Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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mais um ato na ópera política nacional

— Hoje aqui foi jogo de cena.

A frase proferida por Roberto Jefferson durante seu depoimento no Conselho de Ética resume toda essa história de mensalão. Acuado por acusações de comandar um esquema de propinas nos Correios, Jefferson saiu atirando para todos os lados e contra todos os ministros e aliados do governo, em uma clássica matéria diversiva do Congresso Nacional. Mesmo não tendo provas, mesmo sendo um ex-defensor de Collor, mesmo tendo um caráter questionável, mesmo sob suspeita, a imprensa deu ouvidos a Jefferson. Que continua sem apresentar prova alguma.

É fácil um exercício de imaginação para delinear as entrelinhas deste espetáculo pavoroso da política brasileira. Para começar, o vídeo em que Jefferson era acusado muito provavelmente saiu das bancadas de oposição. Afinal, só interessava a partidos como PSDB e PFL sugerir corrupção no governo e, de quebra, rachar a base aliada. Ou algum idiota no governo ficou muito incomodado com algo que Jefferson tenha feito. O presidente do PTB, quando percebeu que não tinha chances de receber ajuda do PT e, esperto como é, percebendo que não tinha mais nada a perder, decidiu cair atirando e ressucitou um caso levantado pelo Jornal do Brasil no ano passado. Poupou Lula, que até agora saiu ileso de todos os escândalos, para não ver o tiro sair pela culatra.

Resta preencher algumas lacunas. Quem afinal pagou pela gravação da fita que desgraçou Jefferson? O caso do mensalão não deu em nada há um ano porque realmente eram denúncias infundadas, ou porque os deputados que investigaram o assunto receberam um bônus? Jefferson tem alguma bala na agulha que não seja de festim?

Mais este vaudeville dos politiqueiros nacionais tem ao menos a vantagem de desmascarar os dirigentes do PT paulista. A começar por Genoino, cuja permanente expressão arrogante geraria desejos assassinos até em um monge, passando pela eminência parda Delúbio Soares, chegando até o canalha José Dirceu — porque um sujeito que se casa com uma jovem do interior, tem um filho com ela e se manda sem mais nem menos quando os milicos se aposentam só pode ser classificado como um grandecíssimo filho da puta. Todos eles têm o maior jeito de ter culpa no cartório. E vai ser difícil Lula convencer o Congresso de que nada sabia.

Pode ser que se descubram horrores. Pode ser que metade do alto escalão do governo caia. Pode ser que mais de cem deputados sejam cassados. Pode até ser, porque nunca se sabe como estas coisas terminam, que Lula sofra um impeachment. Nada vai mudar e os escândalos continuarão se sucedendo, como continuaram depois da queda da República das Alagoas. Porque no fundo tudo continuará sendo jogo de cena. A essência da política brasileira nunca muda.

14 de junho de 2005, 19:34 | Comentários (9)



Sugestão da
Livraria Cultura

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mãos de cavalo,
por daniel galera

 

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