Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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vossa excelência é um notório mulherengo, bêbado e jogador

O presidente do Partido Liberal, Waldemar Costa Neto, reununciou ao mandato de deputado, para evitar um processo de cassação. Assim, poderá se candidatar novamente em 2006 e continuar vendendo sua alma imortal em troca de dinheiro para o caixa 2. Assim, inicia-se o dominó parlamentar. O último a ficar em pé, apague a luz do Congresso e vá para casa. O povo agradece.

A quantidade de bandalheira anda tanta que, além de ser difícil acompanhar, até desanima qualquer comentarista. Não há o que dizer em momentos como este. Os fatos são muito mais eloqüentes deixados a si mesmos.

A merda já se espalha sobre o PSDB e o PFL e pode-se prever com alguma segurança que terminará por cobrir todos os partidos. Das agremiações sérias, somente PDT e PSOL se salvam até agora. FHC, aquele do "esqueçam tudo o que escrevi", agora pede que esqueçam do que fez, chamou Lula de vira-casaca, provando mais uma vez não enxergar a trave no próprio olho. Fernanda Karina faz um ensaio sensual em que revela todo seu arrivismo e caráter mercenário.

Exceto pela revista Carta Capital, ninguém ainda tentou ir aos motivos profundos da corrupção e explicar como o único partido digno do nome no Brasil se vendeu. É também o único veículo a relatar os fatos de maneira equilibrada. Bate no governo quando a culpa é evidente, dá o benefício da dúvida quando faltam provas.

O resto da imprensa tem feito papel de idiota, comprando de imediato a versão de qualquer escroque do quilate de Roberto Jefferson ou Fernanda Karina. A Editora Abril, inclusive, fez uma doação ao PSDB em 2002, sem assumir em suas publicações o posicionamento. De qualquer modo, e é duro admitir, os outros jornais demonstram menos boa vontade para com o atual governo do que demonstrou para com FHC.

Para refrescar a memória, clique abaixo e leia uma retrospectiva dos escândalos do governo FHC. Foi organizada pelos sociólogos Altamiro Borges e Rogério Chaves. Os dados parecem corretos.

  • Sivam: Logo no início da gestão de FHC, denúncias de corrupção e tráfico de influências no contrato de US$ 1,4 bilhão para a criação do Sistema de Vigilância da Amazônia [Sivam] derrubaram um ministro e dois assessores presidenciais. Mas a CPI instalada no Congresso, após intensa pressão, foi esvaziada pelos aliados do governo e resultou apenas num relatório com informações requentadas ao Ministério Público.

  • Pasta Rosa: Pouco depois, em agosto de 1995, eclodiu a crise dos bancos Econômico, Mercantil, e Comercial. Através do Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro [Proer], FHC beneficiou com R$ 9,6 bilhões o Banco Econômico numa jogada política para favorecer o seu aliado ACM. A CPI instalada não durou cinco meses, justificou o "socorro" aos bancos quebrados e nem sequer averiguou o conteúdo de uma pasta rosa, que trazia o nome de 25 deputados subornados pelo Econômico.

  • Precatórios: Em novembro de 1996 veio à tona a falcatrua no pagamento de títulos no Departamento de Estradas de Rodagem [DNER]. Os beneficiados pela fraude pagavam 25% do valor destes precatórios para a quadrilha que comandava o esquema, resultando num prejuízo à União de quase R$ 3 bilhões. A sujeira resultou na extinção do órgão, mas os aliados de FHC impediram a criação da CPI para investigar o caso.

  • Compra de votos: Em 1997, gravações telefônicas colocaram sob forte suspeita a aprovação da emenda constitucional que permitiria a reeleição de FHC. Os deputados Ronivon Santiago e João Maia, ambos do PFL do Acre, teriam recebido R$ 200 mil para votar a favor do projeto do governo. Eles renunciaram ao mandato e foram expulsos do partido, mas o pedido de uma CPI foi bombardeado pelos governistas.

  • Desvalorização do real: Num nítido estelionato eleitoral, o governo promoveu a desvalorização do real no início de 1999. Para piorar, socorreu com R$ 1,6 bilhão os bancos Marka e FonteCidam — ambos com vínculos com tucanos de alta plumagem. A proposta de criação de uma CPI tramitou durante dois anos na Câmara Federal e foi arquivada por pressão da bancada governista.

  • Privataria: Durante a privatização do sistema Telebrás, grampos no BNDES flagraram conversas entre Luis Carlos Mendonça de Barros, ministro das Comunicações, e André Lara Resende, dirigente do banco. Eles articulavam o apoio a Previ, caixa de previdência do Banco do Brasil, para beneficiar o consórcio do banco Opportunity, que tinha como um dos donos o tucano Pérsio Árida. A negociata teve valor estimado de R$ 24 bilhões. Apesar do escândalo, FHC conseguiu evitar a instalação da CPI.

  • CPI da Corrupção: Em 2001, chafurdando na lama, o governo ainda bloqueou a abertura de uma CPI para apurar todas as denúncias contra a sua triste gestão. Foram arrolados 28 casos de corrupção na esfera federal, que depois se concentraram nas falcatruas da Sudam, da privatização do sistema Telebrás e no envolvimento do ex-ministro Eduardo Jorge. A imundície no ninho tucano novamente ficou impune.

  • Eduardo Jorge: Secretário-geral do presidente, Eduardo Jorge foi alvo de várias denúncias no reinado tucano: esquema de liberação de verbas no valor de R$ 169 milhões para o TRT-SP; montagem do caixa-dois para a reeleição de FHC; lobby para favorecer empresas de informática com contratos no valor de R$ 21,1 milhões só para a Montreal; e uso de recursos dos fundos de pensão no processo das privatizações. Nada foi apurado e hoje o sinistro aparece na mídia para criticar a "falta de ética" do governo Lula. E apesar disto, FHC impediu qualquer apuração e sabotou todas as CPIs.

  • Ele contou ainda com a ajuda do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que por isso foi batizado de "engavetador-geral". Dos 626 inquéritos instalados até maio de 2001, 242 foram engavetados e outros 217 foram arquivados. Estes envolviam 194 deputados, 33 senadores, 11 ministros e ex-ministros e em quatro o próprio FHC. Nada foi apurado, a mídia evitou o alarde e os tucanos ficaram intactos. Lula inclusive revelou há pouco que evitou reabrir tais investigações — deve estar arrependido dessa bondade!

    1 de agosto de 2005, 17:07 | Comentários (7)



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