por Marcelo Firpo

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História do Olho

Depois de vários anos, estou começando a usar óculos de novo. Começando é uma boa palavra para descrever o processo. É apenas um grau de miopia em um dos olhos, nada de muito dramático, então tendo a usar mais no cinema, para dirigir na estrada e à noite. Mais do que focados, os objetos parecem ligeiramente menores quando estou de óculos.

Tenho os dois olhos operados, um com laser e o outro com bisturi. Curiosamente, o que passou pelo laser é que apresentou este retrocesso. Operar o olho com bisturi, há cerca de quinze anos, foi uma experiência muito, muito legal. O médico coloca um daqueles artefatos tipo laranja mecânica para impedir o fechamento das pálpebras, acende uma luzinha num ponto fixo a cerca de quinze centímetros de distância e te pede para fixar a visão nela e ignorar quando ela começar a se mexer ou se desmanchar. E é o que acontece, quando o cirurgião começa a fatiar o teu olho como uma pizza, movimentando o globo ocular de um lado para o outro. Achei muito lúdica a experiência, tanto é que me lembro até hoje do médico dizendo que nunca tinha operado ninguém que tivesse ficado tão quieto e com o olhar tão fixo durante a cirurgia, e que por isso iria fazer mais uns cortes. Meu pai, por exemplo, fazendo a mesma cirurgia, conseguiu dormir, com movimento rápido dos olhos e tudo, o que certamente trouxe resultados não muito desejáveis.

Muito chato usar óculos depois de tanto tempo sem. Pretendo fazer de novo a cirurgia. Pena que não façam mais com bisturi.

28/02/2007 10:43 | Comentários (8) | TrackBack (0)


O despertar de uma vocação

Santiago me acordando hoje de manhã:

-Papai, eu quero tocar TUBA.

26/02/2007 08:58 | Comentários (12) | TrackBack (0)


Mais sobre música e bolitas

O Cai-Não-Cai, que estupidamente eu chamei de Balança-Mas-Não-Cai no post abaixo, fez grande sucesso lá em casa. O Santiago não entendeu muito o conceito de jogo, isto é, que cada um tem que puxar as varetas na sua vez e que a queda das bolitas é, em última instância, uma coisa ruim para o agente causador, mas se divertiu bastante com o objeto e sua dinâmica em si. Pra ele, o legal é ver as bolitas despencando, e a parte de colocar as varetas nos furinhos, apenas uma formalidade burocrática. Rumo ao Pula-Pirata, agora.

No quesito música, tocamos violões ontem. Pesquisei nos sites da Ospa e Theatro São Pedro sobre apresentações, mas um ainda não tem a programação e outro tem coisas esdrúxulas e antiproletárias, como um projeto com entrada franca às 18:30. Eu ia sempre ouvir música de graça no foyer quando ainda não trabalhava, já que morava bem perto, no beco da João Manoel. Depois, nunca mais.

23/02/2007 15:19 | Comentários (8) | TrackBack (0)


Ennui

Até o momento, Santiago brinca praticamente só com carrinhos e caminhões, de diversos tamanhos. Tem também umas casas de playmobil herdadas do pai, mas ele brinca com elas junto com os carrinhos, faz com que eles entrem pelas portas como pessoas, desprezando os playmobils em si.

Também desenha, joga bola, vai na praça, na piscina e volta e meia joga no computador comigo, mas nada disso ameniza a aflição que sinto por achar o dia dele absurdamente entediante. Tinha a escolinha, mas como ele ficava gripado toda a semana - o que só corroborou a suspeita de que a maioria dessas creches são só um depósito onde as crianças ficam trocando germes - acabamos tirando.

Sim, é um pouco daquele velho papo saudosista de minha-infância-era-mais-saudável, mas ao menos sou capaz de me dar conta de que as minhas lembranças são de quatro, cinco anos pra cima, idades em que o Santiago ainda está meio longe de chegar. De qualquer forma, passo o dia todo pensando em formas de atenuar o tédio abissal que eu imagino que ele sinta. Acho que está na hora de propôr uns joguinhos, tipo pula-pirata ou balança-mas-não-cai, mas dificilmente encontro esse tipo de brinquedo nas lojas. Um pouco cedo pra War e Banco Imobiliário ainda.

Outra: ele gosta muito de ver músicos tocando. Na Espanha, tinha essa orquestra de câmara completa tocando por moedas, na frente da Fnac, e ele ficava magnetizado. Aqui não consigo atinar onde posso levá-lo. Vai acabar na praça da Alfândega, ouvindo o "El Condor Pasa" dos bolivianos.

