por Marcelo Firpo

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Notas soltas sobre a violença

Fui assaltado duas vezes na vida, uma na infância e outra na adolescência, se não contar uma tentativa canhestra pela qual passei junto com o Trasel recentemente. Fora isso, tive furtados um carro, um CD player e dois estepes nesta bela cidade. Me sinto um privilegiado.

Desde sempre tive a sensação de que a situação está cada vez pior, que agora não dá mais e onde é que nós vamos parar?, mas acho que a cobertura da mídia tem muito a ver com isso. Cada barbaridade se coloca como o ápice num processo cumulativo, só para nos darmos conta, na semana seguinte, que há um outro ápice, e mais outro, e mais outro.

A idade também tem a ver. Quanto menos em condições de quebrar um ladrão a pau me sinto, mais crítica parece a situação, e olha, acho que nunca me senti muito em plenas condições de fazê-lo. Por outro lado, sair menos faz com que a gente tenha menos contato com a coisa em si. Parei de ir a shows no Anfiteatro Pôr-do-sol, por exemplo, não por achar que já não tinha idade, mas por achar que já não tinha mais como me defender de um arrastão. Quando a gente é jovem a gente realmente acredita que pode.

Uma noite dessas tava voltando da natação e sou quase atropelado por uma turba que descia Mostardeiro abaixo pra pegar um suposto ladrão de CD player. São três quadras da piscina até a minha casa, mi barrio, um trajeto que já fiz 50 vezes, relativamente despreocupado. No momento que ouvi a gritaria, achei que era uma encenação pra pegarem a mim, passaram zunindo do meu lado, acabaram pegando o cara.

Quando criança, morava no beco da João Manoel, fronteira entre as áreas de influência das gangs da Matriz e da Bronze. Vivia borrado de medo, correndo pra lá e pra cá, na esperança de não virar mais um alex thomas. O que eu achava uma situação-limite acabou se revelando um bom treino pra vida adulta.

Já pensei e até tentei morar em outros lugares, mas a mão pesada do destino parece me querer por aqui, então paciência. Pra completar, tenho um filho pra criar. Assim que aprender a caminhar com firmeza, vou colocá-lo numa aula de artes marciais e de lá ele só vai sair faixa-preta. Meu pai devia ter feito isso comigo.

10/09/2005 15:06 | Comentários (10) | TrackBack (2)