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start again.
Mesmo sendo relativamente jovem, me parece muito tarde para começar certas coisas. O cara que é bom mesmo num instrumento começa desde pequeninho. Nunca vi nenhum fodão que foi aprender a tocar com vinte e poucos.
É engraçado quando uma crise nos rumos profissionais acaba fazendo com que se tome uma decisão aparentemente ridícula e não-relacionada: eu vou tocar piano. Decidi isso há uns três dias, e só depois fui olhando uns acontecimentos recentes e outros nem tanto. Fiona Apple, Rufus Wainwright, certas belezas do Yann Tiersen, o show maravilha do Pizzarelli, a moça que tocava piano no bar e eu pensando "porra, sempre esses(as) pianistas de bar tem um repertório horroroso, se fosse eu... (e seguem leonices). Ah, e o imaginário de vida bem vivida de sempre, festinhas com poucos amigos, piano e etc.
Me matriculei hoje. Formação clássica (a palavra me assustou de início), que dura 9 anos (e isso ainda mais).

Even though it's complicated
We've got time to start again

postado por Carol Bensimon as 15:57 | pitacos (16) | trackBack (0)

cidade baixa.
Judia de nascença e atéia de formação, fui perguntar sobre reis magos pra pessoas da agência, e finalmente ao Google. Coisas de trabalho. Necessário apenas comprovar que vieram de muito longe (e vieram), pra fazer uma chamada besta e etc. Bem, então estava ali olhando, trouxeram ouro, incenso e mirra, já sabia, mas que coisa é essa MIRRA? Uma tal de erva. Veio então a luz: os reis magos eram os precursores hippies. Maconha, incenso e, e o mais prejudicial de todos, o ARTESANATO.


postado por Carol Bensimon as 08:59 | pitacos (4) | trackBack (0)

voláteis
Hoje tem lançamento do Voláteis, narrativa longa de estréia do grande Paulo Scott. A partir das 19h, na Cultura.
Estou bastante curiosa.

postado por Carol Bensimon as 10:55 | pitacos (1) | trackBack (0)

nós que aqui estamos.
Minha mãe tava na sala vendo uns pedaços do "Nós que aqui estamos por vós esperamos". Procurava uma música do Wim Mertens que, tinha certeza, fazia parte da trilha. Sentei pra relembrar um pouco. Logo mais entrou a música, junto com a vida preto e branco de uma série de pessoas. Bem, vocês conhecem o filme. Sentada ali, revendo a coisa toda, me arrepiei todinha e logo percebi que é realmente muito simples causar esse efeito. Não estou dizendo isso pra desmerecer a obra ou qualquer coisa assim, que acho excelente. É apenas uma constatação de que colocar imagens de gente na fila da sopa em 1929, cenas de guerra, operários pendurados em arranha-céus em construção, tudo isso acompanhado de uma música sensível, triste e grandiosa, só pode dar nisso (no espectador minimamente instruído): a evocação de um certo pertencimento na dor de todo o planeta, e de que tu ali é um produto de tudo isso que veio antes.

Algumas "tragédias" históricas marcaram muito a minha infância. O Hindenburg pegando fogo e sobretudo o desespero na voz daquele homem. Aquela ponte indo pra cima e pra baixo como se fosse um maldito mar. O Titanic e o Jack, o estripador (sim, eu devia ter ALGUNS problemas).

Quanto mais vastas ficam as coisas, mais a gente se AFUNDA, essa é a real. Que insatisfação enorme. Pode rir aí, mas domingo aquele tempo horroroso e eu num sítio em Gravataí e bateu uma tristeza, porra, eu podia estar entrando num barzinho enfumaçado de Nova York, desses que tem que descer escadas. É, eu ainda não devo ter crescido. Deitada na rede e ouvindo um John Coltrane, pensei na quantidade de arrependimentos e frustrações que eu vou acumular na vida. É injusto que a gente só possa começar uma vez, e que às vezes nasça com tão pouco dispoção ao risco.
Fiquei tremendo de medo.

postado por Carol Bensimon as 13:24 | pitacos (4) | trackBack (0)

