Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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ainda o referendo

A irracionalidade domina as campanhas para o referendo, tanto do lado do "sim", quanto do lado do "não". Uns fingem que impedir o comércio vai impedir quem realmente quer uma arma de adquiri-la. Outros batem na tecla do direito a andar armado, como se adiantasse alguma coisa contra bandidos. Ambos fazem puro terrorismo com a população.

Alguns números podem jogar luz sobre as coisas. Como o Alexandre já comentou, finalmente foi feita alguma pesquisa sobre o uso de armas legais em crimes. Mostra que em 33% das ocorrências policiais as armas eram registradas. Número bastante significativo. As tabelas por tipo de crime, no entanto, indicam uma presença de armamento registrado em número maior: quase metade dos casos. Se alguém entendeu, por favor explique nos comentários.

Enquanto isso, a Veja faz terrorismo — é duro agüentar certas companhias na fileira do "não" —, mas traz alguns dados interessantes:

O país produz em torno de 200.000 armas por ano e exporta 70% delas, sobretudo para os Estados Unidos e para a Indonésia. Uma parte é vendida aqui diretamente às Forças Armadas e à polícia. Chegam às lojas em torno de 20.000 armas. A maioria é adquirida por empresas de segurança e 3.000 são compradas por pessoas comuns para uso particular. Os defensores da proibição do comércio legal desses artefatos argumentam que as armas acabam nas mãos de bandidos, roubadas em assaltos a residências ou nas ruas. Em vista das pesadas restrições que cercam a venda de armas no Brasil, todo o mastodôntico referendo foi criado, em última análise, para decidir sobre um reles arsenal de 3.000 revólveres e armas de caça vendidos por ano.

[...]

O governo federal gasta, por ano, 170 milhões de reais com segurança pública. Isso é menos do que os 270 milhões de reais que serão gastos com o referendo. Com esse dinheiro seria possível comprar 10 500 viaturas e 385 000 coletes à prova de bala para a polícia.

Com alguns dados, pode-se começar um debate mais produtivo. Lembrando sempre que, a rigor, o comércio continuará existindo, por causa da polícia, caçadores, praticantes de tiro ao alvo e empresas de segurança privada, todos com direito a comprar armas. E que o referendo é só sobre comércio, não sobre desarmamento, como andam dizendo por aí.

4 de outubro de 2005, 10:10 | Comentários (68)



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mãos de cavalo,
por daniel galera

 

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