Cobertura eleitoral no RS: Correio do Povo

Como o jornal vai tratar a questão das pesquisas eleitorais, e sua relação com institutos como o Cepa/Ufrgs?

As pesquisas, bem, nós não temos nada a ver com o Cepa/UFrgs. O Correio do Povo tem o Centro de Pesquisas Correio do Povo, que é um dos pilares da nossa cobertura eleitoral. Nossa cobertura está baseada na reportagem com prestação de serviços ao leitor e discussão dos temas, principalmente, que é o caminho que a gente buscou, e, na outra ponta, está baseada nas pesquisas. As pesquisas são o esteio importante da nossa cobertura.

O editor-chefe do Correio do Povo, Telmo Flor, fala sobre a cobertura das Eleições 2006 no jornal mais tradicional do Estado.

Quanto tempo o jornal levou para elaborar a cobertura das eleições?

Na verdade, eu não sei dizer um tempo preciso, porque a cobertura de uma eleição vem sendo planejada desde a anterior. Nós temos já experiências, obviamente, que repetimos a cada período eleitoral e que, portanto, não exige um tempo pré-determinado para a definição. Mas já faz desde o início do ano – poderia dizer que em março – que nós colocamos em execução o que seria o nosso planejamento para a cobertura eleitoral. E, como disse, repete as experiências anteriores para aprimorar e evitar eventuais dificuldades que a gente tenha enfrentado. Já sabemos quais são elas. Então, a primeira etapa é a das condições técnicas, que envolvem equipamentos de informática. Detalhamos também nossa relação com a cobertura da rádio, claro. Mas a primeira parte que nós realizamos é o levantamento das condições técnicas. Já temos uma eleição completamente informatizada, o que facilita bastante a parte da apuração de resultados, que é algo que gera um esforço importante. Então, podemos concentrar o nosso esforço em tarefas de reportagem, mesmo.

Como o jornal vai tratar a questão das pesquisas eleitorais, e sua relação com institutos como o Cepa/ Ufrgs?

As pesquisas, bem, nós não temos nada a ver com o Cepa/UFrgs. O Correio do Povo tem o Centro de Pesquisas Correio do Povo, que é um dos pilares da nossa cobertura eleitoral. Nossa cobertura está baseada na reportagem com prestação de serviços ao leitor e discussão dos temas, principalmente, que é o caminho que a gente buscou, e, na outra ponta, está baseada nas pesquisas. As pesquisas são o esteio importante da nossa cobertura.

Sendo esse um diferencial do Correio do Povo nas eleições, não poderia ser melhor explorado o acesso desse conteúdo à internet, para que, liberado, pudesse atrair mais atenção e, logo, mais leitores?

Olha, a nossa idéia é exatamente essa. É que a gente motive com isso mais pessoas a assinarem o jornal e, portanto, terem acesso ao provedor também. Antes de tudo temos uma questão de justiça para com os assinantes, certo? Nós temos dezenas de milhares de assinantes, e o que acontecia é que pela internet, não-assinantes tinham acesso às mesmas informações. Este é um desafio que nós resolvemos enfrentar mais duramente, encarando o fato de haver pessoas que têm acesso gratuito ao jornal e outras que estão pagando pelo mesmo jornal. Então, essa foi a nossa decisão: passar a permitir o acesso somente aos assinantes. Então, acreditamos que exatamente devido à qualificação de nosso trabalho com pesquisas eleitorais, mais pessoas passarão a assinar o jornal e o provedor.

E com isto o jornal disponibiliza na internet todo o seu conteúdo?

São diversos diferenciais que o jornal tem, e que são as nossas armas para obter mais assinantes. Por isto, limitar o acesso na internet apenas aos que pagam por nosso serviço é um dos motivos que nos levam a acreditar que, com as eleições, mais pessoas vão ser estimuladas a assinar o jornal.

Já tem uma equipe formada para cobrir as eleições? O jornal produzirá cadernos especiais ou ações do gênero?

Sim, nós temos uma equipe básica, que é a equipe da reportagem política. Essa equipe, à medida que se aproxima a eleição, terá a agregação de mais pessoas, alguns contratados. Nós pretendemos contratar três profissionais especialmente para o período eleitoral agora. Mas também a redação toda começa a trabalhar em favor da editoria de Política. E por isso, já estamos com 23 correspondentes no interior, todos pautados para a cobertura eleitoral com a Rádio Guaíba e o Correio do Povo. A cada dia, os nossos correspondentes discutirão na Rádio Guaíba temas específicos de interesse das comunidades nas quais eles atuam. Esses temas também passam a ser tratados pelo jornal, então essa é uma de nossas estratégias. A equipe, com o passar dos dias, vai se encorpando com mais e mais pessoas. Você vê: tem a equipe da política, mais os correspondentes, mais gente da redação. E na semana da eleição, todo o jornal se volta para a política. Então, no dia da eleição teremos 80 jornalistas trabalhando só no Correio do Povo.

E este material editorial será publicado todo no corpo normal do jornal, ou em caderno especial?

A tendência é que nós ampliemos os espaços destinados à eleição sem a criação de um caderno. Mas não está descartada a possibilidade de se fazer um caderno mais adiante. O caderno é uma das formas de organização de um jornal. Que nós, historicamente, gostamos de evitar, porque ele implica em rodagens diferentes, geralmente implica em fazer algumas alterações no âmbito industrial. Mas, também, às vezes até por essas razões, nós somos obrigados a fazer, para poder ampliar o espaço. O importante é o seguinte: o caderno por si só não é um objetivo, mas sim os espaços que vão ser ampliados.

Este é um ponto importante. Como o Correio vai fazer para equacionar o pouco espaço que a política geralmente tem, com a obrigação de apresentar todos os candidatos?

Como se faz tradicionalmente. Os candidatos majoritários estão no dia-a-dia das páginas do jornal. Com os candidatos proporcionais é outro assunto. É impossível um jornal apresentar todos. É impossível uma apresentação, a não ser da nomenclatura. Isso já foi feito uma vez, quando das convenções, e na medida em que chegamos mais perto da eleição vamos publicar mais uma listagem. Mas em relação às candidaturas majoritárias não é difícil. Os espaços são suficientes para as apresentações e discussões porque elas são do dia-a-dia da política.

E no caso da política estadual, o jornal pretende focar em programas, cobrir as agendas dos candidatos, como vai ser?

Sim. Nós estamos com três eixos. Primeiro: pesquisa. É uma conquista nossa, de credibilidade muito importante que nós temos de valorizar. Segundo: reportagem. Reportagem baseada na discussão dos principais objetivos, baseada na cobertura de temas. E, depois, tem a reportagem factual, do dia-a-dia dos candidatos, que é o que, por enquanto, nós estamos privilegiando. A partir de agora, começa o planejamento da discussão de temas. São as três linhas-mestras da nossa cobertura: pesquisa, reportagem temática e reportagem factual. Isso não exclui, evidentemente, outras formas de abordagem da cobertura. Não há muita invenção nisso. É a aplicação de uma fórmula de experiência adaptada às vantagens tecnológicas que se tem hoje.

Do Coletiva.

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