A Nova Corja entrevista Mano Changes

O candidato a deputado estadual e vocalista da banda Comunidade Nin-Jitsu Mano Changes (PP/ RS) encerra a delonga de quase um mês em cima da risca da lei eleitoral, na semana em que as pessoas realmente decidem os votos legislativos:

"Caro Rodrigo,

Peço desculpas pelo atraso no envio das respostas. Disse ao Maurício que eu mesmo me encarregaria delas.

Estive realmente ocupado. Até três semanas atrás, por exemplo, estava conciliando show da Comunidade e campanha. Essa semana, então, está uma loucura.

Mas seguem as respostas. Espero que tenham ficado claras e ainda lhes sejam úteis. Sinceramente, teria sido proveitosa uma conversa com vocês da Nova Corja. Quem sabe, em uma próxima ocasião?

Parabéns pelo trabalho.
Diogo Bier"

A Nova Corja: Como surgiu a idéia de entrar para a política?

Mano Changes: Meu interesse surgiu depois de toda essa lama em Brasília. Puro sentimento de frustração. De quem quer fazer alguma coisa para a mudança. Quero um melhor futuro para o jovem, para a música, para a arte, para o país. Há um ano comecei a elaborar um plano de candidatura. Passei a pensar em propostas. Aí me candidatei.

A Nova Corja: De quem partiu a idéia de se filiar ao PP? O partido o convidou para atrair a atenção dos jovens para o discurso pepista?

Mano Changes: Não foi por esse motivo que me filiei ao PP. Agora, é inegável que com o andamento da campanha os jovens olhem pra mim no partido e passem a enxergar os progressistas de uma forma renovada. Isso é importante.

Minha base é o PP de Santo Antônio da Patrulha. Minha família (Bier) tem tradição política na cidade, no antigo Partido Libertador, de Raul Pilla, ferrenho defensor do parlamentarismo. Como hoje estão no PP, fica coerente meu ingresso. Até porque também tenho compromisso com o desenvolvimento.

Mas é importante dizer que não quero ser bandeira de partido nenhum. Quero ser bandeira do jovem. Minha bandeira é a juventude. Na política, é preciso compromisso e representatividade. Sei quem vai votar mim e quero fazer por ele. Não estou nessa para queimar meu filme. 12 anos de estrada como músico. Não vou jogar fora tudo que tenho hoje por nada. Partido por partido, quem levanta o jovem como bandeira? Que eu me lembre, a Manuela também.

A Nova Corja: Teu slogan de campanha é "Chega dos mesmos". É factível propor mudanças sendo filiado a um partido tradicional como o PP?

Mano Changes: Minha candidatura tem compromisso com a educação, jovem, música, arte, cultura. Não vejo incoerência em dizer chega dos mesmos já que nenhum político levanta essa bandeira. Posso tranqüilamente dizer minha frase em qualquer partido. Não podemos analisar somente com olhos políticos, segundo as bandeiras históricas. Veja o PP, por exemplo. O partido, depois de muito tempo, lança agora um nome para o governo estadual. Ainda assim, nem todos os partidários estão com o Turra. Ora, Turra também é renovação! É o candidato que tem mais a ver com isso. Todos os outros partidos representam essa mesmice. Não é só chega dos mesmos políticos. É chega do mesmo jeito de fazer política.

A Nova Corja: Tu já tens uma equipe de gabinete formada? Poderia dizer quem fará parte dela?

Mano Changes: Não tenho equipe de gabinete formada até o momento. Primeiro preciso pensar em ser eleito.

A Nova Corja: O que tu pensas da candidatura da Manuela D'Ávila, que também propõe uma renovação jovem na política?

Mano Changes: Gosto do trabalho da Manuela. Temos algumas idéias parecidas. Ela representa o jovem, como também quero representar. Gente como a gente faz o jovem discutir política. Chega a não ter sentido o fato da juventude ser um terço do colégio eleitoral e não ter representatividade. Quero ser um dos porta-vozes do jovem. Estivemos conversando há duas semanas. Fazíamos um debate sobre jovem e política no Colégio São Judas Tadeu. Pensamos até em aproximar as campanhas. Mas nessa correria toda, acabou não rolando.

