império. "Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos ou na Inglaterra, onde as empresas são vistas como um reflexo da liberdade de produzir, no Brasil está arraigada a visão de que a empresa é um expediente usado pela elite para ganhar dinheiro injustamente", diz a antropóloga Lívia Barbosa, estudiosa do assunto.

O colunista — ao menos, isso parece uma coluna — Tiago Lethbridge, de Exame, tem um bom argumento acima. De fato, o brasileiro sempre tende a ver os empresários com suspeita. O que é ruim para o país, mesmo. No entanto, ele deixa de explorar uma outra causa para esta desconfiança do povo: que na verdade, muitas vezes, "a empresa é um expediente usado pela elite para ganhar dinheiro injustamente".

Basta pensar em como a maioria dos funcionários é tratada. O sujeito é demitido e descobre que o patrão não pagou o FGTS e a Previdência, ou então jamais recebe horas extras, e quando tenta reclamar, é demitido sumariamente. Sem falar em todas as falcatruas que vê a diretoria da empresa promover, ou nas inúmeras maneiras pelas quais muitos empresários enganam o consumidor. Podem até não ser todos, podem ser inclusive muito poucos, mas fazem os honestos entrarem no mesmo saco de farinha.

Coluna enviada pelo Mojo.

14 de julho de 2005, 11:45 | Comentários (8)

chanel combina com xadrez?

Prenderam a dona da Daslu por crime financeiro. Aparentemente, "a loja mais chique" do Brasil tomou como exemplo os pequeno-burgueses arrivistas da mais baixa extração e usava empresas de fachada para importar seus produtos, como forma de burlar impostos.

Pode-se criticar a corrupção no governo Lula, mas é impossível negar que desde 2002 a Polícia Federal e a Fazenda vêm enquadrando alguns peixes graúdos. Os crimes do colarinho branco vão lentamente deixando de compensar. Esse tipo de ação ainda tem a vantagem de mostrar como a elite nacional é burra, predadora e hipócrita — a tal senhora adorava alardear o "trabalho social" da Daslu, que consiste em tratar bem as funcionárias e oferecer uma creche. Esperamos o dia em que o empresariado com culpa no cartório não tenha onde se esconder.

13 de julho de 2005, 20:19 | Comentários (22)

jornalismo apriorístico

A revista Veja está se especializando na sistemática destruição de todos os valores jornalísticos. Desta vez, um repórter entrevistou o Marcelino Freire e agiu como... bem, como agem os repórteres da Veja:

Estranhei: o que tem a ver o cu com a cara da carranca? Respondeu-me, cheio de artimanha: você é um dos "líderes" do Movimento. E mais: farei uma lincagem, na reportagem, com o lançamento do seu novo trabalho. Não acreditei. Não pode ser verdade. Comentei com o Ademir. Mas vamos lá. Não fujo dos meus algozes. Até espero que eles gozem primeiro.

E foi no que deu: o cara perguntou tudo e molecou as respostas, minhas e as do Ademir, a serviço do seu discurso. Seu não, o da revista. Não é à toa que lá, ao lado da matéria de uma página inteira, note, há uma outra, assinada também por ele, sobre outro nazista, o Adolfo Hitler. Confira, se puder. Mas não compre a revista.

O título da reportagem é "movimento quer dinheiro público na produção literária". Não tem como ler na internet sem comprar ou assinar a revista, mas pelo jeito o jornalista não considera uma reivindicação justa. O que é bobagem, já que o cinema, o teatro, a música e as artes plásticas recebem dinheiro público. A literatura, muito menos. E, francamente, o Brasil precisa muito mais aprender a ler do que a ouvir música e assistir a filmes ou peças — e ainda menos interpretar instalações. Ler é o início de tudo, incentivar a leitura é o que busca o movimento.

