Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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abaixo o seqüestro do futebol

Certamente esse assunto já foi discutido na mídia e em outros blogs e mesas de bar por aí. Ainda assim, vale martelar um pouco mais em cima. É um absurdo o seqüestro do futebol pelos interesses comerciais no Brasil. Os pobres não têm mais como assistir aos jogos de seu time legalmente.

A Globo sempre compra os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro apenas para veicular os jogos do Flamengo, mesmo que sejam contra o Santa Cruz ou a Ponte Preta, e outros jogos de times do eixo Rio-São Paulo. Grêmio e Inter só passam na televisão jogando contra algum desses times, ou se a partida cair no mesmo horário. Caso contrário, os torcedores têm de agüentar a novela Sinhá Moça ou o Faustão no lugar.

A Globo jamais se atreveria a fazer isso, não fosse a invenção do cabo. Assim, pode fechar o sinal dos jogos que interessam à maior parte do Brasil e cobrar pelo acesso. É claro que muita gente vai ficar de fora da brincadeira. Mas só as pessoas que não interessam aos anunciantes: aquelas sem dinheiro para gastar. O pior é que nem aos clubes esse povo deve interessar, já que não tem como pagar ingresso e muito menos comprar os produtos anunciados em todos os cantos do estádio.

Isso obriga quem não tem dinheiro a ir a algum boteco assistir. Difícil aferir quantos desses botecos realmente pagam pelo acesso ao pay-per-view. É certo que muitos aderem ao sistema GatoNet, assim como grande parte das pessoas. Não deixa de ser uma boa vingança contra toda a palhaçada dos clubes e da mídia, mas é ilegal. Irônico que a Globo trabalhe contra si mesma nesse caso.

Aí vão dizer que é preciso "profissionalizar" o futebol, para pagar os salários nababescos exigidos por um bando de analfabetos. O problema é que essa espiral de aumentos de salários começou, justamente, por conta da necessidade de agradar aos patrocinadores. Como jogador mais talentoso atrai mais atenção, passaram a ganhar mais. E os times tiveram de atraí-los com salários maiores, para atrair mais patrocinadores. E assim vai. Mas isso não é problema só do futebol, o mundo inteiro hoje funciona nesse sistema de celebridades. Para quem se pergunta o quanto a mercantilização de tudo e a publicidade podem prejudicar o mundo, aí está um bom exemplo.

Alternativas existem. A Globo poderia, por exemplo, usar no Rio Grande do Sul a TVCOM para a transmissão dos jogos em horários de novela. Seria até bom para o Ibope da emissora, que hoje é um traço. Freqüências vazias também poderiam ser usadas. Ou, como sugeriu um leitor do Impedimento, os próprios clubes poderiam ter emissoras e negociar direto com quem quisesse transmitir. Quem sabe, a Band, "o canal do esporte", ou a Record. Ou até mesmo a Rede Pampa.

Certo é que o povo quer futebol. Tanto é assim que, quando o Grêmio faz promoções de trocar um vidro de Nescafé por um ingresso, pagando meros R$ 5, o estádio enche. Vê-se que os capiaus nas ruas ficam animados dias antes, comentando que já fizeram a troca. Afinal, quem é dono dos clubes, a torcida, os patrocinadores ou a Globo?

13 de setembro de 2006, 11:18 | Comentários (13)



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