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paulicéia desvairada.
Paulicéia Desvairada
"A volta às aulas colocou mais 700 mil veículos nas ruas da cidade hoje. Os efeitos para o trânsito já foram sentidos desde as primeiras horas: às 9h, a CET registrou 85 km de congestionamento, enquanto a média para o período é de 37 km."

37? Ah, tá.

postado por Carol Bensimon as 11:21 | pitacos (764) | trackBack (0)

o pior do fórum.
Foi assim: não me pergunte que grande besteira rondou mi cabecita no domingo de noite. Fato é que voltei ao Acampamento da Juventude. E, acredite, fui disposta e tentando ao máximo me valer da experiência.
Já na entrada, a fome se apresentava em níveis absurdos. K e eu cogitamos um cachorro-quente, mas fomos adentrando mais no local pra ver se surgia outra opção mais interessante. Logo de cara, nos deparamos com isso: pessoas entoando um cântico mezzo religioso e separados dos seres sãos por um cordões de isolamento. Vários deles cantavam, outros só faziam de conta. Todos tinham ar de estar em outro lugar, e seus pezinhos iam de um lado para o outro. Vezemquando, a galera silenciava e vinha uma flautinha. Os caras tinham tomado o tal do Santo Daime.
Tal fato me deixou meio assim-assim. Não por moralismo nem nada, mas defendo que não é o local. A coisa chegou ao extremo da hipponguice.
Seguimos a caminhada.
Sem querer, chegamos num lugar natureba. Pedimos pizza de queijo e vegetais. Medo. O troço não tinha nenhuma espécie de gosto. Fui engolindo e o que eu mais apreciava naquela altura era minha água gelada. Daí veio uma sirene. E foi quando tudo começou.
Pois então, veio a sirene e eu logo pensei, é só uma ambulância da SAMU que vem catar um bêbado. Tantos por aí. Mas então já era um bolo de gente olhando tudo para o mesmo lado. E essa história de olhares convergindo para um ponto diz sempre a mesma coisa: deu merda.
E que merda. Dentro de uma casinha dessas ecologicamente construídas e visíveis do peito pra cima por uma telinha, pessoas de laranja (os seguranças do Acampamento) estavam com uns maus elementos + um brigadiano. Ao redor, milhares de acampados gritavam LINCHA, LINCHA, LINCHA.
Para ser mais breve: um cara tentou estuprar uma menina e foi pego. Mais quatro pilantras estavam dentro da casinha do pavor por tentarem roubar barracas.
Daí, como é de praxe, a merda sempre tende a aumentar em GRANDES GRUPOS. O novo alvo da revolta eram os brigadianos, que se preparavam para levar o estuprador no camburão. Muda o grito: PORCOS, PORCOS, PORCOS. Chega a brigada montada, com aquele sabres muito simpáticos. Daí é que fode mesmo. Vão metendo os cavalos pra cima e afastando a galera. A casinha vai tomando pedrada, assim como o carro dos caras. E vem os cavalos, vem vindo, todo mundo sai correndo, dá uma sensação de 1964, mas logo se apaga: a lei não é uma entidade do mal, bando de ignorantes. Metem o sujeito no carro, conseguem ir embora, alguém grita ENQUANTO A GENTE TÁ AQUI, TEM CARINHA LEVANDO AS NOSSAS BARRACAS! Alguns correm em desespero.
Daí eu já não consigo mais nem falar. Quase choro num cantinho. Eu ODEIO aquele lugar com toda a força.
Tanto a cena me bateu que mal consigo escrever (o post ficou uma caca). O estupro, os roubos, e sobretudo a atitude do pessoal do acampamento.
Parece que a notícia não saiu em lugar algum.

postado por Carol Bensimon as 09:47 | pitacos (17) | trackBack (0)

centrinho de capão.
Os amigos de quinta foram muito provavelente mãos tapando meus olhos. Assim sendo, fui ao Acampamento da Juventude por própria decisão encontrar essas boas personas. Agradabilíssimo, inclusive a chica e julita (leia-se rulita, obviamente) brincando de falar espanhol. Até abraços ganhei, veja só. Está certo que minha cabeça ficou reparendo detalhes bizarros, por exemplo, as pessoas não PARAM naquele acampamento e, se param, não descobri aonde. O que quero dizer é que parece que elas ficam simplesmente andando por aquela estradinha de terra detonadora de meias brancas a NOITE INTEIRA. Em círculos.
Mas taí, julguei divertido, e esse foi o erro, esperar a repetição sexta. Deu merda. Cheguei crítica e mais abandonada, achando tudo uma bosta. Naquele ponto, tudo parecia centrinho de Capão da Canoa. Todos os elementos estavam lá, dos brincos hippies com folha ou semente de qualquer coisa aos garotos te puxando os cachos. Coisa fina. Amaldiçoei as imediações com meu mau humor. Pior: a maldição caiu também sobre mim. Briga, choro, logo a BOLA DE NEVE que, you know, baby, só nós sabemos fazer. Um outro mundo é possível, já a gente, isso eu não sei.
Hoje acordei cedo para ver a conferência do Saramago e outros fodões (nem tanto, acho que o Galeano é meio OVERATED pela galera) e, maldosa, confesso, torci ver pouco crachá losango (os do acampamento). Compravaria fácil a minha teoria de que o bando de fiadaputa só tá aqui pra hipponguear, no pior sentido da palavra, o estético, das saias, sandálias, maconha, dread, reggae e NO conteúdo at all. Mas é, desgraçados, alguns de vocês estavam lá na conferência. Então eu baixei um pouco a bola e comecei a cogitar que, bem, talvez 50% dos itinerantes rasgadores e com caras verdadeiramente perigosas fossem só uns portoalegrenses querendo fazer uma noite inusitada. Quem sabe conhecer uma europeiazinha. Que, devo dizer, não vi. Só a brasileirada. Desapontamento. Pô, eu preciso treinar o meu francês!
Acho que a decisão de abortar a noite acampamento foi terem colocado pra trocar o dark side of the moon versão reggae. Beeeem, se a NATA do Fórum não está no Acampamento da Juventude, onde estará (talvez não exista, há que se trabalhar também com essa possibilidade)? Sexta, já não dava mais tempo de fazer buscas. Mas hoje eu vou é na Cidade Baixa e vamos ver se ela foi tomada.
(só um pequeno parênteses. Estou andando lá pelas imediações do G (um dos eixos do FSM) quando passa na direção oposta uma mulher. Essa mulher aborda então uma outra mulher que passava: "Le F c'est par là (o F é por aqui)? A outra mulher não compreende nada. A francesa insiste alguns segundos. Me aproximo: Oui, c'est par là. Merci, diz e vai-se. Será essa minha única linha? Patético. Só eu mesmo)