No entanto, ainda que fosse uma reivindicação sem base, não se trata de um "trem da alegria" de escritores, como diz o próprio Marcelino. Que, aliás, publicou a maioria de seus livros, senão todos, sem um tostão do dinheiro do contribuinte. A editora Abril pode dizer o mesmo? Considerando que a importação de papel é subsidiada para revistas e jornais, não. O MLU quer um ínfimo quinhão das verbas do Ministério da Cultura para divulgar a literatura e dar bolsas que permitam aos escritores viver de sua arte. Mas o repórter acha demais, argumentando que para escrever só é preciso lápis e papel.

O raciocínio demonstra que o repórter sofre da Síndrome do Escritor Maldito. Trata-se de uma doença que acomete gente que pensa conhecer a literatura e a maioria dos escritores ruins. Faz o sujeito pensar que, quanto mais pobre e fodido, melhor se escreve. Assim, o paciente logo conclui que os escritores não apenas não precisam, como se dão até melhor sem dinheiro.

Atualização: Consegui a matéria através do Walter. Cliquem aí embaixo e se irritem.

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12 de julho de 2005, 18:43 | Comentários (16)

e segue o besteirol...
Your Sexy Brazilian Name Is
Grande Mendes
What's Your Sexy Brazilian Name?

Valeu, Lívia Montenegro.

12 de julho de 2005, 17:41 | Comentários (3)

yiiiii-ha!

O Texas é muito mais do que barbecue — porque, afinal, para chamar aquilo lá de churrasco, só sendo carioca — e chili. Ao menos é o que diz John Raven. Pelas camadas adiposas, roupas ridículas e Amber Visions, deve saber do que está falando.

12 de julho de 2005, 13:53 | Comentários (3)

idéia para um adesivo de pára-choque

Não critique a pós-modernidade
Não fale mal das novelas da globo
Não diga que o jornalismo é ideológico
Sem antes consultar um doutor em Comunicação

11 de julho de 2005, 10:46 | Comentários (8)

eu fiz uma cienciazinha

Quer ganhar este belíssimo selo, colega blogueiro?

Take the MIT Weblog Survey


Basta preencher o MIT Weblog Survey e ele é seu!

Mas na verdade o selo com a frase mais legal é esse aqui:

Take the MIT Weblog Survey

10 de julho de 2005, 21:33 | Comentários (5)

check-in

Mochileiro que se preze tem de saber todas as dicas para dormir em aeroportos.

10 de julho de 2005, 15:11 | Comentários (3)

pelo amor de deus, parem de nos ajudar!

Para o economista africano James Shikwati, "infelizmente, a necessidade devastadora dos europeus de fazer o bem não pode mais ser contida pela razão". Após Kadafi, ele é outra voz a pedir que a África pare de "mendigar". Um trecho:

Der Spiegel - A África seria realmente capaz de solucionar esses problemas por conta própria?

Shikwati - É claro. A fome não deveria ser um problema na maioria dos países ao sul do Saara. Além disso, existem vastos recursos naturais: petróleo, ouro, diamantes. A África é sempre retratada como um continente de sofrimento, mas a maior parte dos números é enormemente exagerada. Nos países industrializados existe a sensação de que a África naufragaria sem a ajuda ao desenvolvimento. Mas, acredite-me, a África já existia antes de vocês europeus aparecerem. E não fizemos tudo isso com pobreza.

Conhecendo o gosto dos alemães por qualquer causa em favor do terceiro mundo, um verdadeiro vício naquele país, muitos deles devem ter ficado de cabelos em pé ao ler esta entrevista. Mas o economista tem certa razão. Os países ricos ajudariam muito mais a África e todos os países subdesenvolvidos se cancelassem suas dívidas e acabassem com os subsídios à agricultura.

Sugerido pelo Mojo.

9 de julho de 2005, 14:48 | Comentários (10)

e agora, josé?

