Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


fenaj, um modelo de ponderação

Petistas que aguardavam Lula em frente ao Palácio da Alvorada agrediram os jornalistas que estavam à porta, fazendo o seu trabalho. Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra a imprensa. Um dos democratas agrediu um repórter duas vezes com o mastro da bandeira do partido. Outra jornalista foi empurrada. “Eu prefiro a ditadura do que a imprensa" e "Vamos fechar todos os jornais", diziam entusiasmados. "Se falar de dossiê, vai levar dossiê na cara", ameaçava um outro. Ouvido, um representante da Fenaj — Federação Nacional dos Jornalistas — afirmou que isso acontece porque os jornalistas “provocam”.

Reinaldo Azevedo poderia fazer a gentileza de dar o nome do representante da Fenaj, até para sabermos em quem atirar pedras. Seria interessante saber a opinião da Fenaj sobre estupro. Provavelmente dirão que as mulheres provocam os homens ao andar por aí com decotes e minissaias.

Para quem não lembra, a Federação Nacional dos Jornalistas é aquela instituição que pretendia criar o tal Conselho Federal de Jornalismo — e cobrar mensalidade de todos os jornalistas do país pelo serviço, claro. A Fenaj, aliás, ainda não desistiu do Conselho, mesmo sendo difícil encontrar um repórter empregado que seja a favor da idéia. Temei.

31 de outubro de 2006, 12:54 | Comentários (15)

notícias do mundo

Bem legal esse Mapped Up. Um balão indica diversos pontos no mapa múndi e mostra as notícias daquele local, usando feeds RSS para isso. O slogan é "uma ferramenta indispensável para o viciado em notícias". O balãozinho é interessante de se olhar, mas algo mais útil é o diretório de feeds.

Dica do Láudano.

30 de outubro de 2006, 21:39 | Comentários (1)

de véspera

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29 de outubro de 2006, 10:46 | Comentários (1)

dois sinais de inteligência na cobertura das eleições

A cobertura de eleições no Brasil precisa de matérias mais corajosas, como a desconstrução do discurso de Alckmin feita pelo jornal O Estado de São Paulo. Pegaram 14 trechos de uma entrevista com o candidato tucano e mostraram as incongruências com os dados da realidade. Tomara que façam o mesmo com Lula. Fizeram o mesmo com Lula.

Outro bom serviço quem tem prestado é a Folha de São Paulo, com sua série de 20 questões aos presidenciáveis — apesar de eles não se darem o trabalho de listar todas os links anteriores ao final de cada matéria. Serão ao todo 40 perguntas, o que dá uma amplitude suficiente de temas e espaço para que se possa ler melhor nas entrelinhas do costumeiro blablablá eleitoral.

Está certo que a Lei Eleitoral restringe, muitas vezes de maneira estúpida, a liberdade editorial dos jornalistas. É preciso sempre dar o mesmo espaço a todos os candidatos, mesmo que sejam nanicos ou não tenham feito nada digno de nota. Também é preciso evitar juízos de valor como os do Estadão, que podem sempre ser considerados parcialidade. Isso é injusto com os jornais sérios, mas as restrições parecem o menor dos males quando se pensa que ACM tem um jornal em Salvador, ou no que o candidato dono da rádio de Cacimbinhas do Jequitinhonha pode fazer se não houver a possibilidade de sofrer retaliações jurídicas.

Nada disso impediria, porém, os jornais de se debruçar sobre programas de governo, entrevistando possíveis secretários e ministros, e fazer reportagens extensas sobre as idéias dos partidos e dos candidatos. Ou melhor ainda, mandar repórteres atrás dos parentes, da professora do primário, ex-colegas de trabalho, enfim, todo mundo que tenha tido contato com o candidato, e publicar perfis o mais completos possível. Poderia-se inclusive dedicar um caderno com essas informações a cada concorrente, saindo um por semana.

De qualquer modo, não se deveria tomar as declarações dos candidatos pelo valor de face, como acontece hoje, com honrosas exceções. No geral, prefere-se poupar dinheiro e trabalho e tratar a eleição como se fosse um Fla-Flu.

