« agosto 2005 | Principal | outubro 2005 »

só pra fechar paraná.
O mesmo sentimento aquele de inferioridade brasileira em relação ao teatro aprochegou-se de mim no Curitiba Rock Festival: bandas brasileiras medíocres dividindo o palco com atrações internacionais massa. Será que realmente o rock "alternativo" do país é uma vergonha perto do que o resto mundo tem a oferecer, ou a seleção foi mal feita? Creio que um pouco dos dois. Ó, eu não sou ratinho de show indie portoalegrense, mas conheço algumas bandas que mandariam bem melhor do que as coisas tão pouco originais que ouvi no CRF. A Wonkavision e a Superphones, por exemplo.
Nos dois dias de festival, sobrou raiva e faltou criatividade nas atrações nacionais. Eu não componho, amigo, mas me dá 5 minutos que eu faço um hardcore daqueles. JURO.
Queria ter visto Rádio de Outono, que tinha uma boa sinopse, mas perdi. No mais, o prêmio constrangimento alheio vai para Karine Alexandrino. Juro que parecia o cd da Tiazinha, embora dois amigos meus tenham defendido a moça antes de minha ida. A exceção para tanto barulho desperdiçado foi a Móveis Coloniais de Acaju, banda de Brasília. De smoking e com aqueles montes de instrumentos de sopro lindos (os caras são nove. NOVE), empolgaram a galera e renovaram aquele ar viciado.

postado por Carol Bensimon as 17:01 | pitacos (7) | trackBack (0)

minha professorinha de francês. ui.
E jamais eu pensei que estaria planejando uma aula. Mas foi assim, a garota me disse Ó, que tu acha de me ensinar francês?, e na hora, pô, balancei, que será que eu quero mesmo? Quer dizer, eu sempre achei muito solitário essa coisa de aprender/saber francês, mesmo que a minha família use a língua pra se comunicar (mas cada vez menos). Não é como o inglês, que tu te sente integrado e coisa e tal, ele transbordando dos lugares, inevitável. Então eu disse sim, e saí catando livro, saí catando cd com os exercícios orais, e quando eu vi eu tava ali sentadinha na sala pensando num jeito didático de começar, deixando de lado umas baboseiras do livro e cogitando alternativas. E daí é amanhã, e eu estou realmente a fim disso, meu amigo.

postado por Carol Bensimon as 19:00 | pitacos (0) | trackBack (0)

paulo santana.
Recebi uma suposta coluna do Paulo Santana sobre o desarmamento. Digo suposta porque é tão, mas tão lamentável, que estou cogitando seriamente que seja algum tipo de TROÇA. Uma photoshopeada, vá saber. Alguém viu isso realmente impresso no jornal?

postado por Carol Bensimon as 11:18 | pitacos (7) | trackBack (0)

curitiba, anotação número 2.
Curitiba, nas rápidas passagens a caminho do Rio, sempre me deu a impressão de lugar fantasma. Comprovou-se no fim de semana a natureza L.A da cidade. Caminhar em Curitiba é solidão. Nem porteiro fica na frente do prédio. Curitiba tem cara de qualquer lugar, e causou enorme estranhamento nas viajantes. Da dificuldade de achar um lugar para comer a motoristas de ônibus e táxi que não sabiam informar a localização de obviedades. Exercitamos um gauchismo exagerado em nossa reprovação ao curitibano way of life. Pegando chuva, rimos da inexistência de um táxi em um evento com um público de 3.000 pessoas.
Mas tudo bem. Não paga-se por beleza, paga-se por lembranças.
Guardei as minhas.