É hora de ressucitar o adjetivo "inacreditável". Não há outra maneira de se referir aos recentes desdobramentos da crise no governo. Genoino deixa a presidência do PT depois de um assessor de seu irmão ser preso com R$ 440 mil — sendo que R$ 100 mil estavam na cueca. O sujeito disse que angariou a quantia vendendo verduras. E aí descobre-se que ser verdureiro paga tão bem quanto trabalhar como jornalista free-lancer para Marcos Valério.

A coisa toda está adquirindo tons surrealistas.

Por incrível que pareça, entretanto, o caso mostra um bom aspecto da democracia brasileira. Ninguém mais consegue chegar ao poder e manter na surdina seus esquemas de corrupção. Ao mesmo tempo, abre os olhos do povo para o fato de que nenhum, mas nenhum político mesmo, tem a ficha completamente limpa. O Brasil será forçado a discutir profundamente seu sistema de governo após o choque de ver um partido que foi considerado referência de moralidade imerso em falcatruas ainda piores do que as que derrubaram Collor.

A profundidade da discussão e seus possíveis resultados são outros quinhentos. É o momento de os cidadãos mostrarem que existem.

O maior problema é o fato de poder e corrupão sempre andarem juntos. Se formos parar para ver, poder é algo que só interessa a gente com sérios problemas de socialização. Gente de bem raramente quer dedicar a vida à obtenção e manutenção de poder. E isso desde a Grécia, como sugere o apelo de Platão para que os filósofos se tornem reis. Só que os filósofos preferem fazer alguma outra coisa.

A partir desta constatação, resta aderir ao anarquismo, que embora pareça muito mais razoável, não é muito aplicável, ou então agüentar crises como esta e manter eterna vigilância.

9 de julho de 2005, 14:16 | Comentários (7)

pedro e o lobo

Nunca demora muito para surgir alguma teoria sobre a incompetência dos serviços de inteligência nos casos de terrorismo. Desta vez é mais grave, porque Israel teria alertado o Reino Unido com dias de antecedência sobre o ataque. Mas, para não estragar a cúpula do G8, o governo Blair nada fez e rezou para que fosse outro alarme falso — pois Israel já alertara para outros esquemas, depois de eles terem sido desmontados.

Roubado do Pedro Dória.

8 de julho de 2005, 13:03 | Comentários (5)

extreme notetaking

Como fazer um mapa completo de tudo o que você pensa.

8 de julho de 2005, 10:32 | Comentários (0)

povo molengão

O que será preciso para os brasileiros saírem às ruas em protesto contra essa bandalheira toda em Brasília? Os argentinos já teriam queimado sua câmara de deputados — mais uma vez. Os bolivianos teriam fechado estradas e exigido a renúncia do presidente. Os venezuelanos promoveriam marchas imensas.

Uma companheira de mesa de bar ontem comentava que uma colombiana, em visita ao Brasil, disse admirar muito a placidez de nosso povo. "Vocês conseguiram depor um presidente sem derramar uma gota de sangue", lembrou. Está certa. Mas isto não significa que mostrar a indignação nas ruas seja desnecessário. Significa, isto sim, que nossa democracia é saudável, os militares a respeitam, o presidente não pode mandar indiscriminadamente o batalhão de choque dispersar um protesto ordeiro.

O que tirou Collor do poder, afinal, foram os caras-pintadas, em conjunto com a pressão da mídia. E aí tocamos no ponto principal. Falta, desta vez, a coordenação da mídia para incentivar manifestações. É preciso que alguém com bom trânsito nos meios jornalísticos organize, digamos, panelaços em todas as capitais num mesmo dia e mesmo horário. Os contatos com jornalistas serviriam para amplificar a convocação, como aconteceu em 1992. Funcionou na época, deveria funcionar hoje.

