Lula em Porto Alegre
Devidamente orientados a cobrir o discurso do presidente Lula no Gigantinho como militantes, fomos à avenida Padre Cacique prontos para uma cobertura sem credenciais de imprensa. Do lado de fora do ginásio, dezenas de ônibus apinhados garantiriam a lotação do lugar.
Do lado de fora do Gigantinho, o líder do governo Lula na AL, Adão Villaverde, fazia um corpo a corpo entre os eleitores.
Como bons seguidores, entramos na fila e esperamos.
Lá dentro, petistas de todos os quilates se misturavam à multidão. Entre eles, o ex-presidente estadual do PT David Stival. Não quis muita conversa. Tratei de seguir um assessor e procurar por Tina, meu contato na Imprensa do PT. Algo estava errado. A experiência não seria completa sem a chance de entrar no curral dos jornalistas. Agarro o braço de um assessor qualquer e pergunto: Cadê a Tina? Ele aponta para um corredor obscuro e a encontro. Me identifico. Ela assina as credenciais de imprensa: "Rodrigo - Nova Corja" e "Valter - Nova Corja".
Valeu. Toca pro curral.
Palco armado, o mestre de cerimônias grita: "São milhões de Lulas nesse povo. É Lula lá de novo com a força do povo. Vamos fazer bonito para as filmagens da TV. Hasteiem, balancem essas bandeiras. Quero ver todo mundo que vota no Lula pular nessa multidão. Mantenham os pirulitos de pé". Eles se revezavam para anunciar os candidatos legislativos, prontamente abancados em um palanque separado do palco principal, que contava com 14 vasos de plantas no chão.
Ninguém aplaudiu candidatos como o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (C). O deputado se revezou entre o palanque e o povão.
A vereadora Manuela d'Ávila, candidata do PCdoB à Câmara Federal, também ficou sem aplausos.
Quando convocados a manifestar a presença de suas regiões, a apatia ficou mais clara: "Quero ver o pessoal do Vale do Taquari se manifestar". Nada. "O pessoal do litoral". Nada. A claque mais animada ficou com a região de Santa Maria, coincidentemente do coordenador da campanha de Lula no Estado, o prefeito Valdeci Oliveira.
A curiosidade do palanque secundário foi a animação da ex-senadora Emília Fernandes, envolvida em acusações obscuras desde que o filho de Brizola a acusou em uma matéria da Veja, sendo devidamente chamado de maluco pelos petistas. Isso foi antes do Mensalão e tudo acabou confirmado. Não dava para entender a animação dela.
A principal ausência foi a do deputado estadual Raul Pont, a qual tratamos de registrar.
Jussara Cony foi uma das primeiras a falar. Para a comunista, a A Ultra-esquerda não tem visão estratégica". Soou como um recado para o PSOL, assim como chamar Germano Rigotto de "o incompetente que está aí". Olívio deu o discurso esperado, de que seu governo foi melhor e aprendeu com os erros. Nada de mais. O que deixou tranqüilo mesmo foi quando começaram a tocar um vanerão e ficou claro que ele não sabe dançar. Nem uma rebolada básica.
Lula parecia fatigado. Recebeu, meio constrangido, um pala. Mas com o frio de ontem na beira do rio não tinha como negar. Tentava encontrar formas de descansar, como encostar a perna na grade do palco. Meio bagaceiro, chinelão, mas ahh, compreende-se. A lotação estava muito abaixo do esperado. O povo estava amainado. Espaços vazios se destacavam nas arquibancadas, com um público apático. Ninguém aplaudia nada. Até Lula se mostrava apático, como se cumprisse mais um protocolo. Sobre as acusações do Mensalão, Lula foi enfático: "não levem desaforo para casa. Mas vamos permitir que façam nosso julgamento. Comigo não tem essa de Grêmio ou Inter. Sou Gre-nal.". Lula deixou claro seu apoio a Olívio apenas no final do discurso. A platéia começou a ir embora no meio do discurso do presidente.
Frank Jorge, vocalista da banda Graforréia Xilarmônica.
O ex-secretário da Smic Adeli "Maníaco do Alvará" Sell também estava à espreita.
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