por Marcelo Firpo

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Rusky

Estava fascinado pelos hooligans ingleses, mas isso foi antes de conhecer os russos.

No país em que o envenamento é uma política de Estado, o hooliganismo é praticamente um esporte, como mostram alguns dos vídeos que encontrei.

Este aqui, pra começar, e sua ainda mais inacreditável parte dois.

Ou este aqui, em que aparentemente terminam todos amigos, cantando o mesmo coro.

Ou mesmo este, ou este.

Fico me perguntando se existe alguma regra de etiqueta. Pode-se usar porrete, soqueiras e facas, por exemplo? Até quantas vezes é de bom tom chutar a cabeça de um oponente desacordado? Pode-se roubar os pertences de alguém nestas condições?

Eles devem ter até um calendário anual deste tipo de evento por lá.

30/11/2006 17:14 | Comentários (5) | TrackBack (0)


Eyeless in Gaza

Alguém faz alguma idéia do porquê de alguns comentários dos posts estarem sumindo?

Já vi acontecer com dois deles. Nenhuma pista.

30/11/2006 14:46 | Comentários (3) | TrackBack (0)


"My grandfather killed your grandfather..."

Bá, muito legal este post do Walter contando sobre o furdunço na saída do PSG x Telaviv, em Paris. Hollywoodiano mesmo, eu diria.

De brinde, o documentário sobre hooligans na Copa da Alemanha que me fez perder o almoço de hoje. Não sei bem por que gosto tanto de ver pessoas tomando uma ruim em espaços públicos. Senso de autopreservação, talvez.

No mais, como são parecidos entre si esses proletários ingleses. Fucking inbreds, mate, innit?

30/11/2006 13:42 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Lynchianismo

O rodapé da página 163 de "A Supposedly Fun Thing I´ll Never Do Again", de David Foster Wallace, contém uma das leis douradas da existência humana. É um comentário colateral num texto sobre o David Lynch, mas tem a força das grandes constantes da natureza, como o pi ou a regra 20/80 (vinte por cento das pessoas em uma empresa fazem oitenta por cento do trabalho duro, vinte por cento dos criminosos de uma cidade são responsáveis por oitenta por cento dos crimes e assim por diante). Eis a frase:

(and as aside, but a true aside, I´ll ad that I have had since 1986 a personal rule w/r/t dating, which is that any date where I got to a female´s residence to pick her up and have any kind of conversation with parents or roomates that´s an even remotely Lynchian conversation is automatically the only date I ever have with this female, regardless of her appeal in other areas. And that this rule, developed after seeing Blue Velvet, has served me remarkably well and kept me out of all kinds of hair-raising entanglements and jams, and that friends to whom I´ve promulgated the rule but who have willfully ignored it and have continued dating females with clear elements os Lynchianism in their characters or associations have done so to their regret.)

No começo, meu primeiro impulso foi de achar a atitude em si um tanto quanto maricas, mas refletindo um pouco e relembrando alguns casos, e depois relembrando vários casos, cheguei à conclusão de que é um enunciado tão certo quanto a lei da gravidade, talvez até um pouco mais.

O curioso é que todo mundo deve achar ele, Foster Wallace, meio lynchiano.

30/11/2006 07:58 | Comentários (3) | TrackBack (0)


C is the Heavenly option

Escrevi um post há algum tempo, sobre a sensação de sonho feliz, isto é, a sensação de encontrar um monte de variações inesperadas de coisas que tu gosta muito, como por exemplo um crítico literário apaixonado por James Joyce que encontra os originais perdidos de "Ulisses, o Dia Seguinte".

Alguns dias depois, o Mojo, copiando a abertura do texto "Tenho um sonho recorrente desde a infância, que batizei, sem lá muita imaginação, de "sonho feliz", comentou a seguir: "Chamo isso de 'internet' ".

Não tinha visto o comentário ainda, só agora quando fui catar o link, mas é a mais pura verdade, porque acabo de, graças à internet, passar por mais um flamejante momento de sonho feliz, depois de encontrar neste lugar abençoado várias canções que eu não conhecia de uma das minhas bandas preferidas.

