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suflair alpino.
Se várias vezes a vida parece sem sentido e daí tu afoga as mágoas num chocolate, tu precisa conhecer o Suflair de Alpino, edição comemorativa. Mas vai rápido, porque esses testes nunca duram muito. A mãe chora até hoje porque andou se apegando a um tal de Sonho de Valsa branco e os caras acabaram com o negócio.
E por falar em chocolate: lembra do Roberval, o ladrão de chocolates? Era um carinha da TV Colosso. Bah, TV Colosso. Acho melhor eu parar. Dez minutos atrás eu me lembrei de SCANNER DE MÃO*. Tá ficando perigoso.

* Eu tive um scanner de mão, não sei em que ano foi isso. Sei que era o troço mais bizarro do mundo, como um mouse gigante, e exigia uma técnica foda: a mão do cara tinha que ir em ritmo constante e em linha reta, se não a foto saía um borrão só.

postado por Carol Bensimon as 10:39 | pitacos (55) | trackBack (0)

significante e significado.
É obsceno que elas tenham o mesmo nome, uma tu ama e a outra (agora) despreza, embora essa segunda tenha surgido bem antes. Mas acontece então que tu acaba dando o direito exclusivo do nome para essa que ama. Ela é a. A outra, bem, a outra não merece que as letras ordenadas daquela forma sejam pronunciadas por ti e, não raro, é possível que tu comece a culpá-la por carregar o mesmo batismo.
Tu deve ter um caso desses na memória. Diga que tem, ao menos, para que eu me sinta normal.

postado por Carol Bensimon as 18:18 | pitacos (4) | trackBack (0)

vergonha.
Do Terra: "Uma pesquisa de opinião nacional revelou conservadorismo nas práticas sexuais do brasileiro. Cerca de 60% dos entrevistados dizem ser "contra" a prática de sexo oral, e 65% repelem o uso de revistas pornográficas para excitação sexual, informou o jornal Folha de S.Paulo. No Brasil, 89% da população diz ser "contra" sexo entre dois homens, e 88% é contra o ato entre mulheres".

postado por Carol Bensimon as 10:14 | pitacos (7) | trackBack (0)

então toma processo.
Estou em processo de conto coletivo com a Julia Dantas. A empreitada vai aparecer no Patife (ih, será que eu podia dizer isso?). E o nosso método foi combinado assim: eu escrevo uns fragmentos e ela escreve outros. Depois, trocamos de fragmentos e tentamos juntá-los num texto. O resultado gerará dois textos, aí veremos qual faz mais sentido. Ou publicaremos o duplo resultado, como o Sr. Insanus sugeriu e me pareceu até interessante.
E como tá na modinha, eu vou seguir a lógica da artê contemporânea e expôr PROCESSOS. Eis meus fragmentos, que estou enviando pra Julita nesse minuto:

Ele gostava tanto das magras, magérrimas, me dizia isso sempre, e naquela manhã era frio, mas eu achei que podia aproveitar os ossos aparentes da minha cintura e acabar de vez com o meu truncado plano de conquista que se ia muito mal. Eu coloquei então uma blusa muito curta e umas calças muito baixas, que me deixavam um pouco desconfortável em súbitos ataques de puritanismo, mas que podiam, afinal de contas, funcionar muito bem.

Na calçada às vezes a gente encontra cada coisa, como se as pessoas fossem assim largando as partes pelo caminho. E eu então ali perdida olhando para as pedrinhas soltas, prendedor de cabelo, uma lata vazia de cola e logo mais um papel tão milimetricamente dobrado que me deu vontade de abrir, devia ser mesmo interessante a pessoa que teve todo esse cuidado com uma coisa aparentemente sem importância.

