Pobre só se dá mal no Bra$iu

O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é um penduric... — perdão! — direito do trabalhador brasileiro que tem a sorte de uma carteira assinada. Funciona como uma poupança forçada, na qual o empregador deposita mais ou menos um mês de salário por ano. O objetivo é proteger o funcionário quando este for demitido, garantindo um dinheiro para se manter entre um emprego e outro. Quanto mais pobre a pessoa, mais importante o FGTS, porque em tese ela não tem como fazer uma poupança espontânea.

O problema é que o FGTS é um inferno principalmente para aqueles que deveria beneficiar. Se não acredita, tente liberar o dinheiro do fundo para adquirir um imóvel. A lista de documentos é imensa, incluindo Certidão de estado civil atualizada — para terem certeza de que você não está se passando por um morto. Há também as certidões do imóvel, que correm por conta do comprador. Por baixo, a pessoa gasta ao menos uns R$ 100 nisso. A pior demência, porém, é a taxa de liberação do FGTS para aquisição direta de imóvel: R$ 500 na Caixa Federal, administradora do fundo.

Como administradora, a Caixa recebe montes de dinheiro todo mês, que ficam lá guardados por anos. Com esse dinheiro de cada trabalhador, o banco faz operações de financiamento e crédito, pelas quais recebe juros que hoje estão acima dos 10% ao ano. Isso sem nenhum risco, praticamente, porque se o pobre coitado não paga o financiamento tem seu imóvel retomado e leiloado. O verdadeiro dono do dinheiro ganha uma merreca em juros e correção monetária, rendimento que nunca ultrapassa o da poupança. E quando quer usar seu dinheiro para realizar o sonho da casa própria, ainda precisa pagar R$ 600.

Quando diabos um assalariado que recebe o mínimo terá como pagar R$ 600 para adquirir um casebre? (É claro, partindo da premissa de que ele seja alfabetizado o suficiente para conseguir todos os documentos necessários.) Depois de ganhar um monte de dinheiro fazendo operações com os recursos do FGTS, o mínimo que um banco público deveria fazer é oferecer o serviço de liberação gratuitamente. Ou, pelo menos, cobrar uma taxa proporcional ao valor a ser liberado, de modo que os mais ricos pagassem mais pelo serviço e ele pudesse beneficiar realmente aos mais pobres.

Isso é Bra$iu.

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