26 de outubro de 2006, 14:17 | Comentários (5)

abrindo o voto — segundo turno

É duro admitir, mas o melhor para o Brasil seria mesmo que Lula perdesse essa eleição.

Não que fôssemos experimentar um novo ciclo de crescimento, ter reformas importantes na estrutura do Estado ou mesmo ver a corrupção ser defenestrada com Alckmin no Planalto. Nada no governo dele em São Paulo indica que tenha idéias originais sobre como gerir o Brasil, nem os seus companheiros de chapa ou os dois mandatos de FHC são isentos de máculas éticas. Alckmin provavelmente será até pior do que Lula em alguns aspectos, como nos programas sociais. Também promete tragédias na segurança pública e na educação, se levar a Brasília seus coleguinhas Saulo de Castro e Gabriel Chalita.

Alckmin e Lula se equilibram como mandatários de cargos executivos. Cada um tem seus pontos fortes e fracos, mas seguem a mesma linha ideológica. Basta ver os programas de governo e a campanha na televisão. O único candidato que propunha algo diferente nessa campanha era Cristovam Buarque, mas ninguém levou fé nele e... Enfim, deixa pra lá. O importante é que fora algumas diferenças pontuais, os dois candidatos não devem fazer governos que mudem muito a vida das pessoas em geral. Tanto é que não há histeria no mercado, como em 2002. Se o mercado está tranqüilo, é mau sinal para quem ainda acredita na mudança de rumo pelo voto.

A única vantagem de Alckmin sobre Lula é que Alckmin não é Lula.

No fim das contas, Lula traiu a história do Partido dos Trabalhadores ao assumir a presidência após 20 anos e não tentar fazer mudanças profundas no Estado. Votei no PT em todas eleições até agora para ver o circo pegar fogo. Aí, Lula assume, faz as mesmas alianças espúrias de sempre com os mesmos partidos fisiológicos de sempre e ainda por cima aprofunda a política econômica de FHC. Depois, cria um programa assistencialista que, embora tenha sido um grande avanço, fica bem distante dos projetos originais e entusiasmantes que se esperava.

Não apenas isso, como, depois de defender por quase 20 anos que Lula compensava sua falta de formação com inteligência, fui obrigado a engolir minhas palavras. Lula comprovou que é preciso no mínimo conseguir ler um documento sem dificuldade para ser presidente. Portou-se como um parvenu, assumindo um ar arrogante e autoritário e confundindo a presidência com a República, o público com o privado. Foi uma sucessão deprimente de cenas patéticas, como as fotos de seus filhos e coleguinhas na piscina do Alvorada, a estrela plantada por dona Marisa no jardim, o museu com troféus da época de sindicalista no Planalto, o Aerolula e, a melhor de todas, a cidadania italiana requisitada pela primeira-dama. Não dá, simplesmente não dá para ter jecas desse quilate na presidência.

Finalmente, aconteceram os escândalos. Apesar de todo escarcéu da mídia e dos tucanos xiitas, o governo Lula não foi o mais corrupto de todos os tempos, nem de longe. Roubaram na mesma proporção ou até menos, mas ao menos deixaram o procurador-geral e a Polícia Federal trabalharem em paz. Ainda foram burros o suficiente para ser pegos. No entanto, o Walter, o Brust, o Firpo e o Láudano têm razão: votar em Lula, mesmo achando que ele faria um governo melhor, é ruim a longo prazo para o Brasil. É reforçar a idéia de país do "não dá nada", da Lei de Gérson, da impunidade. E esse é o traço mais prejudicial da cultura brasileira, que precisa ser eliminado antes de sonharmos com qualquer desenvolvimento.

A única coisa que atinge um político é perder o poder. É preciso mostrar que esse tipo de bandalheira será punido com a perda do poder, daqui para frente. Ou seja, não votar em Lula.

Ainda assim, votar nos tucanos é impensável. Só existe uma solução para os esquerdistas: abster-se ou anular. Justificar o voto e ir para a praia, ou ficar em casa vendo o Faustão. Qualquer coisa. A vantagem de abster-se é não legitimar essa palhaçada, que impõe aos eleitores uma não-escolha entre o ruim e o pior, entre dois lados da mesma moeda.