postado por Carol Bensimon as 21:12 | pitacos (3) | trackBack (0)

os brotos literários.
os brotos literários
Muitas meninas me causam agradáveis surpresas e eu pediria, se tivesse condições de oferecer alguma coisa: desliguem os computadores, por favor. Claro que a coisa parte do exagero que me é peculiar, mas tanto jeitinho repousando só em blog, isso é que é o mau. Ainda teve sujeito de São Paulo essa semana me falando em ousar, num espírito meio FSM, outro mundo editorial é possível. Isso que o papo era revista. Se fosse livro, tanto pior. Dá vontade mesmo é de desplugar todas, me desplugando também. Fazer de tudo papel para ser vendido em banca.
Listando os novos, o que me acorda mais, fato, são as novAs. E isso que estão em número bem menor. Homem só tá ganhando em quantidade (sem desmerecer os realmente talentosos, claro), e não me tirem daí pra feminista radical. Contudo, creio eu, da minoria se faz vantagem: ainda que o mercado editorial brasileiro nunca seja animador, às meninas rola um discreto benefício, que vem do próprio fato de serem elas, uau, meninas (melhor que isso, só as escritoras de 30-40, essas sim, preenchem demanda, que é mulher quem mais se interessa por cultura, tu sabe, vá lá contar os homens que estão no teatro aos domingos. Há muito o que ler e assistir sobre marido insensíveis e sobre o processo de envelhecer). Algo precisa ser feito, e talvez com um destino que já nasce promissor: conglomerados de meninas, fazendo o que seja, sempre geram pautas.
No entranto, cai-se daí no velho problema, detectado e discutido conjuntamente com Bruna Beber, e me desculpa, bru, se agora espalho nossas rabugices. É para um bem maior: quando surgem iniciativas fora do mainstream literário, creio que o destino das produções é fatalmente triste. O objetivo primordial de tais coisas é, com certeza, chamar a atenção da imprensa, e, nesse processo, arrecadar leitores. Pois na imprensa começam os desapontamentos: o que vira pauta invariavelmente é a iniciativa de meter a cara, de bancar a própria arte em suor e trocados. Sim, a pauta é A INICIATIVA, nunca a obra, a qual passa bem longe dos jornais. Para quem lê tal coisa, pode acontecer o seguinte:
a) cara acha curioso e very brave o sujetinho, mas, ué "se ele não foi publicado por uma grande editora, algo errado há". O leitor do jornal já carrega essa idéia. Cabe ao jornalista dissuadi-lo, "não, o fulano é bom mesmo", mas como?, se ele nem leu o livro, ou então a publicação é tão ruim que ele preferiu se ater à porcaria da nobre e bela e corajosa iniciativa?
b) sendo o leitor um carinha que digita uns pensamentos, vai logo ver nascer dentro de si um desejo de também colocar sua coisinha na praça. Daí começa o Festival da Mediocridade.
Do ítem B, parto então para a crítica principal. O lance é antropofágico, galera. Quem consome "nova literatura" são os "novos autores". Sim, tudo bem, quem escreve, lê, lê muito, e por isso vai dos clássicos aos nomes que surgem todo dia? Hm, também. Mas, na minha opinião, o principal da coisa passa por uma via bem menos nobre: quem escreve quer saber como diabos os outros autores estão viabilizando sua arte. Veja, primeiro INICIATIVA, agora VIABILIZANDO. Pasmem, nós estamos falando de literatura. Mas assim é, e digo com pesar. Dos encontros mais informais de jovens autores nos bares brasileiros às palestras sobre o assunto em algum evento cultural, sempre o que vejo é a mesma coisa: discute-se como se fazer aparecer, mas nunca O QUE. Assim, cada autor é um pequeno mundinho de idéias que não aceita qualquer interferência dos outros que estão na mesma busca. Ou melhor: não aceita porque não há nada nesse sentido. Discutir a carpintaria da coisa, as entrelinhas, enfim, fica soterrado em iniciativas quase únicas, como a oficina do Assis Brasil aqui em Porto Alegre, enquanto que o tempo, longo tempo, que se perde de fato é falando em orçamento de gráfica, distribuição, e então compre logo o meu livro que eu compro o seu.
Não me parece que esteja funcionando.
Por isso eu falo em desplugar. Mundinho de blog e de zine, todo mundo se linka, se lê, num círculo apertado onde não entra mais ninguém. Os que estudam direito, estatística, medicina estão fora, aqui só tem lugar pra publicitário, jornalista, estudante de letras e de filosofia, baby. Também estão fora os que cumprem sua meta de uns vinte livros ao ano, freqüentam livrárias aos sábados, mas nunca tiveram pretensões literárias, em blog ou jornal de bairro. E os de mais de quarenta, não ouso nem falar.
Mas isso é apenas uma das coisas que enxergo como parte da resolveção.
Para não terminar em desesperança, cito algumas meninas admiráveis. Cecília Giannetti, essa carioca é uma promessa, mas que já se cumpriu, logo estréia aí solo, tem contrato e tudo, aqui fica o blog. Julia Dantas, agora tá dividindo o blog com um cara, mas procura os posts dela, a menina é muito boa. A Dani Sigaud eu nunca consegui falar, ou porque ela é muito antipática ou porque o mail dela não é mais o que tenho, mas gosto, o texto flui. E essa menina eu não conheço, li o blog hoje por acaso. Nem sei, na verdade, se ela produz alguma coisa literária, mas ela tem uma boa pegada, e só dezoito anos. E daí eu fecho com Bruna Beber, a primeira que olha minhas coisas quando nascem, em quem confio nos julgamentos e nos talentos literários e, importante, com quem eu converso sobre o que realmente importa.

