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no beco.
Ele prova o mojito, a especialidade da casa.
- Bah - prepara uma cara de verdade absoluta - É kibe líquido.

postado por Carol Bensimon as 21:56 | pitacos (143) | trackBack (0)

xis do gelson.
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postado por Carol Bensimon as 13:37 | pitacos (1) | trackBack (0)

anos 90.
Ao que parece, a MTV voltou a passar clip. Percebeu a GRANDE MERDA que estava fazendo com seus programetes constrangedores (aquele do sapo, sobretudo). E o melhor de tudo é que não são clips de músicas novas e insuportáveis, ou então eu estou sendo sortuda: já vi Bowie, Cure, Foo Fighters (alguma antiga) e, meu deus, ontem de noite deu Bush, com Comedown.

postado por Carol Bensimon as 09:21 | pitacos (10) | trackBack (0)

delay.
O Version 2.0, do Garbage, é excelente. Muitos hits da adolescência. O que me leva à questão: por que eu não o escutei em 1997, senhor?

postado por Carol Bensimon as 11:13 | pitacos (3) | trackBack (0)

f.
Quinta-feira os comentários me tomavam pelos lados: todo mundo tinha algum amigo que conhecia a garota rica que se matou. Nessas horas, Porto Alegre se encolhe em cidade do interior, e você nunca estará distante de qualquer dessas pessoas mais do que dois graus. Assim achei. Fui até minha colega de trabalho e perguntei quem era, eu devia conhecer. Me disse o sobrenome, que logo me lembrou essa menina loira do colégio, que andava com outra menina loira. Eu admirava ambas por suas posturas e potências. Disse o nome, a colega balançou a cabeça na negação: não, era Roberta. Esqueci do assunto pela conveniência da distância.
No dia seguinte, primeiras horas do fim de semana e fui aparecer no Barbarella para uma empada de 4,50 e altos níveis de fina conversa. No silêncio de minha mesa, vazou a conversa da do lado: falava de uma suposta festa onde havia uma pessoa estranha, não pertencente ao grupo, e que identificaram como o terapeuta de fulana. Ri da conversa furtada e relatei para juju, ao que emendou séria: devem tá falando da guria que se matou.
Espantei. Mas então o nome dela era mesmo....? Era. A colega havia feito confusão.
No escuro que começava, conversamos sobre detalhes e tentamos inutilmente compreender como as dores tomam essas proporções, a ponto de um tiro de espingarda na boca tornar-se uma saída. No fim de semana inteiro, a história mergulhou na minha cabeça, me torturou e me silenciou, me deixou meio abobada ouvindo detalhes aumentados de sua vida.
Talvez seja justamente por isso que agora eu não consiga escrever um post decente sobre o assunto.

postado por Carol Bensimon as 15:03 | pitacos (13) | trackBack (0)

alô? tô na agência.
Uma morte fez alguém fazer as pazes comigo (pelo menos até o começo da tarde).
Semana passada, um publicitário conhecido do mercado e professor da Fabico descobriu que estava com leucemia. Ontem ele morreu. Eu achava que nós já tínhamos nos encontrado numa entrevista, mas vi fotos dele e identifiquei meu engano. De qualquer maneira, a morte abalou aqui, como sempre abala a morte e sobretudo as súbitas e muito precoces. A morte assim tem um raio imenso de conseqüências. Uma delas, a de que ela (a amiga, não a morte) fez as pazes comigo. A morte é, como ela disse, um Natal exagerado: chega perto e os desentendimentos se encolhem, passa-se por cima das picuinhas.
Ontem eu fiquei em casa, mas pensei em sair por causa da morte. A morte, além de amenizar os atritos, também dá uma pressa enorme de viver, e nos deixa intolerantes com a rotina, com o trabalho, com os compromissos, "Por que eu tô aqui me incomodando se a vida é tão frágil e eu preciso é curtir?". A morte nos deixa meio imaturos também.
Se a morte mexe em tudo que está em volta, mexe mais é quanto mais perto, aí sim tem o poder de fazer rodar: está provado que os que tiveram doenças terminais, escaparam por pouco de um tiro ou presenciaram a agonia final de um filho, de um marido, esses partem logo pras mudanças radicais. As mudanças radicais que a gente sempre quer fazer, mudar de profissão, de país, enfim, mudar completamente a vida toda, enquanto a preguiça e o conforto da situação nos mantém na linha reta.
Hoje eu fui comer com os guris dos computadores ao redor. Adensou-se o papo depois da sobremesa, cheguei a me assustar. Todos reclamavam, mas sem energia, resignados, decepcionados consigo mesmo, profundamente tristes, exatamente como eu. Houve, na dor, um sentimento quase místico de coletividade. E eu me lembrei que ainda essa semana ria do Vinicius, que em certa altura dizia assim: "É melhor sofrer junto do que ser feliz sozinho".

