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a queda.
Por esses dias me chegou um quase desmaio. E em circunstância bastante curiosa: estava beijando alguém (for the first time). Puxei o alguém pela mão, vendo o mundinho ficar preto ao meu redor num fade progressivo. Heroicamente, consegui subir uma escada e achar refúgio em cadeira próxima. Fui bem tratada com aguinhas e carinhos e tudo passou. Mas começar assim é realmente bizarro. Se fosse menos cética, diria até que é indicativo de ALGO.
Mas, tirando a parte bonita da coisa, temos aquele absinto de minutos anteriores que não deve ter descido nada bem. Somado ao calor e sei lá o que mais, houve a famosa baixa de pressão. Famosa para os outros, desconhecidíssima pra mim, que acabo de fazer minha estréia na coisa. Em grande estilo, devo dizer.

postado por Carol Bensimon as 11:04 | pitacos (3) | trackBack (0)

resuminho.
Seguinte, shóvens, nos próximos dias eu terei um novo blog. O Kevin Arnold segue, mas além desse haverá outro, aceitei a proposta. E eis a questã: para esse que ainda não existe, estou com a tarefa de fazer um paragrafinho simples, algo como um PERFIL, já que o blog estará hospedado dentro do site uma revista etc e tal. Resumos de mim mesma. O tipo da questão psicanalítica mal resolvida. O meu about do Orkut eu ignorei completamente, deixando em branco. No da oficina falei em doces e Paris e na minha rejeição por filmes de super-heróis. Não sei se esse é o caminho, tampouco sou a mesma deste tempo. É que talvez saber muito de mim dificulte a tarefa de dizer pouco. Se você, leitor, me analisar, certamente serei um tanto mais caricatural, que é objetivo da tarefa.
Faz pra mim? Dá essa mão aí, meu prazo é hoje. Brigadinha.

postado por Carol Bensimon as 15:02 | pitacos (15) | trackBack (0)

vai lá, reage.
Nos últimos dias, duas notícias do Correio do Povo foram, na minha opinião, distorcidas ou mal escritas, e as duas estão relacionadas com reagir em assaltos.
A primeira é de sexta passada, página 22. "Vítima é ferida, mas reage e mata ladrão", diz o título. A segunda, de quarta, diz na capa "Padre é baleado por assaltantes, mas reage".
O que as duas tem em comum é facinho de perceber: a ordem em que os fatos são descritos leva o leitor a crer que PRIMEIRO a vítima foi ferida pelo assaltante, e então a partir dessa violência gratuita, revidou. Em nenhum dos dois casos foi isso que aconteceu, para quem se deu ao trabalho de ler as notícias. Na de sexta, por exemplo:

Um homem de 64 anos estava em seu carro(...)quando foi surpreendido por três criminosos, um deles armado. Também armada, a vítima reagiu e disparou duas vezes, atingiu(sic) um assaltante na cabeça. Um criminoso também atirou e acertou a vítima

E depois mais adiante temos o resultado de seu feito heróico:

O estado de saúde da vítima era grave até o final da noite de ontem

A do padre é ainda pior, pois ler tudo o que está na capa não basta para entender realmente o que aconteceu. É só lá na página policial (a mesma 22) que a coisa começa a se tornar mais clara, embora o início da matéria seja confusa:

A violência não poupa nem os religiosos. O Padre Erni Antonio Eckdenwald, de 44 anos, foi agredido com coronhadas e levou um tiro na perna esquerda(...)

É só na terceira coluna que a cronologia dos fatos finalmente aparece:

O padre disse que já foi várias vezes assaltado e até mesmo seqüestrado(...), mas nunca havia reagido. "Não sei porque desta vez relutei em obedecê-los", observou. Houve luta corporal com um dos bandidos, que acabou agrendido-o e baleando-o na perna

Para que as históriam fossem contadas de verdade, sem manchetes duvidosas, eu sugeriria: "Vítima reage e mata ladrão, mas é ferida" e "Padre reage à assalto e é baleado".

postado por Carol Bensimon as 13:24 | pitacos (9) | trackBack (0)

ah, a politesse dos americanos!
Madeleine Peyroux vai cantar J'ai deux amours. Tenta alguma interação com a platéia, contando rapidamente que viveu em Paris por uns anos, tocando na rua.
Madeleine: Do you know Paris?
Público: Yeeees
(eu e juju trocamos olhares de "é claro, estamos entre a NATA da província")
Madeleine (surpresa): That's wonderful. Do you know Rome?
Público: Yeess
Madeleine: And London?
Público: Yeees
Madeleine: And you all stay here. That's really nice.

