Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


revendo o voto

Há um mês, quando abri meu voto, a campanha na televisão ainda não havia começado. Nenhum debate fora transmitido. Nesse tempo, Heloísa Helena cada vez mais passou demonstrar péssimos sinais. Isto é, sinais de lulismo. O primeiro foi a forma arrogante como se comportou no Jornal Nacional e em outras situações de conflito, típica de nosso presidente. A candidata do P-Sol também adotou uma imagem "paz e amor", lembrando sempre que pode sua condição de mãe derretida e católica fervorosa. Nada disso combina com uma líder socialista, desculpem, nem aliás com a própria senadora, sempre combativa. Dá uma impressão muito densa de jogada publicitária. Nesse caso, Heloísa Helena estaria desistindo antes mesmo de começar. Lula ao menos perdeu três vezes, antes de trair seus ideais.

Cristovam Buarque, por outro lado, supreendeu em sua entrevista ao Jornal Nacional e continua surpreendendo. O ar de coitado combina com ele e isso o faz ao menos parecer honesto, se é que não o é mesmo. Por outro lado, tem sido ponderado em seus pronunciamentos, mas sem se deixar intimidar. É um sujeito racional, o que hoje em dia significa quase um suicídio político. Como se não bastasse, o brasileiro parece ter gostado de seu projeto para a educação, porque todos os outros candidatos andam martelando sobre esse assunto. Não admira. É o único a realmente ter algum projeto. Pode-se argumentar que seja imbecil, ou gostar, mas que Cristovam tem um projeto de Brasil, isso tem.

Criou-se o impasse. Por um lado, votar em Heloísa Helena seria uma boa maneira de lembrar o PT pragmático que ainda existem pessoas cujos ideais de esquerda restam intactos. Uma votação expressiva sua talvez chamasse o partido à consciência. Por outro lado, ela tem cada vez mais deixado transparecer semelhanças com os piores aspectos da esquerda, não os melhores. Por um lado, Cristovam pertence ao PDT, um partido com tendências caudilhescas e responsável por muitas desgraças no Rio Grande do Sul. Por outro lado, o P-Sol é um partido tão ruim quanto, embora por outros motivos. Votar em uma esquerdista duvidosa e dar um recado ao PT, ou então em um político divorciado da realidade, mas incentivar as boas práticas da racionalidade e ponderação no Brasil? Inclino-me a cada dia mais para Cristovam.

31 de agosto de 2006, 10:11 | Comentários (25)

tigre

Belíssimo curta de animação inspirado em um poema de William Blake e tendo São Paulo como cenário.

30 de agosto de 2006, 10:58 | Comentários (2)

meus amigos são os melhores

pavao_ruivo.jpg

Cardoso em momento Clóvis Bornay. Foto de Carla Pilla

28 de agosto de 2006, 17:45 | Comentários (9)

aviso a amigos e familiares

É assim que eu quero ser enterrado.

25 de agosto de 2006, 10:59 | Comentários (6)

guria com um plano
Tinha um desses quando peguei o metrô ontem de manhã. Ele devia ter uns 60 anos, tava vestido como uma pessoa normal (a maior parte dos malucos e homeless aqui se veste como eu e você), tinha ares de quem foi muito bonito quando era mais jovem. Tava sentado e falava muito alto e para todos, como se fosse um guia turístico daquele vagão, e contava curiosidades sobre o metrô de NY. Ninguém dava bola — ninguém dá bola nunca por aqui.

A fotógrafa supersexy Sabrina Fonseca se mudou para Nova York e criou um blog, o Ainda bem que fui embora.

Ainda bem, nada! :~~

24 de agosto de 2006, 10:48 | Comentários (4)

stalinismo na banca de revistas

O jornaleiro e estudante de história Fábio Marinho, de Porto Alegre, parou de vender as revistas Veja, Época e a falecida Primeira Leitura. A gota d'água foi uma reportagem do semanário da Abril sobre Hugo Chávez em que " tudo era escrito num tom muito ofensivo, sem o menor respeito por um presidente de Estado, de uma nação soberana, eleito pelo voto popular". O semanário da Globo e o do PSDB foram barrados por "perseguir" o governo Lula. A parte mais educativa da entrevista é a seguinte:

Isso não pode prejudicar o seu trabalho, visto que a Veja é uma das publicações mais vendidas e que, portanto, gera grande retorno à banca?