Fiquei tanto tempo olhando para aquela janela, desde que o sol foi indo embora e os pássaros tomaram os galhos daquela árvore enorme. Eu vi quando ele chegou e passou na frente da luz, fazendo um vulto comprido.

postado por Carol Bensimon as 18:15 | pitacos (0) | trackBack (0)

o processo se torna a obra.
Nos detalhes a gente vai pegando a vida da terapeuta. A minha, por exemplo, volta e meia solta uma historinha ilustrativa sobre arte contemporânea. Já foram várias as situações que levaram-na a isso, e faz perceber que a garota se amarra no negócio. É que o marido, psicólogo também, tem alguma ligação profissional com a coisa – parece que fez um mestrado no Instituto de Artes ou coisa parecida.
Ontem ela sacou lá da memória um relato que acreditou ser apropriado. Se foi ou não, não discuto. A questão é que veio então com esse papo de um cara que colocava telas com uma camada de cola às margens do Guaíba e assim a tela ia ficando marcada com a ação das águas, e de vez em quando se juntavam folhas, lixo e uns pigmentos que o próprio cara, enfiado dentro de um barco, jogada nas águas.
Não consegui criar uma imagem clara do que são essas obras, mas percebi, nesse momento, e talvez tarde damais, você dirá, que hoje a arte contemporânea está muito voltada para a coisa do processo em si. Nessa obra do Guaíba, por exemplo, parece que havia um vídeo passando o making of da coisa toda na exposição. E é sempre assim agora, e que se entenda como uma crítica que estou fazendo: parece que a obra sozinha não faz sentido algum e que portanto o que realmente importa é mostrar como ela concebida. Achou uma merda esse monte de borrões? Entenda (ou veja) que a artista viajou à Patagônia para colher esterco de uma rara espécie bovina e, coservando o esterco a uma temperatura constante de trinta e seis graus até sua chegada em Porto Alegre, espalhou-o com os próprios pés, calçando um tênis Nike, como forma de simbolizar uma revolta frente ao domínio das grandes corporações. O resultado? Merda na tela. Mas o processo é que se torna a obra. Me parece uma inversão por demais estranha.

postado por Carol Bensimon as 14:56 | pitacos (5) | trackBack (0)

flip de telão.
Foi grande a minha frustração de uns vinte dias atrás: os ingressos pra FLIP (Festa Literária Internacional de Parati) mal começaram a ser vendidos e esgotaram. Pelo que li a respeito, só se deu bem quem fez plantão na frente do computador e conseguiu fazer a compra pela americanas.com . No ano passado, só fui em uma mesa, por arrasto e cortesia: a dos "novos" autores (Marcelino, Galera e Joca). Lamentei não ter participado mais e decidi me organizar esse anos. Como comecei pela metade da história, o leitor já sabe que a merda se deu: ingressos esgotados. Minha esperança concentrou-se em entrar invisível junto com amigo portador de crachá de imprensa. Não confiei na possibilidade.
Eis que entro por acaso no site da FLIP hoje e vejo: abriram lugares na Tenda dos Autores, aquela onde se assiste as palestra via telão e que estava a perigo de não existir por falta de patrocinadores. Ao que parece, algum vivo se ligou na chance. A FLIP inchou, caro leitor, e já não dá mais conta do público. Quem mandou aquela cidade ter um jeitinho tão literariamente encantador?
Então eu comprei, para quatro mesas. É claro que as badaladas já estavam cheias. A do Jabor, por exemplo, e a do Suassuna. Mas não tem problema não. Vou curtir outras ali do fundão na imagem esbranquiçada da tela. E provável até que eu faça um passeio de barco.

postado por Carol Bensimon as 17:30 | pitacos (0) | trackBack (0)

baque.
Domingo, chegando ao teatro, meu lugar de plebéia foi transferido para um assento da alta sociedade: o movimento era tão fraco na peça (Baque) que sentaram todo mundo nas poltronas chiques do São Pedro. Era divertido ficar tentando adivinhar quem tinha desembolsado os 45 pila e quem, como nós, tinha se dado bem por esse triste fato do vazio. A peça começou com um executivo em poltrona modernosa, monologão, e eu tentando me reacostumar com o teatro, que sempre me deixa inicialmente constrangida (parece que estou espiando pelo buraco da fechadura). Pelo início, eu tava meio desgostosa. Pelo meio dessa primeira história (eram três, independentes, mas todas com um baque), eu já tava naquele estado transtornado de tontura positiva: quando a obra é boa, me sobe uma empolgação e eu tento concentrar nos mínimos detalhes. E havia muitos. Como teatro: alguns detalhes de pés batendo o chão, uma projeção interessante, Fiona Apple cantando Across the Universe, cenários muito bem cuidados. Como história: a lot of subtexto, elementos que iam e voltavam, personagens que começavam como vítimas e depois se revelavam filhos da puta de primeira. Humanos, enfim. Desse cara, o Neil Labute – que é canadense, não americano – eu não esperava outra coisa. O sujeito joga ali o podre, para o choque e apreciação (ou não necessariamente. As senhoras talvez esperassem outra coisa). Uma pena toda aquela falta de público.

