Morri.

Se um bilhão de macacos for colocado na frente de um bilhão de computadores e todos eles digitarem dados aleatórios no Programa da Receita Federal para entrega do Imposto de Renda 2006, exercício 2005, eventualmente um deles fará uma declaração legalmente correta.

Foi com fé nisso que eu fiz a minha agora, em cinco minutos.

Trabalhando como um negro, uma concorrência na agência. Gostando. Brincando de massinha de modelar com o Santiago nas horas vagas. E de garagem de Matchbox. Lendo pouco, pouco mesmo. Novelinha mergulhada no oblívio. Um dia desses relerei e avaliarei se vale o esforço de encadernar mais uma leva. Provavelmente não. Passeando de carro com o Santiago às sete da manhã e ouvindo as obras completas do Yann Tiersen. Poderia escutar só isso até morrer. Grande Rentería.

O quanto um episódio da vida real pode se parecer com um conto labiríntico do David Foster Wallace?

Confira aqui.

Via Diário de Lisboa.

Sessão de autógrafos amanhã, terça, dia 25, a partir das 19h, na Cultura.

Pare tudo e veja isso.

Depois agradeça diretamente ao Daniel Galera comprando o livro novo dele.

--- Marcelo Träsel wrote:

> teu filho me ligou no celular ontem.
>
> sabe o que ele queria? a gisele desligou antes que o
> guri pudesse dizer.

Semana X-Men no Dave Long Box.

Não perderei.

Se vocês não levam a mal, vou deletar aquele post com a minha cara de pinguço.

Era pra ser um lembrete sobre os malefícios da cerveja grátis, mas já cumpriu seu objetivo.

Pode ser?

Obrigado.

*Santiago, se despedindo das fraldas cagadas.

Primeira sentença pronunciada pelo Santiago: "Ichemeu!"

Significando, é claro, "Isso é meu!"

Este é o tamanho da pedra, finalmente detectada por um raio X, depois de mais uma madrugada fagueira andando de táxi e grunhindo de dor pra lá e pra cá.

Como não é das maiores,não vale a pena usar nenhuma técnica pra quebrá-la, é melhor deixar ir embora, ainda mais que já se encontra no finalzinho do uréter, também conhecido como ureter.

Por via da dúvidas, fui até o Mercado comprar o chá "Flor de Pedra", recomendado pelo taxista da volta. "Tu mija e nem sente, o troço vira pó!" Encontrei numa Flora, ao lado de uns diabinhos de louça.

É um monte de galhinhos e uns musgos, lembra um pouco patas de caranguejeira.

Está cozinhando lá na panela enquanto conversamos.

Meu saudoso bisavô morreu com 105 anos, tendo dirigido automóveis até os 85, quando sua carteira de motorista foi inexplicavelmente cassada.

Ele foi também um dos primeiros vendedores de passagens da Varig no Brasil, ou pelo menos o único desta primeira geração que viveu tanto.

Por isso, quando fez 80 ou 90 anos, ganhou da companhia duas passagens ida e volta para qualquer lugar do mundo.

Ida e volta. Qualquer lugar do mundo.

Aproveitou para conhecer Brasília.

Alguns posts abaixo eu escrevi que gostaria de morar em cidades como Lisboa, Madri ou Barcelona.

No mesmo dia leio duas notícias: esta e esta.

Alguma dúvida sobre qual o melhor destino?

Qual a diferença entre carnear um porco e ministrar remédios a uma criança de dois anos?

O porco eventualmente pára de se debater.

Ontem de noite, de novo: começou com um leve desconforto na região lombar e depois parecia que tinha alguém escarafunchando meu rim com uma chave de fenda, mas de uma forma gentil desta vez.

Tomei um litro de água, esperei um tempo e, depois de mijar, passou.

Preciso ir num rinocerontologista.

O Grenal da Lisi e do Fanti. (não achei permalink, mas é um dos últimos posts.

Meu pai me levou em uma série de jogos, quando eu tinha uns oito ou nove anos. Me lembro de ter visto um cara todo ensangüentado uma vez, ao lado da fila pra comprar ingressos. Ele tava de pé, meio desnorteado, e parecia que tinha sido cortado superficialmente por umas seiscentas navalhas. Não esqueço desta imagem.

Hoje em dia não levaria meu filho nem em amistoso.

A sensação de entropia é parte da natureza humana, mas tem coisas que são objetivas: eu fui a jogos do Inter com meu pai, meu filho provavelmente não vai.

No caminho para o trabalho, passa pela minha frente um homem todo de laranja, com os cabelos raspados e um olhar beatífico.

"Um lama."

Passo por ele e percebo que carrega algo numa das mãos, oculto pelo seu corpo. Verde, parece um baldinho de praia.

Viro para trás de modo a enxergar melhor o objeto. É um capacete desses que se usa em obras.

"Um operário."

A mesma coisa, praticamente.

Melhoras. As drogas começam a fazer efeito. Hoje teremos a quarta dose de antibióticos, agora com a ampola inteira. São dez, até segunda que vem.

