por Marcelo Firpo

links
Czar
Nihil
Galera, o jovem
Galera, o velho
Martelo
M.O. Joe
Insanus
Bensi
Válvula
Medina
Não irei
Prop
Livros
Organá
R.I.P.

arquivos
novembro 2008
outubro 2008
setembro 2008
agosto 2008
julho 2008
junho 2008
maio 2008
abril 2008
março 2008
fevereiro 2008
janeiro 2008
dezembro 2007
novembro 2007
outubro 2007
setembro 2007
agosto 2007
julho 2007
junho 2007
maio 2007
abril 2007
março 2007
fevereiro 2007
janeiro 2007
dezembro 2006
novembro 2006
outubro 2006
setembro 2006
agosto 2006
julho 2006
junho 2006
maio 2006
abril 2006
março 2006
fevereiro 2006
janeiro 2006
dezembro 2005
novembro 2005
outubro 2005
setembro 2005
agosto 2005
julho 2005
junho 2005
maio 2005
abril 2005
março 2005

categorias





« Você sabe que está trabalhando em Florianópolis quando... | principal | Salty balls »

Grandes Temas da Humanidade: a Propaganda e eu.

São quase 22h e eu sou o único zumbi na agência. Como passei o dia fora, viajando a trabalho, achei que devia ficar mais um pouco, pra compensar, como se a viagem tivesse sido de férias. Além disso, sou o único redator da equipe no momento, o que significa acúmulo de tarefas. Que grande CDF eu acabei me saindo.
Mas não foi sempre assim. Até ali por 2001, eu não apenas era bem mais vagabundo do que hoje: eu era mais atormentado. Não trabalhava menos porque tinha coisas mais legais pra fazer lá fora, mas simplesmente porque a idéia de trabalhar em propaganda era desconfortável, dolorosa. Jovem redator, me debatia imaginando uma plêiade de carreiras alternativas e planos B, jamais engendrados. Me torturava com a possibilidade de ficar mais uns 10 anos fazendo a mesma coisa. Achava que estava desperdiçando meu tempo e principalmente, oh, meu verdadeiro talento, qualquer que ele fosse.
Sonhava principalmente com uma carreira dourada no trepidante mundo do entretenimento, mais precisamente no segmento das gravadoras. Achava que, se tivesse uma chance, seria o Phil Spector dos pobres. Cheguei a torrar vinte e tantos dias de férias fazendo um estágio não-remunerado numa gravadora paulista, pra ver como era. Talvez isso tenha me salvado, porque ali comecei a perceber que ao fim e ao cabo é tudo a mesma coisa, vender seguros, conservas ou obras de arte, dá na mesma. O que realmente poderia fazer a diferença era a perspectiva, a moldura. Quando conheci melhor o zen-budismo, isso ficou ainda mais claro: temos que fazer o que precisa ser feito, seja lá o que for, e ficar se debatendo, além de bichice, é inútil.
Minha vida me levou pra publicidade, não pra engenharia de foguetes ou diplomacia. Lá, consegui desenvolver um bom trabalho, mesmo a contragosto, mesmo mortalmente constrangido, mesmo me sabotando a torto e a direito, mesmo deixando passar mil e oitocentas oportunidades na frente do meu nariz, por puro enfado.
Aos pouquinhos fui, como se diz por aí, amadurecendo e entendendo melhor as exigências da profissão, seus caminhos e, principalmente os atalhos que evitava tomar. Comecei a tratar minha carreira não com mais respeito, mas com algum respeito.
Aí, pra completar, nasceu meu filho. Ou por outra: foi só aí que ele nasceu. Desde então, nunca mais sequer pensei em mudar de área. Não que ache que vá fazer isso pro resto da vida. Não que não ache. Simplesmente não importa mais. Não dói mais. Quando se tem fraldas e papinhas para comprar, quando se é o responsável direto pela vinda de uma pessoa ao mundo, esse tipo de inquietação de SOE se torna subitamente ridícula.
Por isso, se você está em dúvida quanto ao seu futuro profissional, emprenhe alguém, é o que eu sempre digo.

02/03/2005 22:05 | Comentários (12) | TrackBack (0)