postado por Carol Bensimon as 09:56 | pitacos (2) | trackBack (0)

resultado.
A Lisbon Sister escolheu pra mim uma de suas preciosas colaborações para meu logo-rallye, caro leitor. A moça ficou com as palavras do Saulo: coceira / lápis / cimento / lápide / androginia. E eu, claro, estou apavorada com a perspectiva do dever. Mas farei ainda essa semana.
Ah, monografia encadernada. Nova vida.

postado por Carol Bensimon as 22:47 | pitacos (8) | trackBack (0)

a baixinha chata.
O Cardoso teceu uns comentários eshperrtos sobre esse novo blog e sobre aquele velho blog. O mais relevante: ele disse que não entendia quase nada do que eu escrevia antes, que era uma coisa altamente truncada e que só fazia sentido pra mim, mas que mesmo assim ele lia e gostava e ficava imaginando quem eram aquela pessoas dos quais eu falava, do tipo uma loira, que ele imaginava com peitões e coisa e tal. Achei isso dos peitões very funny e me dei conta de como é divertido ficar imaginando essas pessoas do jeito que a gente bem entende. Nomes, portanto, não estão com nada, o lance é explorar profundamente os estereótipos e fazer com que as imagens se propaguem na mente do leitor de infinitas formas. A Japonesa, a Loira, a Lisbon Sister, o Retrô, e assim segue. Aliás, se não me engano, há um conto do Caio no qual as pessoas tem nomes assim, não? São até conjuntos de palavras, creio eu, do tipo O Homem Bem Sucedido, o Cheirador da Osvaldo Aranha. É divertido brincar com TIPOS.
E por falar nisso: a Fotógrafa Ruiva largou um link nos comentários que merece ser colocado aqui: o primeiro parágrafo d’O Estrangeiro, de Camus, se tivesse sido escrito por outras celebridades. Hilário o do Jack Kerouac e do Martin Amis.

postado por Carol Bensimon as 17:15 | pitacos (3) | trackBack (0)

logo-rallye (o leitor me colocando em dificuldade)
Tem um exercício literário muito simples que aprendi, e convoco o leitor a participar: chama-se logo-rallye. Funciona assim. A partir de uma lista de palavras, o sujeito deve escrever um texto, usando-as na ordem em que estão.
Onde você entra? Tudo o que precisa fazer é abrir a janela de pitacos desse post e escrever cinco palavras. Sábado ao meio-dia pedirei para que um amigo meu olhe todas as combinações de palavras postadas e escolha uma. A partir delas, farei um conto, ou algo perto disso, que postarei aqui, obviamente.
Vai dar certo? Se você colaborar, sim. Mande já a sua lista de bizarrices.
Update: a galera tá querendo me ralar mesmo, né? Por favor, nada que me leve ao dicionário.

postado por Carol Bensimon as 17:14 | pitacos (17) | trackBack (0)

www.i-am-bored.com
Com essa descrição, acho que eu não tenho nada a acrescentar: Here's a list of sites for when you're feeling bored. Updated constantly, so check back whenever you're bored. Excelente site para o combate ao tédio corporativo. Acabei de conhecer por acaso, fazendo uma google search. As últimas atualizações contemplam joguinhos inúteis, um vídeo da Natalie Portman caindo da cadeira, lista de feriados, história das comidas, Tom Cruise matando Oprah e outras inúmeras bizarrices. Com licença, tenho que trabalhar.

postado por Carol Bensimon as 14:25 | pitacos (3) | trackBack (0)

exercices de style.
Na oficina literária do Assis Brasil, eu ouvi falar desse livro curioso no qual Raymond Queneau escreve 99 vezes a mesma história banal, de 99 maneiras diferentes. Logo me empolguei. Tive em mãos, li alguns, quis comprar: esgotado.
Esqueci.
Pois no domingo último estou a passear pelas estantes de livros franceses e me cai nos olhos o livro: Exercices de Style, Raymond Queneau. Lamentável capa, mas tudo bem. Estou sorrindo loucamente e vou até o leitor conferir o preço. 14 reais. Estou guardando nas mãos enquanto procuro mais alguma coisa pra levar (se ao menos essas capas não fossem tão feias). Le Bleu du Ciel, Georges Bataille. Vem.
Tá, corta. Voltando ao livro das 99 formas. Divertidinho, se tu tem alguma pretensão literária. A versão brasileira é da Imago. Exercícios de Estilo. Talvez se ache em algum sebo. A original, da Folio, tá esse preço barbada: 12,81 no site da Cultura.

