Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


herr westerhoff

O meu professor de alemao é um sujeito muito bizarro. Digo, mais bizarro do que a média dos alemaes. Ele é muito, muito magro, meio ruivo, usa um corte "capacete" e tem nariz adunco. Veste sempre a mesma calca apertada, o que ressalta a magreza, o mesmo casaco de couro e muda o pulover toda a semana, variando entre um preto e um vermelho. Deve ter entre 45 e 55 anos.

Toda a aula descamba para discussoes a respeito de álcool, drogas ou sexo. Na volta de Amsterdam, quando comentamos sobre o controle da alfandega alema no trem, ele nos contou como foi parado pela polícia na fronteira com a Holanda há alguns anos. Encontraram um cachimbo com restos de maconha dentro, uma deixa para revistarem o carro. "Haviam 3 policiais e um cachorro dentro do meu carro", conta. Depois, revistaram suas roupas. Finalmente, pediram que retirasse a roupa e se curvasse. De acordo com Herr Westerhoff, ou Andreas, foi uma revista "muito desagradável". Espero que as conclusoes que tirei sobre esta última parte estejam erradas. Em todo caso, fiquei feliz de nao ter trazido nada de Amsterdam.

26 de janeiro de 2006, 14:37 | Comentários (16)

anotacoes alemas

  • Os alemaes nunca seguram o elevador, mesmo quando percebem que alguém está correndo para tentar pegá-lo.
  • Nos supermercados, é preciso comprar uma sacola, ou levar uma de casa. E obviamente nao há lacaios para enche-las.

    24 de janeiro de 2006, 10:52 | Comentários (18)

    amsterdam

    Nao fumei, nao cheirei e nao injetei.

    Sempre tive preconceito com Amsterdam, por conta do turismo maconhista. Em todos os albergues da Europa o sujeito encontra grupos de jovens, em geral norte-americanos, que planejam ir ou já foram à cidade com o único objetivo de fumar maconha. Mas Amsterdam é muito mais do que isso. A cidade é muito bem conservada; os prédios e casas sao belíssimos, construídos em um estilo único e marcante; e é um prazer indescritível flanar pelos canais. Além disso, há de tudo. Aposto que se pode passar um ano inteiro indo todos os dias a um local diferente. Os holandeses sao muito mais abertos do que os alemaes aqui da regiao do Ruhrgebiet e realmente curtem frequentar café e bares — até porque os apartamentos em geral sao muito, muito pequenos. Existe um clima permanente de alegria na cidade, difícil de explicar.

    Posso facilmente imaginar uma vida em Amsterdam.

    Easter egg para o Mojo: comi em um restaurante SURINAMES.

    23 de janeiro de 2006, 13:36 | Comentários (4)

    träsel on ice

    Anteontem uma boa parte dos alunos do Winterkurs aproveitou a pista montada no centro de Essen pela prefeitura e foi patinar no gelo. Isso mesmo: com aqueles patins com uma lamina de metal. Fui junto. Posso dizer que patinar, no sentido popular usado no Brasil, é o verbo mais adequado para descrever o que fizemos. A maioria nem conseguia ficar em pé. Apenas um colega — gordinho e meio careca, vejam só — pareceu ter nascido para aquilo. Entrou na pista e saiu deslizando numa boa.

    Tive dificuldades no início, mas após uma hora e meia já conseguia deslizar com pouco mais velocidade do que um bebe aprendendo a andar. Caí apenas uma vez e descobri que o gelo nao era tao duro quanto parecia. Sorte que pus as maos embaixo do corpo sem querer, pois um alemao avisou mais tarde que cair com os dedos abertos é perigoso: se alguém passar com a lamina dos patins em cima, já era. Pretendo voltar toda semana. Até o final do curso devo atingir a velocidade de uma crianca aprendendo a andar de bicicleta.

    Hoje vou para Amsterdam fumar maconha com os colegas de curso.

    20 de janeiro de 2006, 10:24 | Comentários (6)

    hiperdocumentacao

    Publiquei mais algumas fotos da Alemanha.

    18 de janeiro de 2006, 13:17 | Comentários (1)

    anotacoes alemas

  • O banheiro masculino de alguns estabelecimentos públicos tem um espaco para trocar fraldas de bebes. [Dessa o Firpo ia gostar.]
  • Nas Autobahne há trechos cercados por muros de aco sólido de mais de 3 metros de altura. Há inclusive túneis artificiais em cruzamentos mais movimentados, em que existam viadutos.

    17 de janeiro de 2006, 12:18 | Comentários (3)

    o curso

    Existe um motivo para a falta de novidades neste blog: o curso de alemao é puxadíssimo. Como disse Frau Karatas, a coordenadora, no discurso inaugural: "o Daad nao pagou uma bolsa a voces para irem fazer compras". Provavelmente, nem para ver a cidade em que estamos hospedados. As aulas vao das 9h às 15h30 todos os dias, isso quando nao há alguma atividade extracurricular, como visitas a museus. O problema é que às 16h já comeca a escurecer na cidade. Nos finais de semana sempre há excursoes também. Assim, sobra pouco tempo para desfazer a impressao de que essen é uma cidade feia e levemente chata.