Sobre perder vendas, bem, entre ganhar dinheiro com a Veja ou perder algumas vendas e contribuir para que os meus clientes descubram a Caros Amigos, a CartaCapital, a Reportagem, fico com esta segunda opção, sem falar no componente ético que em mim é muito forte.

É isso aí. Como todo bom estudante de história, Marinho é comunista. E como todo bom comunista, pensa saber o que é melhor para os outros. E pretende fazer com que o tenham, gostem ou não. Mas, evidentemente, os clientes da banca são pobres alienados, incapazes de decidir por si mesmos qual revista faz o melhor jornalismo, não é? O pior de tudo é ver gente que deveria proteger a pluralidade no jornalismo apoiando essa bobagem. Na praça em Berlim onde uma placa lembra a queima de livros de judeus e "escritores decadentes" pelos nazistas, há ao lado uma frase do poeta Heinrich Heine: "lá, onde se começa a queimar livros, ao final se está queimando homens".

22 de agosto de 2006, 22:08 | Comentários (41)

as meninas do meu avô

Mais um motivo para perder tempo no ciberespaço: fotos de putaria antiga.

Dica da Fabi.

21 de agosto de 2006, 11:28 | Comentários (7)

vaca volante

Bezerro cai do céu e quase atinge banhista.

Isso lembra um caso, há alguns anos, em que uma vaca afundou um barco de pesca no Mar do Norte. A conclusão a que as autoridades chegaram na época foi que contrabandistas de gado russos tiveram problemas em seu avião de carga e começaram a jogar vacas do céu para aliviar peso.

E tem gente que se sente entediada nesse mundo.

20 de agosto de 2006, 10:36 | Comentários (6)

a arte da guerra ao crime
Uma das exigências dos seqüestradores da equipe da TV Globo em SP era aparecer na televisão. No vídeo eles fazem uma série de exigências, mas seqüestram o jornalista pedindo em troca a exibição do vídeo. A partir dessa constatação, gostaria de perguntar se a sociedade está se dividindo entre pessoas e não-pessoas, entre visíveis e invisíveis?

– Não, mas estamos nos dividindo entre aqueles que têm uma vida para viver e os que não têm. Na economia contemporânea é o contrário do capitalismo industrial clássico. No capitalismo contemporâneo, que se move à velocidade do sinal eletrônico e que aplica intensa, ininterrupta e sucessivamente tecnologia à produção da riqueza material, criou-se uma nova categoria que é o refugo humano. O velho Marx falava em exército industrial de reserva, mas o exército industrial de reserva acabou. Não existe mais. O exército industrial de reserva eram as pessoas que não estavam alocadas na divisão social do trabalho, mas que iriam ser integradas, mais cedo ou mais tarde, ou poderiam vir a ocupar um lugar na divisão social do trabalho. O refugo humano é gente que não ocupou, não ocupa e não ocupará lugar nenhum na divisão social do trabalho. Isso acontece no Brasil, assim como na Ásia, na África e nos demais países da América Latina. Com a presença do terceiro mundo no primeiro mundo, também vai acontecer no primeiro mundo. O último filme do Costa Gravas, O Corte, trata dessa questão, só que ao nível dos executivos. Aquilo é a insegurança com o emprego, o efeito daqueles que estiveram empregados no mundo do desemprego estrutural.

O sociólogo Luiz Carlos Fridman explica, sem mostrar aliás nenhuma simpatia pela bandidagem, por que as políticas de segurança pública baseadas APENAS na repressão estão todas fadadas ao fracasso. Quem não tem vida própria, não valoriza a vida dos outros. Os criminosos não têm nada a perder e, como já ensinava Sun Tzu, quem combate esse tipo de inimigo sempre sai perdendo. Por outro lado, Fridman dá alguma esperança ao dizer que esse "refugo humano" sem vida própria não precisa necessariamente entrar para o crime. Está disposto a qualquer coisa, desde ir para a igreja a entrar em uma oficina de artesanato ou música. Só é preciso que alguém ofereça uma alternativa. Ou seja, para vencer essa guerra, é preciso dar ao inimigo algo a perder.