postado por Carol Bensimon as 16:57 | pitacos (11) | trackBack (0)

fotinhas.
Ó, eu puxo o saco do chefe: o Gabriel tirou umas fotos muito bonitas da caminhada de ontem. E ele sabe, mesmo se fazendo de cool-blasé como o entorno, que nem tudo é completamente sem sentido.
(link bem grande na capa deste conglomerado, insanus.org. Gabriel, cadê o maldito botão facilitador para a colocação de links mesmo?)

postado por Carol Bensimon as 19:01 | pitacos (1) | trackBack (0)

embaixadora da boa vontade.
Admito a ignorância de não saber o título de Angelina Jolie na ONU. Sabia, sim, que era qualquer coisa, mas agora, lendo a legenda de um retratinho seu na capa do Terra, ri. Talvez meu humor tosco não seja compreendido, mas, convenhamos: "embaixadora da boa vontade" é um título pra lá de estranho. Com um nome desses, dá impressão de que do cargo não tem como sair nada mesmo, só pose. "Boa vontade" é uma coisa realmente muito ruim, vai sempre ligado com o que não deu certo. "Ó, a bocuda até tem boa vontade, mas fazer, não faz". Enfim. Divagações.

postado por Carol Bensimon as 17:56 | pitacos (3) | trackBack (0)

que contradição.
Afastada da marcha pelo labor de cada dia, apareci às 20h nas imediações do Anfiteatro pôr-do-sol com uma certa tristeza. Não sou mais a de dois anos atrás, tampouco a coisa acontece de modo parecido: um ou outro firme ainda segura uma bandeira do PT, o resto deixou em casa enrolada. Me parece que, nessa edição, o outro mundo está cada vez mais impossível. Mas, enfim, temos as ONGs, os pandas, a comida sem agrotóxico.
E a idéia era ver o Manu Chao. Sem entrar em pormenores de uma noite bizarra, digo que o frio e o sono me fizeram desistir de ver tal coisa ao redor de duas da manhã. Relatos contam que foi longe, e Manu Chao entrou pelas três ou mais. De violão e com um sujeito de acordeon fazendo o acompanhamento. Ah, o acordeon! Shame on you, carolzinha.
De bizarrice, cito um brasileiro que fingia ser inglês de modo grotesco, perguntando com dificuldade onde tinha um supermercado aberto (lembre-se que passava da uma da manhã). Também um sujeito que veio OFERECER maconha e aproveitou para contar de uma câmera digital que ele quase conseguiu roubar, mas foi pego, não antes de soquear o velho proprietário. Altíssimo nível. Um mundo melhor é possível.
Devo dizer que tomei um fartão de tanto dread e quase saí à moda reggae por conta de uma ou outra desinibição e alucinação QUASE-pesada. Os shows vistos, sem exceção, pareciam estar compondo um conjunto de TRIBUTO A BOB MARLEY. Todos os hits jamaicanos estavam lá. E tu sabe que abomino o estilo musical. Profundamente. Os hippies queriam linchar meu esnobismo e rabugice.
Mas estávamos lá. Um monte de gente e eu e tu, como dois anos atrás, o que é uma coisa a se levar em conta. Pra citar o chato, que estava lá com o seu violão: que contradição, só a guerra faz nosso amor em paz.

(Hoje, a Zero Hora diz que 200.000 pessoas estavam na marcha. Estranho o Le Monde estar anunciando 1/4 disso)

postado por Carol Bensimon as 11:31 | pitacos (3) | trackBack (0)

rodopio.
tá. um conto.