O problema é surgir este líder. Os sindicatos e DCEs estão paralisados, já que desde sempre apoiaram o PT. Ainda devem estar tentando decidir se jogam no lixo o discurso de 20 anos, ou se seguem firmes com o partido até o fim da noite. Nenhum partido ou congressista tem envergadura moral para tanto, mesmo sendo honesto, porque para o povo agora são todos iguais. Restariam ONGs, artistas e jornalistas. Ou seja, a boa e velha sociedade civil. Alguém se habilita? Chico Buarque? Clóvis Rossi? Lobão? Marilena Chauí? Rappa? Mino Carta? Milton Gonçalves? Até a Regina Duarte aceitamos.

O protesto não precisa exigir nada. Deve apenas mostrar que o povo não é bobo, não está dormindo e que, se não cassarem alguns peixes graúdos, a canaille sabe se mobilizar. Preferivelmente, seria bem humorado e ordeiro. Mas não necessariamente. Um quebra-quebra também tem seu valor propagandístico.

8 de julho de 2005, 0:00 | Comentários (16)

quem vê dinheiro não vê sangue

Capitalismo é o seguinte: dezenas de pessoas inocentes morrem em um ataque terrorista em uma das maiores e mais importantes cidades do mundo, mas o mercado só se preocupa em investir em ações de empresas de segurança e apostar contra o petróleo.

7 de julho de 2005, 20:46 | Comentários (15)

perdendo o fôlego

Quando do 11/9, escrevi diversos textos pedestres tentando analisar a situação política envolvendo o ato. Quando de Madri, também, mas um pouco menos, já que o atentado foi menor. [É possível dizer que um atentado foi maior ou menor? Certamente as pessoas feridas diriam que não.] Desta vez, não tenho nada de mais a dizer. A não ser que, definitivamente, o mundo mudou. Que nem mesmo a polícia mais especializada em terrorismo no mundo, com anos de prática combatendo o IRA, pode impedir bombas de explodirem em ônibus. E que isso está com uma tendência a acabar muito, mas muito mal, se os próprios países muçulmanos não tratarem de caçar os grupos radicais em suas terras. O melhor a fazer diante de tudo isso é manter um silêncio fúnebre.

7 de julho de 2005, 11:15 | Comentários (13)

cidade mais desenvolvida da américa latina

Miami, sua arquitetura, suas praias, seus habitantes, as roupas de seus habitantes, sua música, são o maior argumento contra dar aos sul-americanos o mesmo nível de vida dos norte-americanos.

7 de julho de 2005, 0:31 | Comentários (4)

a conferir

Dentre todas as possibilidades tenebrosas, os três novos ministros do PMDB não foram indicações ruins. Ao menos desta vez chamaram gente que de fato trabalhou nas áreas de suas respectivas pastas.

6 de julho de 2005, 15:09 | Comentários (0)

contrabando de banha

Roberto Jefferson não contou novidade alguma a Jô Soares na noite desta terça-feira. Quando subiu ao palco sobraçando uma pasta cheia de papéis, houve esperança. Mas o presidente do PTB apenas voltou a implicar José Dirceu na morte de Celso Daniel, chamar os outros congressistas de covardes, livrar a cara de Lula e admitir que jogou a merda no ventilador para desviar atenção caso dos R$ 3 mil em propina que Luiz Marinho pediu nos Correios.

De acordo com o deputado, o fez também para preservar a honra do PTB, que não é um partideco qualquer de sair por aí recolhendo esmola. Só trabalham com somas bem maiores. Corrupto, sim; pé de chinelo, não!

Quando Jô pediu que ele cantasse "nervos de aço" junto ao sexteto Onze e Meia, Jefferson sem hesitar puxou umas das folhas de dentro da pasta. Era a letra da música. Jô fez cara de panaca:

— Quer dizer então que eu não consegui lhe surpreender?
— É, eu imaginei que você poderia pedir para eu cantar e já trouxe
aqui na pasta as letras das músicas.

