revisora.
Da propaganda, consegui tirar nobreza, isso me deixa boa da consciência. Minha missão, a que eu me dei desde meu começo aqui, é muito clara: daqui da agência não sai uma vírgula errada. Esse é o bem que faço para o mundo: o bom português.
Por vígulas e crases, por concordâncias e ortografia, sou aquela chata que entra no estúdio com as printers todas assinaladas de lápis e caneta marca-texto. Tudo bem, muitos fizeram isso antes de mim, mas devo dizer que eu faço com carinho, com o maior respeito e sem concessões. Lembra aquele redator que não quis colocar uma vírgula porque ela "fragmentaria a idéia do anúncio"? Adoro ele, mas nisso discordamos. Nenhum anúncio tem o direito de quebrar regras gramaticais, só porque o povo escreve tudo errado mesmo. Se não se lê livro, de repente neguinho tira o português correto de outdoor. Eu faço o que me cabe. E melhor de tudo: com prazer. Não tem coisa que me deixa mais feliz que folhas repletas de texto pousando na minha mesa. Bem sabe a Alessandra, que me larga uns calhamaços da Secretaria do Meio Ambiente. De reserva florestal, já entendo tudo. E deixo o texto redondo, com cada coisa no lugar. Lindo, e por certo ninguém percebe.
Uma mania que cliente tem é sair jogando maiúscula na entrada de cada substantivo, como se fosse alemão o nosso português. O certo é que acham chique. Eu saio cortando tudo, puxo flecha e meto lá um "caixa baixa!". Às vezes vem de fora frase bizarra também, do tipo "No parque ocorrem diversas espécies de ave, como…". OCORREM aves? Pode crer, chefia. Maior prazer em tascar-lhe um novo verbo.

postado por Carol Bensimon as 17:07 | pitacos (12) | trackBack (0)

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