19 de agosto de 2006, 12:41 | Comentários (8)

sexo na agência espacial brasileira
Que vantagens e desvantagens o espaço oferece para a prática sexual?

Na ausência de gravidade a cada ação corresponde uma reação igual e contrária. Por isso, para se fazer sexo no espaço é preciso um cinturão elástico em torno da cintura dos parceiros, para mantê-los unidos. Mas a ausência de gravidade, que atrapalha um pouco, permite uma série de posições impossíveis na Terra. Isso ainda está sendo objeto de estudos secretos. Secretos porque envolvem a intimidade dos astronautas.

Extraído do FAQ da Agência Espacial Brasileira. Dica da jornalista Fernanda Aldabe.

18 de agosto de 2006, 15:37 | Comentários (5)

quase fim de semana

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Aproveitem que seu chefe vai embora após o meio-dia para entrar no clima de fim de semana vendo as fotos de Suellen Tacchi, tiradas por Tatiana Leão, Sean Graham e Joana Mazza.

18 de agosto de 2006, 11:15 | Comentários (7)

estamos cercados de idiotas

Norte-americanos conhecem melhor Krypton do que planetas do nosso sistema solar. Além disso, 74% conseguem lembrar dos nomes dos três patetas — Larry, Curly e Moe —, mas só 42% sabem quais são os três poderes — Judiciário, Legislativo e Executivo. E lá as escolas públicas são boas. A pesquisa também mostrou que mais norte-americanos conhecem Harry Potter do que Tony Blair, mas isso faz bastante sentido, já que Blair não influi diretamente em suas vidas. Os outros dados, porém, são preocupantes. Sobretudo porque essa gente controla bombas nucleares e o maior aparato militar da Terra.

A suposta ignorância dos norte-americanos é sintoma de um mundo em que conhecer o sistema solar ou compreender o sistema político não faz a menor diferença. A posição de Mercúrio, afinal, só influi na vida de quem acredita em astrologia. Por outro lado, saber que é o planeta mais próximo ao Sol não faz tanto sucesso nas reuniões sociais quanto lembrar o planeta do Super-Homem ou saber toda a cosmogonia de Harry Potter. As pessoas vão ao cinema, lêem livros ou assistem à televisão quase todos os dias. A política aparece só de dois em dois anos, quando são chamadas a eleger seus representantes. O conhecimento emancipador do iluminismo não faz mais parte da vida do ser humano comum. Aliás, nunca fez.

Isso é bom? Nem um pouco. Mas é compreensível.

16 de agosto de 2006, 10:20 | Comentários (23)

abrace o filistinismo de meio-turno

O texto do Bruno Galera sobre a falsa polêmica a respeito dos cursos universitários para escritores lembra como a mitificação dos artistas e outros trabalhadores intelectuais é algo engraçado. No caso, há quem pense que os cursos são, na hipótese mais benévola, inúteis. José Castello, por exemplo, delira:

A literatura, mais do que as outras artes, trabalha com a palavra pura e o pensamento puro. O escritor não precisa de um pincel, nem de um violino. Você tem de ter atributos que não se ensina. Tem de ter imaginação, por exemplo.

Ah, é? Deveriam erigir monumentos para esses semideuses que trabalham com a palavra. O trecho evidencia a anal-retentividade de parte da "classe artística". Esse negócio de pensamento puro — e aliás, outras purezas — caiu em desuso já no século XIX. Benjamin decretou o fim da aura da obra de arte há mais de 50 anos. Ainda assim, há quem acredite que o artista não deve se deixar contaminar pelo dinheiro, essa coisa suja.

É algo engraçado. Se um sujeito trabalha no setor de compensação de cheques em um banco qualquer, mas à noite participa de algum projeto artístico ou desfruta da arte, todos acham muito bom. Ninguém questiona sua pureza de intenções. "Oh, puxa, um mero bancário se interessando por arte." Por outro lado, se um ator com diversos serviços prestados à dramaturgia resolve trabalhar oito horas por dia na Globo, se um bom músico decide tocar em uma banda de axé, se um artista plástico decide fazer ilustrações para comerciais, logo os chamam de vendidos. Logo os acusam de conspurcar sua arte.