postado por Carol Bensimon as 09:58 | pitacos (3) | trackBack (0)

nunca coca-cola.
Ontem eu estava num estado semi-adormecido e comecei a pensar: porra, eu nunca tomei Coca-Cola. Okay, eu tenho consciência disso há anos, mas naquela hora da noite bateu mesmo como uma espécie de feito histórico, embora o objetivo do não tomar jamais tenha sido um ato anti-consumista ou coisa assim.

Eu duvido que existam muitas pessoas no mundo que não tenham tomado Coca-Cola. As que tem condições de, quero dizer. Tu não tá acreditando, né? Mas é verdade. Jamais uma gota de Coca-Cola entrou no meu corpo. Acho que criança eu já era cabeça dura: nunca simpatizei com o cheiro. O cheiro antecede o gosto. Impossível existir um troço bom com aquele odor.

Guaraná? Não. Na verdade, nenhuma espécie de refrigerante. Sempre achei que bebidas, para serem consumidas com o alimento, não deveriam ter sabor nenhum. E o gás é outro elemento que sempre me deixa nervosa. Dá coceira na língua. Não gosto. Bebida é água sem gás sem gelo sem limão.

postado por Carol Bensimon as 17:50 | pitacos (12) | trackBack (0)

teatro é sempre um risco.
Eu disse essa frase pra uma das meninas aqui debaixo e ela ri até hoje. Me acha uma piada, a garota. Mas não é que teatro é sempre um risco mesmo? O que eu quis dizer, bem, é que nunca sabemos onde estamos nos metendo. Como a informação é pouca, o inesquecível e o desprezível andam colados. Só vai ao teatro quem aceita o risco. Eu geralmente não vou. Aliás, é o que fazem muitos dos quais deveriam ir, na teoria. O intelectual MÉDIO não tá curtindo o teatro. O teatro ou é hippie ou é comédia de péssimo humor que atrai famílias cujo pico da intelectualidade é assistir o Jô e ler a Veja.
Quando eu me sinto mais segura, eu até encaro um teatro. A última peça que eu vi acho que foi Melanie Klein, porque havia referências e tal. Pessoas falaram, críticos escreveram, embora isso não seja garantia de nada. A próxima que eu vou encarar, esse fim de semana - desde o começo do mês estou decidida a isso - se chama Baque. O roteiro é do cineasta Neil Labute, que é um cara que acho foda, com exceção do Enfermeira Betty, que é uma bela porcaria. O Baque vai rolar no São Pedro. Vai lá, eu acho que rende. Três histórias: tragédia pessoal de homem de negócios, casal relatando fim de semana violento, garota de treze seduzida pelo professor.
Estarei lá, eu e as velhinhas, socialmente segregada em alguma cadeira barata.

postado por Carol Bensimon as 09:47 | pitacos (6) | trackBack (0)

lick me.
O Terra, tímido, começa assim uma notícia do "Popular": pirulitos de maconha com nomes como Purple Haze, Acapulco Gold, e Rasta estão sendo vendidos em lojas de conveniência dos Estados Unidos. Esqueceram de comunicar o melhor nome, legível ali na foto: pot suckers. Agora não basta comer. Tem que lamber.
Tá, como é que liberaram esse troço? Diz que é legal, porque é feito com óleo de cânhamo. Então não dá barato? Junkies, me informem. Porque pelo gosto não deve mesmo ter razão de existir. Prefiro morangos.
A matéria aqui.

postado por Carol Bensimon as 18:57 | pitacos (6) | trackBack (0)

they fuck people, don't they?
Vou te contar que senti aquilo que venho sentindo - uma não comunicação com o mundo - quando a amiga disse Bah, um filme sobre maratona de dança?, e daí?, pra que ver essa merda? Minutos antes, eu estava lendo artigos na Internet sobre. Horas antes, sentada no sofá com mamãe e pensando, enquanto o filme rodava, na péssima tradução do título. They shoot horses, don't they? Foi esse, o nome original, que levou ao próprio, numa livre associação materna, ocorrido noutro dos clássicos, The Apartment (algum personagem mencionou cavalos). Veio o filme. E que belo.