Rodopio

Que ventava muito na tal manhã e que as rajadas pareciam roubar um pouco do tempo. Que as cartas sobre a mesa de jogo eram gastas nas pontas, dobradas de tristeza. Que tudo tinha voz, e voz arrastada, falando em tempo passando nas rachaduras de parede e pele. Para guardar na memória e esquecer, se necessário. Mas só se desejasse. Assim ele queria que fosse, sempre. Querendo, esquece.
Mas ela não podia mais lembrar, de jeito nenhum. Se o pulmão não funciona, a cabeça não muda, ou pouco. Assim é envelhecer, o corpo vai pedindo para ir embora. Mas na vó era a cabeça que já estava em outro lugar. Perdeu os registros, esqueceu a vida. Quem agüentou não ser lembrado, agradecido, ver transformação a meio metro, corpo cansado fazendo a volta e virando criança?
Mandaram para lá.
Aos domingos tem visita. Os filhos vem lembrar do que ela esqueceu. Nem bem dão as costas, já tem os olhos vermelhos, que é um choro egoísta de não ser nada para mãe. Às vezes na frente mesmo. Quando explode, ela já nem participa. Uma vez passou a mão no rosto consolando, mas na cara ainda aquele sorriso bobo de quem não compreende.
Venta. Entra o neto. Mão no bolso, quer uma lembrança, mas já nem agüenta. Bem sabe a família, que o protege da dor. Mimado, não vem faz tempo. Para suportar, fumou. Os músculos dançam. Pulam memórias, onde a vó faz biquinho falando francês. Na praia gelada, voam os cabelos. A vó anda com graça, sorriso ainda do tipo que sabe, que ri da vida porque pisa onde quer. E ah que seja de outro jeito. Ela se ajeita, e sozinha.
O caminho faz eco. Ele entra na sala, pára. Ela, pequena na postura para poltrona tão grande. O neto dá voltas, vai na janela, olha pra fora. Paira agonia. Vai para poltrona, senta do lado, sorri pra vó, que retribui no não-reconhecimento e simpatia infantil de quem tem a doença e nem se dá conta. O neto não pergunta, porque não ocorre nenhuma que não se baseie em memórias. A vó não pode puxar do fundo, como fazem todas as outras. Ficou raso. Sua vó não é acúmulo, nela tudo zera o tempo inteiro. Por isso os olhos não pesam uma vida. São leves e surpresos de nada ter visto e nada saber. O guri, no entanto e sem explicação, ganhou coragem para encarar. E então a música vem do pátio e ganha a sala pela janela aberta. Edith Piaf bate no ouvido, as mãos ele soca de novo no bolso. Vai olhar para fora e se admira dos velhinhos tirando velhinhas para dançar, na beira do chafariz que talvez funcione pela primeira vez. Ao virar-se para a vó, carrega um perdão que quase não sabe o que é e donde vem. Ela balança a cabeça no ritmo da música, como um bebê admirado, e de repente, no verso, os lábios formam la vie en rose. O guri, embasbacado, trás de longe a memória da letra que a vó ensinou. Escorrega nas pronúncias, nos acentos, nas pausas, mas vai levando com sorriso, com paciência, com esforço. Tímida, clandestina, ela começa junto pela quarta estrofe. Na voz sumida, canta um tempo que ninguém sabe se lembra. Mas canta. E, se o corpo sustentasse, a cabeça ensaiaria um último rodopio.

postado por Carol Bensimon as 14:09 | pitacos (0) | trackBack (0)

phantom of the opera.
Primeiro trailer de sábado num Antes do pôr-do-sol com preço para estudante, logo essa barbada vai acabar. Entra som de caixa de música e uma voz pesada dizendo "Lot 666". Olhos vidrados e quase duvidando do que vejo. Não acredito que tenham feito tal coisa sem me contar. Um canto perfeito, uma orquestra, um lustre caindo do teto, muitos milhões. O Phantom of the Opera do Webber virou filme.
E que grande coisa? Pô, um pedaço de mim. Criança, vi duas vezes em Londres. A camiseta da máscara que brilhava no escuro ficou cinza de tanto lavar e o cd nem irritava por rolar todo ato numa faixa só, eu queria ouvir toda história de novo e de novo e de novo. Se o sorvete do intervalo me causa mais lembranças que um ou outro diálogo cantante de menor importância, há que se relevar. Eu era uma niña. Bem, quase.
Agora eu estou ansiosa (quando será que estréia por aqui?). E entendo muitos dos meninos crescidos que ficam aguardando um ou outro super-herói pintar pela tela. É o tipo de excitação que espera não um filme bom, mas uma memória pra se viver de novo. E de novo e de novo e de novo. The Phaaaantom of the Opera is there, insiiiide my mind.

postado por Carol Bensimon as 16:12 | pitacos (2) | trackBack (0)

busatto.
Impagável é o Busatto andando na beira do Guaíba com a camiseta do FSM. Eu vi.

