O governo quer nos matar

Não que seja algo fora do comum, mas a demência corre solta nas obras da BR-101 no Sul do país. Na última quinta-feira, dia 31 de janeiro, nada menos do que quatro carros tiveram os pneus estourados em meia hora por uma cratera entre o quilômetro 347 e o 346, na altura de Sangão, localidade próxima da cidade de Tubarão. Pelo menos um deles quebrou a roda. Um motorista que viajou na sexta-feira diz ter visto nada menos que 12 carros enfileirados no acostamento do local.

O dia era de trânsito normal e, devido à forte chuva, ninguém dirigia a alta velocidade. Os buracos cheios d'água dificultam uma avaliação de sua profundidade, o que explica tanta gente ter caído exatamente no mesmo ponto. Não há, é claro, sinalização alguma alertando para o perigo. Muito menos presença da Polícia Rodoviária, embora uma fila de carros com o mesmo pneu estourado chame um pouco a atenção.

Por sorte, ninguém perdeu o controle após cair na cratera, senão poderia ter ocorrido um acidente terrível, possivelmente com mortes. E tudo que bastava para evitar o problema era o departamento responsável ter enchido o buraco com um pouco de brita, ou mesmo ter colocado uma placa avisando do perigo. Segundo informações dos nativos, o Estado resolveu tapar os buracos para a volta do Carnaval, depois de ver o horror que se instalou a vinda.

Depois vêm o ministro dos Transportes e a Polícia Rodoviária dizer na televisão que os brasileiros precisam ser mais conscientes, que a direção perigosa causa muitas mortes no trânsito etc. etc. Isso sempre me lembra das Autobahne alemãs, onde você está num carro a 150km/h e vê passar um Porsche a 250km/h, mas nunca vê acidente algum. Na verdade, os acidentes costumam acontecer quando há formação de gelo na pista ou alguma outra condição climática extrema, mas jamais devido a problemas na estrada e raramente por conta da velocidade.

Como sempre, o governo brasileiro tenta inverter a equação. Como as estradas estão abaixo da crítica, é mais fácil jogar a culpa exclusivamente nos motoristas (e não se pode negar que tem muito condutor demente por aí) do que manter um nível mínimo de qualidade no asfalto. Pior de tudo, mesmo que você dirija direitinho, ainda pode ter um acidente mesmo assim, causado pela absoluta negligência dos responsáveis pela manutenção das pistas.

Um dia gostaríamos de ver nas estatísticas de mortes no trânsito quantas são diretamente atribuíveis às condições das rodovias.

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