Recomendo essa, essa e essa para quem nunca ouviu.

As que eu não conhecia e que provavelmente são do EP perdido "Heavenly versus Satan" são esta, esta, esta, esta, esta e esta (a última na verdade uma nova letra e arranjo para "Escort Crash on Marston Street")

Heavenly (não confundir com a banda de metal melódico com o mesmo nome) ou o que aconteceria se o Morrissey tivesse nascido mulher.

E para você, que se apaixonou pela banda e vai vender tudo o que tem para comprar seus discos, um vídeo de bônus track:

29/11/2006 14:31 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Eyecandy

01.jpg

Continua aqui.

Achei lá na Fliti.

29/11/2006 13:18 | Comentários (2) | TrackBack (0)


The way of the middle-aged warrior

Sonhei que fazia uma entrevista sobre hapkido com um mestre, provavelmente para trocar de faixa. Ao longo do que pareceu, em tempo onírico, uns quarenta minutos, discorri sobre a origem do nome, os principais golpes e a filosofia. Ao final o mestre disse "Ok, a parte teórica está feita, aguarde a parte prática." A parte prática consistia em ser atacado de surpresa no meio da rua por um aluno mais graduado, armado com um caco de vidro. No sonho, que felizmente não era um pesadelo, eu passei.

Fiz hapkido durante uns três anos, faz um bom tempo. Lembro de ter resolvido fazer depois que um amigo se envolveu numa confusão na saída do Ocidente. Briga de bêbados, nada demais. Entrei na primeira academia que eu achei e disse que queria aprender uma arte marcial, mas não sabia qual. A academia era um muquifo na Riachuelo e o encarregado perguntou o que eu pretendia com a arte, se manter a forma, competir ou defesa pessoal. Respondi "Só defesa pessoal", ao que ele argüiu "Ah, então tu quem que fazer hapkido." Frente à minha expressão de nunca-ouvi-falar-disso-antes, ele prosseguiu "Hapkido é dedo no olho, chute no saco, cotovelada no nariz. Os caras nem fazem campeonato disso, não teria como fazer." A explicação me convenceu e comecei a fazer, três vezes por semana. Por aqueles dias estava sempre com as canelas roxas e as costelas doendo. Afundei um pouco os dentes, perto do canino, por causa de um calcanhar. Levei dois chutes no saco numa mesma aula, até hoje me dói quando vai chover. Não era um bom aluno, tinha muito medo de me machucar, e mesmo assim me machucava. Por outro lado, aprendi alguns truquezinhos legais, principalmente na parte de torções e estrangulamentos. Nunca usei numa situação real. Lembro que as aulas eram bem práticas e pegavam emprestadas técnicas de várias outras lutas. Be water, my friend. O corolário deste pragmatismo pra mim foi a vez que o instrutor nos ensinou técnicas de cadeirada, isto é, o jeito certo de dar uma cadeirada em alguém. Impressionante como a gente não esquece destas coisas.

Resolvi que preciso voltar a praticar. Isso deve render alguns bons posts em breve.

27/11/2006 09:20 | Comentários (5) | TrackBack (0)


Rouge

irenejacob.jpg

Minha atriz-fetiche: Irène Jacob, na época em que filmou "Rouge", daquele polonês com nome difícil de lembrar - quer dizer, lembrar eu até lembro, difícil é escrever corretamente, foneticamente deve ser algo próximo de czistóv kieslôuski. Nem acho o melhor filme dela, "A Dupla Vida de Veronique", de alguns anos antes e do mesmo diretor, é mais legal. O que realmente interessa é que nessa época ela estava prestes a transformar a tanga em átomos. Melhor até que esta foto é a do cartaz do filme, mas infelizmente não consegui com uma boa qualidade de resolução. Tenho o cartaz do "Rouge", do tamanho de uma janela, das grandes. É lindo. Minha mulher é que não curte muito.