ó.
Tudo começou ainda no verão, quando, entre uma lambida e outra de sorvete na Padre Chagas, meus pais comentaram sobre supostos pratos pendurados na parede de um apartamento. Que pratos? Me apontaram um pouco ansiosos. Olhei para dentro da tal janela e não consegui identificar uma forma redonda sequer. Tapei um olho, depois o outro, percebendo que o esquerdo parecia ter mais problemas. Prato nenhum aparecia de qualquer forma.
A partir daí, todas as letras minimamente distantes se expandiam em uma certa névoa incômoda. E no trânsito, de noite, era difícil prever, que não fosse em cima da hora, para que lado era uma curva (calma, isso foi percebido numa serra, mas quem dirigia, por sorte não era eu).
Veja que muitos meses se passaram em uma vida nebulosa, até que no começo dessa semana fui parar em clínica chiquérrima nos altos do Mont Serrat. Primeira vez que pinguei gotinhas no olho. Em uma hora e meia de falta no trabalho e de queixo apoiado em aparelhos, constatou-se: miopia, -1 em cada olho.
Surpreendi-me. Esperava aquelas coisas sutis zero alguma coisa. No dia seguinte, mandei fazer os óculos. Visto-os pela primeira vez hoje. O mundo entrou em foco, é impressionante. Agora percebo que eu andava olhando tudo por um monitor velho da LG. Agora eu tenho a tela com maior definição do mercado.
Vai ser uma linda estréia no show do Pizzarelli.
Ó eu aí.

oculos.jpg

postado por Carol Bensimon as 15:55 | pitacos (17) | trackBack (0)

ui. coletes.
Me chama de antiquada, mas não há nada mais sexy que caras usando coletes embaixo do terno. Tiram o terno e de repente está lá aquele colete sobre a camisa branca. Ui.

postado por Carol Bensimon as 19:04 | pitacos (18) | trackBack (0)

rato branco pós-moderno.
Recentemente, lançaram na França um livro chamado "O livro negro da psicanálise", queimando Freud e seus comparsas. Como quase tudo que nasce no hexágono, causou polêmica. Esgotou-se a edição em semanas e reações fervorosas surgiram dos dois lados. A saber: de um, os psicanalistas; de outro, os moços e moças da terapia cognitiva comportamental (TCC). Tudo que eu sei, é claro, é superficial, como boa publicitária que sou. Saiu uma reportagem sobre o assunto na Carta Capital, e ela consumi. Ao que parece, os psicanalistas tem um lobby muito grande na França por questões históricas (Lacan), mas também porque o país é um fã da terapia (e de medicamentos. Maior consumo de antidepressivos do mundo). A ponto de terem conseguido tirar do ar uma pesquisa científica que mostrava que a terapia cognitiva comportamental era mais eficaz que a psicanálise.
Bem. É onde entro.
Me parece que medir em laboratório resultados da psicanálise é meio insano, algo como medir a produtividade de escritores. Eu sei realmente muito pouco sobre a TCC, mas creio que ela está para rato-branco-em-gaiola do mesmo jeito que a psicanálise está para filosofia (ou MACONHA, diriam os mais sarcásticos). Bem, sendo assim, não é difícil imaginar que o cognitivismo esteja levando vantagem, ou se encaminhando para tal: as pessoas querem resolver os seus problemas o mais rápido possível, e da forma mais simples possível. Esse é o mundinho sem paciência de hoje, babe, em que mais vale tomar um comprimido do que ficar desdobrando causas desse ou daquele trauma ou traço de personalidade.
Há cerca de três anos eu vou numa lacaniana. Quando me perguntam se isso funciona, se eu melhorei, isso realmente é difícil de dizer. Melhorei? O que significa tal coisa? Hehehe, amigo, eu me contaminei, e aprendi a pensar subjetivo. Talvez seja esse exatamente o meu maior ganho: o modo como se amplia a vida, o mundo, as possibilidades. Me parece, por exemplo, muito mais simples hoje identificar exatamente a causa de uma briga familiar, o papel que cada um desempenha e etc. Aprende-se enormemente sobre natureza humana, e se isso te interessa, amigo, é o caminho. A mim, me interessa, me preenche, me fascina. É como se aumentasse a minha percepção, upgrade no meu radar. Um belo ganho, uma vez que, para mim, é essa vida e fim.

postado por Carol Bensimon as 10:27 | pitacos (8) | trackBack (0)

eu já sabia. eu tentei de novo.
Maionese Oderich não é maionese.