Porém, não tenha vergonha de ser pragmático. Afinal, democracia em tese é uma forma de governo pela qual cada um persegue seu interesse, votando neste ou naquele candidato. Por isso, se você ganha Bolsa-Família, é melhor mesmo votar em Lula — embora Alckmin só vá acabar com o programa se quiser cometer suicídio político. Se você é funcionário público, melhor votar em Lula. Se é classe média e lembra com saudades da farra de compras em Miami com dólar paritário, vote Alckmin. Não é feio votar conforme seus interesses mais imediatos.

25 de outubro de 2006, 12:38 | Comentários (33)

terroristas infames desgraçados

A indústria fonográfica está prometendo processar brasileiros que trocam arquivos por redes P2P. De início, dizem que apenas indivíduos que puseram acima de 3 mil músicas à disposição serão perseguidos. Em todo caso, é bom se manter atento enquanto as gravadoras não reconhecem a inutilidade disso tudo. Digerindo as informações dessa ótima análise sobre o caso e dos comentários do Solon, chega-se à conclusão de que o melhor é buscar os discos na própria Web ou usar torrents.

O principal argumento da indústria é que estão perdendo dinheiro, idéia bastante questionável. Se ninguém mais compra discos, é porque os lançamentos dos últimos anos são em grande parte uma merda, pela qual ninguém se dispõe a pagar valores absurdos. Pior que isso, fãs de músicos menos famosos acabam financiando o marketing das gravadoras para as porcarias que logo aparecem nos camelôs, já que todos os discos custam o mesmo. Finalmente, é bem possível que grande parte das músicas ilegais no HD de muita gente nem esteja disponível ao consumidor brasileiro. Qualquer fã de música com acesso à Internet pode citar umas cinqüenta bandas de que nunca teria ouvido falar, se dependesse das gravadoras.

Aproveite para assinar essa petição por uma mudança na lei de direitos autorais.

23 de outubro de 2006, 20:21 | Comentários (11)

essa é para quem gosta de criar caso

A Secretaria Municipal de Planejamento promove na terça e quarta-feira da semana que vem um encontro sobre reabilitação de centros urbanos, com a exposição de experiências feitas em Lisboa, Quito, Córdoba, Bogotá, Santos e Belo Horizonte. O debate vai servir para a redação do plano de revitalização do Centro de Porto Alegre. Ou seja, é uma daquelas raras chances do cidadão ir ao Estado dizer o que pensa sobre as coisas.

20 de outubro de 2006, 11:19 | Comentários (17)

2006: um idiota no espaço

Consistente com sua política de união e entendimento entre os povos, George W. Bush decidiu unilateralmente que vai derrubar as naves espaciais de quem quiser. Assim como invadiu o Iraque, que com suas armas de destruição em massa era claramente uma ameaça ao estilo de vida norte-americano, impedirá qualquer outro país "do Mal" de chegar ao espaço.

Há partes secretas no decreto presidencial que, supõe-se, indicam a estratégia para levar a democracia a Marte, Vênus, Saturno e onde mais norte-americanos conseguirem chegar. Bush também já avisou que nem adianta vir falar com ele, porque não vai nem ouvir propostas de acordo internacional.

Como contra a estupidez a força é o único argumento, propõe-se aqui uma lei de caráter mundial, a ser aplicada sobretudo pelos residentes nos Estados Unidos: a partir deste momento, é direito e dever de todos negar o acesso de imbecis aos cargos de comando das nações. Qualquer proposta de tratado internacional em favor da idiotice será desprezada. Enfatiza-se, entretanto, que esta política está comprometida com o uso pacífico da inteligência por todas as nações.

19 de outubro de 2006, 10:49 | Comentários (12)

Novo mercado para jornalistas

Jornalista é um bicho muito chato. Vive reclamando que o mercado de trabalho está ruim, que os chefes são malas, que nas redações hoje em dia a carga de tarefas é insana. Pois agora há todo um novo mercado de trabalho esperando por ser colonizado: a agência Reuters abriu um escritório no mundo virtual de Second Life. É aquele tipo de idéia "como não pensei nisso antes, caralho?".