postado por Carol Bensimon as 09:23 | pitacos (2) | trackBack (0)

provas.
notre2.jpg
da esquerda para a direita, Phoebus, Frollo e Quasimodo (e uma gárgula de isopor ao fundo)


notre1.jpg
Esmeralda é a Sandy

(Esses são dois screenshots do clipe russo de Belle, da peça Notre Dame de Paris, sobre a qual falei uns dois ou três posts pra trás)

postado por Carol Bensimon as 14:20 | pitacos (1) | trackBack (0)

revisora.
Da propaganda, consegui tirar nobreza, isso me deixa boa da consciência. Minha missão, a que eu me dei desde meu começo aqui, é muito clara: daqui da agência não sai uma vírgula errada. Esse é o bem que faço para o mundo: o bom português.
Por vígulas e crases, por concordâncias e ortografia, sou aquela chata que entra no estúdio com as printers todas assinaladas de lápis e caneta marca-texto. Tudo bem, muitos fizeram isso antes de mim, mas devo dizer que eu faço com carinho, com o maior respeito e sem concessões. Lembra aquele redator que não quis colocar uma vírgula porque ela "fragmentaria a idéia do anúncio"? Adoro ele, mas nisso discordamos. Nenhum anúncio tem o direito de quebrar regras gramaticais, só porque o povo escreve tudo errado mesmo. Se não se lê livro, de repente neguinho tira o português correto de outdoor. Eu faço o que me cabe. E melhor de tudo: com prazer. Não tem coisa que me deixa mais feliz que folhas repletas de texto pousando na minha mesa. Bem sabe a Alessandra, que me larga uns calhamaços da Secretaria do Meio Ambiente. De reserva florestal, já entendo tudo. E deixo o texto redondo, com cada coisa no lugar. Lindo, e por certo ninguém percebe.
Uma mania que cliente tem é sair jogando maiúscula na entrada de cada substantivo, como se fosse alemão o nosso português. O certo é que acham chique. Eu saio cortando tudo, puxo flecha e meto lá um "caixa baixa!". Às vezes vem de fora frase bizarra também, do tipo "No parque ocorrem diversas espécies de ave, como…". OCORREM aves? Pode crer, chefia. Maior prazer em tascar-lhe um novo verbo.

postado por Carol Bensimon as 17:07 | pitacos (12) | trackBack (0)

o gato.
Isso sempre me intrigou.

A curiosidade matou o gato.
Mas o que o gato viu?

postado por Carol Bensimon as 11:34 | pitacos (3) | trackBack (0)

em busca da piiiiiiiiiii cigana.
Moço(a) culto(a) que nem tu, se não leu Victor-Hugo no original, ao menos sabe de Notre Dame de Paris pelo desenho da Disney. Que, claro, não contava com as sacanagens. Mas e como não ter quando quatro (talvez cinco, se contar Clopin, o "pai adotivo") rapazes estão querendo desesperadamente levantar os saiotes da ciganinha Esmeralda? Há uns anos atrás, em Paris, fizeram disso um musical, coisa que já é engraçada por natureza. Curto um ópera-rock, mas às vezes, quando percebo o ridículo da coisa, gargalho forte. Algo pode ser mais engraçado do que três pessoas discutindo assunto sério em música? E pior é quando cantam os três. É o mundo tirando com a nossa cara.
O espetáculo inteiro em mp3 e um conhecimento intermediário na língua do hexágono fizeram-me detectar algumas pérolas do eufemismo. Tão mais hilárias do que Victor-Hugo jamais imaginou. Antes, é necessário e de muito bom tom que eu faça um pequeno resumo da trama. A qual, perceba, é das mais complexas. Sobretudo no livro, do qual preservo o leitor de explicação detalhada: a obra tem a maior quantidade de núcleos dramáticos que já vi em toda minha vida. E, justamente por isso, sofreu mutilações. No desenho, imagino que incontadas. No espetáculo, ao menos algumas referentes a um final novelesco no qual descobrimos de quem Esmeralda é filha. Tanta reviravolta desnecessária, mas ainda assim uma leitura pra lá de prazerosa.
Como tempo já foi perdido com minha mania de tangenciar, encurto as coisas. Quatro são os apaixonados por Esmeralda: o Padre Frollo (nenhuma relação aqui com Lord of the Rings, nerd), Quasimodo, Gringoire, e Phoebus (o cavaleiro). É ela apaixonada por quem? Um velho padre, o corcunda mais feio do mundo, um pobretão covarde ou um rapaz de uniforme? Adivinha só, geninho.
Saiba isso e você está apto a acompanhar agora a viagem musical em busca da boceta cigana. Me perdoem os termos, amigos, mas é isso mesmo, embora eles insistam em dizer de outras inúmeras formas. Foi excluído daqui qualquer discussão importante sobre o Renascimento e sobre os sans papiers (os imigrantes) da Paris do século XV, bem como as declarações de amor puro de Quasimodo, o único que parece amar do jeito que uma mulher espera. Pena que é corcunda. Ninguém se dá bem nessa história. Assim é a vida. Comecem a cantar.

Clopin anuncia: todo mundo quer te comer. Ele, inclusive.

Esméralda tu sais / Tu n'es plus une enfant / Il m'arrive maintenant / De te regarder différemment
(Esmeralda, você sabe / Você não é mais criança / Me acontece agora / De te olhar diferente)

Tem início a putaria.

Esméralda tu sais / Les hommes sont méchants / Prend garde quand tu cours / Dans les rues, dans les champs /Est-ce que tu me comprends? / Tu arrives maintenant a l'âge de l'amour
(Esmeralda, você sabe / Os homens são maus(?) / Fique atenta quanto você corre / Nas ruas, nos campos / Será que você me entende? Você chega agora à idade do amor

Esmeralda, você pode ser currada a qualquer instante, em qualquer lugar. Já tá na idade de dar.