postado por Carol Bensimon as 20:10 | pitacos (7) | trackBack (0)

se eu soubesse desenhar, seria assim.
Eu fui na Bienal do Mercosul. Eu sempre vou na Bienal, e me sinto um pouco burra, um pouco dura, um pouco enganada e um pouco polêmica (última teoria: a Bienal é do mal, porque o povo visita, não entende, sente que arte não é pra ele e assim se afasta da cultura).
Eu na Bienal.
Eu nos pavilhões do cais do porto, e aquelas obras ao redor.
A porta de correr, imensa, aberta, dando pro Guaíba. Um finzinho de tarde colorido e melancólico, e eu olhando.
Se eu soubesse desenhar, faria uma charge, e seria assim: NINGUÉM olhando as obras da Bienal, e um povinho admirado e concentrado naquela visão do céu e do rio.
Seria bem massa.

postado por Carol Bensimon as 11:19 | pitacos (7) | trackBack (0)

disarm you with a smile.
Algumas coisas bagunçadas sobre o desarmamento, porque realmente descobri que não vou ter tempo nunca de escrever um tratado decente.

Mesmo que a vitória do Sim não venha a fazer muita diferença prática, seja por incompetência em manter o estatuto, seja porque o próprio não apresenta mudanças drásticas, acho inconcebível que pessoas "esclarecidas" se alinhem ao Não e seus argumentos simplistas e furados. Já viu a propaganda? E esqueça que uma tem o padrão Globo e logotipozinho aqua e a outra seja um tanto quanto amadora. É claro que não é essa a diferença que estou apontando. O que a propaganda do Não faz? Mostra que há violência. Mostra que a polícia é incompetente, ou insuficiente. Então os caras vão lá entrevistar um sujeito que mora num sítio e o sujeito É, eu tenho uma arma, porque vá saber o que pode acontecer e quanto tempo demorará pra chegar alguém. Mas, ei, ninguém pergunta se o cara já usou a arma, e se ela efetivamente salvou, ou poderia salvar, sua família. Por que o Não não mostra reações que deram certo então? Pessoas que foram salvas por uma arma, que deram tiros pra cima e espantaram ladrões. Não é nisso que os alinhados com essa posição acreditam que as armas podem fazer por eles? Então porque não vemos nunca esses exemplos bem-sucedidos? Ao invés disso, nos mostram pessoas dizendo Eu nunca pensei em ter uma arma, mas não quero perder o direito de ter. Ah, qualé, isso parece birra de criança. Liberdade, livre-arbítrio? Então quem sabe não brigamos pelo direito de não usar cinto de segurança ou coisa assim? Sim, é absurdo e burro, mas parece mais plausível, afinal, o não uso do cinto só prejudica ao que dele abre mão, enquanto a arma, na maioria dos casos, é usada contra o outro.

Outra: mais de uma vez eu ouvi os Não argumentando que Ó, se alguém for assaltar a tua casa, tu vai ter a certeza que nenhum vizinho virá te ajudar, porque ninguém terá arma. Bem, em primeiro lugar, os vizinhos, ao menos os meus, não parecem tão altruístas assim. Em segundo, e mais importante: se alguém me assalta, eu digo Leva. Não quero que ninguém venha dar de herói, porque daí a probabilidade de dar merda é gigantesca. Estar num banco com um brigadiano, por exemplo, que certamente reagiria a um assalto, me causa enorme tensão. Não preciso dizer que isso vemos no jornal todo dia – heroísmos que viraram pesadelos. Já os sucessos, bem, eu juro que não tenho visto nenhum.

E essa história de "bandido" e "cidadão de bem"? A simplicidade desse raciocínio me revolta. Para um cidadão de bem virar bandido, é uma barbada. Basta uma dose de agressividade, por exemplo, outra de álcool, uma mulher traindo e pronto. Falar em bandido e cidadão de bem é mais do que maniqueísmo, é um preconceito gritante. Porque dentro de suas cabeças estão todos pensando em gente pobre e gente de classe média. Give me a break.

O que o desarmamento espera é justamente diminuir as mortes entre os "cidadãos de bem". Esses que, por um impulso, atiram. Mas eu nao preciso dizer tudo isso, não é mesmo?, porque todo mundo já sabe que o que está em discussão não é uma vã tentativa de acabar com a violência e blá blá blá. E não me venha dizer que, quem mata, mata com faca, cinto no pescoço e etc. Para isso, tenho certeza que é preciso estar MUITO mais determinado. A arma de fogo banaliza a morte.