postado por Carol Bensimon as 15:53 | pitacos (7) | trackBack (0)

primeiro capítulo.
Pra mim, acho que a coisa mais pesada da escrever, no que diz respeito à exposição do que se escreve, é ficar achando que meus conflitos são juvenis e bobos. É um questionamento que às vezes me acomete. Até porque, se tu ainda não sabe, eu faço pouco caso de mim.

postado por Carol Bensimon as 21:16 | pitacos (11) | trackBack (0)

que mal tem.
Uma amiga disse que estava com tendinite, e eu acho que contagiou por pensamento. Tive certeza de que o mal em mim começava também. Explicações não faltaram: a professora de piano alterara sobre os riscos de "abrir os dedos muito depressa", e pedira calma na última aula. Lembro ainda que acrescentou: essa segunda parte da música tu ainda não pode tocar.
Que dúvida que cheguei em casa e estiquei ao máximo minha pequena mão.
Bem, mas se motivo havia para o comparecimento do mal do século neste corpo, a tendinite não apareceu de fato. Pelo visto, ainda estou naquela pequena camada da população que nunca sofreu do negócio, embora fique no mínimo oito horas por dia a passear o mouse.
Mas algo tinha que dar satisfações à hipocondria, claro. Foi duas noite atrás, quando decidi assumir o verão e abrir um livro na sacada. Bateram uns quinze minutos e de repente sinto certo incômodo no dedo do pé. Lá está o que identifico como mosquito, mas talvez fosse realmente outra coisa, porque sacudi a perna com força e o monstro continuou lá. Fiz de novo, e dessa vez sim. Entrei para a sala e em coisa de instantes começou uma ardência descomunal. O mosquito deixara um pequeno rastro no corpo: coxa, pé e dedo do pé, esse último de longe o pior. Eu não sei se o leitor está ligado no princícipo da gordura, mas o negócio é que, quanto menos dessa, mais insuportáveis as picadas. Da coceira, vira pura dor. Meus urros ganharam andares. Ainda sinto a ardência em ciclor alternados. Estou tomando um anti-alérgico.

postado por Carol Bensimon as 13:55 | pitacos (2) | trackBack (0)

verão conceição.
Pra quem não é do RS, taí meu conto que saiu domingo na Zero Hora (caderno Donna). A versão online do jornal exige um cadastro chato.
Pra quem não é do RS, talvez ele não faça mesmo muito sentido.

Verão Conceição

Santiago apareceu no meio do mormaço. Mandei que entrasse e deitei de novo com a cara pro sol. Desde o começo do verão, ele ameaçava uma longa temporada em Imbé, mas ia ficando e dirigindo sua moto barulhenta por todas as ruas da Vila Conceição. Ninguém ouvia, que não fosse eu: nosso tranqüilo morro burguês mandava todo mundo ou pra Santa ou pra Punta, dependendo do bolso e da vontade de ser visto. Em cada canto então o calor se espalhava sem pudores, vibrando mais toda vez que um carro com travesseiros e crianças coladas no vidro entregava os pontos e saía fugido daqui.

É que eu sou cabeça-dura, e por isso fico. Mas o Santiago não, ele é do tipo que deixa se levar, imagino-o perfeitamente encostado na porta de um fliperama de praia, cuidando uma dessas meninas com brinco de casca de árvore, que finge ser grande coisa ao desfilar pelo roteiro obrigatório do verão seu corpinho feito em série nas academias.

Mas Santiago continua aqui, sentado na minha cadeira, com as pernas abertas e os olhos fechados, numa Porto Alegre rejeitada e num bairro com tendências fantasmas para todo o sempre, quanto mais nesses janeiros e fevereiros. E, do silêncio, ele fala assim: tu já viu aquele comercial de final de ano? Eu respondo que não sei de qual ele tá falando, e nem adianta dizer, odeio e nunca vejo televisão, aí ele se inclina pra frente, se empolga e começa a forçar uma voz típica de propaganda. Eu rio da imitação, e Santiago alterna essa entonação cômica com explicações sérias. Parece que a idéia é de que é preciso fazer coisas diferentes para deixar a vida mais longa, porque, quando a gente cai na rotina, o tempo dá a impressão de passar rápido demais. E no fim do relato o Santiago se joga pra trás, transforma a cara, fica todo melancólico e diz que sempre que vê essa historinha, fica arrasado na frente da tevê. Pô, vizinha (ele adora me chamar de vizinha), se a vida fosse editável, será que a minha renderia publicidade?