postado por Carol Bensimon as 09:02 | pitacos (4) | trackBack (0)

curitiba, anotação número 1.
Um nublado constante, duas da tarde, homens de uniforme catando bitucas de cigarro do cascalho. Show da Avril Lavigne na Pedreira na véspera. Tem um laguinho massa nesse lugar e é sempre bacana ver um local em que coisas aconteceram ou vão acontecer, mas nada no momento esse no qual se olha. Uma criança sobe e brinca de artista no palco, a gente quer brincar também, mas só sobe lá e se admira com o tamanho do palco e fica falando uns adultismos controlados, enquanto meus olhos pensam que alguém pode ter deixado alguma coisa cair, como saber se esse halls quem chupou foi gente como a gente ou gente que é grande, mas que no fim é sempre pequena demais pra um palco desses?
O backstage guarda umas sombras de garrafas vazias.
Nós vamos caminhando para fora, miss lisbon e eu trocando atrasos, shows que deixamos de assistir porque descobrimos gostar tarde demais. Isso é um pouco o que acontece o tempo inteiro, meus atrasos e eu agora correndo contra, mas como superar o inevitável, a medida que existe coisa demais?
Faz-se o que cabe, e o acaso presenteia. Os sons que me encantaram em 2005: (1) Squirrel Nut Zippers, julho em Parati, Cecília Gianetti põe o cedê no bar e o swing vai me levando. Começa pra mim a era do jazz. (2) Dani F. e Sapo abrem seu apê para convidados e os presenteiam amavelmente com cedês. Dani F. recomenda que eu leve Grand Prix, do Teenage Fanclub. Aceito. Estou amarga e as primeiras ouvidas me ferem com popismos. Depois um dia eu acordo e descubro uma beleza incomparável. Nunca mais perdi. (3) Quer ir pra Curitiba? Digo sim. Anunciam The Raveonettes, vou pros peer-to-peer. Apaixonei. Tudo que eu sempre amei está ali, atualizado, noisy fifties. Lindas vozes em harmonia. Eu vi, deslumbrei, achei a Sharin Foo gracinha descendo do palco e indo falar com o público, I feel lucky que cheguei há tempo de gostar e ver.

postado por Carol Bensimon as 16:57 | pitacos (2) | trackBack (0)

a noite das auto-referências.
Ontem me chamaram pra pré-estréia do Sal de Prata, novo filme da Casa de Cinema, ali no Cinemark. Não neguei. Lá fui eu parar naquele hall com tapete de cassino, entre filas de intelôs portoalegrenses: fila pra pegar pulseirinha, filha pra pipoca, fila pra sala. Dos rostos que reconheci e cumprimentei, 98% tinham alguma ligação com o cinema, o que logo mais se configuraria como o público mais adequado para ver Sal de Prata. Os caras são bons no marketing, não nego nem falo mal: o filme passou somente convidados em TODAS as salas do "complexo de entretenimento". Com direito a Gerbase e equipe falando de sala e sala. Entraram numas de serem vistos há muitos filmes já e, volto a dizer, não falo mal: que deixem então a Columbia fazer os cartazes mais horrorosos em exposição no cinema, que coloquem uma gostosa global pra fazer bilheteria. Desde que se mantenha a coerência. O que eu mais gosto dos caras sem dúvida é a montagem. O troço flui beleza e, citando o próprio filme, "os pedaços agrupados no final fazem sentido", or something like that. O que eu menos gosto são alguns diálogos, os quais não consigo identificar se o problema é de ROTEIRO ou de ATUAÇÃO (às vezes um, às vezes outro, creio. Quem é que diz "tu me apanha às dez?").
Agora, vamos lá, é um filme sobre cinema, e não como Sunset Boulevard ou O dia do gafanhoto, mas um filme sobre cinema pra quem já tem noções de cinema, inclusive técnicas (será que as pessoas normais vão entender o que é 35 e o que é digital?). Na verdade, é uma imensa piada interna, que faz bastante sentido pra mim, mas provavelmente nenhum pra maioria das pessoas que assistirão.

postado por Carol Bensimon as 17:33 | pitacos (7) | trackBack (0)

curitiba.
Hoje à noite vou pegar um avião para Curitiba, rumo ao Curitiba Rock Festival. O convite apareceu uns meses atrás, e eu encarei mais pela FUNÇÃO. Nesse meio tempo, me apaixonei por The Raveonettes, os shows mudaram de lugar, deixamos para a última hora os planos de turismo escravo e ameaçamos a ticketcenter com gritos mulherzinha e procon. Embora Curitiba, como o Trasel disse, não seja uma cidade assim tão interessante - pelo pouco que sei de rápidas passagens - nenhum cinza é mais intimidador que o lugar de sempre.