Votar Não é acreditar na agressividade, na que o outro e na que você pode produzir. Nenhuma das duas coisas me parecem muito saudáveis. Primeiro, porque o melhor jeito de salvar a sua vida caso ela esteja em risco é provavelmente não fazer nada. Segundo, porque enxergar tudo como uma ameaça, na rua, em casa, no carro, torna a vida pesada demais.

postado por Carol Bensimon as 17:27 | pitacos (11) | trackBack (2)

nem um papelzinho.
Minha vontade de escrever em outros ambientes, que não minha bagunçada salinha do computador, é imensa. Leia-se aqui hipponguice pura: ar livre. Por isso ando me forçando a rabiscar num caderninho da emetivi que eu andei ganhando. Aprendo assim, aos poucos, a fazer um esboço das idéias. Sábado e domingo passado, com um sol que era beleza, desci a rua a caminho do Parcão. Instalada a canga com símbolos astrológicos no pé de uma bela árvore, lá fiquei eu chiquérrima ipodeando e escrevendo. Como era de se esperar, algumas distrações enriquecedoras: uns trogloditas jogando frescobol produziam sem intenção uma cena pra lá de cômica, e a dona moça cinquentona de poodle chamou o homem do algodão doce e ficou lá chupando nuvem. E, como só tem gente super loira super chique benhê no Parcão, o mercado descobriu que ações promocionais no local RENDEM. Então sempre lá gente bonita uniformizada distruibindo folder de festa de loja de produto e coisa e tal. Daí o detalhe é o seguinte: nunca dão a porra pra mim. Porque ficam lá caminhando pela grama e olhando as gentes e decidindo quem vale a pena e quem não vale. E eu nada, nunca nada. Nem um papelzinho. A pergunta é: por quê?

postado por Carol Bensimon as 17:21 | pitacos (4) | trackBack (0)

friday I'm in love (e a pp não é minha pretê)
Baixou-se a semana dos infernos aqui no trabalho. Uma boa oportunidade para dizer que cada vez mais a publicidade para mim adquire contornos de gincana. Aquelas mui grandes e com gente que sofre junto. Pensando naquela expressão popular, "tarefa de gincana", o leitor já sente o teor da coisa.
(mas é claro que eu sou exagerada)
Aliás, lembro-me de uma gincana que rolou lá por 97 no João XXIII. Eu era do grêmio estudantil, fiz umas tarefas, mandei a gurizada traduzir um texto que estava escrito em dinamarquês (suprimindo essa informação, claro). Gincana, pra ser gincana, tem que ter requintes de crueldade. Bem, grande divertimento essa que me invade a memória. Chocolate quente com licor feito pela professora de espanhol. Uma noite virada no colégio - a única virada DE VERDADE em todos esses 23 anos. Sim, eu sou uma menina comedida pra caralho.
Hoje conclui-se a tarefa mais pesada, que, no fim das contas, nem vale ponto nenhum, é só o que deve ser feito e ponto. Mas talvez seja injustiça tanto ataque e comparação superficial: gincana a gente participa porque quer, e adora sofrer e brincar com o tempo e sair correndo por motivos banais. Talvez funcione parecido por aqui. Sofrimento ao menos liberta muitas risadas contidas. E é bonito quando sofre-se no coletivo.
Só pra dizer que I feel fine, tenho alpino, chimarrão e umas boas companhias. O que de fato não quer dizer que eu nutra amor por este bizarro caminho que procurei, ou colocou-se.

postado por Carol Bensimon as 14:10 | pitacos (4) | trackBack (0)

segura.
Tão logo eu possa executar atividades normais no trabalho, como ir ao banheiro, prometo entrar na discussão Insanus sobre o desarmamento. Até porque, bem, eu estou surtando com isso há algum tempo e levantando a voz em discussões e morrendo de raiva de alguns mails que tenho recebido. Time is over, já sinto um chicote nas minhas costas. Até mais, amiguinhos.

postado por Carol Bensimon as 09:25 | pitacos (1) | trackBack (0)

germano.
Depois da morte do sindicalista no Vale dos Sinos, de novo a Brigada Militar erra feio e faz merda no Beira-Rio. José Otávio Germano, estamos de olho em você.

postado por Carol Bensimon as 09:23 | pitacos (2) | trackBack (0)

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