Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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homo economicus

Uma pesquisa conjunta das revistas de economia e política Foreign Affairs e Prospect faz a lista dos cem intelectuais mais populares do mundo.

Chama a atenção antes de mais nada o fato de os economistas das duas publicações, a primeira norte-americana, a segunda britânica, não entenderem nada de estatística. Ou entenderem bem o suficiente para saber que se prova qualquer coisa com elas. Para começar, a quantidade desproporcional de economistas na listagem indica sobretudo o fato de a maioria dos leitores de revistas de economia serem economistas ou gente que leva essa ciência nada exata a sério. Em segundo, votações via web são sempre distorcidas, já que a amostra não é aleatória, mas reúne somente indivíduos interessados — coisa que as próprias publicações admitem, no caso de Hitchens e Soroush, que pediram fotos em seus sites pessoais.

Deixando de lado o fato de a pesquisa não provar absolutamente nada, dá para se divertir um pouco com a lista. O papa Bento XVI, por exemplo, está em 17º lugar. Não é o único religioso: o aiatolá iraniano Ali Al-Sistani está em 30º e Paul Wolfowitz, um tipo de aiatolá norte-americano, está em 19°. Ninguém explica quando foi que fanáticos religiosos ganharam o título de intelectuais. Para não ser injusto, um fanático de esquerda ficou em primeiríssimo: Noam Chomsky.

Dos franceses mais conhecidos, somente Jean Baudrillard entrou na lista dos cem melhores, em colocação relativamente boa no 22º lugar. Para a vergonha do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, em 43°, é nosso único homem popular lá fora. Enfim, ao menos sabe escrever quase direito — Lula em uma lista de intelectuais seria ainda pior. Há muitos pensadores de origem árabe ou asiática na listagem, o que indica alguma abertura do Ocidente a um intercâmbio cultural com esse outro mundo, ao menos no campo econômico. O fato de dois biólogos atingirem boas posições — Dawkins em 3° e Diamond em 9° — entre um monte de economistas sugere um futuro negro para o humanismo.

Alguns que realmente merecem estar lá são Umberto Eco [2°], Hitchens [5°], Krugman [6°], Habermas [7°], Hobsbawm [18°], Lessig [40°] e Sloterdijk [78°]. Surpreendemente, Jaron Lanier [89°], um dos mais sensatos críticos da informática, embora um pouco desconhecido, entrou na lista.

2 de novembro de 2005, 13:38 | Comentários (14)



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