Minha sogra tá dando uma mão legal.

Ontem parecia um saco de batatas, mas hoje até voltou a tentar expulsar a babá quando ela chega pra ficar com ele.

A conjuntivite melhorou bastante, também. Ontem ele parecia o Victor do Pet Sematary.

Segue a vida.

Santiago: a febre não baixa de 39.

Como ele vomita os remédios de gotinhas e não bebe os que misturamos no suco, temos que apelar para os POPOSITÓRIOS. Estes também nem sempre funcionam.

Placas de pus na garganta, tosse de cachorro, nariz ranhento, apatia, palidez e, plus ultra, CONJUNTIVITE.

Nos dois olhos.

O doutor dobrou a dose de antibióticos.

Espero que amanhã ele esteja melhor.

E que sacanagem os irmãos Voshorowsky fizeram com o Alan Moore, hein?

Vi o filme sábado de tarde e de noite resolvi reler o V, só pra dimensionar o estrago.

Acho que isso explica a crise reumática.

Só pra resumir o horror em uma cena: o V CHORA quando a Evey vai embora.

CHORA de SOLUÇAR e ter CHILIQUE e QUEBRAR COISAS.

Meu final de semana:

-minha mulher está em São Paulo por uma semana, treinamento do emprego novo;

-ficamos eu e Santiago cuidando da casa;

-Santiago pegou um FEBRÃO nos primeiros dias: 39,5, com tosse e nariz permanentemente pingando;

-dormiu mal de quinta pra sexta e de sexta pra sábado, acordando várias vezes;

-na noite de sábado pra domingo, deixei-o com a vovó pra que eu pudesse dormir pelo menos UMA noite direito;

-acordei às duas da manhã, com uma ADAGA cravada na altura do estômago, à esquerda;

-a princípio achei que tivesse sido o jantar;

-diligentemente fui até o banheiro, enfiei o dedo na goela e vomitei as tripas;

-continuou doendo MUITO

-começou a me dar uma tremedeira;

-desconfiei de pedra no rim, já tive uma vez

-peguei um táxi e fui até a emergência do Moinhos;

-tão somente para descobrir que eles não aceitam Unimed;

-peguei outro táxi para a emergência do Mâe de Deus;

-conheci Deus na forma de Buscopan composto na veia;

-fiz exame de sangue, urina e ecografia;

- não acharam nada;

-saí do hospital às sete da manhã;

-passei o dia cuidando do Santiago;

-ele precisa tomar DEZ injeções de antibiótico desta vez;

-não dormiu nem comeu o domingo todo

-sucumbiu às dez da noite;

-acordou às duas e meia;

-não dormiu mais;

-quatro da manhã, eu e ele brincando de bolinha de sabão na sala;

-seis da manhã, fomos dar uma volta de carro, até a zona sul;

-oito da manhã, fomos os primeiros clientes do Zaffari Bordini

-não sinto sono agora;

-urinando de cinco em cinco minutos;

-e acho que o Rentería e o Sobis deviam ter entrado antes.

Träsel (COM TREMA) divaga sobre emigração.

Sei lá, estive duas vezes nos EUA e quatro na Europa e passo metade do meu dia sonhando acordado em morar por uma longa temporada no Velho Continente. Nos EUA acho que não rolava, mas na Europa, certamente.

Por outro lado, já passei da idade de fazer isso, com mulher e filhos é um pouco mais complicado e, sim, por mais que não pareça ou que pareça constrangedor, sou apegado à minha família, mãe, pai, irmã.

Racionalmente, esta questão está liquidada, mas isso não impede que volte e volte e volte.

Queria que o meu filho crescesse numa cidade pensada pra ser cidade, com grandes parques, como Lisboa, Madri ou Barcelona.

E um pouco mais de segurança, é claro.

Bá, que maravilha.

O bigodudo à esquerda se chama Black Jack Tarr e desempenhava o papel de ogro de bom coração nas histórias do Mestre do Kung Fu nos anos 70. Grosso como dedão destroncado, gostava de "matar amarelos" à metralhadas e não poupava nem mesmo Shang Chi de sua incorreção política.

Em suma, um personagem legal.

Sábado passei os olhos na volta do Mestre do Kung Fu, citada nos comentários do post anterior. O mesmo roteirista, o mesmo desenhista e os mesmos personagens, 25 anos depois.

É uma bosta.

Poderia escrever um tratado sobre o assunto, mas prefiro me concentrar num só aspecto, que é justamente o aspecto do Black Jack Tarr. Pena eu não ter a revista e um scanner aqui à mão, mas agora ele está mais magro, mais jovem, com o cabelo bem aparado e metodicamente arrepiado, as sobrancelhas bem desenhadas, uns olhões de mangá e, holocausto supremo, um bigodinho e uma barbicha milimetricamente cortados.

Em suma, virou um metrossexual.

A história da cultura ocidental no último quarto de século está toda resumida no que aconteceu com o Black Jack Tarr.