por Marcelo Firpo

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Escrever sobre música é como dançar sobre arquitetura

A chanson francesa deu um tempinho no som do carro, substituída pelo frevo. É preciso confessar que, sim, é um pouco esquisito ouvir frevo em Porto Alegre, e ainda mais no trânsito de Porto Alegre, pela singela razão de que, como o hardcore, o frevo só faz sentido mesmo no volume alto. Não é o tipo de música que o motorista que pára ao lado no sinal vermelho esteja acostumado, e olha que ele está acostumado a muita coisa.

Muita saudade do carnaval do Recife e Olinda, talvez nem mesmo exatamente o que eu vivi, mas a idéia em si do carnaval por lá. Difícil de explicar, mas vamos lá: as coisas nunca são realmente como parecem, ou mesmo como lembramos. Ouvir um frevo-canção falando do "som da triste melodia" ou "tomar umas e outras e cair no passo" é uma evocação de carnavais bem mais antigos, que hoje nos parecem inocentes e tranqüilos, mas que certamente não o eram na época, basta dizer que a sombrinha do frevo era inicialmente usada como arma, tacape, durante os desfiles. Ainda assim, a idéia de um carnaval possível e, por extensão, de um país possível, bem longe do que existe hoje, está lá, em cada virada dos metais, em cada rolinho de tarol, em cada imagenzinha poética conclamando pierrôs e colombinas. É algo como "olha que legal a vida poderia ter sido".

Sinto muita vontade de me mudar de mala e cuia pra Olinda sempre que ouço frevo. Sei que a realidade é bem mais dura que parece, e que as ruas desertas do Recife Antigo durante o carnaval são tomadas de ônibus com motor a diesel caindo aos pedaços no resto do ano, mas estar fisicamente perto da evocação já vale a pena.

O Recife e a Olinda míticos e ideais são bem mais interessantes que a Porto Alegre nas mesmíssimas condições. Aliás, poucas cidades brasileiras devem ser páreo.

16/03/2007 19:29 | Comentários (9) | TrackBack (0)