Tenho escrito cada vez menos no blog e não sei bem por quê. Talvez seja porque nada de muito interessante anda acontecendo na minha vida. Isso é uma meia-verdade. Talvez ela até tenha sido mais interessante, no sentido de (não posso escrever isso, deve ter uma palavra melhor, calma, pensa, isso vai te perseguir por toda a vida, não, por favor) postífera, isto é, capaz de frutificar posts. O fato é que ela está diferente.

Ontem à noite, por dever profissional, visitei uma casa noturna da cidade por cerca de uma hora. Foi como abrir o estômago de um mamute, pra ficar num exemplo corriqueiro a todos. Ficar olhando aquela roda-viva de desespero, alegria e melancolia misturada foi lindo, mas também serviu pra me mostrar o quanto eu mudei sem perceber ou querer nos últimos tempos. A gente não tem mesmo o menor controle sobre a nossa vida. Aliás, como disse alguém que eu acho que seja o Kurt Vonnegut Jr., a gente sabe tão pouco das coisas que a gente não consegue dizer nem quais são as boas e quais são as más notícias.

Muita coisa tem acontecido na minha vida. Cada dia que eu chego em casa meu filho me mostra uma nova pirueta mental, lingüistica ou mesmo física. O fato disso não estar virando post é mais falha minha do que do Universo. Talvez seja uma questão de sentir mais as coisas, em vez de ficar só se preocupando com elas.

E há, evidentemente, as coisas que não podem jamais ser escritas.