9marthn2.jpg

As maratonas de dança foram um fenômeno dos anos 20 e 30, nos Estados Unidos. Claro que não por acaso ocorreram na época de depressão: os prêmios em dinheiro atraíam a galera, e os em situação realmente terrível se inscreviam nem que fosse só pela comida grátis. 07 Refeições ao dia. Luxo? Caralho, esse troço era o inferno. Ganhava quem ficava mais tempo dançando. E nada de tempo besta de 24 horas ou coisa assim. O troço era pesado mesmo. A maior de todas, em Chicago, 1930, durou 1.545 horas. Setentas dias, amiguinho. A cada 01 hora, os caras podiam descansar por 15 minutos. Sim, isso era tudo que eles tinham pra dormir, sentar, tomar banho. Eles comiam dançando. Tiravam a sobrancelha dançando. Liam o jornal dançando. E PODE, por um erro, parecer engraçado - aquela foto ali não parece? Os anos 20 tem esse problema - mas é um dos troços mais tristes que eu já vi. Porque é uma espécie de tragédia deslocada: quando transformam DANÇA em espetáculo de horror, eu perco definitivamente a fé no ser humano.

Eu mencionei que estava fora quem tocasse os dois joelhos ao chão? Que um dormia de pé enquanto o parceiro mantinha a dança com o sujeito ali dormindo? Que, quando soava o sinal do fim do intervalo, os homens que não acordavam eram jogados em baciões d'água e as mulheres levavam tapas na cara? Que, num toque máximo de crueldade, algumas maratonas faziam os participantes competirem numa CORRIDA de tempo x, sendo eliminados os últimos colocados? E que, de tanto cansaço, as pessoas começavam a alucinar?

No filme, A noite dos desesperados (They shoot horses, don't they?), há tudo isso. Com a Jane Fonda fazendo papel de mala. É a maneira visual de saber tudo que está escrito aqui.

Sim. "Ver essa merda" pra entender de gente.

postado por Carol Bensimon as 10:00 | pitacos (6) | trackBack (0)

e lá vamos nós.
Meu blog novo. Embora eu tenha pensado em te enganar pra valer, mudando a embalagem, mas deixando o biscoitinho com o mesmo gosto, achei que não valia assim a pena contradizer meus princípios. E verdade que eu mesma, ainda que não tenha me dedicado formalmente a traçar o meu planejamento de auto-promoção para o segundo semestre de 2005, estou de saco cheio do conteúdo bloguístico que ando produzindo. O disáin retrô eu sei que tu curtiu enormemente. Falemos dele, pra começar.

O que significa esse papo de Kevin Arnold? Amigo, eu não sei bem a explicação. Fui reprovada no tutorial do pensamento organizado. Mas, ao mesmo tempo, duvido da aleatoriedade. Na minha vida, eu tento me gerenciar. Mas vai dizer? Só depois que neguinho escreve o livro ou faz o filme é que pensa no que quis comunicar, quando começam as perguntas e tals. Não que não houvesse sentido antes: ele apenas não o havia tabulado. Same here. Kevin Arnold para dois. Eu sabia que tinha que ter essa tevê retrô, e que eles deveriam obrigatoriamente estar ali dentro. Que esse sofá precisaria estar escondido da gente. E daí aconteceu. E, no fim, vai fazer todo o sentido.

Conteúdo: sem perder as particularidades, vamos começar por aqui a ser mais interessantes. Alguns momentos querido diário serão eliminados. Os posts tomarão mais de cinco minutos da dona e terão necessariamente assunto. A dor só será publicável se puder dialogar com a dor do leitor.