Antes disso, porém, os telespectadores foram brindados com uma minuciosa explicação a respeito de como os gordos vão ao banheiro em um avião. Jefferson contou que um dia antes de viajar já passava a torradas com suco, para não ter de cagar durante o vôo. Ainda mais que os comissários, de acordo com ele, sempre sabem o que o gordo vai fazer no banheiro. Basta olhar se ele entra de frente ou de costas. O deputado contou também que já quebrou diversas camas de hotéis do interior e bancos de carro durante suas campanhas. Mas isso foi antes de virar metrossexual.

Jefferson tem tanto carisma e wit que só com muito esforço se mantém na cabeça que ele é um canalha de marca maior. Sujeito perigoso.

6 de julho de 2005, 10:06 | Comentários (3)

o universo elegante

Uma coletânea de reportagens da PBS sobre a teoria das supercordas. Explica a teoria da relatividade, mostra os conflitos entre a mecânica quântica e a gravitacional, depois entra na das supercordas, que, esperam os físicos, unificará as duas.

5 de julho de 2005, 15:15 | Comentários (0)

capitulando

Como todo mundo gosta de um dinheiro extra, e como novos rótulos para os diferentes tipos de homem parece o produto cultural de maior demanda ultimamente, aqui vão alguns que serão devidamente patenteados em breve:

Cibersexual — Passa os dias conectado à rede, baixando MP3 e filmes no Emule e jogando Counter Strike online, ou invadindo intranets. Só pára com o objetivo de assistir Matrix pela 17ª vez. A pele tem uma palidez translúcida, atingida através de um tratamento de raios catódicos e exposição zero ao sol. Não costuma usar desodorantes nem lavar as roupas. Aliás, às vezes esquece do banho.

Hipersexual — Transpira sexo em todos os atos e falas. Não pode ver um rabo de saia. Tem na ponta de língua todas as cantadas manjadas. Usa as roupas da última moda ditada pelas vitrines da C&A, quando sai para a noite. No trabalho, usa qualquer pano velho, até para poder sujar de concreto. De seu escritório, costuma gritar frases de cunho erótico para as transeuntes. Outrora conhecido como pedreiro, ou amante latino. Novos exemplares são os freqüentadores de bailes funk.

Quilometrossexual — Autoexplicativa.

Afrodescendentessexual — Toda mulher quer um desses. Mesmo que não admita. Ainda mais se juntar as qualidades do quilometrossexual.

Teutossexual — Enche a cara de cerveja todos os dias, usa chapéu de tirolês e só invade a Polônia ao som de Wagner. Mas é perito em todos os usos possíveis de uma salsicha bock. Às vezes apresenta as qualidades do retrossexual também.

Metassexual — Lê todas as matérias a respeito de sexo na VIP, na Nova e, evidentemente, na Romano. Fala a respeito de sexo todas as vezes em que surge a oportunidade, seja lá com quem esteja falando. Pensa em fazer sexo uma boa parte das 24 horas do dia. Só não faz sexo. Nunca.

Panacossexual — Dividem-se em dois grupos: os que criam rótulos para designar qualquer grupo de consumo masculino; e os babacas que os seguem. Em geral trabalham com marketing, publicidade, jornalismo, cinema, política ou no mercado financeiro. Costuma ter dinheiro, mas infelizmente gasta todo ele em novas roupas e acessórios. Só tem uma coisa na cabeça: merda.

Colaboraram Sabrina Fonseca e Fernanda Obregon.

4 de julho de 2005, 20:30 | Comentários (5)

invente sua própria revolução

What is at stake here is something fundamental to the way we see innovation, design and creativity and the way we organise our economy around them. We are moving from an era of mass production to one of mass innovation.

Interessante artigo sobre como os usuários, mais do que os pesquisadores, estão produzindo inovações em produtos. Saiu também em português na edição impressa da Carta Capital desta semana.

Para Charles Leadbeater, a nova dinâmica da inovação força um debate sobre direitos autorais. O sistema de patentes foi criado para especialistas que podem dizer de antemão para quê uma invenção serve. Mas quando os consumidores começam a usar o produto de maneira "errada" e criam novas possibilidades, fica difícil dizer a quem pertencem os direitos. A patente, afinal, é dada a uma idéia, não à maneira como ela é concretizada em uma máquina ou software.