    Até agora já fomos a um castelo sem-graca, porém rodeado de casinhas em estilo enxaimel, fizemos um city-tour de onibus com apenas uma parada — ou seja, nenhum sentido —, o Folkwangmuseum — que é muito bom, tem Monets, Rodins e Picassos em um espaco pequeno — e tivemos um passeio de orientacao no centro da cidade. Sábado passado o pessoal foi a Köln, mas fiquei em Essen, porque vou visitar meu pai na cidade em duas semanas. Domingo fui a Dortmund, em vez do castelo Linn, como programado, porque havia perdido completamente a fé nas excursoes coordenadas pelos "tutores" do programa. Eles nao sabem nada sobre os locais e às vezes nem conseguem se orientar direito. Pois é, desta vez parece que foi legal: Linn é um castelo que ainda tem reproducoes e até alguns originais dos móveis, ferramentas e armas medievais. E deixam voce experimentar as armas.

    Dortmund, em todo caso, foi interessante. A cidade é simpática e pode-se subir em uma torre de 140 metros, onde há um restaurante giratório. Ve-se todo o vale do Ruhr de lá. Fomos também ao estádio do Borussia e no fim a um bar irlandes onde felizmente rolava um happy hour: € 3 a pint de Guinness.

    16 de janeiro de 2006, 12:04 | Comentários (9)

    anotacoes alemas

  • As carteiras na universidade nao tem nenhuma pichacao ou risco.
  • Assoar o nariz em público fazendo ruído semelhante ao de um Boeing 767 é normal. Puxar o material para dentro é considerado nojento.

    13 de janeiro de 2006, 10:46 | Comentários (14)

    fotos

    Como prometido, aqui tem algumas fotos da Alemanha.

    10 de janeiro de 2006, 9:37 | Comentários (6)

    essen

    Cheguei na terca-feira passada a Essen, para concretizar o pretexto de toda essa viagem: um curso de língua e cultura alemas patrocinado pelo DAAD. O curso é mais puxado do que eu esperava, até. Das 9h às 12h e das 14h às 16h. O problema é que às 16h está escuro já aqui e nao dá muita vontade de conhecer a cidade, entao ainda vi muito pouco da paisagem.

    A maioria dos prédios sao novos, já que 90% da cidade foi destruída durante a II Guerra. Aqui se fazia o mais fino aco alemao, nas indústrias Krupp. Alfried Krupp era conhecido como "o rei do canhao", e isso nao tinha nada a ver com o gosto dele para mulheres. Essen pagou pela amizade dele com os nazistas. A maior parte da cidade é tao bonita quanto qualquer outra cidade industrial. Mas há subúrbios preservados, como Hattingen, onde se pode ver as casinhas com madeira na fachada e paredes brancas que fazem a fama do país.

    E meu alemao é melhor do que eu pensava.

    O detalhe bizarro é que fomos recebidos pelo prefeito de Essen. Ele aparentemente nao tem muito o que fazer, já que discursou por meia-hora sobre as glórias e honras da cidade. Notei uma certa dor de cotovelo por causa da muito mais famosa Köln, aqui ao lado. Essen, de fato, tem muito para se ver em termos de cultura, embora seja de maneira geral uma cidade feia. Depois do discurso, o prefeito ficou trocando figurinhas conosco e nos foram servidos docinhos, café e Coca-Cola na sala de reunioes da prefeitura. Fotos quando for possível.

    Outro motivo por que ainda nao vi muita coisa é que peguei minha primeira gripe semana passada. Justo quando achava que meu sistema imunológico tinha resistido ao ataque de cepas desconhecidas de influenza, comecei a ter febre, dor de garganta e a assoar o nariz o dia inteiro. Se nao passar logo, terei problemas com o projeto de tomar o máximo de cervejas diferentes possível.

    8 de janeiro de 2006, 14:36 | Comentários (9)

    nem tao ordeiros assim

    A festa de réveillon mostrou que os alemaes nao sao taaaaao ordeiros assim. Saímos à rua após um jantar de lombo de porco assado e salada. Teutoes embriagados jogavam bombinhas para todo o lado, nao importando quem estivesse na frente. Alguns jogavam ao seu lado até de propósito. Uma foi parar bem embaixo do tanque de combustível de um carro.

    Na Marktplatz de Würzburg a situacao era pior. O maior fumace tomava conta do local. Os alemaes acionavam foguetes daqueles que vem presos a uma haste. Com o detalhe de que seguravam pela mao. A certa altura um foguete foi lancado quase na horizontal, acertando o telhado da igreja gótica. Resolvemos sair dali.

    No cerne do centro, uma reconfortante demonstracao de organizacao: tudo foi cercado e policiais exigiam que todas as garrafas de vidro fossem esvaziadas em copos de plástico, para evitar acidentes. Fotos em poucos dias.

    4 de janeiro de 2006, 19:11 | Comentários (6)



  • Sugestão da
    Livraria Cultura

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    mãos de cavalo,
    por daniel galera

     

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