Muita gente tem dificuldade em compreender que "virtual" e "real" não são termos opostos. Entidades virtuais não estão separadas do mundo concreto. A prova disso é que as ações em mundos virtuais têm conseqüências sobre o mundo concreto. O Second Life é um exemplo muito bom para perceber essa relação, já que tem uma economia própria com influência sobre o mundo concreto, tanto que o governo norte-americano andou pensando em criar impostos sobre transações virtuais. Isso sem falar em pessoas que morrem por jogar dias seguidos.

18 de outubro de 2006, 18:36 | Comentários (14)

perigo pardo

O cartunista Peter Bagge investiga a questão da imigração nos Estados Unidos na forma de uma história em quadrinhos. Embora os dados sejam diferentes, o padrão de reações dos nativos, especialmente no Novo Mundo, é o mesmo em qualquer parte. A xenofobia e a tendência a culpar os "outros" por todos os problemas é universal.

Dica do Cisco.

17 de outubro de 2006, 10:38 | Comentários (1)

anarco-financismo é o futuro

A esquerda está sem rumo. Governos democratas nos Estados Unidos e social-democratas na Europa se sucedem sem fazer mudanças significativas. Na América Latina, a esquerda não produz nenhuma mudança fundamental nas estruturas sociais, mas limita-se a adotar políticas anestésicas, como a nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia, ou das reservas de petróleo na Venezuela. Após quatro anos de Lula no Brasil, é impossível acreditar em mudar o mundo pela democracia representativa. O PT passou anos prometendo mudar tudo e fez o contrário.

Os ativistas e bichos-grilos de maneira geral continuam com a mesma estratégia de protestar com ladainhas intermináveis e tentar convencer as pessoas apelando para argumentos racionais ou emocionais. Esqueçam. Isso não adianta mais nada. Em vez de ler Negri e Hardt, Rushkoff, Melanie Klein, Chomsky, deviam é estar lendo a biografia de George Soros. Embora alguns considerem o mega-especulador um vilão pós-moderno, ele é na verdade o maior anarquista contemporâneo. Um modelo que todo ativista devia seguir.

soros.jpg
Nosso amigo se prepara
para foder com mais um bando
de porcos capitalistas.

A estratégia para mudar o mundo em um ambiente ultracapitalista como esse é clara: entrar no jogo, ficar bilionário e usar sua força para impor as políticas que achar adequadas. Um de seus maiores lances foi quebrar a libra esterlina e impor um severo golpe ao imperialismo britânico, ganhando US$ 1 bilhão na jogada. Há ação mais anarquista do que essa?

Não apenas isso, como Soros vem usando o dinheiro para sustentar políticas de esquerda. Contribuiu para tentar tirar George W. Bush do poder e apoiou mudanças de regime na Europa Oriental, ajudando por exemplo Vaclav Havel na República Tcheca e colaborando para derrubar Milosevic na Sérvia. Soros vem fazendo com sua Open Society tudo que os ativistas de esquerda sempre sonharam.

Obviamente, melhorar o mundo não é a preocupação mais importante de Soros. Sua preocupação é encher os bolsos de dinheiro, mas cuidando para manter uma imagem de bom homem. Agora, imaginem se, em vez de se acorrentar a árvores, os ambientalistas fossem ricos o suficiente para comprar a porra da floresta inteira e mantê-la a salvo? Comunistas poderiam usar o dinheiro para fundir dezenas de instituições bancárias, só para depois fechá-las e distribuir o dinheiro aos pobres. Aqueles preocupados com abusos de direitos humanos no Tibete poderiam jogar contra a economia chinesa e tentar enfraquecer o país até que se dispusesse a negociar. Enfim, as possibilidades são infinitas.

A única forma de ser anarquista hoje em dia é se tornar o maior especulador financeiro do mundo.

16 de outubro de 2006, 11:26 | Comentários (23)

elite acha que pobre é burro

Diz a Folha de São Paulo deste domingo que as urnas premiaram o assistencialismo de Lula, dando-lhe votos onde a importância do Bolsa-Família e do aumento do poder de compra do salário mínimo é maior. Distribuição de renda que, aliás, era promessa de campanha, como nota o consultor Celso Toledo: "Tirando o aspecto da corrupção, é impressionante como Lula cumpriu o que prometeu, que era governar para os mais pobres. E o dividendo eleitoral é claro". Como a Folha só entrevistou a Avenida Paulista, mas não o Vale do Jequitinhonha, fica a impressão de que é tudo medida eleitoreira.