Seja bem-vindo ao Kevin Arnold para dois.

postado por Carol Bensimon as 21:30 | pitacos (14) | trackBack (0)

nomes.
O pior nome de suco que eu já vi é com certeza Ocean Spray. Cloro & Cia é terrível para uma loja de biquínis. Serviria, sim, para um estabelecimento que vende produtos para limpeza de piscinas. Mas o pior nome de todos os tempos é daqueles sabonetes líquidos e afins: Bio Retard. Essas pessoas não tem A MENOR noção.

postado por Carol Bensimon as 18:26 | pitacos (6) | trackBack (0)

middlesex.
Você não gostaria de ser visto com esse livro na rua. Eu mesmo não gostaria, e vai ver por isso eu saí de sacola da Cultura, com a auto-desculpa de que, É, o tempo está tão instável hoje, vá que comece a chover nas páginas. O problema dele é a capa: pode ser facilmente confundida com auto-ajuda. É de um extremo mal gosto, eu diria. O nome também não ajuda. Mas o que fez realmente eu demorar para pôr a mão foi o preço. Tivesse eu lido a primeira página até o fim, compraria já da primeira vez. Tanto me agrada que terei a paciência descabida de digitar:

Eu nasci duas vezes: primeiro como uma menininha, num dia excepcionalmente despoluído de Detroit, em janeiro de 1960; e depois outra vez como um rapaz adolescente, num ambulatório de emergência perto de Petoskey, Michigan, em agosto de 1974. Os leitores especializados talvez tenham esbarrado comigo no estudo do dr. Peter Luce, "Identidade sexual em pseudo-hermafroditas com 5-alfa-redutase", publicado no Journal of Pediatric Endocrinology em 1975. Ou talvez tenham visto a minha fotografia no capítulo 16 do hoje tristemente ultrapassado Genetics and Heredity. Sou eu lá na página 578, sem roupa, diante de um gráfico que indica minha altura, com uma tarja preta sobre os olhos.
Minha certidão de nascimento dá meu nome como sendo Calliope Helen Stephanides. Minha última carteira de motorista (da República Federal da Alemanha) registra meu primeiro nome simplesmente como Cal. Já fui goleira de hóquei, pertenço há muito tempo à Fundação para a Salvação do Peixe-Boi, freqüento com pouca assiduidade a igreja ortodoxa grega e passei a maior parte da minha vida adulta trabalhando no Departamento de Estado americano. Como Tirésias, fui primeiro uma coisa e, depois, outra. Colegas de escola me ridicularizaram, médicos me trataram como cobaia, especialistas me apalparam e a instituição March of Dimes me pesquisou. Uma ruiva de Grosse Pointe se apaixonou por mim, sem saber o que eu era. (O irmão dela também gostavam de mim.) Um tanque do exército me levou a uma batalha urbana; já saí do meu corpo a fim de ocupar outros - e tudo isso aconteceu antes dos meus dezesseis anos"


Middlesex. Jeffrey Eugenides. O cara é foda. E tava lá na Flip ano passado sem eu saber quem ele era. Mas tudo bem. Com essa coisa de escritor, tietagem não é estritamente essencial.

postado por Carol Bensimon as 21:43 | pitacos (7) | trackBack (0)

velhinhos.
Os velhinhos mais bacanas são aqueles que não se adaptam aos tempos. Ao invés de tênis prateados com duzentos amortecedores, os caras usam uns terninhos de tweed dos anos 50, quando não um chapéu. É muito massa.

postado por Carol Bensimon as 14:23 | pitacos (7) | trackBack (0)

country 1 e 2.
Pra uma manhã de sexta-feira, nada melhor do que assistir aulas de dança country. Melhor dvd.

postado por Carol Bensimon as 10:57 | pitacos (2) | trackBack (0)

internet.
Pode ser tanto uma análise deturpada quanto tese de mestrado.
Quando eu estava nessa idade dos 13, 14, 15, o IRC me consumia enorme tempo e energia, divididos entre minha real identidade e uma outra que eu inventava (incluindo um sujeito que morava num barco. Ai, o que eu não pagaria por um log antigo desses!). Éramos, muitos de nós, produtos de férteis e infantis imaginações.
Hoje, garoto de 10 anos já tá com nominho no messenger. Falando com quem? Com os amigos que ele conhece de fato, ou no máximo com o parceiro de Tíbia ou Ragnarok que ele PAGA pra jogar. E tem o Orkut, onde todo mundo é o PRÓPRIO. Já era essa onda de se esconder atrás de tela e dizer que é loira e gostosa. Claro que ainda há essa possibilidade nuns chats do Terra e assemelhados, mas acho que a coisa mudou significativamente. Foi-se o deslumbre de ser outro que a Internet permite. Agora virou ferramenta faciltadora de comunicação entre as pessoas que já fazem parte do nosso círculo de amizades.
Isso faz algum sentido?