Phoebus está dividido entre a cigana e a ricaça Fleur de Lys (que, aliás, tem a voz muito mais sexy do que a metida com o demo)

L'une pour le jour / Et l'autre pour la nuit / L'une pour l'amour / Et l'autre pour la vie / L'une pour toujours / Jusqu'à la fin des temps / Et l'autre pour un temps un peu plus court
(Uma para o dia / Outra para a noite / Uma para o amor / Outra para a vida / Uma para sempre / Até o fim dos tempos / E outra por um tempo um pouco mais curto)

Phoebus te entende como putinha, Esmeralda. Sai dessa. Veja que em 1482 já existia o tal do pensamento mulher para casar e mulher para fazer sexo como dois seres completamente diferentes. Ah, mas eu aposto que a Fleur de Lys sabia das coisas, Phoebus. Ah, se sabia, ela e aquela pele ALVA desfilando com os peitos apertados pelas vestimentas da época. Vale mais que a hipponga que ficava FUMANDO BECK e dançando em frente à catedral.

Os três imbecis declaram seus amor com vozes e intensões bem diferentes

É o hit da peça: Belle. Rolou até paródia, muito mais chula que esse post que vos escrevo. E o clipe em RUSSO também é algo impagável (vale dizer que a Esmeralda russa é idêntida à Sandy. Quem esteve lá por casa confirma. Quem não, eu convido). Quasimodo, o primeiro a cantar, declara seu amor bem intencionado, fechando com um purinho "deixe-me, ao menos uma vez, passar a mão nos cabelos de Esmeralda". A melodia então se repete na voz de Frollo, adaptando-se à sua mente pervertida e finalizando com um belo exemplar da sutileza masculina:

Oh ! laisse-moi rien qu'une fois / Pousser la porte du jardin d'Esmeralda
(Deixe-me, ao menos uma vez / Empurrar a porta do jardim de Esmeralda)

Deixe-me romper seu hímem.

Phoebus não deixa menos brega na sua terceira parte (antes daquilo lindo momento em que todos cantam juntinhos) e diz: "Eu vou colher a flor de amor da Esmeralda".

O Padre e seu drama pessoal, que é o que mais me diverte

A condição de homem de batina nos brinda com grandes versos:

Moi qui me croyais l'hiver / Me voici un arbre vert
(Eu que achava que era inverno / Me descubro uma árvore verde)

Eu que achava que era brocha, ando à beira da janela tocando uma.

Até porque, quando Esmeralda aparece, ela "acorda em mim o fogo de um velho vulcão". Mas o homem é FOGO mesmo, e arquiteto um plano de MORTE. Dentro da cela com a cigana, Frollo ainda tem uma última proposta.

C'est la mort ou l'amour / C'est la tombe ou mon lit
(É a morte ou o amor / É a tumba ou minha cama)

Esmeralda, moça íntegra, escolheu a forca. Morreu virgem.

postado por Carol Bensimon as 16:56 | pitacos (13) | trackBack (0)

post gigante.
Hoje de tarde chega o maior post que já pisou nesse blog.

postado por Carol Bensimon as 11:39 | pitacos (1) | trackBack (0)

metrossexualismo
metrossexualismo
Só mesmo numa agência de publicidade para cada homem ter a sua necessaire.

postado por Carol Bensimon as 15:37 | pitacos (9) | trackBack (0)

sugestão insanus
Não sei se é de conhecimento de todos os insanus leitores, mas há meses nossa comunidade hippie tenta fazer uns tais de posts temáticos versando sobre o assunto que você pode conferir na capa. Nunca deu certo. Eu diria que mais por uma falta de imposição ditatorial de dizer "'o, dia tal, todo mundo escreve sobre tal coisa".
Acontece que agora me ocorreu uma idéia, e como eu não tenho o mail dos insanus aqui pra sugerir na camufla, faço publicamente: todo dono de blog se diverte ao extremo com as googles searches que por um acaso vão parar no seu recinto, não? A tal ponto a coisa é divertida que muitos de nós dividimos as buscas bizarras com os leitores. E se fosse promovido um dia INSANO em que só fosse permitido se falar sobre as tais pesquisas? Não digo fazer o que já se faz, que é apenas expôr as pesquisas e tirar um sarro, mas realmente se propor a falar de alguns temas recorrentes (ou não) nas buscas.
Eu acho que o resultado seria muito divertido.

postado por Carol Bensimon as 18:25 | pitacos (8) | trackBack (0)

qual é a boa?
Qual é a boa?
A boa é comer bolo de chocolate com geléia de uva. Baixar Patrick Bruel cantando os clássicos franceses do entre guerras. A boa é ir até Vila Nova comprar uma caixa de pêssegos. Ver a mãe num bar cantando Beatles (na mesa, calma, ainda não chegamos a esse ponto). A ruim é um troço sem nome, talvez angustia, que veio, mas foi logo, palmas aeroporto, Gabriel, Bertolucci, Mac, Mufuletta. Daí ontem tu chega de noite. Eu puta. Depois me curo toda e tô até cantarolando e balançando as músicas de antes, nanana nana nanana. O amor é bem mais bonito com acordeon e com esse passinho de valsa.

postado por Carol Bensimon as 11:34 | pitacos (0) | trackBack (0)

skype
Acabei de instalar o que parece ser beleza (com atraso, admito) e vou começar a brincar agora. Mas já adianto que, pra quem tem skype, pode me achar em carolbensimon.

postado por Carol Bensimon as 21:29 | pitacos (2) | trackBack (0)

vestibular.
Papo de vestibulando. Todo que disser "não estou conferindo o gabarito", se traduz por "Estou indo mal pra caralho e não quero nem ver a merda que fiz". Se aprende com os anos de contato com gente que enrola ou que não tem noção de suas limitações. Quem não confere gabarito, não passa em medicina. Isso é FATO estatístico.