O próprio Toledo diz que para distribuir essa renda o governo tirou recursos de quem produz para dar aos pobres, e que isso teria prejudicado o crescimento. Não faz o menor sentido. Em primeiro lugar, ninguém publicou notícia alguma sobre agentes do governo assaltando os caixas de empresas e mandando a grana ao Sertão. Tampouco criou-se algo como uma CPMF do Bolsa-Família. Se tirou dinheiro do setor produtivo, foi em investimentos que poderiam ter sido feitos em São Paulo, mas cujos recursos foram desviados para a distribuição de renda. Porém, a própria matéria da Folha reconhece que "a evolução das vendas nos últimos 12 meses, por exemplo, revela que onde o comércio cresceu mais, a votação de Lula também avançou mais na comparação com seu desempenho no 1º turno em 2002". E de onde vêm os produtos vendidos? Do setor produtivo. Dãã.

Economista Economicista é um bicho estranho mesmo. Acredita no mito do homo economicus, segundo o qual as pessoas sempre agem de forma racional no investimento e consumo de seus recursos, o que conseqüentemente torna o livre-mercado auto-regulatório. Estranhamente, nenhum dos entrevistados pela Folha conseguiu aplicar essa teoria aos beneficiados pela distribuição de renda:

O cientista político Leôncio Martins Rodrigues diz que o resultado da votação vinculado às transferências de renda revela que o eleitor brasileiro ainda não consegue ter "um comportamento político autônomo".

"Como essa grande população é paupérrima, ela continua propensa ao voto clientelístico e a manter sempre a expectativa de receber algo do Estado." Para o sociólogo Antônio Flávio Pierucci, os programas sociais são importantes, mas precisam ser relativizados. "Esse dinheiro vai direto para o bolso, mas toda a encenação do governo Lula é um longo minueto pró-pobres", afirma.

Não é chato? Os miseráveis simplesmente não entendem que ter dinheiro depositado em sua conta todo mês vai contra seus próprios interesses. Se esse dinheiro fosse usado para financiar a produção via BNDES ou diminuir o déficit, faria muito mais bem aos pobres. O bolo cresceria e seria dividido, como foi feito por todos os governos até 2002. Aí chega esse Lula, interrompe o ciclo de prosperidade que se via até então no semi-árido e passa a dar dinheiro direto aos miseráveis! Essa gente é muito burra, mesmo. Simplesmente não consegue ver que poder comprar comida é a pior coisa que poderia lhes acontecer.

15 de outubro de 2006, 13:04 | Comentários (21)

exílio em paris

O blog do Walter por acaso já foi recomendado aqui? Vale a pena.

15 de outubro de 2006, 2:36 | Comentários (0)

pais fundadores se reviram no túmulo

Depois de sancionar o uso da tortura e outros abusos de pessoas detidas na guerra ao terror, os norte-americanos dão mais um passo em sua marcha para descer à categoria de república bananeira: estão tentando impedir a criação de uma lei contra abusos trabalhistas na China. Não, você não leu mal: as multinacionais norte-americanas com negócios por lá querem que os trabalhadores chineses continuem a ser tratados pouco melhor do que se trata escravos.

Difícil entender como essas ações se coadunam com a idéia de exportar a democracia para o resto do mundo.

13 de outubro de 2006, 17:57 | Comentários (11)

o brasil de verdade

Quer entender todo aquele papo de Theodor Adorno sobre a indústria cultural? Então assista Central do Brasil e depois compare com Cinema, aspirinas e urubus. São dois filmes de indiscutível qualidade técnica e narrativa. Ambos tratam do povo brasileiro sem cair em sociologismo panfletário. Mas um deles é um produto pensado para agradar às massas, enquanto o outro evita edulcorar o retrato do país.

É empolgante ver um filme como Cinema, aspirinas e urubus. Não fica devendo nada à melhor produção da Argentina, Irã ou Europa. Os atores nem parecem estar apenas encarnando personagens, a história é bem construída e interessante, o ritmo é adequado. A fotografia transmite a opressão luminosa que é o sol de um lugar semi-árido como o Sertão. Não há mocinhos nem bandidos. O brasileiro é mostrado com suas qualidades e problemas — nosso mercenarismo, feiúra e ignorância.