postado por Carol Bensimon as 12:12 | pitacos (7) | trackBack (0)

tevê.
Estou convencida de que há apenas uns 5 canais na tevê a cabo. E tendendo pra menos. People+Arts teve que ser eliminado das minhas preferências nos últimos meses, uma vez que SÓ passa reality shows imbecis. Eu recomendo que tirem o Arts do nome, inclusive. O Multishow, além de estar com cara de bastidores da Globo cada vez mais, está sempre passando sexytime na hora em que tenho o hábito de ligar a televisão. Constrangedor. o GNT virou essa coisa programinhas pra mulher, que me causa tremenda irritação. E a Sony se encheu de novas séries que sequer sei o nome, e são as de uma hora, que tendem mais pro drama e portanto geralmente lixo puro. Salve daí a boa criminalística do CSI em episódios tão iguais que eu fico achando que estou com Alzheimer, porque no dia seguinte a ter assistido a gravação, já não me lembro se realmente terminei de ver ou não, nem se tal trama foi a de ontem ou a da semana passada. Acaba que divido minha atenção principalmente entre Discovery e National Geographic. Sempre tem alguma ponte sendo construída ou uma mulher presa por matar os filhos. Além do Myth Busters, que é maravilha. Aliás, um que se renomeou foi o National Geographic: as propagandas frisam ao extremo que o canal agora é NAT GEO. Cada vez que o locutor fala isso, causa-me um estranho terror. Não sei explicar ao certo, mas acho que é um pouco de T.O.C (Transtorno Obsessivo-Compulsivo, para quem não entende muito de neuroses).
Na semana passada eu assisti um episódio daquela série Metrópoles, que fala sobre o funcionamento de algumas cidades do mundo, tipo coleta de lixo, metrô, água, luz, transporte e etc. A do dia era Las Vegas, não podia perder, essa coisa do brega me fascina muito. Foi bem interessante descobrir por exemplo que alguns cassinos tem contas de luz mensais de 2 milhões de dólares, que a cidade mais próxima fica a 400km, que Las Vegas IMPORTA 50% da energia elétrica que utiliza, que às vezes DE NOITE está 40 graus, que tem 2 milhões de habitantes e que é a segunda cidade que mais cresce nos Estados Unidos. Sobre esse último dado, aliás, cheguei (chegamos, eu e uns comparsas) à conclusão de que é de matar quando falam o segundo não sei o que ou o terceiro não sei o que e o espectador sempre quer saber quem é o primeiro, quem são os outros, e eu sei que isso é fugir do assunto do documentário, nesse caso, fugir de Las Vegas, mas a gente QUER saber qual o primeiro SEMPRE, é de nossa natureza.
Bem, ainda mais um comentário: me causa grande angústia saber que daqui há uns meses eu sequer vou me lembrar desses números e dessas estatísticas que aprendi vendo tevê. Isso me torna um pouco infeliz, quando lembro de pensar sobre o fato. Um belo exemplo concreto do que quis dizer ali embaixo.

postado por Carol Bensimon as 14:54 | pitacos (8) | trackBack (0)

não sei fazer trackback.
O Träsel questiona no blog dele se o nível de satisfação com a vida das pessoas pós-graduadas é maior do que o das com menos escolaridade. Me parece que não há nem o que discutir. A resposta é claramente NÃO. Quanto mais as pessoas sabem, mais infelizes o são, pra mim isso sempre foi um clichê, inclusive, mas não por isso menos verdadeiro. Eu tenho amigos do colégio, veja bem, que não sabem o que é se sentir triste, caso a razão para essa tristeza não seja algo absolutamente concreto. Outros jamais entendem a vontande ensandecida pelo novo e o medo que dá o tempo que passa, e então o programa realmente bom é ir no McDonald's ficar ali na luz branca curtindo(?) um momento.
E ainda tem a religião. Em geral, nós, os superquestionadores existencialistas de merda, geralmente somos ateus. E é MUITO mais difícil ser ateu.

