por Marcelo Firpo

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Túmulo de Diane Arbus é encontrado quebrado e vazio

Tenebrorrível.

Horripiloso.

Imbediota.

Surreuim.

Não adianta, é inútil. Realmente me faltam as palavras pra descrever o filme que eu vi domingo de noite no Moinhos Shopping. Tudo o que eu sabia sobre A Pele é que era um filme sobre a Diane Arbus. E eu gosto muito da Diane Arbus, desde 1995, quando fui pra Nova York e levei junto uma lista de livros encomendados por uma amigona fotógrafa. Eram livros apresentando o trabalho de gente como Witkin, Serrano e Saudek.

Talvez a coisa mais legal da viagem toda tenha sido ficar batendo perna em livrarias e procurando pelos tais livros. Foi meio que um curso-relâmpago de fotografia contemporânea. Até a exposição do terrível Witkin eu vi no Guggenheim, com seus disclaimers para pessoas sensíveis na porta de entrada.

Diane Arbus não estava na lista dela, mas acabei trazendo pra mim o "Untitled", que tinha sido recém lançado. Acho que também já trouxe este outro aqui.

Bom, estou escrevendo tudo isso pra, além de passar não tão sutilmente assim a idéia de que sou muito culto e viajado, evocar uma boa lembrança relacionada ao nome Arbus, coisa que tive dúvidas de que seria realmente capaz de fazer novamente depois de sair do cinema.

No começo do filme tem uma explicação toda exagerada e redundante, que menciona umas quatro vezes que a obra é uma biografia imaginária da pobre Diane, uma tentativa de retratar a paisagem mental da artista ou alguma picaretagem do tipo. Eu ainda achei legal o aviso, lembro bem: "ah, que legal que eles não se apegaram a cada detalhe monótono e insignificante da vida da mulher, em prol de uma narrativa mais fluida". T-r-o-u-x-a.

O filme não é uma biografia imaginária da Diane Arbus. O filme é uma biografia imaginária da Diane Arbus se ela fumasse crack todos as noites por trinta anos seguidos. E tomasse Diabo Verde pela manhã. É muito, muito, muito cretino. Tem o Robert Downey Jr. interpretando o Chewbacca. E ele é vizinho dela! E ela depila o animal inteiro! E só então eles fornicam! (o que aliás vai contra toda a pretensa mensagem edificante do filme, de que os freaks são legais e tal. Por que depilar, então?) Ah, sim, tinha esquecido: ele faz um casaco de cabelos pra ela! E ela descobre um alçapão ligando os dois apartamentos! E todos os amigos freaks dele ficam passeando pra lá e pra cá! E, essa vai ser difícil de acreditar, eu sei, mas vamos lá: no fundo é tudo apenas uma história de amor. E ele morre no final! E ela vira artista!

Nem se eu descrevesse cena por cena seria capaz de traduzir o horror absoluto, a comicidade involuntária, as soluções de roteiro canhestras, o romantismo camp mal embalado em estranheza fashion. Impossível. Desisto. Vou ali me depilar até a morte.

26/03/2007 22:44 | Comentários (9) | TrackBack (0)