Bem o contrário de Central do Brasil, que tenta mostrar como, no fundo, apesar do ar malandro, somos um povo cordial. Basta ver a diferença nas cores do Sertão entre os dois filmes para perceber a diferença na proposta. No sentido de mostrar o povo brasileiro como ele é, aliás, até Dois filhos de Francisco, com seus caipiras ignorantes e meio salafrários, se sai melhor que o filme de Walter Salles.

12 de outubro de 2006, 10:46 | Comentários (10)

menos ônibus no centro

A prefeitura apresentou um plano para desafogar o Centro de Porto Alegre do tráfego de ônibus.

À primeira vista, já agrada por terem resistido à tentação de construir um metrô. A essa altura, não parece ser uma obra que valha tanto a pena. A capital gaúcha não tem um trânsito assim tão complicado e os corredores de ônibus podem fazer o mesmo serviço dos trens subterrâneos sem causar grandes transtornos e sem exigir bilhões para cavar túneis por tudo. Na verdade, seria legal mesmo é se nunca tivessem desativado os bondes.

Outro ponto positivo do plano é que resistiram à tentação de fazer passar um corredor de ônibus sobre a esquina democrática. Isso interromperia a principal via de pedestres da cidade, a Rua da Praia, além de destruir um ponto tradicional de reunião da população. Infelizmente, essa preservação vai exigir que se cave um túnel do Mercado Público até o viaduto da Borges, mais ou menos. O Centro vai se tornar um caos por vários meses.

Só um problema: a obra será feita em "parceria com a iniciativa privada". Ou seja, nunca vai sair do papel, como a reforma do cais do porto.

11 de outubro de 2006, 16:09 | Comentários (39)

golpe baixo

aracruz.jpg

Anúncios como este estão espalhados por todo o Espírito Santo, onde a Aracruz tem problemas com os índios locais. A empresa se sente injustiçada, mas retaliar com mensagens de ódio como essa é fazer um papel muito feio.

11 de outubro de 2006, 10:47 | Comentários (23)

os velhos hippies ficam meio chatos

Na pré-estréia de Wood & Stock, ontem, no Espaço Unibanco, Otto Guerra pediu que as pessoas falassem da animação baseada na obra do cartunista Angeli, ainda que falassem mal.

Pois bem: o filme é chato. É bem feito, é fiel aos quadrinhos, a escolha das músicas foi boa, o tema é bom, mas na metade eu já estava com vontade de sair da sala de projeção e ir aproveitar o resto de chope do coquetel. O motivo poderia ser, talvez, o fato de conhecer muito bem a obra de Angeli e, por conseqüência, a maior parte das piadas do filme. Mas não. O problema é que o roteiro é ruim.

Nos primeiros 30 minutos não aparece enredo algum. Depois engrena um pouco, mas a tentativa de incluir a maior quantidade possível de personagens do universo angelístico acaba deixando tudo meio truncado. Só para dar um exemplo, o caso dos assassinatos por sexo é uma história paralela que passa pelo filme sem chegar a conclusão alguma, nem contribuir com a trama. Otto Guerra fez um trabalho dedicado na transposição das tiras para o cinema, mas talvez tivesse feito um trabalho melhor se não quisesse ser tão bom.

Wood & Stock tem bons momentos, é claro. O porco vocalista Sunshine é impagável — e uma das frases memoráveis do filme é "ele já tocou com Hermeto Paschoal". Rampal foi muito bem adaptado como baterista da banda dos velhos hippies, ficou entrosado, ao contrário dos revolucionários Meia Oito e Nanico, que só estavam lá por estar. Rê Bordosa ficou perfeita na voz de Rita Lee e tem as cenas mais engraçadas. Uma das melhores seqüências é quando toda a banda estoura o melão com uma bota metamorfoseada por Rampal e sai pirando por São Paulo. Um retrato bem exato de pessoas chapadas.

Apesar dos pesares, quem não conhece os quadrinhos de Angeli certamente vai ter a chance de rir um pouco, enquanto os fãs não têm motivos para reclamar. Vale o dinheiro do ingresso.

