por Marcelo Firpo

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O inesperado, sempre

Sábado de carnaval, passeando com o Santiago de barco pelo Guaíba, um daqueles que saem da usina.

Enquanto passamos ao largo de uma ilha e vemos dezenas de casinhas com píers e garagens para lanchas, explico pra ele, não sem poetizar um pouco, que para aquelas pessoas que moram nas ilhas, o rio é como se fosse uma rua e as lanchas, os seus carros.

Ele absorve um pouco a informação. Depois, pergunta:

"Mas eles são JAPONESES?"

21/02/2009 17:03 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Dançando sobre arquitetura

Maior invenção da Humanidade esse Captain Crawl.

Como teste, baixei o "Early Recordings", do Opal.

Opal foi o proto-Mazzy Star, só que bem melhor. Kendra Smith come uma tigela de Hope Sandoval todas as manhãs.

A música que abre esse disco, "Empty Box Blues" é apenas a música que eu mais adoro no mundo inteiro.

Começa com um dedilhado circular de guitarra, dolente, um timbre limpo, mas com um pouquinho de eco. Gostaria de entender o suficiente de pedais pra explicar, mas tem um efeito calmante.

Aí aos quatro segundos entra uma bateria, duas ou três batidinhas de caixa e um prato que se espalha, mais eco. A bateria segue. No rastro do prato, um baixo discreto e um tecladinho meio sixties, meio psicodélico, tocando uma melodia sobre o dedilhado, que segue circulando. Essa melodia, ainda que não seja a mesma da guitarra, conversa com ela

Aí entra o vocal, um vocal dos anos sessenta, feminino, grave e vivido, Nico, ainda que a música seja do final dos oitenta.

"I´ve heard what you said, it´s just that I don´t believe a world"

Você quer passar o resto da sua vida ao lado dessa mulher. Ela continua:

"Of what people say, I´m not even sure I´ve heard"

O tempo todo aquela frase de guitarra circular, David Roback, o mais subestimado dos guitarristas.

"I don´t remember your face, but I can still recall your name"

O dedilhado muda, entramos numa espécie de anti-refrão, um remanso no meio da música. É aqui que a parte "blues" do título se explica melhor.

"That´s all I want you to do"

Começa tudo de novo. Na segunda estrofe entra também um pianinho.

"We could go for a walk". Você quer aceitar o convite com todas as duas forças.

"Or I´ll sing you a song, but all my words sound funny." Você quer contrariá-la até a morte.

"We could go for a ride, down to the ocean watch the tide." É apenas evidente que esta música aconteça perto da praia. Mas é um inverno, no máximo um outono.

A música parece que não vai terminar nunca, e isso é ótimo, até que ela canta de novo a primeira frase da primeira estrofe de um jeito um pouco mais lento e cansado, e logo o vocal é substituído por assobios. Isso é muito, muito triste, porque sabemos que a música está terminando ou pelo menos se afastando de nós. Na verdade essa música nunca termina.

Escrever sobre música é como dançar sobre arquitetura. Mas quando se escreve sobre música na verdade estamos tentando escrever sobre sentimentos. Isso é mais impossível ainda, mas não o suficiente para nos impedir.

09/02/2009 17:42 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Resultados da rodada

Futebol 2, Rúgbi 1.

08/02/2009 21:19 | Comentários (1) | TrackBack (0)


Post polêmico do semestre

Tenho um amigo que tem uma teoria:

(pausa dramática)

A TEORIA DO MEU AMIGO

sydney-high-rugby.jpg

Todo gremista, é na verdade, um torcedor de rúgbi enrustido.

No seu mais profundo âmago, cada torcedor do Grêmio gostaria de ter nascido na Argentina, na Austrália ou na Nova Zelândia, e ser um feliz torcedor de um time de rúgbi.

Como deram o azar de nascer no Brasil, torcem pelo time que mais se aproxima disso.

Os indícios que corroboram essa teoria são muitos:

O uniforme listrado.

A avalanche.

Os cantos de torcida em castelhano.

O Dinho.

O Sandro Goiano.

O Danrlei.

Todos os principais ídolos do Grêmio dariam esforçados jogadores de rúgbi.

Os craques, por outro lado, são execrados pelo torcedor.

O Ronaldinho Gaúcho, por exemplo.

Realmente, faz todo o sentido.

03/02/2009 08:36 | Comentários (13) | TrackBack (0)


Dominicana

Terminei o livro agora de manhã. Apesar de ter uns dois ou três trechos mais bobinhos - o que convenhamos não chega a ser grande coisa num total de mais de quinhentas páginas - e também apesar de arrastar-se um pouco demais na parte da ceia, é bem bom, me deixou com vontade de pesquisar outros do mesmo autor. Também fazia tempo que eu não ria tanto lendo um livro. Daria um bom filme.

02/02/2009 14:14 | Comentários (0) | TrackBack (0)