23/11/2006 21:01 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Trainspotting

Um hippie vendo fotos dos primeiros shows dos Sex Pistols. É mais ou menos assim que me sinto quando acesso o lastnightparty. Passado o impulso inicial de achar tudo uma grande fazeção de adolescentes entediados, vem a constatação de que todos os movimentos culturais dos últimos cinqüenta anos partiram exatamente de adolescentes entediados e fazidos. Essas meninas e suas franjas assimétricas representam certamente algo, algo que eu ainda não sei bem o que é, mas que certamente é. Tem um quê de anos 20 nestas fotos, de melindrosas e de louises brooks. Sabe-se lá o que vai sair disso. Sabe-se lá se eu serei capaz de entender. É um pouco como ver um trem passar.

23/11/2006 15:51 | Comentários (3) | TrackBack (0)


Odete Roitman c´est moi

Não achei mais a foto, e até acho que foi uma boa coisa não ter achado, porque assim me livro de um eventualíssimo processo. É aquela do sujeito que supostamente tentou roubar uma padaria entrando pela chaminé e ficou entalado. A foto mostra um homem, negro, magro, vestindo uma camiseta amarela que lembra mas não é a da seleção. Tem os braços compridos, a mão de dedos longos, e é de se pensar que, se tivesse tido a mais infinitesimal possibilidade de se aproximar de um piano, poderia ter sido um bom pianista. Fiquei longos minutos olhando pra foto. Primeiro pelo ato em si, que denota uma absoluta carência técnica na arte de roubar, uma confiança exagerada na própria sorte e capacidade de improvisação, a ausência de grandes planejamentos e um desespero famélico. É especialmente significativo o fato dele ter se entalado numa chaminé de padaria e não na de um banco, tivessem bancos chaminés. O que roubaria, se tivesse conseguido? O troco do caixa, um pacote de cigarros, um pão de meio quilo e uma mortadela? Jamais saberemos. O certo é que não conseguiu e ficou lá, entalado e exposto à execração pública. O primeiro impulso é de rir, claro, mas logo a seguir vem a sensação de estar rindo de si mesmo.

Morar no estrangeiro deve ter esta vantagem, ao menos: quando acontece algo de errado por lá é chato mas não é terrivelmente constrangedor, porque afinal de contas não é o teu país. Tu lamenta, mas não chega a se envergonhar. Em reverso, quando acontece algo de bom no teu país e tu está longe deve ser meio desagradável.

No caso dos brasileiros, a segunda hipótese é cada vez mais remota.

23/11/2006 07:28 | Comentários (5) | TrackBack (0)


Bandas que eu só vou conhecer com uns seis meses de atraso em relação à mocidade, isso na melhor das hipóteses

Gostei desses Maccabees.

Parecem, claro, Smiths. Mais até pela guitarra que pelo vocal

21/11/2006 13:54 | Comentários (0) | TrackBack (0)


Almohadas

Via blog do Mini, a guerra de travesseiros que aconteceu em Buenos Aires.

Interessante notar que um sujeito de capacete é praticamente linchado, do meio pro fim.

Eu, com meu otimismo recalcitrante, não consigo deixar de imaginar que, se fizessem algo parecido em Porto Alegre, acabaria em arrastão, briga de torcidas e provavelmente morte. No dia seguinte uma psicóloga e um especialista em internet diriam umas bobagens a respeito na Zero Hora.

20/11/2006 12:44 | Comentários (4) | TrackBack (0)


Penélope

Fui ver "Volver", ontem. É basicamente uma telenovela feita em película. Não que seja ruim, é só que não passa muito disso. Pra mim, pessoalmente, valeu mais pra ficar tentando entender o idioma sem as legendas e ver um pouco mais de Madri. A periferia da periferia deles me pareceu bem mais segura que a 24 de Outubro.

20/11/2006 09:01 | Comentários (3) | TrackBack (0)


Chamas

lcl_departed.jpg

Fui ver o filme novo do Scorsese ontem, "Os Infiltrados", e foi uma grata surpresa, pelo menos pra mim que tinha desistido dele depois daquela bobagem do "Gangs de Nova York". É Scorsese fazendo o tipo de filme que Scorsese sabe fazer, sem por isso soar repetitivo.

