por Marcelo Firpo

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Budices

Träsel comenta um post do Galera, que por sua vez comenta uma coluna do Alexandre Soares Silva.

Como poderia eu também não dar o meu pitaco?

Não acho que desapego e amor sejam excludentes. É possível amar muito uma coisa ou alguém e ao mesmo tempo saber que ela é transitória. Existe o horror da perda, é claro, mas bem no fundo também existe a consciência de que é tudo um joguinho.

Talvez o desapego faça até o amor ficar mais forte e comprometido, e não o contrário. Precisa de esforço pra se amar algo sabendo que no fim tudo vai acabar e que este fim pode estar ali, no momento seguinte.

O Santiago, por exemplo. Como ele foi pro CTI quando nasceu, realmente existia um certo risco de que não sobrevivesse. Senti horror? Siiiiiim. Senti medo de perdê-lo? Siiiiim. Mas ao mesmo tempo pensei: não faz diferença se ele vai viver oitenta anos ou duas horas, em qualquer um dos casos já vai ter sido maravilhoso simplesmente tê-lo visto nascer. Toda a possibilidade de uma vida inteira ao lado dele já estava ali, naquele instante em que o peguei no colo pela primeira vez. Parece bobagem pra ti? Pra mim foi reconfortante, libertador, até.

Não tem um dia sequer que eu não imagine a minha vida sem ele, por conta de algum acidente. É excruciante? Um pouquinho, mas pra mim funciona, é melhor que ser pego de surpresa. Talvez o desapego seja exatamente colocar o apego à prova e assim, como observa o Galera, preservar o amor. O meu, pelo menos, é.

Pra terminar, um coan: um monge chorava copiosamente a morte do seu mestre. Um discípulo se aproximou dele e o censurou pelo apego, lembrando-lhe que a vida é uma delusão e blablablablablabla.

O monge que chorava imediatamente parou de chorar e disse, furioso:

-Sim, eu sei de tudo isso!

E recomeçou a chorar exatamente do ponto em que havia parado.

10/10/2005 15:42 | Comentários (11) | TrackBack (1)