22/02/2007 14:36 | Comentários (13) | TrackBack (0)


Sim, existe um deus, mas ele é inominavelmente cruel

Foi um carnaval tão ruim, mas tão ruim, que eu tenho dúvidas até se ainda consigo escrever a respeito. Três dias e noites trancados, eu, filho, mulher e mais sogra, num minúsculo apartamento, desfile das escolas na televisão, uma chuva fina, fria e constante lá fora. Como explicar pra uma criança que a praia que tu prometeu durante a semana toda, aquela pela qual ele enfrentou duas horas de estrada, simplesmente não vai rolar, por causa da chuva? E nem no dia seguinte? E nem no outro? De cinco em cinco minutos Santiago se levantava, largava os poucos brinquedos no chão e dizia, resoluto, enfatizando a última palavra: "vamos brincar na areia" ou "vamos pular as ondas". Quando solteiro, nunca tive nada contra chuva na praia, porque era uma boa desculpa pra não fazer nada, dormir ou ler um livro. Achava graça da obsessão das pessoas com as condições climáticas, inclusive. Mas com criança, chuva é simplesmente o armagedon. Tu tem que ficar o tempo todo achando um jeito de distraí-la, entretê-la. Tu só pode dormir ou descansar quando, exausta de não fazer nada, ela dorme. Fora isso, o frio. Só levamos roupas de verão, porque quando saímos de Porto Alegre, era verão. Sabe-se lá por que dobra espaço-temporal passamos durante a viagem, mas o fato é que passamos três dias de inverno em Torres.

E, por uma crudelíssima ironia do destino, o nome do edifício em que ficamos era "Olinda".

21/02/2007 13:03 | Comentários (13) | TrackBack (0)


Momo

Bom carnaval pra todo mundo. Estarei em Torres durante o feriado. Meu corpo, ao menos. Meu espírito estará em Olinda, cantando o Hino do Elefante.

16/02/2007 17:02 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Pra ficar calminho

Keren Ann, que é uma cantora francesa, e Bardi Johannson, que não faço idéia quem seja, cantando "Stephanie Says", Velvet Underground.

B om d ia .

13/02/2007 07:49 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Generalitat

O exilado político Walter dá a real sobre Barcelona no seu blog. Certamente um dos melhores lugares que eu já visitei, junto com Freiburg. É uma lástima que não saibam fazer cidades no Brasil.

12/02/2007 19:19 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Criancinhas

Fui ver ontem "Pecados Íntimos", tradução fidelíssima de "Little Children". É baseado num romance, e recorre em vários trechos à narração em off, o que, combinado à temática suburbana e moral, lembra bastante os episódios de "A Vida Como Ela É". Apesar disso e de uma certa tendência "Babel/Crash", aquela coisa de que no final das contas estamos todos interligados, o que mais no final das contas ainda é uma platitude, é um bom filme. Tem no mínimo duas seqüências memoráveis: a entrada do pedófilo na piscina pública e o seu encontro com uma coitada, arranjado pela mãe, esta também muito bem interpretada. O final não surpreende muito e, ainda que correto em relação aos pressupostos do filme, talvez tenha me incomodado um pouco pela moralidade meio fatalista. De qualquer forma, me fez ficar pensando sobre os personagens e suas escolhas - ou sua incapacidade de fazê-las - por um bom tempo.

12/02/2007 08:49 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Stand-up comedian

Impressões sobre Apocalypto: a reconstituição de época é boa, mas a pronúncia maia dos atores merecia mais cuidados, principalmente nos verbos transitivos, o que é realmente uma lástima. (platéia não pegou esta, retirar das próximas apresentações) É provavelmente o único filme machão do mundo em que todos os personagens andam de tanga fio dental pra lá e pra cá enquanto se trucidam. (funcionou bem) O protagonista é a lata do Ronaldinho Gaúcho; quando faz umas expressões matreiras então, a gente chega a esperar que ele bata uma falta. (boa, futebol sempre funciona) O Mel Gibson é muito grosso, está para a violência como o Mel Brooks está para o humor. (colocar uma gracinha aqui nas próximas) Gostaria de aproveitar para indicar ao troféu Joselito a família que assistiu a mesma sessão que eu e levou a BISA, que devia ter uns 75, 80 anos e ficou até o fim, (aumentar esta pausa nas próximas) provavelmente por causa da apoplexia. (boa, talvez trocar apoplexia por coma) Pra mim, o mais doentio não são as vísceras voando ou a pantera arrancando um maxilar, mas a combinação disso com soluções absolutamente convencionais e hollywoodianas, como o eclipse na hora h, o legítimo total eclipse do coração. (metade não pegou, talvez cantar trecho da música simultaneamente à interpretação da cena) Mel está se especializando em mostrar pessoas ou grupos étnicos tomando as surras de suas vidas.(aumentar esta pausa) Não vejo a hora dele chegar no Holocausto.

10/02/2007 16:59 | Comentários (12) | TrackBack (0)


Descobriu a Last ontem. E de noite.

Hanne Hukkelberg. Como não gostar de alguém com um nome desses?

09/02/2007 13:10 | Comentários (3) | TrackBack (0)


Bronques

IMG_8769b.jpg

Seeing pictures of intoxicated partiers when you’re sober is almost as annoying as hanging out with intoxicated partiers when you’re sober. The photos on Last Night’s Party are different. There is erotic tension in these images; there is no sense that the act of picture taking jarred the subjects down to reality. They are fleeting, glorious moments that have been frozen digitally forever. The subjects may be ordinary hipsters, but they possess the sheen of celebrity. In other words, they are moments you want to be part of.