4 de julho de 2005, 10:19 | Comentários (1)

lembrete

Em meio a todos caos de acusações entre o governo e todas as instâncias políticas do Brasil, cabe lembrar à imprensa que não apenas os corruptos devem ser presos, mas principalmente os corruptores. As CPIs no Brasil em geral redundam na cassação de dois ou três deputados de meia tigela e, quando muito, na prisão de um ou dois corruptores, sempre empresários de quinta categoria.

Não basta. Bem ao contrário. Mais importante do que prender os corruptos, é prender os corruptores. A imprensa cai em cima dos políticos, até porque político não compra anúncio em jornal, mas costuma poupar os empresários implicados. Na verdade, a culpa maior pela corrupção é dos corruptores.

Errados estão os políticos que se vendem, é claro. Devem ser extirpados sem piedade dos quadros estatais. O problema é que, como no caso do tráfico, prende-se um, aparecem dois outros para tomar seu lugar. A causa da corrupção está, então, principalmente na demanda, não somente na oferta.

Jefferson diz que ninguém se elege sem ao menos R$ 1 milhão para deputado federal ou senador. Este dinheiro, evidentemente, não vem todo dos partidos. Jefferson diz ainda que nenhuma empresa dá o grosso das contribuições pelo caixa 1. Além disso, as empresas esperam um retorno em favores políticos pela "ajuda". Corrompem deputados ainda em campanha. Caso sejam cassados, apenas compram outros.

Por isso, antes de cassar os políticos, prenda-se os empresários que lhes fornecem dinheiro por baixo dos panos.

3 de julho de 2005, 12:07 | Comentários (10)

relações perigosas

Genoino é pego mentindo. Agora, só resta ao PT a saída honrosa de defenestrá-lo. Nada a lamentar aí. José Genoino é um dos maiores canalhas do partido. Basta olhar a fuça do vivente que já se percebe isso. O dirigente mostrou sua verdadeira natureza autoritária ainda no Fórum Social Mundial de 2003, quando reagiu com péssimo humor a uma torta na cara. Também, ninguém manda se misturar com publicitários.

2 de julho de 2005, 18:58 | Comentários (3)

faça as contas

Alguns supostos estudantes de engenharia fizeram cálculos em cima do depoimento de Jefferson e estão divulgando num emailzinho gaiato por aí. Apesar de ter alguns dados errados — os deputados não recebiam no Planalto o dinheiro, mas na sede do PP, por exemplo — a parte que fala do office-boy faz sentido. Segue o baile:

O CRIME DA MALA
Segundo Roberto Jefferson, o mensalão do PT era transportado em malas. Primeira questão: você transportaria uma alta quantia de dinheiro em uma mala enorme, com todo o ar de coisa suspeita? Numa discreta valise de executivo, talvez.

Uma destas valises mede 40cm de largura por 35cm de comprimento, tendo em torno de 5cm de fundura. Uma nota de 50 ou 100 reais tem 12cm X 6cm, logo uma valise comportaria com segurança quatorze maços de quinhentas notas o que equivale a sete mil notas .

Ainda, segundo Roberto Jefferson, o mensalão era de trinta mil reais, o que em notas de cem daria um paco de trezentas notas de cem. Levando-se em conta que esse dinheiro não poderia ser depositado em conta corrente, o jeito era levar pra casa e ir gastando. Você já tentou trocar uma nota de cem? Bem, trocar trezentas notas de cem não deve ser fácil , mesmo para um deputado. Então vamos supor que o mensalão fosse pago em notas de cinqüenta.