postado por Carol Bensimon as 10:09 | pitacos (5) | trackBack (0)

peruas voltam.
"Peruas voltam a circular em SP".
(Träsel, é tu que faz essas gracinhas na capa do Terra?)

postado por Carol Bensimon as 10:04 | pitacos (3) | trackBack (0)

sacoleira.
"Sacoleira" era uma coisa da qual se ouvia falar muito. Depois, nunca mais ouvi tal coisa. Mas recenemtente descobri que há um monte de mulheres por aí que tinham lojas de roupa nas GALERIAS da cidade (que hoje são um retrato decadente) e foram obrigadas a fechar as portas. E algumas dessas mulheres continuam vendendo roupas de maneira informal. Eu tenho um amigo, e faz anos, mas foi só recentemente que descobri que sua mãe praticava a informalidade. Tudo porque elogiei a bermuda da namorada dele, que ela então revelou ter sido vendida pela sogrona.
Então hoje me aventurei. Horas antes, Dona Dolores chegava à confecção e dizia: "me dá tudo que tu tem de mais alternativo". Por conta desse rótulo, Dona Dolores trouxe coisas ótimas. Comprei duas peças. Um bermudão jeans que era tudo que eu queria, exceção de um botão meio grande para os meus padrões, mas fazer o que, resta cobrir com um cinto ou levar mais na buena os pequenos detalhes. E a outra peça, nossa, foi a coisa mais divertida que eu comprei em toda a minha vida. Bermuda (ou será calça?) verde limão (verde Matriz, como chamo agora), com mil bolsos e frescurinhas, aquelas que são largas e de repente PEGAM nas canelas. Coisa linda. Uma preta igual e tá feito o guarda-roupa.

postado por Carol Bensimon as 14:32 | pitacos (6) | trackBack (0)

esclarecimento.
Aos que entrarem aqui porque me leram na Revista da Jovem Pan ou coisa parecida. Por favor, leiam isso:
Eu realmente fico muito feliz quando recebo mails dizendo que gostaram do meu conto. De qualquer maneira, eu queria esclarecer uma coisa ou outra, porque agora percebo que corri o grande risco de ser mal-interpretada, o que está acontecendo por vezes.
Toda a confusão vem da mesma coisa: eu não sou a personagem. Hehehe, muitos escritores já disseram isso antes de mim, é o problema de se escrever em primeira pessoa. Bom, então, não sendo eu a personagem, quero dizer que eu não tenho nenhuma intenção de ser a Avril Lavigne ou algo perto disso. A personagem tem, mas ela não sou eu. A personagem tem 15 anos e eu tenho 22. Verdade que por ter algum conhecimento sobre meninas de 15 anos e sobretudo sobre meninas de 15 anos que usam roupas pretas, all-star cano longo e afins, eu CRIEI essa personagem. Mas somos pessoas muito diferentes, acredite.
Se você ler o conto com atenção, verá que ele não é uma ode à Avril ou qualquer ídolo pop, mas na verdade uma CRÍTICA ao comportamento obcecado e egoísta da personagem, que percebe que um homem acaba de morrer embaixo da sua janela, mas não consegue se importar com nada, que não seja a música que está escutando, a aparência que quer ter e o menino por quem é apaixonada (e eu estou me agredindo assim, tendo que explicar o está nas entrelinhas, mas tudo bem).
Brigadinha.

postado por Carol Bensimon as 10:15 | pitacos (17) | trackBack (0)

apaga, apaga.
Duas vezes faltou luz ontem. De verdade no trampo e de mentira no filme. De verdade fez que ninguém pudesse trabalhar e todo mundo foi pra Gelf’s comer sorvete. Situação única ficou ainda mais única pela presença de uma foca azul gigante se contorcendo ao som de música eletrônica. Tinha quase uma rave na Gelf’s. De mentira no filme foi em hotel fazenda. Todo mundo acendeu vela e foi pro bar conversar uns com os outros. Faltar luz une as pessoas.
Quando as duas luzes voltaram, tanto os portoalegrenses quanto os franceses ficaram assim, meio decepcionados. E é desse jeito mesmo: volta a luz e sempre um "ah" de desapontamento vai subindo, mesmo que fique só no plano mental da coisa. Lembro o quanto eu me divertia quando era pequena, chegava até a brincar que tinha faltado luz. Mas eu nem conseguia me enganar direito. Divertido mesmo era de verdade. Ainda hoje nada mudou. Todo mundo adora quando apaga tudo. Faltar luz é uma trangressão.

postado por Carol Bensimon as 09:44 | pitacos (0) | trackBack (0)

morte #1.
Morte #1
Eu até então amadora em mortes, ela não. Mas a empolgação nem nos fez notar. Na Zona Sul, um sábado ou domingo, surge uma fila de carros com as luzes piscando. E a gente se mete na fila pra saber onde vai dar aquilo. No meio do caminho, o primeiro lampejo de inteligência: quem sabe é um funeral? A ponta da fila confirma e a gente foge rindo. Um rabecão.

postado por Carol Bensimon as 09:39 | pitacos (0) | trackBack (0)

calor.
Tá, o calor. Ao calor se sobrevive tranqüilo, se 8 horas com ar central. Então, aos corporativos, nha, parem. Penoso é o fim de semana. Principalmente quando se tem uma piscina a cinco andares, mas por alguma razão o corpo decide ovular de quinze em quinze dias.
E dá vontade de só comer sushi, que é problema no orçamento.