A Nova Corja: Quais as tuas propostas para o problema da dependência química entre jovens?

Mano Changes: Um terço da humanidade tem algum tipo de dependência química. Isso é dado da Organização Mundial da Saúde. Tratar dependente químico não se faz prendendo, em primeiro lugar. A questão é anterior. A gente tem que fazer campanha para conscientizar. Quem usa, precisa ser tratado. Mas para ir a fundo nisso, deveria se proibir a veiculação de qualquer tipo de droga – como cigarro e o álcool – nos meios de comunicação. E usar esse dinheiro gasto em propaganda para tratamento e prevenção aos dependentes.

O Parlamento é muito preconceituoso. Se levantasse essa bandeira, tem muito projeto social, cultural, habitacional e de emprego que eu teria dificuldade em implantar. Tudo no seu tempo. Tudo na sua devida hora. O que hoje nós precisamos dizer é que usuário não tem que ser preso, mas tratado.

A Nova Corja: Se você for eleito, a Comunidade Nin-jitsu terá de mudar algumas de suas letras, como “Ah, eu tô sem erva”?

Mano Changes: É óbvio que não. Se você votasse no Fernando Meirelles, alguém teria que mudar o Cidade de Deus? Ah, eu tô sem erva é anterior ao Cidade de Deus e o tema dela é exatamente um dos que acontece no filme. Um cara que é do morro e que acaba nesse lance para tentar seduzir uma mulher da zona sul. Agora, todo mundo acha lindo Cidade de Deus. Mas a música se tem que colocar em discussão.

Comunidade Nin-jitsu tem liberdade de expressão. Somos o que somos. Não temos papas nas língua. É isso que faz com que seja inserido na juventude.

A Nova Corja: Na lista de propostas para a integração entre "Educação e Cultura", tu afirmas que irá lutar pela 'realização de oficinas de música, de teatro, de informática (...) construção de pistas de skate, quadras poliesportivas, salas para música e para teatro, criação de rádios estudantis e incentivo à competições esportivas entre as escolas, (...) criação de Festivais Musicais Estudantis e de Estúdios Públicos de Gravações'. Cabe perguntar: é factível a adoção de todo esse pacote de projetos e de onde sairá a verba?

Mano Changes: No projeto educacional, por exemplo. Faremos parceria com marcas que têm a ver com a juventude. Colocar uma pista de skate em um colégio hoje é promover institucionalmente essas empresas. Além disso, é preciso que a gente implemente de uma vez por todas no Estado parcerias com a iniciativa privada. São as PPPs – Parcerias Público-Privadas – que, como você sabe, não existem como idealizadas em 2003.

A Nova Corja: De acordo a tua agenda, na próxima sexta-feira, dia 15 de setembro – nota do editor: o e-mail foi enviado no dia 12 de setembro –, haverá show da banda. Tu costumas falar ao público sobre a tua candidatura nos shows da Comunidade Nin-Jitsu?

Mano Changes: É óbvio que não. Isso é crime eleitoral. Não seria também inteligente da minha parte. Quem paga para assistir nosso show, não paga para me ouvir falar em política. Mesmo que pudesse fazer, não faria porque estaria transformando meu palco em palanque. Queimaria no filme, em outras palavras. Agora, se as pessoas que me assistem descobrem que sou candidato e vêem que continuo a mesma pessoa – o que é fato, continuo o mesmo – elas podem pensar: “Poxa, o Mano pode ser meu representante na Assembléia”.

A Nova Corja: A Comunidade Nin-Jitsu realiza ou realizará shows beneficientes para angariar esses fundos para os seus projetos?

Mano Changes: Não tinha pensado nisso. Mas não acho conveniente da minha parte. Mas meu objetivo como deputado é incrementar políticas culturais. Como o aprimoramento da Lei de Incentivo à Cultura. Daí que a Comunidade também está inserida na classe artística. De forma indireta, implementando projetos em cultura e para a juventude, como a meia-entrada para estudantes, estaria favorecendo a minha banda. E todas as outras.

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