postado por Carol Bensimon as 07:31 | pitacos (11) | trackBack (0)

shóven.
Terça-feira tem show da Madeleine Peyroux no SESI. Tudo que eu sabia era algum rótulo do tipo "a nova Billie Holiday", embora magra e branca e jovem, o que surpreendeu os ouvintes da sexta de noite que não conheciam a cara dela. É o tipo de música ESTALE OS DEDOS. E depois de constatar no John Pizzarelli de que perfomances jazzie COMANDAM as rocky, 90 reais eu gasto de bom grado, enquanto neguei o Pearl Jam pela mesma quantia. Começo a entender o Träsel dizendo que só vai em shows sentado. Pra mim, não tem a ver tanto com a posição, mas com o conseguir enxergar o que acontece. Digamos que minha altura diminuta me permite apenas enxergar fragmentos do espetáculo entre uma cabeça e outra. E como esses doentes do rock estão sempre se mexendo, bem, difca difícil. Eu juro que da próxima vez que tivermos uma coisa indie chegando aqui e ficando no Sheraton e coisa e tal eu monto em cima das minhas botas platarformas e tudo será much better desse jeito.
Diferença entre shows jovens e shows adultos (vamos chamar assim, embora pareça um pouco preconceituoso e irreal, uma vez que jovens freqüentam shows adultos e também o contrário, mas mais raro. É ao menos didaticamente eficaz): nos shows adultos, os protagonista são unicamente tu e o(s) artista(s). É pra ti que ele faz o show e só ele que tu quer ver, uma comunicação que se realiza entre duas pontas, e não interessa os que estão sentados do teu lado e na tua frente e atrás, cada um cria um diálogo único com o artista, mas jamais se cria um entre público e público. No show jovem, por outro lado, as importâncias mudam drasticamente. Embora eu tenha reclamado ali em cima da dificuldade em enxergar o palco, sei que VER num espetáculo desses é secundário. O que importa é a atmosfera que se cria através da soma de todos os indivíduos espectadores, o que influencia positiva ou negativamente a perfomance da banda. Ou, mais importante ainda, influencia positiva ou negativamente o teu gostar ou não gostar e do ser quente e do ser frio e de sentir arrepio e de conectar a música com o coração (ui, que breguice) e etc.
Tá, eu vou trabalhar, minha gente, tem uma coisa dessas chata de chorar num cantinho.

postado por Carol Bensimon as 13:12 | pitacos (6) | trackBack (0)

vírgulas.
Quando nos ensinam uma língua nova, JAMAIS nos falam sobre regras de vírgula. É só a mim que isso sempre incomodou?

postado por Carol Bensimon as 14:57 | pitacos (5) | trackBack (0)

banlieu.
Quando a Professora de Francês Engajada foi falar com Monsieur le Directeur da Aliança Francesa sobre a situação atual da França, este último mencionou na conversa uma certa música da década de 90 que já apontava o colocar fogo como uma maneira eficaz para que as periferias fossem ouvidas. A Professora Engajada passou-me les paroles. Embora eu não conheça a música, não tenho dúvidas de que é um rap/hiphop, desde que vi a extensão da letra e depois o nome do grupo e depois o conteúdo.
Contando a Mamãe Fã da TV5 sobre essa música, disse ela que no canal francês discutiram sobre isso. E algum despreparado declarou que "talvez a música tenha incitado os jovens a fazerem o que estão fazendo". É o tipo de comentário que sai da boca dos que acham que tal filme incitou a violência e não sei mais o que. Tentativa clara de simplificar a coisas a níveis que acabam as DISTORCENDO. Ora, se há 10 anos ou mais falavam em colocar fogo em tudo, e nas partes mais agressivas, a queimar velhinhos no Champs Elysées, isso APENAS significa que a panela de pressão já estava no fogo.
Enquanto isso, a mesma TV5 declara que de 60 a 90 carros são queimados por dia em toda a França, NUMA SITUAÇÃO NORMAL. Sim, isso quer dizer que há anos é uma prática comum das periferias colocar fogo em carros. Confesso que 60 a 90 POR DIA, nossa, esse número me assustou muito, tanto que aceito que seja um erro. Mas sendo por semana, ou mesmo por mês, ainda assim é aterrorizante.
Ó, pra quem quiser, tem a letra da música aqui, Qu'est-ce qu'on attend, do NTM.

postado por Carol Bensimon as 08:32 | pitacos (2) | trackBack (0)

crash.
Tá bom. crash parecia assustadoramente não-convidativo com aquela Sandra Bullock no elenco. Não que se questione o desempenho dela como atriz, mas sua presença nos elencos é simplesmente um indicativo de que tais filmes devem ser evitados. Lindamente provou-se o contrário, e eu voltei a crash duas semanas depois, pra chorar um pouquinho mais. Hehe. Sério, sério, o filme acerta bonito em muitas coisas. Embora tenha uns momentos hollywoodianos, na maior parte do tempo Crash rejeita os estereótipos e faz questão de provocar uma inversão no caráter dos personagens, ou melhor, não é propriamente uma inversão, mas uma alternância entre "boas" e "más" ações, que podem irritar o espectador acostumado ao maniqueísmo da categoria.
Outro ponto a favor: Crash não joga prontas opiniões sobre o preconceito e o racismo, muito menos posições politicamente corretas. Ao contrário, o filme brinca o tempo inteiro com os julgamentos que os personagens fazem, que ora são errados, é verdade, mas ora são corretos. O exemplo mais claro é quando é apresentado o núcleo emulação de Tarantino (os dois negros. Não vou estragar a surpresa de quem ainda nao viu).
E a Sandra Bullock acabou por protagonizar uma das cenas mais sensíveis do filme, a minha favorita.