10 de outubro de 2006, 16:30 | Comentários (4)

seus problemas acabaram!

Cansado de fornecer seu CPF toda vez que tem de fazer um cadastro para ler um jornal ou revista online? Então instale o gerador de CPF em seu Firefox. Ah, não usa Firefox? Azar o seu.

9 de outubro de 2006, 10:30 | Comentários (6)

youtube: presente de deus aos homens entediados

7 de outubro de 2006, 19:22 | Comentários (9)

pinta lá, magrão

Hoje a Adriana Amaral lança o livro Visões Perigosas: uma arque-genealogia do cyberpunk no bar da Carol Teixeira, o Casa de Loulou. Fica na Mariante, 170 e o coquetel começa às 19h30.

6 de outubro de 2006, 11:02 | Comentários (4)

beam me up, scottie

Estamos chegando lá.

Cientistas do Instituto Niels Bohr conseguiram teletransportar uma nuvem de átomos de césio por meio metro. Na verdade, usaram um feixe de luz para analisar uma nuvem de césio no ponto A e ordenar a outra no ponto B que assumisse as mesmas propriedades quânticas da primeira. Ou seja, transportaram apenas informação, não matéria. Porém, um objeto com propriedades quânticas idênticas às de outro é uma cópia fiel.

O experimento abre caminho para o desenvolvimento de máquinas de teletransporte no futuro longínquo, mas tem aplicações um pouco mais imediatas na computação quântica. A maior dificuldade até agora era, justamente, transportar a informação de A a B de forma confiável, coisa que os cientistas dinamarqueses conseguiram fazer.

6 de outubro de 2006, 10:13 | Comentários (1)

retrato do brasil
O processo é esquizofrênico e hipócrita, bom ressaltar. Provavelmente nenhum brasileiro está mais previamente disposto a corromper o policial da esquina do que o carioca. Mas o tipo de moralidade que cobra – com toda sinceridade – dos políticos, não vale para si. Ele pensa que o sistema é corrupto e que ele, cidadão, só está jogando o jogo que lhe foi imposto. Sujeito complicado este carioca da Zona Sul e Grande Tijuca. Mas ele vota em Fernando Gabeira e em Cesar Maia ao mesmo tempo sem perceber a contradição.

A coluna de hoje do Pedro Doria sintetiza o traço mais irritante do brasileiro: seguir, agora e sempre, a Lei de Gérson. Brasileiro acha que a culpa é sempre dos outros: do governo corrupto, dos pobres que são vagabundos e preferem roubar a trabalhar, dos portugueses que nos colonizaram. A culpa nunca é dos próprios crimezinhos que comete todos os dias, no varejo. Sonega um impostinho aqui — "porque vão roubar mesmo, né?" —, suborna um guardinha ali — "ah, pára, eles não estão preocupados com a lei, querem é fazer caixa às custas do motorista" —, joga um papelzinho na rua lá — "pô, todo mundo joga!".

O projeto político mais importante para o Brasil ainda é mudar a mentalidade do povo. Deixar de ser o país do "não dá nada", como diz a Tainá.

5 de outubro de 2006, 13:12 | Comentários (20)

eleições comprovam que gaúchos são vanguarda

Minha tradicional avaliação das eleições está no Nova Corja este ano.

4 de outubro de 2006, 17:46 | Comentários (2)

perguntinha

Afinal, por que todo mundo está dizendo que o acontecimento do segundo turno entre Lula e Alckmin faz bem seria um avanço da democracia? Se Lula tivesse conseguido votos suficientes para se eleger no primeiro turno, não haveria problema algum. O povo escolheu em quem votar, votou e pronto. A não ser, claro, que democracia seja apenas quando o povo referenda as vontades de um ou de outro.

Considerando que escolher entre Lula e Alckmin — ou Yeda e Olívio no Rio Grande do Sul — é um arremedo de democracia, a vitória de algum deles no primeiro turno ao menos pouparia o cidadão de ser aporrinhado por mais duas ou três semanas de campanha.

3 de outubro de 2006, 23:29 | Comentários (21)


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1 de outubro de 2006, 0:00 | Comentários (5)



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