Uma novidade: dinheiro é trimmmassa. Com ele se pode fazer muitas coisas, inclusive patrocinar uma dedicação a projetos artísticos que não rendem dinheiro. Artista não tem de sofrer.

14 de agosto de 2006, 23:13 | Comentários (24)

o lado bom

Por incrível que pareça, o seqüestro de um repórter da Globo pelo PCC pode ser um bom sinal. Os criminosos queriam a divulgação de um vídeo em que reclamam do Regime Disciplinar Diferenciado. Isso significa que o RDD funciona e realmente está atrapalhando a vida dos bandidos. Não o suficiente para impedir ações como essas, mas já indica um caminho a seguir pelo governo, caso queira dar um jeito na situação.

ATUALIZAÇÃO: Leia aqui a íntegra do comunicado do PCC, pedindo respeito à lei no trato com prisioneiros. Embora a reação instintiva seja pensar "ora, ladrões e assassinos exigindo direitos que não dão às suas vítimas!", o caminho não é esse. Se o Estado quer ver os cidadãos cumprindo a lei, tem de cumpri-la ele mesmo.

13 de agosto de 2006, 20:42 | Comentários (16)

plano para enriquecer

Escrever um livro de auto-ajuda chamado Homens são do Sexy Hot, mulheres são do Playboy Channel.

13 de agosto de 2006, 12:16 | Comentários (7)

notícias do exílio em moscou

Agradeçam a Daniel Pellizzari por ter descoberto a Exile, uma publicação feita por norte-americanos residentes em Moscou. Apesar do foco na Rússia e suas relações com os Estados Unidos, os artigos são muito bons e interessam aos geeks em geral. America needs Thorazine!, apesar de antigo, continua válido e é um bom exemplo do humor dos redatores. Lendo a versão eletrônica, descobre-se que a campanha do Dove, que se pretende um prêmio de consolação para a "miss simpatia", deu errado por lá também. E qual jogador de War nunca quis saber como é Vladivostok? Especialmente interessante também é War Nerd, uma coluna sobre guerra escrita por Gary Brecher.

12 de agosto de 2006, 12:09 | Comentários (12)

morde e assopra

A mídia costuma fazer um carnaval em torno de crimes que envolvam a Internet de alguma forma. Se torcidas combinam confrontos pelo Orkut, o foco recai no Orkut, não nas causas da guerra entre fãs de futebol. Se uma mulher é assassinada pelo namorado que conheceu via site de relacionamentos, a ênfase é nisso, deixando-se de lado o fato de que muitas mulheres são mortas por homens que conheceram no mundo "concreto". Não é o caso da reportagem sobre o adolescente gaúcho que se suicidou com ajuda de um fórum online.

É um dos poucos casos em que o uso da Internet parece de fato ter influenciado de forma decisiva no desfecho. O adolescente era depressivo e talvez planejasse se suicidar de qualquer modo, mas no tal fórum contou com incentivo de outros participantes. Descreveu todos os seus passos até o momento da morte. Ninguém tentou demovê-lo da idéia. Pode-se inferir que, se fosse tentar obter as mesmas informações e incentivos com amigos na rua, não teria conseguido. Teria soado um alerta entre as pessoas de sua relação e talvez pudesse ter sido salvo. Mas talvez não.

Por outro lado, o próprio fato de usar um fórum gerou uma tentativa de salvação: uma canadense viu as mensagens e avisou a polícia de Toronto, que avisou a Brigada Militar em Porto Alegre. Infelizmente, muito tarde. A matéria é equilibrada ao apontar este fato e ao lembrar que na rede há de tudo, coisas boas e más. Evita a histeria dos pais, garantindo que o rapaz era doente. Nenhuma das entrevistas com psiquiatras propõe a restrição da liberdade de navegação a todos os jovens, mas apenas àqueles doentes. Parabéns ao repórter Carlos Etchichury.

10 de agosto de 2006, 16:12 | Comentários (14)

menos é mais

Para não dizerem que aqui só se critica, mas não se elogia: o jornal está dando um baile na RBS, e em especial na Zero Hora, com sua cobertura do escândalo nas licitações para o DMLU. De fato, quem se interessa pelos assuntos da política municipal só tem o pequeno jornal de Elmar Bones para recorrer. A RBS até noticia, mas sem profundidade. Talvez porque o prefeito Fogaça seja da turminha de Antônio Britto, ídolo político dos Sirotsky. Aliás, desistam também de ler sobre desmandos imobiliários nas páginas de Zero Hora e telejornais da RBS, porque a família está ligada a uma incorporadora, a Maiojama.