postado por Carol Bensimon as 07:35 | pitacos (2) | trackBack (0)

sou publicitário, perdi a noção (I)
Vocês já viram a campanha nova (nem tanto) da Paquetá, não? A com as imagens de pernas nas sacolas. Bem, nada a comentar dessa parte. O que realmente ganha o troféu "Sou publicitário, perdi a noção" é a propaganda que está dando na tevê.
Para aqueles que não sabem do que falo, um rápido resumo: mulher está no shopping. Toca seu celular e ela atende. É uma amiga que está na fossa, se não me engano começa a falar de algum problema amoroso, sempre mui triste e, bem, mulher começa a olhar a vitrine da Paquetá, se encanta, e já não está prestando nenhuma atenção no telefone. Entra na loja, olha os sapatos, decide experimentar, dá o celular pro vendendor e deixa a amiga falando sozinha. Então o vendedor bate no ombro dela e coisa assim e diz "A sua amiga está dizendo que vai cometer uma loucura". E a mulher (coloque aquela voz beeeem publicidade nessa interpretação): "Eu também. Vou levar todos".
Eu já me perguntei incansáveis vezes onde estavam com a cabeça quando conceberam esse lixo (e também quando aprovaram). Ninguém pode ter uma boa imagem de uma loja que faz um comercial desses. Ao que parece, é uma abordagem que só tem como ser prejudicial para a marca. Tu tá vendendo egoísmo, fututilidade e mau-caratismo. E não me diga que as pessoas não estão nem aí para isso. Elas podem ser egoístas e fúteis, mas não vão, reconhecendo isso em uma outra pessoa, pensar Bah, que legal.
Na verdade, constantemente tenho a impressão na publicidade que as pessoas não tem a menor idéia do que estão fazendo. E que papo é esse de zilhões de pesquisas e Ó, como vai comprar o consumidor do futuro?
Continua no próximo Sou publicitário, perdi a noção. Obrigada.

postado por Carol Bensimon as 07:29 | pitacos (18) | trackBack (0)

se um viajante.
Estou lendo "Se um viajante numa noite de inverno", Italo Calvino, a olhadelas. Agora que acelerei um pouco mais, porque aumentou meu interesse de leitora nesse, mas sobretudo nos outros que quero ler depois (comprei coisas interessantes na Feira). Nas primeiras cem páginas, estava chorando os meus trinta e poucos reais gastos. É muita vanguarda, e ela não estava NADA a favor da minha atenção. Para quem não se aventurou nesta noite invernosa, deixa eu explicar o funcionamento da coisa: o livro fica o tempo inteiro se referindo a VOCÊ. Sim, ele "inventou" um tal de narrador na segunda pessoa. Mas creio que isso não colabora em nada, que não seja para eu me sentir num fucking livro-jogo, da época que eu brincava de RPG. Problema inicial número dois: o protagonista, ou seja, você, compra um livro chamado Se um viajante numa noite de inverno. Começamos então a lê-lo. Depois de umas 15 páginas, o sujeito, ou melhor, você, sim, o você do livro, descobre que encadernaram junto um outro livro, e que o resto do Se um viajante não está ali. E lá começamos, você, eu, todos, a lermos essa segunda obra. Porém, ela também pára no início, por conta de algum outro contratempo. Enfim. Daqui pra frente, basta dizer que você, leitor, lerá uns doze começos de livro que não continuam. Me desculpa se a reclamação soa conservadora, mas essa estrutura de propóshta muderrrna não me agrada em nada. Pelo contrário, me frustra.
Então é isso, pura metalinguagem, que a partir da página 200 produz umas tiradas muito inteligentes sobre o processo da escrita e o processo da leitura, sobre o que é falso, o que é verdadeiro, e a trama parece engrenar. Uma pena que não tenha sido assim desde o princípio.

postado por Carol Bensimon as 14:03 | pitacos (17) | trackBack (0)

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