Briga de torcidas

Paulo Henrique Amorim publicou a gravação da entrega das fotos do dinheiro a repórteres da Folha, Estadão, O Globo e Jovem Pan. Admitindo-se que o delegado Edmilson Bruno não tenha se disposto a ajudar os tucanos, ou mesmo tenha sido comprado; admitindo-se que os repórteres estavam apenas seguindo as prerrogativas da profissão ao proteger a fonte; a conversa deixa transparecer um problema grave, exposto neste trecho:

Repórter – ... isso só pode sair amanhã na TV (...)

Delegado Edmilson Bruno – Não, tem que sair hoje à noite (...) pode ser no jornal da Globo no primeiro horário, não pode ser à tarde...

Repórter – por exemplo (...)

Delegado Edmilson Bruno –Tem que sair no Jornal Nacional e na Ana Paula Padrão. Isso aí vazou ontem, então tem que fazer hoje de manhã. O que não pode é perder (...) tem que entrar no jornal logo no primeiro horário da noite, não pode já sair no Jornal Hoje.

Os repórteres parecem ter tentado ganhar algum tempo para a apuração, ou mesmo uma edição melhor da reportagem. No entanto, o delegado passa todo o tempo exigindo que seja veiculada no Jornal Nacional. Até aí, estava fazendo o jogo dele. O estranho é que a Globo caiu no jogo dele e inclusive deixou de falar na queda do avião da Gol, para ficar mostrando imagens do dinheiro. Quando as fontes começam a mandar nos repórteres — ou em seus chefes —, algo está errado.

Paulo Henrique Amorim e Carta Capital já criaram uma teoria da conspiração para explicar o caso todo. Provavelmente estão exagerando, embora haja gato de algum tamanho na tuba, se realmente a equipe de marketing de Alckmin chegou antes da Globo à Polícia Federal. Ainda assim, não dá para acreditar em uma orquestração das maiores empresas de mídia contra a candidatura Lula. Provavelmente, é apenas a boa e velha tendência incompetente dos jornalistas a se deixarem levar pelas fontes, como acontece nas CPIs o tempo inteiro, por exemplo. No fundo, há exagero tanto da mídia petista quanto da mídia tucana. A verdade fica em algum lugar aí pelo meio.

A foto do dinheiro rendeu a única peça de campanha boa dos tucanos: um comercial em que aparece um calendário e a frase "faz X dias que Lula não explica a origem do dinheiro". Essa é pesada. Uma coisa é acreditar que Lula não sabia da operação — o que é muito possível. Outra bem diferente é acreditar que ele ainda não saiba a origem do dinheiro, o que é ridículo. Deve ter ficado sabendo cinco minutos depois da prisão, só não quer dizer.

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