postado por Carol Bensimon as 10:50 | pitacos (5) | trackBack (0)

não me convidaram.
Em Goianésia, no Pará, a população se revoltou devido a casos de estupros não resolvidos: queimaram a delegacia de polícia, a prefeitura, a casa do prefeito, o quartel da Polícia Militar e as secretarias de obras, educação, saúde e assistência social. Ah, os presos que estavam na delegacia foram todos soltos, "inclusive assassinos e traficantes de droga", informa o Terra.
Mas é um paisinho de merda, né? Nunca se move uma palha para nada, o povo aceita tudo, cansado, preguiçoso e sem esperança. E, quando sai-se da passividade, não se consegue nem fazer o negócio direito: se acaba com toda a estrutura da cidadéca, prejudicando o povo, numa conta de 5 milhões.

postado por Carol Bensimon as 18:19 | pitacos (1) | trackBack (0)

o papel dos sindicatos.
"Em greve desde a última quarta-feira, os trabalhadores nos Correios do Paraná vão realizar hoje um dia de "greve em família" em frente à sede estadual da empresa, em Curitiba (PR).
O Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom) irá colocar no local cama elástica, piscina de bolinhas e pipoqueira para serem usados pelos filhos dos carteiros(...)"

postado por Carol Bensimon as 10:49 | pitacos (0) | trackBack (0)

em cena.
Semana passada, sozinha e debaixo de chuva, me fui para o Renascença assistir uma peça do Em Cena. Apesar das advertências do amigo dizendo que Ignácio de Loyola Brandão era risco certo, movi-me pelo tema, um lance com Jorge Luis Borges. Ignácio? Esse cara aparecia na coleção Para Gostar de Ler, então já o elevei a grande coisa.
Fiquei na fila ouvindo um dixieland massa no ipod. Passou por mim Antonio Holfeldt. Entrei. Fedia profundamente a mofo. Me intoxiquei por alguns minutos, pensando o quão matafórico era aquilo: o teatro está moribundo. Bem, foram necessários apenas dez minutos do espetáculo para que de fato morresse sem cerimônia, numa representação patética de Borges e roteiro fim de ano mostra pra papai e mamãe como as crianças trabalharam bem.
(tenta de novo, vai)
Então tá.
Endstation Amerika, uma montagem alemã em cima do Um Bonde Chamado Desejo. Eu e um rapaz elegantemente vestido. Posters indies sendo distribuídos for free. Hm, cenariozinho massa, como é que trouxeram isso tudo aqui pro Brasil? E começa já cheirando a vanguardismo que vai sendo alegremente deglutido. Não sobrou em pé uma página do Tennesse Williams, creio, mas quem se importa? O público ria, eu quase sempre, ao mesmo tempo que soprava uma enorme sensação de desconforto, angústia, de estranhamento. Coisa boa ser surpreendido assim.
Entrei no táxi decepcionada com nosso atraso artístico, e levantando umas questões pessoais de destinos e locais de nascimento. Mas tava sorrindo, e tinha dentro aquela empolgação de quando me encanto. Ressucitou-se.

postado por Carol Bensimon as 15:23 | pitacos (2) | trackBack (0)

orgulho de ser gaúcho.
Mataram um cara a pedradas próximo ao Acampamento Farroupilha, diz o Diário Gaúcho no balcão da cozinha corporativa. Um infográfico mui esclarecedor marca um outro assassinato a pauladas próximo ao local, alguns dias antes. Duas páginas depois, um anúncio de rodapé com as cores do Rio Grande diz que o Acampamento Farroupilha é a mais bela tradição gaúcha, or something like that.
Aquilo lá é tipo cem vezes pior do que foi o último Acampamento da Juventude, do Fórum Social Mundial.

