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jethro tull.
A semana inteira calculei mal, pensando que ia ser a mais jovem no show do Jethro Tull. Mas não sou mais tão jovem quanto sem querer penso, e além do mais acabei me esquecendo de todo um segmento roqueiro portoalegrense imerso nos 60/70. Eu não via tanto garoto de cabelo comprido desde o grunge. Dava a impressão que pela manhã decidiram deixar crescer os cabelos para levá-los ao Jethro Tull. São uns meninos jovens e cheios de energia, ruidosos também. Para quem já havia assistido dois shows de jazz lá no Sesi, ontem parece que o espaço subitamente tinha crescido para que abrigase o triplo de pessoas. Gritos, palmas, assobios, urros. Tudo muito bonito.
Ian Anderson é a personificação da sua música: um sujeito de colete e bandana saracoteando com uma flauta. Um cara de inegável carisma e energia (enquanto aos dois outros integrantes mais velhos faltava um quê de empolgação. Um deles estava com uma camiseta floreada e, se não exagero, sapato branco. Lembrava um velhinho em Miami Beach indo jogar blackjack). Por mais que carreguem nas guitarras - o que não é o caso do show, de qualquer maneira - Jethro Tull para mim sempre soa como uma única canção infantil com um poder incrível que faz surgir campos onde antes estava cidade e pessoas saltitando onde antes caminhavam.
Isso me lembra o ano passado, ou ainda antes, quando fui assistir alguma coisa perto do aeroporto. Depois do show, tentar sair daquele estacionamento era um troço de louco. Os amigos dentro do carro ficavam aloprando e xingando uns pelotenses com a bandeira do Rio Grande do Sul,a fila não andava, as músicas de um carro e de outro se misturavam, e todo mundo ainda bebendo cerveja ia ficando um pouco irritado e louco para chegar em casa. Então quando todos já estavam cansados e eu continuava ligada, acelerando uns cinco centímetros a cada dez minutos, tocou Cross Eyed Mary no meu carro e foi uma verdadeira epifania, um digno momento vida. Engraçado que eu nem lembro se essa era a saída do show do Placebo ou do Strokes e Arcade Fire. Acho que esses shows não devem ter importado grande coisa para mim. Mas eu sei que tocou Cross Eyed Mary no carro naquela noite, e ali com os meus amigos eu estava plenamente feliz.

postado por Carol Bensimon as 10:45 | pitacos (7) | trackBack (0)

action figures.
Uma das coisas mais fantásticas que já encontrei na Internet é isso daqui: action figures de personagens dos quadros do Bosch. Sei de gente que mataria por essas bizarrices. Mas olhem o resto, porque não pára por aí. Há Modigliani, Toulouse-Lautrec, Klimt, Escher... Não diz preço, imagino que caro, e também não tem jeito de encomendar. Mas para quem vai pra França, Bélgica, Holanda ou Alemanha, tá barbada.

postado por Carol Bensimon as 10:06 | pitacos (1) | trackBack (0)

t. s. eliot
Sim pessoas, eu também não costumo ler poesia, mas não há nenhum orgulho em dizer isso quando a gente se depara com uma coisa dessas. Vontade de falar lendo em looping.

postado por Carol Bensimon as 09:44 | pitacos (6) | trackBack (0)

um minuto.
Antes de apresentar a curta tese do fim do mundo, é bom contextualizar para quem não vive no Rio Grande do Sul: gaúcho tem mania de colocar coração de galinha em tudo quanto é coisa. O xis coração é assim o hit portoalegrense da bizarrice para quem chega de fora. E sem esquecer, claro, a pizza de coração. Se isso já parece estranho, arrisco pensar na via radical do processo: o fim do mundo acontece quando criarem o sushi de coração.

postado por Carol Bensimon as 11:58 | pitacos (14) | trackBack (0)

dizem que se pega gosto.
Depois de grande, chego lá no mestrado e me pedem pra fazer poema. Mão na testa, putz, poema, nunca fiz. Daí, após suar frio as abortadas criações poéticas do caminho, saiu essa coisinha aqui. Como é que a gente sabe quando tá pronto?, pergunto a uma amiga. A gente não sabe, a gente desiste.
Se alguém quiser dar pitaco antes que a aula chegue e vá parar em datashow...


Vai estourar bolhinha de sabão
no telhado do vizinho.

Vai fingir que é gato
para irritar garota
vai fingir que é pássaro
balançando braço pro vô
com cinco e meio em cada olho
quatro estalos nos joelhos
rindo do garoto
com os lábios pra dentro.

Vai avisar no telefone
que tem fusca cor de gelo
engasgar com bala soft
quando aquela mão
tocar no ombro.

Vai ter super-herói
boiando na banheira
espuma kryptonita
saboneteira é barco
para o garoto
que finge de morto
para rir mais forte
da surpresa da mãe.

quando o vô sumir
vão dizer que foi
para um lugar melhor

tipo lego
lego paraíso

um monte de nuvens

com instrução para encaixar.

postado por Carol Bensimon as 21:24 | pitacos (11) | trackBack (0)

democratização.
República domingo de noite e vou chegando no carro, desse jeito que tem se andado, chave na mão e bolando o jeito mais rápido de arrancar. Tá o flanelinha sentado no capô de um carro, um carro velho pra burro. Passo reto, entro no meu carro, vejo pelo espelho que ele vem correndo buscar o dinheiro, aí por falta de troco coloco o braço para fora com uma nota de dois (que já acho abuso). O cara, correntes no pescoço, agradece e vai dizendo: tu navega na Internet?
Antes de dizer qualquer coisa, fico pensando que diabos ele pode querer dizer em seguida, e aí já é tempo de responder. Sai um confuso sim. Então ele diz algo como tenho uma banda e estamos no tramavirtual, procure pelo nome alguma coisa black, e repete o nome algumas vezes (mesmo assim não consigo gravar), também o trama virtual, mais algum clichê do tipo divulgar nosso trabalho etc e tal, então agradece a atenção e eu vou embora, pensando que meus dois reais vão virar hip hop, mas feliz com a idéia do mecenato.

postado por Carol Bensimon as 19:21 | pitacos (12) | trackBack (0)

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