Jefferson disse que a bancada do PP, que é composta de 53 deputados, e a do PL, com 55, recebiam o mensalão de 30 mil reais. O que dá um total de 108 mensalistas, recebendo a quantia de três milhões, duzentos e quarenta mil reais por mês, o que em notas de 50 equivale a 64.880 notas, que seriam então transportadas em nove malas, já que cada mala carrega sete mil notas. As malas iriam então com trezentos e cinqüenta mil reais, ou seja dez deputados e 1/6 de um. Como não existe alguém 1/6 corrupto, vamos assumir dez malas, para juntar numa mais vazia os pedaços de corruptos que sobram.

Ainda segundo Jefferson, o pagamento aos dirigentes de partidos era feito numa sala ao lado da sala do Chefe da Casa Civil, em pleno Palácio de Governo, por Delúbio Soares, que não ocupava cargo nenhum no mesmo Governo. Delúbio levaria todo os meses dez malas para dentro do Palácio, para entregar a dirigentes de partidos. Tudo isso discretamente, sem chamar a atenção de ninguém. Delúbio só tem duas mãos. Também não seria muito simples entrar no Palácio com alguns carregadores ou com um daqueles carrinhos de aeroporto, logo, ele poderia transportar - no máximo- duas malas, o que já seria muito suspeito. Alguém anda por aí com uma mala de executivo em cada uma das mãos, sem que ninguém repare? Delúbio teria de entrar então, discretamente. Com uma mala de cada vez. O que daria dez viagens num mesmo dia. Impossível passar desapercebido.

Então, vamos imaginar que os deputados aceitassem receber em dias diferentes. Quão generoso deve ser o que ficou com a última remessa. Mas, vamos em frente. Seriam dez visitas ao Palácio por mês, sempre se encontrando com os dirigentes do PL e do PP. Tudo isso, no maior sigilo. A semana tem cinco dias úteis, o que obrigaria Delúbio a ir diariamente ao Planalto por duas semanas consecutivas, todos os meses do ano, sem levantar suspeitas. Mas, como se sabe que a semana de Brasília tem apenas três. Três semanas no mês, o tesoureiro do PT, que não tinha cargo no Governo, entrando com uma mala e encontrando-se com dirigentes de partidos da base aliada, que também deviam portar malas. Claro! Se o cara entra na sala delubiana sem mala e sai com uma , é um mico de proporções assustadoras. Além do que, esta operação implicaria na compra de dez malas iguais por mês, a um custo de aproximadamente mil reais cada uma. Um terço de mensalão, só em mala.

E de onde viria tanto dinheiro? Segundo Karina Sommagio das empresas de Marcos Valério, um corruptor tão ingênuo que deixa seu Office-boy, que deve ganhar menos de quinhentas pratas ao mês, sacar em dinheiro das contas da empresa um milhão de reais e vir tranquilão, com três valises, ou uma grande mala pelas ruas de Belo Horizonte, uma cidade sem nenhuma violência e com os Office-boys mais honestos do mundo, pois, embora trabalhem para corruptores de deputados, jamais pensaram em sacanear seus patrões e fugir com a grana direto pro Aeroporto da Pampulha, morrendo de rir do babaca do patrão que não pode nem dar queixa à polícia.

Senhores, essa história tem mais furos do que queijo suíço e só há uma explicação para a imprensa não ter parado para fazer essa conta: jornalistas não sabem matemática. Por isso, prestaram vestibular para Comunicação Social.

Viva a Engenharia!

2 de julho de 2005, 11:01 | Comentários (8)

voracidade tributária

Em fevereiro, a prefeitura de Liverpool sediou uma "cúpula do chiclete" para pedir um imposto especial sobre o produto, que ajudaria a pagar os cerca de 220 milhões de euros anuais de limpeza.

A burocracia ocidental definitivamente não tem criatividade. Até investiram 35 mil libras em um projeto de pesquisa para um chiclete que não gruda. Seria mais fácil e barato seguir Cingapura e condenar a chibatadas os cidadãos que jogam chicletes nas ruas.

1 de julho de 2005, 14:00 | Comentários (1)



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