Ontem o Nego sugeriu um troço chamado Grooveshark na lista do Insanus.

Fui conferir com o teste-padrão: se eles sabem o que é o Opal, é bom.

Me caiu os butiá do bolso: não só sabiam o que era o Opal e listavam o Early Recordings pra ouvir como também acusavam a existência de um Early Recordings 2, do qual eu nunca tinha ouvido falar.

E baixei.

Achava que eram só sobras de estúdio, mas é tão bom quanto o primeiro.

Talvez estejamos, todos nós e gradativamente, retornando ao nomadismo.

Santiago me pede um brinquedo caro. Explico que quase todas as coisas custam dinheiro e que não podemos gastar tudo o que temos, precisamos ter sempre um pouquinho guardado. Ele responde:

"Tive uma ideia. E se a gente FIZESSE dinheiro em casa?"

Por um instante considero seriamente a sugestão.

Final do Gauchão, Santiago, pela primeira vez no Beira-Rio, pergunta ali pelo quinto gol:

"Papai, o jogo termina quando o Inter faz dez gols?"

Santiago, ao sair do elevador e entrar no nosso apartamento:

"Eba! Passei pra fase da casa!"

Pra mim não tem coisa melhor do que ver alguém sendo um peixe na água, isto é, sendo naturalmente bom naquilo que faz. O naturalmente talvez seja a parte mais importante da definição toda. Me senti feliz assim, por exemplo, vendo os shows do Conor Oberst e do Yann Tiersen. Peixes na água.

Ontem entretanto, descobri que existe algo ainda mais emocionante do que ver um peixe na água: ver um peixe na sua primeira vez na água.

Foi o desfile da marca da Carla Bal, a Panca, no Donna Fashion. Eu não me considero um grande entendedor de moda, e acho que 99% das pessoas que dizem entender não entendem muito também, mas do primeiro ao último modelo que entrou na passarela dava pra perceber que existe um belo caminho a ser trilhado aqui.

Uma coleção é o produto do choque entre a concepção de um estilista e a dura realidade: prazos, verbas, materiais e outras limitações. Na verdade, é justamente na forma com que se superam as dificuldades que reside a grandeza de uma obra, e isso ficou evidente pra mim ontem.

Da escolha da banda que fez a trilha sonora ao vivo, aos modelos, às peças e até mesmo a entrada final da Carla sob uma chuva de aplausos, emocionando até os seguranças mais empedernidos, tudo foi feliz, ou pelo menos o mais feliz possível.

Evidentemente, este é um post subjetivo: conheço a Carla há muito tempo, é uma grande amiga. Mas isso talvez me dê um pouco mais de autoridade pra dizer que este peixinho finalmente tem um oceano pela frente.

Aqui e aqui, comentários mais especializados.

E aqui, um vídeo com parte do desfile.

Tem um monte de coisas acontecendo, nenhuma delas pode ser blogada.

Como sempre, o incontrolável rádio dentro da minha cabeça toca a música mais apropriada para cada momento, mesmo que faça muitos e muitos anos desde a última audição real.

No momento toca isso aqui, um comentário certeiro para a situação:

E aproveitando que estamos aqui, este talvez seja o refrão mais emocionante que eu já ouvi:

Except for the boy in the belfry
He's crazy, he's throwing himself
Down from the top of the tower
Like a hunchback in heaven
He's ringing the bells in the church
For the last half an hour
He sounds like he's missing something
Or someone that he knows he can't
Have now and if he isn't
I certainly am