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rock instrumental.
Estou baixando uma pasta chamada 100 Greatest Rock Instrumental, baseada nessa lista aqui. Não conheço quase nada. 10% do download, e aumentando a curiosidade.

postado por Carol Bensimon as 16:34 | pitacos (685) | trackBack (0)

de lá para cá.
Creio que não há quem discorde que os músicos que começaram a sua carreira nos anos 60 e 70 passaram a valer quase nada a partir dos 80. A trajetória de Leonard Cohen nos mostra isso de modo quase didático. Trocou o dígito 7 pelo 8, acabou-se praticamente tudo. A voz muda, adiciona-se o tão temido teclado, e, como se não bastasse, também um vergonhoso backing vocal feminino gospel. Do folk, cai-se em algo difícil de definir. Deletei toda essa parte da discografia de Leonard Cohen assim que pude ouvi-la. Salvei só o The Future, de 1992, o qual gosto muito não pelas mudanças que surgiram a partir da tão temida década, mas APESAR delas. Mas, enfim, termino por dizer que Leonard Cohen é uma das coisas que mais gosto de escutar, e a segunda coisa que mais escutei segundo o meu last.fm. E passo agora para Loudon Wainwright III, mais um exemplo claro da inevitabilidade das décadas.
Loudon Wainwright III é o pai do Rufus Wainwright. Digo que é mais provável conhecer o filho do que o pai. Já gostei do filho, mas hoje em dia a voz dele me irrita um pouco. Loudon Wainwright III eu conheci pela trilha sonora do excelentíssimo A Lula e a Baleia (de onde saíram outras descobertas que mais tarde comentarei). Está muito próximo de Leonard Cohen ou talvez mais de Nick Drake, bem, enfim, desses que mandam num folk que é verdadeiramente a minha grande e inexplicável paixão musical. Baixei a discografia completa no início da semana, onze cedês e, embora eu ainda não tenha ouvido todas as faixas, deu pra sacar que a maldição anos 80 também se aplica. Guardei tudo que veio antes, e me desfiz do restante. De uma coisa tocante pra burro, caiu nesses últimos anos pra umas baladinhas estilo Garth Brooks (Garth Brooks é, ou ao menos era quando eu sabia algo disso, um dos pops do country americano contemporâneo). Sofrível. Ou talvez eu é que não esteja aceitando nada bem as mudanças. Às vezes desconfio de mim mesma.

postado por Carol Bensimon as 14:48 | pitacos (11) | trackBack (0)

moleskine.
Sempre olhei torto para as cadernetas Moleskine. Para quem não conhece, são uns caderninhos pretos e compactos com um elástico. Os modelos variam entre abertura na horizontal ou na vertical, páginas com linhas, quadriculadas ou sem nada, e outros pormenores. Mas a essência se mantém, e agora já é tempo de dizer o que há afinal com os Moleskines que fizeram a sua fama e meu inicial desgosto: Hemingway usava-os, e também Picasso e Van Gogh e Sartre e Apollinaire. Então os Moleskines desapareceram em algum lugar do século XX e ressurgiram faz uns dez anos, e muito quero-ser-escritor-cool começou a carregar o seu, como se esse ato por si só os permitisse entrar num panteão de artistas geniais. Pelo menos essa era a minha opinião mal-humorada.
Agosto 2007 em Paris e é justamente aí que venço o preconceito, mudo de opinião e viro apenas mais uma entre aqueles que criticava: compro um Moleskine. Um mês depois, ganho outro de presente. Vinte dias depois, peço que o Walter me traga o terceiro na sua volta para o Brasil, porque É PRECISO TER ESTOQUE E NÃO DEIXAR FALTAR (e traz um para o meu namorado também, que vou iniciá-lo no Moleskine, obrigada).
Eis o que diz minha nova opinião: continuo achando um pouco enganação quando alguém me diz que usa Moleskine porque é BOM; porque cabe no bolso, porque de excelente qualidade etcetera etcetera. É claro que tudo isso é verdade, mas não só. Duvido que alguém que use um Moleskine consiga ignorar a tradição do negócio, e duvido inclusive que essa não seja uma bela de uma motivação na hora da compra. Agora já não acho, como crítica chata que fui, que usar Moleskine é tentativa vergonhosa de comprar identidade artística. Mas acredito fielmente que anotar minhas coisas num me dá uma sensação de estar inserida numa linha histórica contínua de pessoas tendo idéias. E não só idéias geniais, ou idéias de gênio (que não necessariamente são a mesma coisa). Além de Hemingway ou Picasso, também outros anotaram seus segredos ou projetos. Gente anônima que se foi e deixou um pouco de si nos caderninhos pretos. Senti isso mais intensamente ainda quando vi os Moleskines do Gabriel. É estranho dizer isso, mas, desde que tenho um Moleskine, venho tendo mais idéias, e isso acontece porque tenho VONTADE de ter idéias, algo um pouco como um dever, uma homenagem àqueles que já as tiveram.

postado por Carol Bensimon as 14:36 | pitacos (11) | trackBack (0)

1979.
Ou o last.fm enlouqueceu, ou está mesmo acertado que o Smashing Pumpkins vai tocar em Porto Alegre diz 4 de dezembro e, o que é o mais surreal de tudo, no Opinião. Alguém confirma? Bruno? Não perco isso por nada no mundo.

postado por Carol Bensimon as 14:21 | pitacos (7) | trackBack (0)

métodos sinestésicos.
Li tempos atrás algumas dicas do escritor Chuck Palahniuk para o bem escrever, e uma delas era: antes de sentar na frente do computador e escrever tal cena, você tem que tê-la "vivido" na sua cabeça uma porção de vezes. Na época eu já estava fazendo isso, e acho que todo mundo que tem alguma intenção de escrever literatura não pode deixar de fazê-lo. E no entanto creio que a parte mais divertida é ter a imagem mental da cena e começar a escolher o que se vai usar. Se a cena é numa praça, o que vou dizer sobre ela para evitar cair em generalizações, quer dizer, para que seja essa praça única? E outra: esses detalhes vão me ajudar a alcançar o tom que pretendo dar à cena, ou estão enfraquecendo esse tom? (sim, não riam, daqui a uns anos, gostaria de dar uma oficina literária - mas chega de contos. Seria de narrativa longa. O que já tangencia demais o assunto e deixo pra outro post).
No processo de transferência da imagem mental para a imagem literária, essa segunda uma seleção de elementos da primeira, uma coisa que me ajuda às vezes é ouvir a música certa enquanto penso e/ou escrevo. Por música certa entendo uma música que de certa forma tenha a melodia próxima à cena que estou escrevendo. Em outras palavras: se essa cena literária fosse uma cena de filme, essa música poderia estar tocando no fundo.
A isso chamam de "sinestesia", e também a minha playlist para esse fim tem o mesmo nome. Não é uma coisa que funciona com todo mundo - e em parte estou escrevendo isso para descobrir como funciona com vocês - mas eu percebi que tenho a tendência a fazer essa aproximação desde que ouvia Acorns & Orioles (Guided by Voices) dois anos atrás e pensava Hm, eu quero que minha novela soe assim. Quando estava escrevendo os últimos parágrafos dessa, aliás, ouvi muitíssimas vezes Cortez the Killer (Neil Young), até poder colocar o ponto final e revisar. E essa semana, prum conto ambientado numa fazenda que mandei ao Paraná, fiz soarem os grilos de Yo la Tengo em Green Arrow.

postado por Carol Bensimon as 17:28 | pitacos (7) | trackBack (0)

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