postado por Carol Bensimon as 10:11 | pitacos (5) | trackBack (0)

patife.
Um perigo a gente vir com um papo literato quando tá nas dores de amor. Ainda assim, há gente que gosta. Nós mesmos gostamos quando vemos as vísceras ali expostas e espatifadas. Pelo menos eu valorizo essa coisa de DOR APARENTE. Por isso eu mandei um conto há meses pro Patife (patife, espatifada, ah, sentiu a manha?). E ele foi publicado agora, num processo enrolado que envolveu até perda de arquivo, mas que o seu Crooner fez questão de publicar no fim das contas. Não quis nem ler de novo, porque já não gosto do conto, coisa normal e que pra isso existe terapia. A boa notícia é que estou muito bem acompanhada na edição pela amiguinha Bruna Beber com a sua história do suco. O Patife fica aqui.

postado por Carol Bensimon as 16:26 | pitacos (4) | trackBack (0)

leilões.
Hoje venderam um mapa de 1507, o primeiro com a palavra "América", por um milhão de dólares. Fulaninho de tal, especialista em alguma coisa, não sei se em mapas ou leilões, ou se em leilões de mapas, diz que o valor é um recorde. Eu achei estupidamente baixo. Qualé, uma batata com o rosto do Elvis já deve ter sido vendida por mais do que isso.

postado por Carol Bensimon as 15:25 | pitacos (2) | trackBack (0)


"Amo garotas de saia plissada"
Melhor comunidade do Orkut.

postado por Carol Bensimon as 11:16 | pitacos (0) | trackBack (0)

saaad song.
Estarei entrando de novo naquela fase em que as músicas tristes me deixam tristes e que por isso fujo delas? Não gostaria. Mesmo. Ontem goodbye blue sky soou no violão do Gabriel como uma espécie de celebração da vida. Hoje é corta-pulsos, simplesmente.

postado por Carol Bensimon as 22:48 | pitacos (3) | trackBack (0)

som de anos 2000
Estive ontem na maison do Sr. Insanus. Entre uma coisa JOVEM e outra, nos empolgamos com o show da Avril em agosto. Iremos certo. Então eu digo que não é assim muuuito legal e o senhor saca um ipod e plêia umas faixas. Okay, é divertidinho, mas eu tenho um certo ranço com essa coisa que soa anos 2000. Pois começo então a viajar nas ondas musicais e tentar descobrir quais são os elementos que caracterizam essa ou aquela música com um produto dos anos 2000. E daí vem a pergunta, que faço ao Sr. Insanus: será que é algo próprio da melodia, ou são apenas efeitos de voz, sonoridade de guitarras e etc? Chegamos a conclusão que BOTH. Tudo culpa da influência do hiphop, creio eu. O senhor cala a Avril e lança um Garbage, pra efeitos de comparação. Lanço o desafio: e se a gente tentasse GRAVAR um Avril como se ANOS 90? É onde ficou o meu coraçãozinho jovem, não adianta. Enfim, seria divertido.

postado por Carol Bensimon as 17:33 | pitacos (2) | trackBack (0)

blá.
O grande menino retrô aqui da agência fez uma mão, belíssima mão, e me aprontou um layout novo pra esse blog. Estou por enquanto no aguardo do Sr. Insanus, que vai mexer nessas coisas de programação que nós não entendemos. Talvez faça sentido mesmo essa demora, para que o blog recomece em grande estilo. Mude a embalagem, mude o gosto. Ando adiando tudo que é espécie de vida - salvo algumas exceções - para depois da monografia. É possível, contudo, que a MOROSIDADE permaneça, o que será tremendamente frustrante. Não, não. Tudo tudo vai mudar. Anotarei metas em post-its, será revolucionário.
Pelo momento, o que de mais persistente ando fazendo é ler a Náusea no original. Em voz alta e tudo o mais. No quarto, na fila do banco (aí em silêncio), na banheira. E vamos lá. O francês será meu. We want the world and we want it now.
Um ritmo tranqüilo na sexta de tarde me deixou começar um conto. É provável que - pecado, pensando em produto final no meio do processo criativo - ele vire aquela coisa que preciso levar pra FLIP, uma espécie de SONO, enfim, esses zines de luxo que me farão marchar com umas centenas, mas que dão aquele prazer quando saem das máquinas e que nos gritam, já que não temos BOCA PRA NADA.
Tem a ver com anões de jardim. E mais um garoto das artes gráficas vai fazer essa caridade. Fiquem ligados. Será fofo, muito fofo.