postado por Carol Bensimon as 17:19 | pitacos (7) | trackBack (0)

kombi hippie.
2/3 dos carros perambulando são prateados. Repare bem. Filas de prateados no meu estacionamento. Num mundo que tudo virou motivo pra piada e ironia, nesse desprendimento todo que atinge carteiras chaveiros roupas capacetes de motoqueiro (tu já viu aqueles com pontas? Outro dia eu vi um que imitava a cabeça de um PATO), os carros prata vão contra a corrente do deboche e da estética adolescente. A tendência devia ser kangoos em excesso. Cores cítricas. E eu ia achar legal pra caralho umas adesivagens psicodélicas cobrindo toda a lataria.
Mas sabe qualé? Uma menina dessas publicitárias mui ligada na coisa de carro (atende uma revenda volks) me disse que em tudo que é anúncio/comercial e etc, usa-se o carro prata. Mais fotogênico, sei lá. Exceção pra essa estética PROPOSHTA Dogville descarada da Fiat, claro. Então: será que é isso que faz o prata vender em demasia? Logo agora, que eu andava acreditando que ninguém dá bola ALGUMA pra publicidade?

postado por Carol Bensimon as 16:10 | pitacos (6) | trackBack (0)

a galaxy far far away...
Me admira que a publicidade, dona de desbancar a língua em troca do melhor entendimento da mensagem (vírgulas são ignoradas porque "fragmentam a idéia. Ah, pára!) não tenha ainda superado a distância entre creme dental e pasta de dente. Quer dizer, TODO MUNDO diz "pasta de dente", certo? Então porque insistem em escrever e divulgar o que ninguém repete? Mistério.
Outra do mundinho: vi hoje de manhã o novo comercial da Fiat. Cheguei a ofender-me por toda a classe. Ora, é desejável que as referências de criação se alimentem das artes e coisas da vida, que não fique somente na retroalimentação sem sentido, mas daí a COPIAR a idéia absolutamente original de Lars Von Trier em Dogville é de uma cara de pau incomparável. Alguém já viu?

postado por Carol Bensimon as 09:59 | pitacos (11) | trackBack (0)

violenza.
Um pouco atrasada, chegando junto na capa. Violenza. Certo que HÁ pelo ar, mas quando se resolve ignorá-la e estar numa praça às onze da noite, nada acontece. Ok, natural, amigo, assim como natural que explodam tua cabeça por nervosismo + droguinhas + tênis Nike que o cara quer ter. Todo mundo conhece alguém, alguéns, que já sofreram uma ou outra experiência traumatizante. Banalizou-se a coisa. Abra na página policial. A morte não nos espanta mais. Aceitamos que cada saída de casa é um risco. Ou mesmo lá permanecer.
Por outro lado, aí é que está, a pilha estadounidense do MEDO tomou conta. Pro meu pai, qualquer homem com a mão no bolso deve portar uma arma e portanto se configura numa ameaça. Se nunca é demais precaver-se, a precaução nos estraga a cada dia.
Permanecendo na família, vovô e vovó servem quase como cobaias humanas do quanto a mídia pode determinar os contornos e as cores do que tu vê. Eles passam meses sem sair de casa, salvo algum aniversário ou ida ao médico. Maybe síndrome de imigrante: o lar é a fortaleza, onde há tudo que se precisa para viver. O exterior é uma ameaça permanente. Mas o ápice de nosso estudo behaviorista se atinge quando, por obrigação qualquer, leva-se vovô e vovó a rua: impressionam-se que nada esteja acontecendo. Que as pessoas circulem, indo tomar cerveja, café. A vida não corresponde à sua leitura de todo o dia.


postado por Carol Bensimon as 09:30 | pitacos (0) | trackBack (1)

nunca dá certo.
Tu não odeia o Jornal do Terra? Volta e meia eu paro lá assim, sem querer, levada por uma manchete que pareceu interessante. E que eu estupidamente achei que era EM LETRAS. Aí acontece que não consigo absorver a tal notícia, porque ou não tenho paciência pra computador bancando a televisão, ou o o troço pede um software que eu não tenho (não me lembro se essa segunda hipótese de fato aconteceu).
E esses sites então que não te deixam baixar o vídeo, mas apenas olhar assim real time? Daí acontece que jamais consigo ver mais do que 2 segundos. O áudio se PERDE do vídeo para todo o sempre, dá travadeira geral e etc. E eu queria tanto ver os clips do Raveonettes, e também a Fiona Apple criança mandando ver no seu teclado branco e já apresentando uma certa psicoce no olhar.