Explicação mais ou menos boa pro fascínio que as fotos do lastnightsparty me despertam. Lendo a matéria, não sei ao certo se fiquei decepcionado com o fato dele dirigir as fotos ou surpreso com o fato dele conseguir fazer isso, mesmo sabendo que os modelos são todos bebuns e tarjapretas. E que nome increíble, Merlin Bronques.

07/02/2007 17:22 | Comentários (9) | TrackBack (0)


Dez anos depois o velho senhor que não sai mais descobre a banda

É sempre assim: tu tá meio distraído, olhando pra lugar nenhum, preocupado com os afazeres diários e a conta bancária quando, assim, a troco de nada, a Beleza vem e te dá uma cadeirada no pescoço.

Foi há duas semanas. Tava um pouco estressado demais com tudo e resolvi passar um final de semana sozinho na praia, pra tentar não pensar na vida. No meio da freeway, ouvindo a Cultura, me entra esse pianinho beatle, seguido de bateria, aí faz um floreio que imediatamente me lembra a segunda estrofe de "empty box blues" do opal, e então entra um vocal, e a primeira frase soa meio hesitante, eu cravo as unhas no volante pensando "putalamerda não vai me cagar essa música com um vocal ruim", mas logo a seguir ele engata a segunda frase e sim, é um bom vocalista, e isso nos libera pra prestar a atenção na letra, e é uma boa letra, e logo quando eu me dou conta disso sou praticamente atropelado pelo refrão, avassalador. "Preciso saber quem toca isso", arfo, um milhão de possibilidades passa pela minha cabeça, nenhuma se encaixa, tendo a achar que é um cantor novo de mpb, não me ocorre ser uma banda, porque soa tão autoral no bom sentido, e aí me borro de medo do locutor da rádio falar o nome do sujeito rápido demais ou inaudível demais ou, terror dos terrores, entrar direto um bloco de comerciais e eu jamais ficar sabendo quem era.

Aconteceu isso uma vez em Montevideo, eu tinha uns quatorze anos, demorei mais uns dois ou três pra descobrir que aquele trechinho de música que escutei pertencia a "so good today", dos woodentops. No auge do desespero, procuro me agarrar a um pedaço da letra, pra digitar no google depois e, com um pouquinho de sorte, chegar à canção, e é então que minha memória crava os dentes em uma frase que fala alguma coisa sobre encontrar algo que vale a pena no fundo do poço. A música termina, eu ouço com atenção todo o bloco, tentando identificar as músicas seguintes, o que facilitaria a localização quando o locutor anunciá-las pela ordem no final, mas ele jamais faz isso, simplesmente entram os comerciais e depois solta outro bloco de músicas e fodeu, brasil, jamais saberemos.

Hoje, lendo um blog que eu nunca tinha lido antes, o do Takeda, me deparo com um post lá por outubro ou setembro, sobre a Pública, e não me interessaria muito, porque tendo a achar, mui equivocadamente, que todas as bandas gaúchas novas cantam em inglês e são pastiches de britpop, só que no final do texto ele reproduz um trecho da letra de uma música chamada "Long Plays" e é simplesmente "no fundo desse poço achei algo que vale a pena".

Jamais imaginaria que essa música seria de uma banda daqui. Além de ser estupidamente boa, não parece com nada que veio antes, pelo menos não do róque. Me dá uma saudade de coisas que mal vivi, anos setenta, a época em que se falava em música popular gaúcha e não se estava sendo irônico, e tenho até receio de falar dos cantores que me vêm à cabeça, pra não parecer eu o irônico. Nostalgia de uma época em que parecia que as coisas iam dar certo ou pelo menos meio certo, em Porto Alegre e no Brasil.

No fundo deste poço achei algo que vale a pena.

06/02/2007 17:46 | Comentários (11) | TrackBack (0)


Feriado

Torres, com Santiago e espousa. Talvez seja a idade avançada, mas pela primeira vez fiquei realmente considerando a hipótese de abrir uma quitanda e morar num lugar desses. Tinha vento lá. Precisei explicar pro Santiago o conceito de vento, porque aqui em Porto Alegre não tem. E casquinha de siri. Um alaminuta com grandes quantidades de peixe, ovos, feijão, arroz, tomate, alface e batata frita custava menos que dez reais. Cheio de uruguaios, que são basicamente as melhores pessoas, digníssimos. Comprei um El Dia e um Clarin numa Panvel, veja só. Santiago pulou ondas, escavou atrás de tatuíras, se atracou em milhos e engoliu litros de água salgada. Quase nos matou de cansaço, mas foi muito bom. Não consegui nem tocar no "Histórias Fantásticas" do Bioy Casares. Corri duas vezes no calçadão.

Se tivesse voltado pela freeway de olhos vendados, acho que conseguiria indicar com alguma exatidão a proximidade de Porto Alegre, só pelo bafo opressivo e pelo suor pegajoso, praticamente instantâneos. Pior lugar do mundo pra construir uma cidade, pântano dos infernos.

05/02/2007 08:49 | Comentários (2) | TrackBack (0)