10 de agosto de 2006, 10:35 | Comentários (16)

de chorar no cantinho

Os porto-alegrenses adoram louvar o suposto alto nível intelectual dos cidadãos, quando comparado ao resto do Brasil. Talvez com alguma razão. No entanto, basta cair em suas mãos por acaso algo como a revista Pimba, de Montevideo, para se perceber que Porto Alegre é lixo perto até mesmo de uma cidade de tamanho semelhante em um país decadente. A programação cultural da capital uruguaia faz qualquer pessoa de bom gosto exilada nestes tristes subtrópicos chorar. Sobretudo pessoas que já tentaram emplacar uma revista do gênero por aqui — no caso, a Type — sem conseguir muitos leitores, menos ainda anunciantes. Enfim, os uruguaios, apesar de pobres, recebem uma boa educação.

9 de agosto de 2006, 10:37 | Comentários (11)

conversa furtada

carol bensimon says:
hein hein
tu não tem um roller?

träsel says:
ah, claro
eu também tenho um vestido de strass e uma peruca loura de meio metro pra combinar

carol bensimon says:
hahahahaahaha

8 de agosto de 2006, 10:24 | Comentários (0)

estou sem palavras

7 de agosto de 2006, 10:44 | Comentários (11)

nariz vermelho

E pensar que eu passei dez anos agitando minha bandeira vermelha nas esquinas, para o Lula chegar lá e propor uma nova constituinte. Pior é ter de dar razão a todos os familiares com quem briguei, porque chamavam o ex-metalúrgico de ignorante.

Depois criticam quando o sujeito desiste de se deixar fazer de otário e abandona a política partidária.

7 de agosto de 2006, 0:01 | Comentários (19)

votar nulo é direito. ponto.
A patrulha do bem tem uma característica inconfundível: se move sempre com a certeza de carregar a verdade absoluta. Daí o feitio quase religioso de suas cruzadas. Os virtuosos estão em campo de novo, agora para mostrar aos distraídos que o voto nulo é ruim para a democracia. Não ouse discordar. Você será tachado de alienado, ignorante ou agente involuntário da corrupção.

Votar nulo está errado, avisam os éticos. E não fique chateado, eles só querem o seu bem. Você é um sujeito distraído que não sabe o que é bom para você, mas para sua sorte tem alguém que sabe. E que vai lhe dizer o que fazer.

Nem sempre dá para concordar com o Guilherme Fiúza, então é bom aproveitar. Essa é dedicada aos leitores que criticam a opção pelo voto nulo.

6 de agosto de 2006, 12:16 | Comentários (20)

revendo o voto nulo

Agora que as candidaturas estão formalizadas e o cenário eleitoral mais ou menos definido, é uma boa repensar a proposta de anular tudo. Em março, dizia que era uma boa opção usar o voto nulo como forma de transmitir um recado aos políticos. Isso continua valendo. Por outro lado, o boato de que 50% de nulidade levaria a novas eleições não se confirmou. Embora o artigo 224 do Código Eleitoral preveja que "se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 a 40 dias", ele só faz sentido quando cotejado com o artigo 220, que descreve o conceito de nulidade:

É nula a votação:

I - quando feita perante mesa não nomeada pelo juiz eleitoral, ou constituída com ofensa à letra da lei;
II - quando efetuada em folhas de votação falsas;
III - quando realizada em dia, hora, ou local diferentes do designado ou encerrada antes das 17 horas;
IV - quando preterida formalidade essencial do sigilo dos sufrágios.
V - quando a seção eleitoral tiver ido localizada com infração do disposto nos §§ 4º e 5º do Art. 135.

