por Marcelo Firpo

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Undercoat

Você está na agência, matando tempo enquanto o layout de algumas campanhas fica pronto. Você procura por uns mp3 de Sufjan Stevens. Você percorre vários mp3blogs obscuros, apresentando dezenas e dezenas de nomes e capas de discos jamais vistos, incapazes de despertar mesmo a mais pálida sensação de familiaridade. Você sente uma vaga melancolia pela sua incapacidade de ouvir ou ao menos ter uma vaga idéia de tudo. Seus olhos mal têm tempo de registrar tudo o que passa pela sua frente, mas eis que numa fração de segundos eles simplesmente cravam numa imagem:

j13841x93nv.jpg

A seguir, eles encontram as seguintes palavras: Emily Jane White - Dark Undercoat [2007].

E você simplesmente sabe que aquilo é bom. Sem nunca ter ouvido.

Você lê uma rápida descrição do trabalho da artista mas é quase que uma formalidade: o bom gosto da foto, a escolha do nome do disco e, por estranho que pareça, o próprio nome da mulher, seja ele artístico ou de batismo, já se encarregaram de te dar a certeza de que aquilo é bom. Uma certeza, por assim dizer, intestina.

Você procura no youtube, clica no primeiro dos links e aparece isso:

A beleza é uma espécie de religião, não é?

26/02/2008 00:49 | Comentários (8) | TrackBack (0)


Gancho

Terminei de ler "Os detetives selvagens". O problema é que, faltando dez páginas pro final, uma das personagens cita de forma indireta o ano de 2666, que vem a ser justamente o nome do último romance do autor, publicado postumamente. E o problema maior é que "2666" tem cerca de 1.120 páginas na edição em espanhol, que se não me engano é a única disponível no momento. Sinceramente não sei o que é pior: esperar pela tradução em inglês, que se já não saiu deve estar em vias de ou tentar ler no original, mas sabendo que meu espanhol não é tão bom assim. Claro, há sempre a alternativa de esperar pelo próprio ano de 2666, quando deve sair a edição em português.

20/02/2008 18:34 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Orquesta

Trouxe um CD de tango da viagem, comprado em San Telmo, de uma típica chamada El Afronte. Gosto de tango. Meu pai e meu avô ouviam muito, mas faz pouco, tipo uns cinco ou seis anos, que eu mesmo comecei a me interessar pelo assunto. Comecei com Piazolla e fui descendo, mas confesso que não tenho ainda muita paciência para gravações originais. Talvez seja isso o mais legal deste CD: eles misturam várias épocas sem muita cerimônia, de tangos que, pela letra, devem ter sido compostos anteontem a peças bem antigas, mas todas com a mesma qualidade de gravação. "Cuesta abajo", por exemplo, era uma melodia que eu sempre tinha achado interessante, mas só agora pude me dar conta do quanto gosto da música toda, letra incluída. Nada pode traduzir melhor a nostalgia da juventude perdida do que este refrão:

Era para mí la vida entera
como un sol de primavera
mi esperanza y mi pasión.

Sabía que en el mundo no cabía
toda la humilde alegría
de mi pobre corazón.

É uma experiência interessante dirigir por Porto Alegre ouvindo tango. O cérebro meio que se engana e, por alguns lapsos de tempo, vem uma sensação de se estar vivendo numa cidade ideal, mitológica. É parecido com dirigir ouvindo frevo: pensa-se muito nas coisas que poderiam ter sido.

Incrível. Duas civilizações tão próximas histórica e geograficamente, ambas utilizando quase o mesmíssimo instrumento de fole, com resultados tão diferentes. Lá o tango, aqui o vanerão. Lá Gardel, aqui Rui Biriva. É de se desesperar mesmo.

11/02/2008 21:18 | Comentários (13) | TrackBack (0)


Assim sem você

Santiago com a vovó, na praia, por uma semana.

O engraçado é que, até pegar a estrada de volta, minha maior preocupação era se ele ia agüentar tanto tempo longe.

11/02/2008 13:12 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Bolaño

Talvez um pouco impressionado pelas críticas hiperbólicas, que fazem comparações com Borges, falam em "réplica a Rayuela" e identificam "um novo caminho para a literatura latino-americana do próximo século", comecei esse "Detetives Selvagens" com um pouco de cerimônia. Não demorou muito, entretanto, pro livro me desarmar: é facílimo de ler, fluente, e joga o tempo todo com as expectativas, na medida em que abre grandes digressões, decepcionantes a princípio para quem busca seguir a meada da história, mas que aos poucos se constroem, se sustentam e se fazem interessantes. Leio umas dez páginas por dia, estou ali pela quatrocentos, mais umas duzentas pela frente, mas a estrutura é semelhante a ler um conjunto de pequenos contos. Acho que fiz bem em trazer outros livros desse sujeito da viagem. Se alguém tiver dicas de escritores hispânicos mais ou menos novos e interessantes, comenta aí.

08/02/2008 12:44 | Comentários (2) | TrackBack (0)


Sirvam nossas façanhas

Rio Grande do Sul, entre os cinco melhores do mundo.

Valeu, Emiliano.

07/02/2008 21:52 | Comentários (5) | TrackBack (0)


Here comes nobody

Eu sentado num banco de shopping em Palermo, o Santiago de olho roxo dormindo no meu colo, esperando o tempo passar. Resolvo começar a jogar "Brasileiro ou Argentino?", que consiste em olhar pessoas que vêm caminhando de longe, optar se são nativas ou turistas e depois conferir a resposta apurando um pouquinho o ouvido quando passam conversando.

