Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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abrindo o voto contra o desarmamento

A idéia da proibição da aquisição de armas pela população civil brasileira é, à primeira vista, simpática. Sobretudo para quem sempre foi de esquerda e pacifista, nem gosta de caçar. No entanto, algum período de reflexão leva o sujeito a mudar de idéia, justamente por causa dos ideais liberais que sempre defendeu.

O principal argumento para ser contra o desarmamento é o mesmo que os defensores da legalização das drogas levantam: enquanto houver demanda por armas, haverá oferta. A diferença é que, proibindo-se a posse, muita gente vai ter de lidar com contrabandistas e outros criminosos para adquirir armas e munição.

Para quem mora em centros urbanos pode parecer uma bobagem ter arma em casa, mas os camponeses que residem em lugares isolados realmente precisam de uma. É a única forma de se defenderem, caso assaltantes invadam suas fazendas. Isso para não falar em animais selvagens, como javalis e onças. O estatuto prevê a posse de espingardas para "caçadores de substência", desde que comprovem a necessidade e a moradia em zona rural. Aparentemente, não se poderá ter armas para proteção — ao menos, se o sujeito quiser cumprir as disposições.

A título de ilustração, quem mora no Rio Grande do Sul sabe muito bem que todo mundo na fronteira tem armas ilegais contrabandeadas da Argentina e do Paraguai. Mesmo sendo permitida a posse de certos tipos, o pessoal compra pistolas 9mm, rifles e até uzis.

Outros argumentos pelo "não" no referendo são a caça e o tiro ao alvo. São esportes. Tem gente que gosta de matar animais ou alvejar pratos. O Brasil tem medalhas olímpicas na modalidade. É injusto proibir atletas e caçadores, que em geral respeitam as leis, de fazer o que gostam.

Finalmente, há o argumento reacionário, mas correto, de que só bandidos terão armas. A proposta da proibição é, no fundo, uma inversão do papel do Estado. Se a polícia fizesse o trabalho e fiscalizasse direito as licenças de armas, prendendo os infratores, o problema estaria resolvido e as pessoas de bem poderiam ficar sossegadas com suas pistolas, revólveres e espingardas. O cidadão quer respeitar a lei. Quer fazer sua licença e seu porte direitinho. Cabe à polícia fazer a papelada e depois fiscalizar.

A diminuição dos homicídios é um argumento falacioso. Está certo, caiu 15% o número de assassinatos com armas de fogo e 8% no geral. Mas são mortes pouco ligadas ao crime organizado. Não há dados, mas certamente esses 15% de homicídios são quase todos relacionados a brigas de bar, no trânsito, crimes passionais, ou filhos de pais negligentes. Mortes que também seriam evitadas se a polícia fizesse seu trabalho, já que em geral os assassinos não têm porte de arma.

Em vez de fiscalizar, muitos policiais preferem eles mesmos portar armas ilegais, ou desviar as peças entregues pela população e vendê-las ao crime organizado. Assim fica difícil de convencer o povo.

16 de setembro de 2005, 15:04 | Comentários (37)



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por daniel galera

 

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