Ou seja, nada a ver com o voto nulo. Falta agora explicar por que ele tem esse nome. Em todo caso, anular perde muito da graça. A questão dos Sanguessugas também se impôs neste período de quase seis meses. Um quinto do atual congresso está comprometido e muitos dos suspeitos são também candidatos. Não se pode arriscar que sejam reconduzidos ao Congresso. A Câmara e o Senado são muito mais importantes do que presidentes e governadores para os rumos do país. Afinal, apesar da aberração das Medidas Provisórias, são essas casas que decidem o que pode ou não ser feito, e como deve ser feito. Se fosse composto por gente mais honesta e trabalhadora, o Executivo seria naturalmente posto nos eixos. Só para dar um exemplo, se os parlamentares trabalhassem de verdade, as votações seriam mais rápidas e as MPs perderiam muito de sua utilidade.

A proposta, então, é a seguinte: votar a sério apenas para cargos legislativos e anular os votos para cargos executivos. Assim, une-se o útil à agradável sensação de levantar o dedo médio para toda essa corja.

O problema, é claro, é definir quem é honesto e trabalhador entre os candidatos. Comecemos pela deputância federal, que é mais fácil. Aqui, abro meu voto em Manuela d'Ávila, do PCdoB. Em primeiro lugar, ninguém do partido está envolvido em qualquer escândalo. Claro que, quando se é um partido sem poder, ninguém quer corromper seus quadros, mas a curto prazo o PCdoB pode ser considerado honesto. Em segundo lugar, a própria Manuela é honesta, até onde se pode perceber em duas horas de conversa ao vivo e pelas avaliações de outras pessoas que a conhecem. Finalmente, ela não apresenta a principal desvantagem da maioria dos comunistas: a tacanhice. Na entrevista para o Nova Corja, mostrou ter mente aberta e criticou a esquerda sectária. Difícil saber se vai fazer algo digno de nota na Câmara, propor Leis interessantes, mas mesmo que não faça nada por quatro anos, não se corromper já é suficiente. Outra opção é esperar que o Transparência Brasil adicione logo dados de gaúchos a seu dossiê.

No caso do Senado, a situação se complica. Os únicos candidatos com chances reais são Pedro Simon, do PMDB, e Miguel Rosseto, do PT. O primeiro até é honesto, mas infelizmente está metido em um partido mais sujo que pau de galinheiro. O segundo não está num partido muito melhor, mas pertence a uma tendência menos dada a meter a mão no dinheiro público. Porém, Rosseto é um imbecil. Jogo duro. A melhor escolha, por incrível que pareça, seria Vera Guasso, do PSTU. Motivo? Honestidade, aferida com base em relacionamentos pessoais. O partido tem os melhores slogans. Além disso, são grandes humoristas, a galera do PSTU. Seria bastante divertido. Enfim, o ideal seria pesquisar o comportamento legislativo de Simon e Rosseto, mas é proibitivo se afundar naquele lamaçal de salamaleques que são os dados à disposição. Por outro lado, não se pode contar com nossos valorosos jornalistas, que deveriam fazê-lo, para fazê-lo. Quanto a Simon, é preciso notar que seu suplente, ao menos agora, é Hermes Zanetti. Quem é esse cara? Simon está velho, afinal. Como não há mais muita diferença entre PT e PMDB, ou Simon e Rosseto, vou de Vera Guasso.

Restam os candidatos a deputado estadual. Em geral, os deputados que aí estão são todos um lixo. É o caso de se escolher um partido para votar, já que são 499 candidatos e é difícil obter informações, mas hoje em dia nenhum partido merece a distinção do voto na legenda. Nem os próprios sites dos partidos ajudam nesse sentido. Estou aceitando sugestões de bons candidatos.

Na eleição para presidente, no primeiro turno, votarei em Heloísa Helena, só para encher o saco do PT e mostrar que ainda há quem flerte com as idéias de esquerda nesse país, gente insatisfeita com o governo tucano de Lula. No caso trágico de ela ir ao segundo turno e ter reais chances de vencer, é tapar o nariz e votar no outro candidato. Senão, o melhor caminho é o litoral catarinense e a abstenção.

4 de agosto de 2006, 20:46 | Comentários (25)

les parisiennes

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Ao ver as fotos de Marc Riviére, só consigo me perguntar por que diabos ainda estou morando em Porto Alegre, não em Paris. Ou Berlim, Amsterdam, Barcelona.

Cortesia do Pedro Doria.

3 de agosto de 2006, 17:49 | Comentários (5)

zoofilia
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Lembrei disso na hora.

1 de agosto de 2006, 16:09 | Comentários (20)



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