postado por Carol Bensimon as 11:49 | pitacos (4) | trackBack (0)

motéis.
Há uma coisa acontecendo pelos outdoors da cidade: são as campanhas de motéis. Pelo que eu possa me lembrar, é a primeira vez que tal coisa acontece no verão. Mas não tarde: todo mundo sabe desde muito tempo que esse período de veraneio é a festa de muitos maridos, que enviam os filhos e esposas para a praia, enquanto ficam aqui supostamente trabalhando.
Para os que conservam um canto de ética que se converte em culpa, trair a esposa no própia cama de 25 anos de casado talvez não seja a coisa mais sexualmente estimulante. Para os outros, bem, o motel deve parecer muito mais seguro que o porteiro e os vizinhos percebendo uma mulher estranha subir o elevador. Portanto, há razões de sobra para que a procura por motéis aumente muito, mas eu juro que nunca tinha pensado sobre o assunto.
É que certo outdoor de não lembro qual estabelecimento me jogou na face e com grossura o pensamento. Em fundo amarelo, dizia " Aproveite já o seu verão" e mais algumas coisas evidentemente estimulando a hipocrisia. Mas o precioso mesmo era a ilustração: de dentro de um carro carregado de bagagens, uma mulher abanava, enquanto o homem, feliz que só ele, dava tchauzinho a saltitar.

postado por Carol Bensimon as 09:42 | pitacos (6) | trackBack (0)

caninos.
Dois discretos pontos me lembram de que fui mordida sem dó na semana passada. Hábito dos integrantes de certo círculo arrotulável diriam agora que o resultado poderia ter sido pior e, orgulhosos, mostrariam nos corpos de outros sofredores uma série de hematomas de todas as matizes. Ingênia fui de permitir coisa dessas. Os caninos cravaram a carne e por penosos segundos achei que estavam me extraindo o sangue com alguma seringa. A gente tem que se cuidar quando se mete em covil desconhecido. Divago agora sobre o objetivo, que me escapa.

Após 22 anos sei que uma coçadinha mais forte na perna pode resultar em arranhão e arranhão exposto ao sol pode resultar em um traço na pele PARA SEMPRE sem pigmento. Sim, as amigas já cortaram os pulsos e pularam janelas. Eu nunca. Um quelóide no joelho por causa de uma bicicleta, e uma porção dessas outras marcas que nem lembramos da história, essas de coceira, ou uma espinha mal resolvida, sei lá. Histórias que não tinham porquê ficar. Daqui a pouco vai ser coisa demais, e basta pra isso observar alguém da casa dos 70 (e nem precisa ir tão longe). Enfim, apenas queria que essa exposição da minha neura COMPLEMENTASSE o dito acima. Pra enfatizar que não entendo. E que vou ficar no mínimo a três metros, daqui em diante.

postado por Carol Bensimon as 18:15 | pitacos (4) | trackBack (0)

frança 2005.
Se a monografia não anda recebendo muito empenho, e por isso estou sempre a adiar a data da formatura, o francês deu uma guinada nesse fim de semana com jeitão de férias. O estímulo que faltava para um 2005 dedicado veio na manhã de sexta-feira sem trabalho, mas com horário a cumprir: um google search qualquer me fez dar de cara como umas tais bolsas que a Unesco distribui anualmente para jovens músicos, artistas plásticos, atores, escritores etc. Olha a maravilha: para 2005-2006, estão previstas bolsas literárias em dois lugares: Nova Delhi ou uma pequena vila medieval a uma hora e meia de Paris (será que resta algum dúvida quanto à preferência?). São três meses de oficina com passagem e despesas pagas.
Planejo transformar isso em algo a ser alcançado daqui uns anos. Para isso, vem o fator complicante, duzentas vezes mais difícil do que um currículo com obras publicadas, que também é um dos pré-requisitos: um grande domínio de francês, que me possilite escrever LITERARIAMENTE na língua. Pra matar. Mas vamos lá.
Com gana abri meu Fitzgerald em francês comprado no Rio por $8, com de quebra um cartão postal de Cannes e anotações ("Cannes, chambre 234, 1985"). Tendre est la nuit. Entre sábado e domingo, já cinqüenta páginas lidas em voz alta. E, como andou chegando um aparelho de dvd bastante fofo para ser empilhado no meu pequenino quarto, aproveitei para assistir com legendas em francês O Jantar dos Malas ( Le diner des cons) e A Teia de Chocolate (Merci pour le chocolat). Muito divertido o primeiro. Roteiro bem redondo e momentos hilariantes. Já esse do chocolate cria boa atmosfera de suspense, mas o fim não se sustenta. Lausanne e o lago que está sempre coberto de névoa (eu passei por lá e me lembro de ter achado aquilo muito deprimente, e olha que eu tinha treze anos) não poderiam ser um cenário melhor, apesar de aparecerem muito poucas vezes.
A outra resolução francesa é para quando eu tiver férias, partindo-se do princípio que continuarei aqui nesse lugar mui simpático: 30 dias na França. Esse mês já vou juntando uns troquinhos. O que leva à questão: conseguirá a Carol deixar de comer algumas delícias portoalegrenses para trocar seus reais por euros?
Mais informações a seguir. Esse post já saiu dos padrões offset75 de tamanho.

postado por Carol Bensimon as 15:07 | pitacos (0) | trackBack (0)

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