Então era assim, questões existenciais levantadas por propaganda. Devia é me dar raiva, no mínimo fazer produzir uns discursos silenciosos na intolerância da minha mente, mas eu sorri com cumplicidade, e sincera. Levantei rápido, Santiago se assustou com a iniciativa. Andei animada, vesti uma roupa, peguei o som e a máquina fotográfica que fazia pequenos filmes. Chamei ele da porta, disse Vem, os olhos dele marcavam dúvida explícita. Fomos pra frente do Guaíba sentar no murinho da Praia do Cachimbo, coisa que a gente não fazia desde criança, porque os lugares que as pessoas mais esquecem são os que estão mais perto. Dei play na trilha, o ar se encheu de uma saudade boa. Dei play na filmagem e nem precisei dizer que ele fingisse: foi rindo e lembrando da infância, meio encantado sem entender por que, o vento vinha trazer um cheiro de esgoto que era bom porque era memória e ao mesmo tempo novidade, Santiago talvez não tenha percebido, mas eu percebi, que protagonizávamos a farsa mais verdadeira de todos os tempos.

postado por Carol Bensimon as 14:20 | pitacos (5) | trackBack (0)

2005.
Quando chegou com o calor de novembro e as campanhas de Natal aqueles inevitáveis balanços do ano, pensei que esse 2005 era quase nada, lembrei de pouca coisa significativa e tirei uns 5 fatos relevantes, entre eles uma nova e importante amizade e o jazz. Depois uma reflexão um pouco mais aprofundada mostrou que eu havia me enganado completamente. Dá até pra dizer que 2005 foi o ano em que TUDO mudou.
Outro dia eu levei meu primo de 11 anos pra Zona Sul tomar uns ARES. O guri passa o dia inteiro no computador ou envolvido com a superproteção materna. Nesse contexto assustador, eu decidi há um tempo já ser o contraponto. Tentei levá-lo no show do Strokes inclusive, ele mal se continha na empolgação, mas acabou que crianças deveriam ir acompanhadas dos pais, e aí não rolou. Bem, então fui pra Zona Sul com o guri duas semanas atrás, reclamava de fome, a gente parou no Cenoura (que chamamos de Cenoura's, porque assim é bem mais massa) e pegou uns pastéis, e eu comecei a falar de um pedaço de grama que não tem dono perto do Jangadeiros (sobre o qual já falei milhões de vezes aqui) e ele disse: vamos lá.
Bem, fomos. E, para minha surpresa, tinha gente: um grupo de uns cinco jovens tomando um chimarrão e falando alto. Beleza. Nos isolamos num cantinho e ficamos comendo os pastéis. Talvez seja irrelevante para o assunto do post dizer que o primo p. se cansou rápido de não fazer nada assim que terminou de comer, e eu me senti desapontada, porque esse era o garoto que caminhava pelo bairro e se interessava até por arquitetura. Fiquei culpando mentalmente os jogos de computador, talvez o Anchieta, mas acabei gastando as atenções naquele grupo que tomava o chimarrão entre risadas e falando alto. Concluí que eram vizinhos, e lamentei um pouco ter nascido em Moinhos de Vento e não saber o que significa essa vida de interior. Mas o que de fato mais me bateu é que eles eram cinco, cinco amigos, cinco amigos JUNTOS. Foi precisamente nesse instante em que percebi o quanto 2005 inverteu minha vida. 2005 foi o ano em que todas as pessoas ficaram ocupadas demais, inclusive eu. E, embora os amigos não tenham desaparecido, e a gente continue se gostando do jeito que era antes, cada vez os encontros tornam-se mais esporádicos, tendo que ser encaixados numa rotina difícil, nos intervalos de almoço, no tempo em que o namorado tem um compromisso que é só dele. Mas, se esse contato se mantém, ainda que capenga, o que sumiu definitavamente em 2005 foram os grupos. É muito difícil que todos tenham tempo no mesmo horário, e tudo ficou meio restrito a um encontro de dois.
Se isso tudo parece um pouco triste, ensinou a solidão. Foi um grande aprendizado descobrir que há prazer também em tomar chimarrão sozinha.

postado por Carol Bensimon as 10:27 | pitacos (123) | trackBack (0)

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