por Marcelo Firpo

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Com Santiago, na Expointer

Fiquei em dúvida sobre falar ou não sobre a existência de um troço chamado Expointer pro Santiago. Sabia que ele ia querer instantaneamente ir assim que eu mencionasse cavalos, ovelhas, vacas e porcos, mas por outro lado achei um troço meio white trash, naquela linha "nossos finais de semana invernais são tão sem-graça que a feira agropecuária da região é a salvação da lavoura", trocadilho não-intencional.

Acabei concluindo que, sim, nossos finais de semana invernais são tão sem-graça que a feira agropecuária da região realmente é a salvação da lavoura, e por isso contei pra ele, sexta de noite, que iríamos num lugar cheio de cavalos, ovelhas, vacas e porcos. "'É uma fazenda, papai?" "Mais ou menos, meu filho".

No sábado choveu sem parar, como também sem parar o Santiago ficou falando que queria ver os porcos. No domingo o tempo firmou um pouco e, ali pelas duas da tarde, tomamos, eu e ele, o rumo de Esteio. "Cadê a Expointer?", perguntava meu terneiro, ali pelo viaduto da nova perimetral.

Entretido por caminhões de empresas tipo white martins, que transportavam gases em tanques de formato quase esférico, Santiago nem viu o tempo passar. Agüentou estoicamente também o engarrafamento para entrar no parque. Estacionamos numa área absolutamente alagada, levei-o no colo até a entrada da exposição propriamente dita. Dezessete quilos e pesando.

Logo na chegada, a primeira epifania: peões lavando touros, vacas e cavalos numa área aberta cheia de torneiras e mangueiras. Santiago olhava pros bichos, jamais apreciados de tão curta distância, e eu olhava pro Santiago, sorvendo o maravilhamento do guri.

Depois disso, caminhamos um pouco a esmo, o parque não estava muito cheio, mas a passagem de cavalos no meio das pessoas dava um toque interessante aqui e ali. Fiquei com vontade de comer em cada um dos restaurantes do lugar, e também me interessaram umas lojas argentinas de roupas de pólo eqüino, pelo inusitado da coisa. Mais pitoresco ainda foi ver um grupo de velhos estancieiros argentinos, aristocráticos e garbosos como só aos velhos estancieiros argentinos é permitido ser. Pareciam de outro planeta se colocados ao lado de seus similares locais.

Mas Santiago queria saber mesmo era dos porcos. Começou a perguntar insistentemente pelos mesmos, até que, vencido pela desorientação, perguntei acerca dos suínos para dois representantes da Brigada Militar. É claro que o humor involuntário da situação não me passou desapercebido.

Caminhamos até o pavilhão indicado e ali novamente mais um deslumbramento. Porcos, enormes, quase translúcidos de tão gordos, fazendo oinc oinc e soltando guinchos. O bom de estar com uma criança é que dá pra disfarçar o próprio fascínio infantil.

Depois comemos espetinhos e "guaramá", observamos cabras e tomei coragem pra perguntar a um peão que carregava um pônei pra lá e pra cá se o Santiago podia montar. Sim, podia, custava só dois reais e imagino que tenha sido, pra ele, o ponto culminante de uma vida até o momento.

Vagamos pra lá e pra cá, eu carregando o guri a maior parte do tempo e fazendo contorcionismos mentais pra motivá-lo a caminhar um pouco mais. Assistimos alguma prova de habilidade eqüina absolutamente incompreensível em suas filigranas, contemplamos tratores e colheitadeiras com suas enormes rodas e felizmente conseguimos carona num dindinho pra voltar ao estacionamento.

Santiago dormiu imediatamente ao entrar no carro. Eu dirigi em direção a Porto Alegre considerando seriamente a hipótese de voltar no próximo final de semana.

27/08/2007 21:13 | Comentários (15) | TrackBack (0)