Invariavelmente, todas as pessoas que se vestiam como se tivessem acabado de saquear uma loja de departamentos às escuras eram brasileiras.

07/02/2008 15:11 | Comentários (4) | TrackBack (0)


Jesus H. Christ riding a bycicle down the street

Buenos Aires no carnaval, notas rápidas:

-Santiago, justificando o jejum de um dia inteiro: "Eu quero ficar desse tamanho mesmo".

-Fiquei com a estranha sensação de que fiz mais coisas na última vez em que fomos, no feriado de Tiradentes passado, mesmo tendo chovido três dias sem parar. Talvez tenha sido o impacto de ter revisto a cidade depois de muito tempo, sei lá, só sei que desta vez me pareceu tudo meio normal;

-Ainda assim, comprei dois livros do Roberto Bolaño, que pretendo começar logo depois de "Os detetives selvagens", um CD de tango de uma banda de rua e umas roupas;

-Vi um assalto à luz do dia, em Palermo. Um carinha fugindo de um velhote pelo meio da rua, passa uma moto, o carinha pula na garupa ainda em movimento, o velhote fica gritando, a moto dá uma guinada na primeira esquina e desaparece. Zero de violência, mas cheio de plasticidade, a imagem do cara voando pra cima da moto ainda vívida na minha memória. Parecia que a qualquer momento alguém ia gritar num megafone "corta";

-Ok, deixei o melhor pro final, o verdadeiro motivo pelo qual essa viagem não foi tão legal quanto a última: estamos em Puerto Madero, eu achando tudo meio pra turista demais, resolvemos sentar num restaurante pra comer porque o Santiago já está pingando de sono e certamente vai dormir no táxi na volta. Ele está no último pico de euforia, correndo pra lá e pra cá com a máscara de Power Ranger que acabou de ganhar. Minha mulher termina de comer antes de mim, peço pra ela ficar um pouco com ele, me viro pra terminar uns canelones sem graça e no instante seguinte o guri já está berrando. Não me lembro se cheguei a ver a queda em si, até acho que sim, mas o fato é que, de máscara, ele não enxergou um desnível de um canteiro, tropeçou e bateu com a têmpora esquerda na quina de um sólido banco de madeira. Pego ele no colo, tiramos a máscara, a cara dele já está toda deformada, praticamente dá pra ver o inchaço acontecer, um belo ovo nascendo por baixo da pele. Saímos dali correndo, nos atiramos em um táxi que nos leva a um hospital nas proximidades e lá ele tira duas radiografias pra ver se quebrou o osso. Um pouco mais pro lado e teria pego em cheio no olho. Na manhã seguinte ainda o levo num hospital oftalmólogico, só por desencargo de consciência, mas foi só a contusão mesmo. Ele fica parecendo aquele corcundinha de Notre Dame de um desenho da Disney, o olho meio fechado, mas aos poucos o inchaço vai passando e toda a região vai ficando matizada de roxo escuro e de vermelho vivo. Nós, pais, entretanto, passamos a adotar uma atenção ligeiramente histérica, como se ao menor descuido uma manada de gnus fosse surgir do nada e passar por cima dele. Tipo, de novo.

06/02/2008 12:20 | Comentários (16) | TrackBack (0)


Vai se acostumando

"The Great Circus Mystery Starring Mickey & Minnie", final da segunda fase. Eu e Santiago já enfrentamos palhacinhos diabólicos formados só por pés e cabeça, balões com carrancas que explodem e soltam bombas, macaquinhos assassinos que atiram tomates, um lobo psicopata malabarista, pés de alface satânicos ambulantes, um leão mefistotélico, caracóis infernais, espinhos, cobras, uma tartaruga hellraiser e esquilos voadores claramente mal-intencionados, quando ele subitamente se vira pra mim e pergunta:

"Papai, por que tá todo mundo contra a gente?"

02/02/2008 09:50 | Comentários (2) | TrackBack (0)


Learning curve

Ontem no final da tarde minha sogra me ligou, ela estava lá em casa e o Santiago tinha entrado em loop, pedindo para ligar o Playstation. Como ela não sabia, me ligou e, à distância, consegui com que ela ligasse todos os fios, colocasse no canal certo e ainda selecionasse, entre os 1000 jogos da lista escritos em corpo 4, o "Great Circus sei-lá-o-quê apresentando Mickey e Minnie". Levamos uns dez minutos na operação, mas funcionou. Depois que desliguei, fiquei pensando que aquilo ia distrair o Santiago só por algum tempo, porque na real ele não ia conseguir passar sozinho do final da primeira fase, onde teria que enfrentar um lobo diabólico que faz malabarismos com tochas, o qual a gente só consegue vencer em dupla, geralmente comigo tomando a frente da ofensiva. Quando cheguei em casa, mais tarde, a vovó me disse que ele não só tinha ensinado ela a jogar como juntos tinham superado o lobo do final da primeira fase e também o leão monstruoso e a tartaruga hellraiser, que ficam no final das duas fases seguintes, sendo a tartaruga um oponente que eu mesmo nunca sei se vou conseguir ultrapassar ou não. Fiquei besta.

01/02/2008 08:36 | Comentários (2) | TrackBack (0)