Mas o motivo deste post não é esse. Estou escrevendo só pra dizer que o sargento Dignam, interpretado pelo Mark Wahlberg, não apenas rouba o filme de caras como Jack Nicholson, Leonardo di Caprio e Matt Damon, como também é o maior personagem da dramaturgia mundial de todos os tempos.

Não apenas acho que o Oscar de Ator Coadjuvante deste ano deva ser dado a ele; acho que a partir de agora o Oscar de Ator Coadjuvante deva passar a ser chamado de Oscar Sargento Dignam, para todo o sempre.

Fiquei tão embevecido com a atuação que comecei a tratar as pessoas aqui da firma do mesmo jeito que ele trata os colegas da delegacia.

Continuo depois, acabaram de me chamar ali no RH.

16/11/2006 14:06 | Comentários (8) | TrackBack (0)


Cada cidade tem o que merece

500.jpg

Já que o assunto é mobiliário urbano, aproveito pra mostrar um poste de uma grande avenida de Barcelona.

14/11/2006 08:06 | Comentários (5) | TrackBack (0)


Las cosas como son

Terminei de ler o "Sueño de los heroes", Bioy Casares. Pretendo agora começar "Abbadon, el exterminador", Ernesto Sábato.

Passei mais de quatorze horas seguidas julgando peças do Salão da Propaganda. Não pretendo repetir a experiência tão cedo.

Na manhã seguinte, corri pela primeira vez em um evento de rua, a maratona de revezamento. Dez quilômetros em pouco mais de uma hora. Gostei da função toda.

Santiago segue me pedindo dinheiro de manhã, pro táxi. Digo que só os grandes podem mexer com o dinheiro. Ele responde que já é grande.

É destro, mas chuta com a canhota. Mais forte que eu.

O texto sobre arquitetura lincado nos comentários do post abaixo é bem legal. Traduz um desconforto que eu sinto passeando pela cidade e que não conseguia articular. From Russia with love.


13/11/2006 16:03 | Comentários (3) | TrackBack (0)


Arquifratura

amplifotoaobraoutubro20050sy.jpg

Na minha humilde opinião, este é atualmente o edifício mais feio de Porto Alegre. Toda vez que venho pela Nilo Peçanha em direção ao shopping, sou açoitado pelo seu espectro.

Os vidros espelhados nem são o pior. O que me incomoda mesmo é a fachada cinza-clara leitosa, entre as janelas. Depois que ficou pronto, demorei algumas semanas pra me convencer de que ficaria daquela cor mesmo, porque até então achava que a fachada estava protegida por uma película plástica que seria retirada na hora certa, revelando algum material mais nobre por baixo. Não aconteceu.

A foto não dá uma idéia muito clara, mas devido a este e a outros detalhes, e também ao fato do projeto não ter tido a mínima disposição estética pra conversar com o seu entorno, o edifício fica parecendo uma grande maquete, um outdoor promocional em formato especial ou mesmo um gigantesco inflável. Fica-se com a sensação de que nada de verdade acontece lá dentro, de que os executivos que entram e saem são figurantes, de que os laptops são mock-ups e de que as reuniões são teatrinho. Praticamente um parque temático sobre negócios.

O heliponto lá em cima, que por sua vez também não tem nada a ver com o desenho do resto, me sugere uma plataforma de suicídios ou trampolim de saltos ornamentais. É a cereja do bolo todo.

Mas posso estar enganado. Alguém conhece um edifício ainda mais feio?

10/11/2006 10:42 | Comentários (39) | TrackBack (0)


Meanwhile in Palestine

Pela manhã, a babá tentou levar o Santiago na praça. No meio do caminho, um monte de viaturas, agitação e um brigadiano dizendo para que ela desse meia-volta correndo.

Tá começando a atrapalhar um pouco demais a vida esse negócio de violência urbana.

07/11/2006 12:14 | Comentários (6) | TrackBack (0)


Reason why

DSC01257.JPG

Estou saindo pra ir trabalhar. Santiago me chama. Vou até o quarto. Estende a mão:

-DINHEIRO, papai.

-Mas pra quê, meu filho?

-Pro TÁXI.

01/11/2006 07:54 | Comentários (15) | TrackBack (0)