postado por Carol Bensimon as 15:31 | pitacos (2) | trackBack (0)

paraty-realidade.
paraty-realidade

A gastrite pegando. Encarei pela promessa do alívio posterior: fui falar com o chefe. Seguinte, chefe (dedos brincando nervosamente com os anéis), sabe aquele festival literário de Paraty? Expliquei. Gosta de Paul Auster, o chefe. Está lendo-o. Enfim. Discorri sobre a importância do evento pra mim. Contatos e etc. Admitiu que era importante, sujeito legal ele, ainda que eu não saiba já como lidar. Autorizou, dizendo apenas que eu avisasse o Sr. RH para descontar-me das férias. Tudo bem.
Alívio imediato. Coloquei um Roxette pra tocar nos fones. Pessoas, nos veremos em Paraty. Naquela atmosfera meio mágica. E é provável que dessa vez eu não me sinta tão sozinha, ou pelo menos encare com prazer a minha grande solidão.

postado por Carol Bensimon as 15:17 | pitacos (3) | trackBack (0)

paris-sonho.
paris-sonho

Ruim com ilusões. Pior sem, disse a realista. Eu vezenquando sou mesmo a menininha. Vai um cabelo recolhido pra trás da orelha, ruborizo, foco o chão. Pauladas não me impedem os sonhos. Sonho acordada Paris. Só cabem nela os milagres da vida, realejo, cafés, telhados de ardósia. Até metrô vira romance, por cheiro lembrado, sax soando, conto do Cortázar. Não sei como é que o tempo deixou intacta Paris no plano das minhas idéias, como fuga possível e desejada e promessa de felicidade. Talvez porque algum lugar tem que ser, de preferência um que não se possa alcançar (ainda que temporariamente, acreditamos nós).
Paris-sonho guarda o melhor de todas as épocas. Toda a baguette vem com camembert e todo o garçom gosta de falar. Todo mundo se beija na frente da Torre Eiffel e por todos os lados só tem cheiro de perfume. Ou no máximo de prédios que contam séculos, aquele cheiro gostoso de velho.
Em Paris-sonho, eu não trabalho lavando prato, servindo mesa ou cuidando de criança. Eu não trabalho at all, nem sequer estudo, porque não me agradam as pós (pela tese do final). Nas noites ou nas tardes, mas nunca de manhã, eu faço uma oficina literária qualquer. Eu tomo depois un chocolat chaud falando de literatura com os meus colegas. Eu me culpo um pouco por não ser um esteriótipo total (café&cigarros), mas sigo com as minhas meninices.
As horas eu passo olhando Paris pelos que estão nos escritórios ou num vagão de metrô. Se me param na rua (na Paris-sonho, as pessoas gostam de interagir umas com as outras), eu digo que sou flâneur, que é o mesmo que dizer É, eu só ando por aí achando que assim posso contribuir pro mundo, mas na verdade não passa é de vadiagem.
Eu não moro na banlieu (periferia), com os caras do novo hip-hop francês. Pra mim, contato direto com o legado de Haussmann, a simetria do romântico. Na janela bem no meio do telhado, claro. Com um imac, que é o mudérrno pra máquina de escrever. Se bobear, até começo a consumir um vinhozinho e compro um gato. Ouvir o accordéon, nem precisa esforço, já me vou em piruetas mentais quando deliro com a Paris-sonho.
E eu posso estragar tudo só apertando um botão aqui na cabeça. Mas por que eu faria isso? Sei o roteiro exato do primeiro dia. Discman (até lá, talvez ipod) rodando a trilha do Amélie, e eu com a minha vida nova margeando o Sena.

postado por Carol Bensimon as 18:20 | pitacos (3) | trackBack (0)

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