por Marcelo Firpo

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Papa Darth Vader

A primeira vez que ouvi o nome Ratzinger foi há muito tempo, eu ainda morava com os meus pais e provavelmente nem trabalhava ainda. Meu pai me acordava e, enquanto ele se arrumava pra ir trabalhar, ficávamos ouvindo o Correspondente Renner na Rádio Guaíba. De vez em quando aparecia uma notícia citando o cardeal, sempre como o guardião da ortodoxia, punindo um teólogo ou afirmando, dessa me lembro bem, que o diabo realmente existia.

Aos poucos, meu pai e eu fomos construindo um personagem, o cardeal Ratzinger, cujas características principais eram um conservadorismo exacerbado e uma truculência medieval. Sempre que um padre brasileiro inventava alguma bobagem modernizante, tipo cantar "Parabéns a Você" pra Jesus na missa, dizíamos um para o outro, imitando a dicção do correspondente Renner: "Ao saber da novidade, o papa João Paulo II ameaçou soltar o cardeal Ratzinger da coleira."

Também brincávamos que ele estava envolvido em conspirações para matar o Papa ("Encontrado um dicionário turco-alemão/alemão-turco nos aposentos de Ratzinger") e também líderes de outras religiões ("O cardeal Ratzinger foi visto nas imediações portando o que testemunhas afirmam ser uma bazuca.")

Pois bem, o velhinho de olhar nada doce e posições risivelmente antiquadas tornou-se Bento XVI, o novo Papa, e de repente a piada perdeu a graça. Me sinto num daqueles filmes tipo "A Profecia", em que apenas poucas pessoas sabem a verdade por trás de determinado personagem, e assistem impotentes à sua ascensão.

O sermão antes do conclave começar já tinha sido praticamente um discurso de Papa eleito, condenando o relativismo moral e sustentando que a Igreja deveria manter-se fiel aos seus princípios, anacrônicos ou não.

Quando falar com meu pai de novo, vamos trocar boas histórias, do tipo "Foto inédita mostra o cardeal Ratzinger pisando no pescoço do Camerlengo." ou "Após o conclave, cardeal Tettamanzi é encontrado amordaçado na despensa."

19/04/2005 14:19 | Comentários (25) | TrackBack (0)