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ops.
Não fumo tabaco, não bebo café. O chimarrão virou meu estímulo criativo. Acabei de virar MUITA erva-mate pra dentro do teclado.

postado por Carol Bensimon as 18:52 | pitacos (6) | trackBack (0)

processo.
Comecei a escrever um conto e de repente percebi que estava caindo numa armadilha: me levava a sério demais. O conto pesava como os românticos da segunda geração. E pensar nas aulas de Charles Watson enquanto eu discutia por telefone sobre processo criativo me fez perceber que justamente o acerto do meu último conto foi a indefinição. Não é triste, nem engraçado. Mas isso é uma obviedade, certo? Ai, eu agora só falo obviedades, perdão. Nesse novo conto, por outro lado, começou a exalar uma coisa incômoda: parecia que ele queria ser muito importante. Me passei na dose, mas percebi depois de umas 25 linhas. Subi até a primeira, fiz cópia, vamos lá tirar agora um pouquinho da tragédia. Bem, na verdade estou contextualizando até aqui SÓ pra dizer que trocar "linha infinita" por "linha compridíssima" fez uma diferença cavalar no tom. E que perceber isso me deixou triemocionada com o processo criativo.

postado por Carol Bensimon as 12:36 | pitacos (11) | trackBack (0)

paixão cartesiana.
Eu me demiti e faz umas quatro semanas que tenho uma vida completamente diferente. Eu trabalhava há quase um ano e meio em uma agência de publicidade, depois de ter dito que nunca mais pisaria em uma. Me apeguei às pessoas, meu chefe era um cara bem humano, alguns trabalhos eram legais, e dedicar uma parte do dia ao Zaffari me dava uma certa tranqüilidade. Todo mundo gosta do Zaffari. Por tudo isso, durante um tempo não senti que de fato estava em uma agência. Talvez eu não tenha percebido que, inconscientemente, eu traçava um plano, e por isso precisava deixar o tempo passar, engolindo no caminho um grau crescente de insatisfação. O plano era o simples resultado do meu senso de responsabilidade e das imposições sociais dialogando com o meu verdadeiro objetivo, a literatura. Começou lá atrás, quando saí do primeiro estágio em redação para fazer a oficina literária do Assis Brasil. Continuou seu curso quando então voltei ao mercado publicitário, depois saí de novo para respirar, e subitamente me apavorei com a iminência de me formar sem estar trabalhando. Adiei a formatura, engoli um Plasil e abracei de novo a publicidade. Tive a ilusão inicial de que podia conciliar minha jornada de no mínimo 8 horas com as coisas que eu queria de fato estar escrevendo em casa, e logo vi que isso não fazia o menor sentido. O pior de tudo é que eu colocava a culpa em mim, me punindo por não ter entusiasmo suficiente para chegar da agência e ficar escrevendo pela noite inteira.
Daí eu tirei 4 semanas de férias e fui para França. Não sei precisar exatamente porque isso foi tão decisivo para atingir o limite da intolerância com o trabalho. Provavelmente porque estava lá sozinha e por isso pensava o tempo inteiro, do ambiente identificava alternativas e o espaço de um escritório começou a ficar apertado demais. Finalmente me libertei das paredes invisíveis que sempre deixaram a minha visão, hm, RETA demais. Quer dizer, deixa eu pensar por um instante... eu estava na publicidade por dinheiro, certo? Imposição social, preocupação com o futuro, artista não sobrevive e todas essas idéias que não fui eu que inventei, só reproduzi. Eu estava ganhando muito dinheiro? Na verdade não. Eu ia conseguir ganhar muito dinheiro com isso dentro de algum tempo? Nunca. Não havia motivação para subir. Não havia amor. Havia inclusive um enorme desprezo. E dinheiro vira uma coisa desimportante à medida que a sua paixão está sendo negligenciada. O desconforto com "o caminho que não escolhi" estava beirando o insuportável. Ao pensar na demissão, vi de repente que eu tinha o controle pleno do que estava acontecendo, e que o plano não podia ser mais cartesiano do que esse que construí nos últimos três ou quatro anos: eu estava assegurando um caminho para ter para onde correr, caso tudo desse errado com a literatura.
Então eu me demiti, e ter além disso percebido que não havia nada de aleatório nas minhas decisões digamos que me deixou mais confortável comigo mesmo. Passei a não me punir mais por julgar meus atos infantis. Percebendo isso tudo de outra maneira, até ganhei o apoio da família.
Eu acordo cedo e passo o dia ocupada. Não há um minuto de tédio e nada é desperdiçado, porém sem a disciplina rigorosa dos locais e horários. Posso ir no parque pensar coisas sobre meu romance. Tenho um outro projeto em andamento também. Há tempo para ler. Muito. Para falar com pessoas. É claro que eu sempre penso que eu podia ser mais motivada do que sou, e geralmente confundo isso inclusive com rapidez ou quantidade de produção. Esse é um conflito que eu aceito não ter fim.
Outras coisas também apareceram com a nova configuração: minha professora de francês propôs que eu desse aula particular, disse que há muita demanda e que ela não dá conta, me encaminharia assim os alunos do básico. Já tenho duas na segunda-feira. Vai ser algo completamente novo, mas meter a mão na língua é o que eu gosto de fazer.
Eu ia falar agora sobre meu amigo que faz quadrinhos, mas vi que o post já está longuíssimo. Bem, basta dizer que essa idéia de fazer quadrinhos sempre foi um tanto quanto ridicularizada pelo entorno, e portanto cedendo a essas pressões até em banco ele trabalhou, quando subitamente foi iluminado por um assalto que, nas suas idéias paranóicas, o confrontou com a idéia da morte. Foi portanto insistir nos quadrinhos, e agora vende roteiros pros Estados Unidos e para o Egito. Ele ama, e portanto faz bem. Uma fórmula tão simples que o medo não me deixava ver.