postado por Carol Bensimon as 18:14 | pitacos (0) | trackBack (0)

winnie the pooh
Alguém sabe porque diabos o Ursinho Puff agora se chama no Brasil Pooh? Já tentamos cogitar todas as hipóteses aqui no local de trabalho, algumas bem esdrúxulas, eu diria. Fato é que não parece fazer sentido partirem para o uso do nome original, enquanto outros tantos personagens sempre tiveram e mantém seus nomes adaptados.

postado por Carol Bensimon as 18:14 | pitacos (12) | trackBack (0)

pensamentos musicais aleatórios.
Eu acho Rolling Stones a coisa mais easy listening de todos os tempos. Ninguém gosta de Rolling Stones. Quer dizer, todo mundo gosta, mas ninguém ama, tem todos os discos e etc. Eu, pelo menos, não tenho visto (pra não mentir, digo que conheço um sujeito qu'aime beaucoup). Os caras nunca fizeram uma coisa brilhante na vida. E Satisfaction é um lixo. Esses tempos ganhou o prêmio não sei o que de melhor música. Ah, pelo amor de deus.

O estudante de sociologia disse que não há realmente como não gostar de Beatles, uma vez que tudo que veio depois teve influência deles, portanto não gostar de Beatles seria não gostar da música dos últimos 40 anos (não vou fazer contar mais complexas, perdão). Talvez faça algum sentido, mas não muito.

Coisa complicada essa da MÍDIA. O começo dos Beatles tá todo em Roy Orbison, Pretty Woman. Beach Boys chupou influência imensa do doo wop uptempo (ouça Dion & The Belmonts, Danny & the Juniors, Crew Cuts...). Talvez eles tenham feito isso melhor, okay. Mas os fatos se distorcem e de repente parece que os caras INVENTARAM alguma coisa. O leão é feito de carneiro assimilado, como disse o Paul Valéry.

postado por Carol Bensimon as 21:32 | pitacos (13) | trackBack (0)

it's easy to blame the weather.
zani_eu.jpg

Converse conosco. Somos pessoas massa. Sobretudo em preto e branco.

postado por Carol Bensimon as 17:54 | pitacos (6) | trackBack (0)

dixieland.
O FIDEL ofereceu assistência médica e remédios para as vítimas do Katrina. Que vergonha, seu Bush.

postado por Carol Bensimon as 21:57 | pitacos (5) | trackBack (0)

hiperdocumentação 2.
Já que estamos por aí repetindo sem parar a palavra hiperdocumentação, enquanto quatro ou cinco câmeras nos atacam simultaneamente, acho que cabe citar um trecho da Italo Calvino, do conto "A Aventura de um Fotógrafo":

O passo entre a realidade que é fografada na medida em que nos parece bonita e a realidade que nos parece bonita a medida em que foi fotografa é curtíssimo. Se você fotografa Pierluca enquanto ele está fazendo o castelo de areia, não há razão para não fotografá-lo enquanto está chorando porque o castelo desmoronou, e depois enquanto a ama o consola fazendo-o encontrar no meio da areia uma casquinha de concha. É só você começar a dizer a respeito de alguma coisa: "Ah, que bonito, tinha era que tirar uma foto!", e já está no terreno de quem pensa que tudo o que não é fotografado é perdido, que é como se não tivesse existido, e que então para viver de verdade é preciso fotografar o mais que se possa, e para fotografar o mais que se possa é preciso: ou viver de um modo mais fotografável possível, ou então considerar fotografáveis todos os momentos da própria vida. O primeiro caminho leva à estupidez, o segundo à loucura.

postado por Carol Bensimon as 09:46 | pitacos (0) | trackBack (0)

ruído branco.
Tô achando o Don DeLillo um cara foda. Eu usualmente não gosto de diálogos, mas os do cara me deixam batendo palminhas mentais. São carregados da mais fina ironia, sarcasmo e constatações pós-modernas. Tudo bem que até as crianças de dez anos falam como adultos superdotados. Licença POÉTICA.

- É justamente onde eu quero chegar. Presas. Mordida de cobra. Cinqüenta mil pessoas morrem todo ano mordidas por cobras. Deu na televisão ontem à noite.
- Tudo deu na televisão ontem à noite - disse Orest.

postado por Carol Bensimon as 17:23 | pitacos (3) | trackBack (0)

arquivos

insanus



Kongo.gif