Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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povo molengão

O que será preciso para os brasileiros saírem às ruas em protesto contra essa bandalheira toda em Brasília? Os argentinos já teriam queimado sua câmara de deputados — mais uma vez. Os bolivianos teriam fechado estradas e exigido a renúncia do presidente. Os venezuelanos promoveriam marchas imensas.

Uma companheira de mesa de bar ontem comentava que uma colombiana, em visita ao Brasil, disse admirar muito a placidez de nosso povo. "Vocês conseguiram depor um presidente sem derramar uma gota de sangue", lembrou. Está certa. Mas isto não significa que mostrar a indignação nas ruas seja desnecessário. Significa, isto sim, que nossa democracia é saudável, os militares a respeitam, o presidente não pode mandar indiscriminadamente o batalhão de choque dispersar um protesto ordeiro.

O que tirou Collor do poder, afinal, foram os caras-pintadas, em conjunto com a pressão da mídia. E aí tocamos no ponto principal. Falta, desta vez, a coordenação da mídia para incentivar manifestações. É preciso que alguém com bom trânsito nos meios jornalísticos organize, digamos, panelaços em todas as capitais num mesmo dia e mesmo horário. Os contatos com jornalistas serviriam para amplificar a convocação, como aconteceu em 1992. Funcionou na época, deveria funcionar hoje.

O problema é surgir este líder. Os sindicatos e DCEs estão paralisados, já que desde sempre apoiaram o PT. Ainda devem estar tentando decidir se jogam no lixo o discurso de 20 anos, ou se seguem firmes com o partido até o fim da noite. Nenhum partido ou congressista tem envergadura moral para tanto, mesmo sendo honesto, porque para o povo agora são todos iguais. Restariam ONGs, artistas e jornalistas. Ou seja, a boa e velha sociedade civil. Alguém se habilita? Chico Buarque? Clóvis Rossi? Lobão? Marilena Chauí? Rappa? Mino Carta? Milton Gonçalves? Até a Regina Duarte aceitamos.

O protesto não precisa exigir nada. Deve apenas mostrar que o povo não é bobo, não está dormindo e que, se não cassarem alguns peixes graúdos, a canaille sabe se mobilizar. Preferivelmente, seria bem humorado e ordeiro. Mas não necessariamente. Um quebra-quebra também tem seu valor propagandístico.

8 de julho de 2005, 0:00 | Comentários (16)



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