postado por Carol Bensimon as 14:44 | pitacos (17) | trackBack (0)

pintos.
Cadê a gripe aviária?
Nunca mais UMA linha sobre.

postado por Carol Bensimon as 11:36 | pitacos (43) | trackBack (0)

82. ah, droga.
Quando as músicas dos anos 60-70 falam de flores no cabelo, eu fico bem ressentida de ter nascido tão tarde. Sério. Pode haver algo de extremamente poderoso na "nossa" geração, como diz um amigo meu mais velho que, empolgado, relata revoluções digitais e coisa e tal, mas o que mais há para dizer? A década de 80 foi o começo do fim, e nada é mais apocalíptico que a sonoridade de Electricity, do OMD. Para mim parece uma fratura exposta. Não consigo imaginar nenhuma cena de felicidade que possa se encaixar nisso. Começo a imaginar as imagens que iriam bem com essa, com Enola Gay ou ainda com as músicas do Depeche Mode, e então vejo que não é a toa que historicamente os anos 80 estão ligados ao individualismo, porque tudo que consigo imaginar é uma paisagem que é sempre noite, com pessoas que estão sempre sozinhas.
E daí eu começo a ouvir Leonard Cohen, ou Joan Baez, cantando Famous Blue Raincoat (1971). Me diga se estou romantizando um tempo que não vivi ou se seria possível alguém chegar agora em 2006 e escrever em um verso: "I hear that you're building your little house deep in the desert". Ou "New York is cold, but I like where I'm living / There's music on Clinton Street all through the evening". Não há tese, eu apenas SINTO que não é mais possível dizer coisas parecidas, e nem mesmo falar de um casaco de chuva azul no ombro de um cara.

postado por Carol Bensimon as 20:10 | pitacos (10) | trackBack (0)

play it again.
Antes parecia inconcebível, mas a música tem me ajudado a escrever meu romance. Obviamente, não qualquer música. Para funcionar como um estímulo, tem que estar perfeitamente sincronizada com o clima do texto, e de preferência ter um arranjo simples (embora essas dois critérios sejam quase o mesmo, no fim das contas). O que tem funcionado por aqui é José González, num primeiro lugar disparado, sobretudo com Heartbeats, que dá pra ouvir umas 6 vezes seguidas enquanto se escreve umas 3 frases. Depois vem Leonard Cohen. Algumas do Guided by Voices, álbum Under the bushes under the stars, também contribuem para o processo criativo.
Bob Dylan poderia funcionar se eu não ficasse prestando atenção nas letras.
De qualquer maneira, às vezes tem que dar um pause pra organizar as idéias.

postado por Carol Bensimon as 11:56 | pitacos (1242) | trackBack (0)

ivete.
Ninguém gosta de mim, e quando gostam desgostam rápido ou gostam de Ivete Sangalo. Valeu, Senhor.

postado por Carol Bensimon as 23:38 | pitacos (7) | trackBack (0)

leroy-merlin.
A primeira descoberta do primeiro fim de semana de nova vida: trabalhar em casa não faz com que dias de semana virem um bolo só com sábados e domingos, as duas partes indissociáveis. Sábados e domingos ainda conservam aquela atmosfera muito mais melancólica e tenebrosa. Não sei se sou EU, mas a coisa se passa assim. E de repente a visão de alguém regando o seu jardim ou passando reboco na sua parede usando uma bermuda jeans velha me pega na angústia e na tristeza. Sim, ver as pessoas fazendo coisas típicas de fim de semana, sobretudo essa bricolagens da vida, me deixam muito nervosa.

postado por Carol Bensimon as 21:45 | pitacos (5) | trackBack (0)

jordy.
Que o Jordy (que detém o recorde de cantor mais jovem no Guinness. E daí?) estava protagonizando baixarias pela França eu já sabia: ao que parece, seu pai ficou com todo a pequena fortuna. Tentanto então colocar-se em evidência na mídia mais uma vez, Jordy continua cantando (terrivelmente mal, segundo minha mãe) e agora decidiu lançar um livro. Eu não sabia até dar de cara com o volume. Com o título, "Eu não sou mais um bebê", fica evidente que o Jordy vai ter que viver pra sempre em cima dos hits de infância.

jordy.jpg

postado por Carol Bensimon as 11:45 | pitacos (7) | trackBack (0)

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Pedi demissão.

postado por Carol Bensimon as 16:57 | pitacos (12) | trackBack (0)

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